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Há alguém ideal para você?

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

Todo ser humano, após a queda espiritual em Adão e Eva, sofre. Sofre devido ao afastamento da relação direta e permanente com o criador. Ficou um “buraco” espiritual em nosso ser. Isso promoveu outras desgraças, em especial, a perturbação do relacionamento afetivo na educação de filhos. Resultado: nunca mais houve infância normal, nem crianças 100% normais. Todos, pretos, brancos, ricos, pobres, religiosos, não religiosos, temos carências afetivas. Uns mais, outros menos. Uns com consciência delas, outros sem.

Trazemos carências para a vida adulta e tentamos resolvê-las, na maioria das vezes inconscientemente, seja no trabalho, no casamento, no cuidado com os filhos, no namoro, em amizades etc. Alguns, não suportando a dor dessas carências, se drogam. E, importante dizer, a “droga” pode ser muita coisa além do álcool, cocaína, heroína, tranquilizantes, anfetaminas etc. Pode ser o trabalho, o sexo, a comida, a pornografia, a estética corporal, o consumismo, a ganância, e mesmo o “amor” como dependência afetiva e fissura por romance.

Na vida conjugal é comum haver desavenças porque cada um, marido e mulher, ao longo dos anos de convívio, pode não suportar o vazio interior do passado trazido para dentro do casamento, além de problemas atuais. Estes dois fatores (carências da infância e problemas afetivos do relacionamento atual) causam dor. Se juntarmos a isto a dor originada no “buraco” espiritual, pode ficar algo bem doloroso ou insuportável para alguns de nós.

Com isso, uma pessoa pode pensar em separação, em traição, pode ficar brigando o tempo todo no relacionamento conjugal sempre achando que é o outro o culpado de toda esta dor. Pode ter um ciúme doentio. Não consegue separar o que é sua dor, algo seu que o outro não tem nada que ver com isso, com o que é realmente fruto de problemas de casamento, solucionáveis ou não. Na verdade, esta separação entre o que é fruto de sofrimentos do passado na família de origem e o que é problema atual, não é fácil de ser percebida e identificada.

Quando um casal, diante de sofrimentos conjugais não enxerga que há uma diferença entre problemas pessoais e os próprios do casal, a tendência é sempre culpar o outro como o único responsável pela sua dor e atacar, se isolar, trair, separar sem buscar uma solução. Quando há o que chamo de “honestidade emocional”, que é a pessoa admitir que parte de sua dor pode ser mesmo algo pessoal e não culpa do cônjuge, existe possibilidade de melhora, de ajustamento, de felicidade, tanto internamente na pessoa (ela com ela mesmo), quanto externamente, ou seja, entre ela e o cônjuge. Se a pessoa racionaliza culpando só o outro como causador da sua dor emocional ela talvez terá um longo caminho para conseguir ser feliz e ter paz interior.

Há alguém ideal para mim? Há alguém que possa preencher toda a minha necessidade afetiva nessa vida? Você pode se casar com alguém que é ativo para trabalhar, que produz conforto material, segurança financeira, mas faltar manifestações afetivas diretas. Ou pode ter alguém que é afetivo, sensual, bom parceiro sexual, mas não provê segurança material etc.

Em algum momento da vida, para ser feliz, cada um precisa aprender a lidar com suas próprias limitações comportamentais. Precisa entender que é parcial, não é Deus, não pode ser tudo para o outro o tempo todo, não pode ter do outro tudo o que queria o tempo todo.

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Ciúme normal e doentio

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Você é uma pessoa ciumenta? Qual o significado do ciúme? O que é ciúme? É um conjunto de sentimentos que surgem na pessoa quando ela sente que existe uma ameaça à estabilidade e qualidade de um relacionamento que para ela tem um valor importante.

Segundo o dr. Geraldo Ballone, que foi professor de neuropsiquiatria na PUC de Campinas, no ciúme existem três elementos:

1 - o ciúme é uma reação frente a uma ameaça percebida;

2 - existe um rival real ou imaginário;

Você é uma pessoa ciumenta? Qual o significado do ciúme? O que é ciúme? É um conjunto de sentimentos que surgem na pessoa quando ela sente que existe uma ameaça à estabilidade e qualidade de um relacionamento que para ela tem um valor importante.

Segundo o dr. Geraldo Ballone, que foi professor de neuropsiquiatria na PUC de Campinas, no ciúme existem três elementos:

1 - o ciúme é uma reação frente a uma ameaça percebida;

2 - existe um rival real ou imaginário;

3 - a reação ciumenta visa eliminar os riscos da perda do objeto amado, ou seja, o ciumento age com exagero na ideia de que conseguirá controlar o outro.

Quando falamos de ciúme doentio, significa que existem no ciumento muitos sentimentos perturbadores, fora de proporção e absurdos. Estes sentimentos doentios conduzem para comportamentos que vão desde estranhos, até criminosos. Podem existir delírios de ciúmes, como ocorre em algumas doenças mentais como, por exemplo, no dependente do álcool. Ciúme doentio envolve medo desproporcional de perder alguém para um rival. Tem que ver com desconfiança excessiva e sem fundamento, que prejudica o relacionamento com a pessoa que o ciumento diz que ama.

Quando ideias de ciúme invadem a mente do indivíduo e ele reage exageradamente, o resultado é surgir uma compulsão para ver onde a pessoa está, se está mesmo com que disse que estaria, mexe nas bolsas, carteiras, abre envelopes que está em nome do outro, fica atento aos telefonemas, verifica as roupas íntimas da pessoa de quem sente ciúme, às vezes fica tão perturbado que contrata detetives, ou ela mesma segue a pessoa na rua.

A pessoa com ciúme doentio vive à busca de provas, confissões, evidências que possam confirmar suas suspeitas. O clima no relacionamento dela com a outra pessoa é tenso. Ao analisarmos psicologicamente a pessoa com ciúme exagerado, encontramos que o principal sentimento nela não é amor pelo outro por quem ela sente ciúme. O sentimento principal é o egocentrismo devido ao medo de perder a pessoa que é o objeto de seu ciúme. O ciumento exagerado quer a pessoa em sua vida como se fosse um objeto pessoal sobre o qual exerce total controle. Quer exclusividade, domínio, posse. E isto não é amor. A Bíblia diz na primeira carta de Paulo aos Coríntios no capítulo 13 e versículo 4 que “O amor [maduro] não arde em ciúmes.”

Ter muito ciúme pode ser uma forma de manifestar insegurança pessoal e forte desejo de ser amado com exclusividade. Pode significar medo de ficar só, de não ter todo o afeto que pensa que precisa. Ciúme tem a ver com o medo da perda. Perda de quê? Da pessoa ou do que ela representa emocionalmente para o ciumento? Ou de ambos?

O ciúme normal é temporário, transitório e tem um fundamento real por ser ligado a fatos verdadeiros. No ciúme normal, a preocupação tem que ver com a preservação do relacionamento, enquanto que no ciúme doentio a preocupação é o ego do ciumento.

A pessoa com ciúme doentio pode sentir raiva, vergonha, ansiedade, depressão, insegurança, culpa, desejo de vingança. Ela em geral tem uma desvalorização de si mesma, assim se sente insegura, o que favorece o ciúme. É uma pessoa vulnerável, sempre desconfiada, geralmente impulsiva, atuando facilmente de forma agressiva. Estes comportamentos e características não são assim nos indivíduos com ciúme normal.

Pesquisadores têm verificado que a maioria dos crimes de morte seguidos de suicídio ocorrem em função de uma paixão numa pessoa cheia de ideias delirantes de ciúme doentio. A maioria é cometida por homens com sérios problemas emocionais, podendo ser um transtorno de personalidade, dependência de álcool e outras drogas, estado depressivo, transtornos obsessivos e até esquizofrenia. Nas pessoas com diagnóstico de Transtorno Paranoide o ciúme doentio surge em cerca de 16% delas.

Para solucionar o ciúme excessivo, é preciso crer no afeto existente e valorizar o que o outro realmente sente por ela, por ele, e parar de se preocupar com algo idealizado, confiando que os ganhos são reais, eles existem porque a pessoa tem amor genuíno, outras pessoas também gostam da pessoa, e ela pode gostar mais de si mesma a ponto de não esperar demais dos outros. O amor da pessoa por você não depende do quanto você a controla. Depende do que ela pode sentir e fazer por você. E isto é com ela.

Ciúme exagerado é posse e posse é abuso. Como comentei antes, geralmente produz agressividade e até violência. Um ciumento sente que é dono da pessoa para quem o ciúme é dirigido. Quer o outro como seu escravo. Mas o amor é contrário à escravidão. Cada ciumento deve lutar para ser dono de si mesmo, de suas emoções, aprendendo a controlá-las para sua saúde ao invés de se deixar levar por elas, gerando, por exemplo, ciúme exagerado. Saúde mental tem que ver com ter as emoções, sem deixar que as emoções tenham você. Se você não consegue dominar e acabar com seu ciúme que pode ser doentio, procure ajuda com um conselheiro capaz ou psicólogo.

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Recuperação emocional e espiritualidade

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos.

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos. Estando impregnados quanto ao nosso objeto de dependência ou compulsão, nossas motivações se tornam tão mescladas entre o bom e o mau, entre o saudável e o insalubre, que a liberdade para escolher fica seriamente comprometida. Na hora da tentação nosso sim ou não, ou seja nossa escolha pode fazer toda a diferença.

Mas se realmente pretendemos ter uma capacidade livre para escolher a favor ou contra a verdade, a justiça, contra Deus, as escolhas que fazemos devem ser respostas amáveis ao chamado de Deus em amor, e não porque ele exige de forma ditatorial.

A parte mais dura da recuperação de qualquer compulsão ou vício é que ela requer de nós uma mudança. Podemos pensar na ideia de recuperação, podemos nos sentir inspirados ao ouvirmos ou ler histórias de recuperação, podemos estar convencidos de nossa necessidade de recuperação. Porém, estes e outros processos cognitivos são relativamente fáceis para nós. O desafio é que a prática da recuperação significa mudança, e mudar não é fácil. Tendemos a resistir à mudança. Podemos ficar com raiva e ter vergonha por ter que mudar. E podemos ter medo de não sermos capazes de mudar. Vivemos momentos em que dizemos a nós mesmos: “Não consigo! É difícil demais!”

Porém, mudar é também a parte mais estimulante da recuperação. Não necessitamos viver em escravidão à nossa dependência. Não precisamos fugir com medo nos relacionamentos, nem viver como se fossemos responsáveis pelo mundo. Podemos aprender a ter serenidade. Podemos encontrar liberdade. Podemos experienciar o amor. E pode aliviar se pensarmos que a recuperação não é uma competição.

A mudança é a parte mais difícil e maravilhosa do processo de recuperação. Ela nos coloca numa grande batalha interna a qual não é confortável. Porém, a capacidade de mudar é a chave para nossa esperança. Deus nos tem dado a habilidade para mudar e crescer. Ele nos chama para mudar, nos dá as perspectivas, disciplinas e o encorajamento que precisamos. Ele mesmo atua em nós, na medida em que permitimos e o convidamos, trabalha dentro de nós para nos fortalecer, curar e nos fazer novas criaturas.

Jesus foi tentado pelo diabo no deserto. Ele passou por três tipos de tentações que todos passamos na vida. O diabo esperava que Jesus cairia por se agarrar aos seus apegos ligados à satisfação de seus desejos. Esperava que ele iria se agarrar ao seu próprio poder como divindade, ou se apegaria às riquezas materiais do mundo. Assim como o diabo fez com Adão e Eva no Éden, passando a ideia de que eles poderiam vencer sem Deus, ele tentou Jesus com o mesmo engano.

É fácil pensar que Jesus venceu no deserto pelo que ele era, Deus encarnado. Pensar assim se torna difícil para nós nos identificarmos com ele. Mas ao pensarmos em sua humanidade, ao olharmos para ele como um homem real que tinha fome, sede, cansaço, então a maneira como ele respondeu ao diabo nos ensina muita coisa porque Jesus não usou sua natureza divina para vencer o maligno.

Primeiro, ele ficou firme, enfrentou a tentação. Segundo, ele agiu com força usando seu livre arbítrio com dignidade. Terceiro, ele não usou sua liberdade impulsivamente e nem respondeu ao diabo em seu conhecimento como divindade. Ele dependeu da palavra de Deus. Suas respostas foram citações da Bíblia daquela época, o Antigo Testamento.

Vícios, dependências, compulsões podem não ser vencidas pela vontade humana em si, nem por optar por entregar tudo à vontade divina. Ao invés disso, o poder da graça flui mais completamente quando a vontade humana escolhe agir em harmonia com a vontade divina. Isto significa estar disposto a confrontar a situação como ela é, permanecer responsável pelas escolhas que fazemos em resposta às tentações, mas ao mesmo tempo nos voltarmos à graça, proteção e guia de Deus como fundamento para nossas escolhas e comportamento.

Pode ocorrer que na medida em que as tentações antigas diminuem em nossa recuperação, podem existir a tendência de reconstruir nossa vontade própria e nossa centralização no eu, fazer do nosso jeito. Na oração do Pai Nosso há uma parte que diz: “Não nos deixe cair em tentação” justamente porque existe o perigo de escorregarmos e cair. Precisamos viver num mundo cheio de estresse, assim não devemos fugir ou nos esconder, mas procurar a ajuda que precisamos, pedindo a Deus para nos dar uma saída de circunstâncias as quais ainda não estamos hábeis para lidar com elas. Fonte: Recovery Devotional Bible, Zondervan, 1993.

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Angústia existencial e psicológica

quinta-feira, 06 de agosto de 2020

Não conheço as explicações de muitos filósofos sobre a etiologia da angústia humana. Sören Kierkegaard, filósofo dinamarquês, no seu livro “O Conceito de Angústia” disse, em resumo, que aquele que aprendeu a lidar com sua angústia, aprendeu o mais importante. Todos temos angústia. A diferença é a consciência dela, sua intensidade e como ela interfere na nossa vida. Psicóticos parecem possuir uma angústia maciça que os aliena da realidade.

Não conheço as explicações de muitos filósofos sobre a etiologia da angústia humana. Sören Kierkegaard, filósofo dinamarquês, no seu livro “O Conceito de Angústia” disse, em resumo, que aquele que aprendeu a lidar com sua angústia, aprendeu o mais importante. Todos temos angústia. A diferença é a consciência dela, sua intensidade e como ela interfere na nossa vida. Psicóticos parecem possuir uma angústia maciça que os aliena da realidade. Muito artistas de várias áreas possuíam ou possuem angústia e a manifestaram ou manifestam pelas suas obras de artes, seja pintura, escrita, escultura, teatro, música. A produção de obras de arte pode ser uma defesa contra a loucura, contra a angústia paralisante. Da mesma forma que o trabalho para muitos empresários de sucesso financeiro.

Vários filósofos chamam de “angústia existencial” o que a Bíblia se refere ao sofrimento mental humano produzido pelo pecado. Há a angústia existencial, de origem espiritual, e há a angústia psicológica de origem em traumas e disfunções emocionais nos relacionamentos, especialmente na infância numa família difícil e numa pessoa sensível. 

Quando Naum no capítulo 1 e verso 9 na Bíblia diz que não virá a angústia a segunda vez, ele está admitindo que nessa existência todos temos angústia espiritual, existencial. Então, concordo com Kierkegaard que aprender a lidar com a angústia é saúde. Um paradoxo, não é? Porque a angústia é uma anormalidade que não mais existirá na Nova Jerusalém, mas aqui nessa vida ela é “normal” no sentido de existir em todo ser que nasce de mulher. Então, saúde mental tem mais que ver com aprender a administrar a angústia do que eliminá-la, porque não dá para eliminá-la. 

Dependentes químicos, incluindo os alcoólicos, tentam eliminar a angústia com a droga de escolha. Mas a angústia permanece ali, perturbando entre uma dose e outra da droga. Por isso, o grande desafio para eles, e para nós, é ficarmos sóbrios e aguentar a angústia sem usar alguma droga, que pode ser álcool, cocaína, maconha, crack, Rivotril e outros psicotrópicos, sexo, trabalho, compras, comida, controlar os outros, ganhar dinheiro etc.

Entendo que há dois tipos de verdades: a que produz informação (doutrinas) e a que produz salvação (espiritualização). Muitas igrejas cristãs têm abundância da primeira e carência da segunda. Tenho conhecido pessoas não religiosas cheias de espiritualidade. A Bíblia dá um ótimo exemplo disso como o centurião que pediu a Jesus para curar o servo dele. Ele tinha religião espiritualidade embora não tivesse religião doutrina ainda. E Jesus chamou a atenção para o povo dizendo que Ele não tinha visto tamanha fé na "igreja" da época como a daquele pagão. 

A vantagem da visão bíblica da angústia é que ela é (1) mais abrangente, e não superficial ou unilateral. Ou seja, ela vai além do social, do biológico e do psicológico. Ela atinge o “coração”, parte virtual de nossa mente de onde procedem o que contamina nosso caráter. Ela é também (2) verdadeira porque não tem pessoa que nasce sem esta desgraça (des-graça, falta de graça). A visão bíblica também é (3) a única que mostra a solução da angústia, que tem que ver com a glorificação, processo de mudança na estrutura humana que será feita por Deus assim que Jesus voltar em breve nos que ficarão do lado da verdade e da justiça. 

O melhor que a Psicologia pode oferecer é alívio da ansiedade de origem na dinâmica emocional mental pessoal. Podemos aprender (psicoeducação) a administrar nossa ansiedade de modo que ela não mais surja em nossa vida como ataques de pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo etc. É possível entender as causas psicológicas da ansiedade e praticar algumas orientações sobre a redução dela. Podemos nos tornar menos ansiosos num nível psicológico.

Algumas pessoas não sabem o que é angústia. Estranho, não é? Talvez elas sejam mais felizes por não terem consciência da angústia pessoal que possuem. Deus é honesto. Ele diz “estarei com ele na angústia” (Salmo 91:15). Ou “o que me consola em minha angústia é que a tua palavra me vivifica” (Salmo 119:50). Há angústia em todos nós. Tanto no Papa Francisco como no presidente e sua igreja. Tanto no bilionário Bill Gates quanto no mais simples funcionário de Tecnologia da Informação aí da instituição onde você trabalha. Paulo, o apóstolo diz que quando chegaram à Macedônia ele sentiu “temores por dentro”, ou seja, angústia. Ezequiel, homem de Deus, diz que naquele dia estava triste e angustiado, mas a mão do Senhor era forte sobre ele (Ez.3:14). 

Então nessa existência ter angústia não é ausência de Deus. É tanto a falta de sua presença como existia no Éden antes da queda, como tem sua (da angústia) extensão psicológica (carências afetivas, tensões na família, medo da pandemia, sofrimento de religiosos por terem chefes ditadores, perseguidores etc. 

O que a gente faz na vida para fugir da angústia “não está no gibi” como se dizia antigamente. E a maioria não sabe que foge da angústia no que faz e no que se torna. Isto porque o jeito como nos tornamos como pessoa é a maneira que nos causa menos dor. Mesmo que tenhamos nos tornado pessoas complicadas. É o melhor que conseguimos ser até agora. É a defesa da angústia. Claro, podemos ter/ser uma defesa disfuncional ou funcional e graças a Deus, gradativamente, passo à passo, bem lentamente, na medida em que aguentamos, podemos caminhar para ser/existir com melhor capacidade de lidar com nossa angústia e, assim, nos tornarmos melhores pessoas. Especialmente mais misericordiosas com a gente mesmo e com os outros. 

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Ajudando crianças e adolescentes na pandemia

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Crianças têm sentimentos de angústia, medo e tristeza. Elas não são indiferentes ao impacto da pandemia que vivemos. Elas sentem medo, incertezas, têm mudanças em suas rotinas, precisam também de isolamento social e conviver com o estresse dos pais. Os pais, e outros parentes que convivem de perto com as crianças e os adolescentes em casa, precisam entender as emoções deles para saberem como ajudar os filhos durante esta pandemia maluca, a qual parece ser fruto de inapropriada alimentação de animais proibidos por Deus para consumo como relatado em Levítico capítulo 11, na Bíblia.

Crianças têm sentimentos de angústia, medo e tristeza. Elas não são indiferentes ao impacto da pandemia que vivemos. Elas sentem medo, incertezas, têm mudanças em suas rotinas, precisam também de isolamento social e conviver com o estresse dos pais. Os pais, e outros parentes que convivem de perto com as crianças e os adolescentes em casa, precisam entender as emoções deles para saberem como ajudar os filhos durante esta pandemia maluca, a qual parece ser fruto de inapropriada alimentação de animais proibidos por Deus para consumo como relatado em Levítico capítulo 11, na Bíblia.

Este artigo é um resumo de um trabalho científico com o título “Considerações sobre saúde mental para crianças e adolescentes na pandemia da Covid-19”, publicado em maio de 2020 na Revista Paquistanesa de Ciências Médicas, tendo com autores uma equipe de cientistas da Universidade Médica King Edward de Lahore, do Paquistão, e da Faculdade de Medicina Rutgers New Jersey, em Newark, nos Estados Unidos.

As crianças são vulneráveis mentalmente à situações ruins como uma pandemia porque elas não possuem estratégias psicológicas de enfrentamento dos fatores estressores como este surto virótico, e elas podem não ter habilidades de comunicar seus sentimentos como nós adultos. O fato delas de repente não mais irem à escola e precisar se isolar de amigos, causa estresse e ansiedade nelas. E se elas são expostas à noticiários que enfocam tragédias devido ao vírus corona, isto piora seu estresse mental.

Os sintomas principais que surgem em crianças diante de um fator estressante como desta pandemia podem ser ansiedade, depressão, alterações no sono e apetite, prejuízos sociais, sentimentos de incerteza e agitação. Algumas podem regredir querendo de novo a chupeta ou não mais se vestindo sozinhas como fazia antes. Um estudo na China observou crianças e adolescentes quanto ao estresse da pandemia e foi verificado que muitos apresentavam distração, irritabilidade, medo de que familiares pudessem pegar a doença e morrerem e apego excessivo aos familiares.

As crianças e adolescentes são também expostos às notícias da pandemia, algumas das quais cheias de sensacionalismo e com possíveis mentiras, gerando estresse. Além dos efeitos dolorosos da pandemia para a sociedade, ainda vemos notícias de governantes e empresários fraudando o povo com compras superfaturadas dos equipamentos para o combate da doença. São pessoas doentes da malignidade, ganância e insensibilidade.

As crianças sofrem emocionalmente nesta tragédia porque o medo dos adultos as contagia já que elas são bem sensíveis ao estado emocional dos adultos em volta delas, que são sua fonte de segurança e bem estar emocional. Nos Estados Unidos cerca de 40% das pessoas com filhos abaixo dos 12 anos de idade entraram num alto nível de estresse devido às responsabilidades de trabalho afetado pela pandemia. Mais do que 50% dos pais relataram que o isolamento social está afetando suas funções parentais.

Infelizmente em alguns lares complicados, o isolamento social pode causar um aumento de atitudes abusivas com os cuidadores atuando com negligência e exploração dos filhos. Num distrito da China a polícia relatou que a violência doméstica aumentou quase três vezes mais em fevereiro de 2020, passando de 47 ocorrências nos últimos anos para 162 só neste ano, ocorrendo também no estado do Texas nos Estados Unidos, incluindo gritar, dar tapas nas crianças, explorar serviços delas. Uma covardia, não é?

Os adolescentes têm sofrimentos pela pandemia por estarem longe de amigos, da escola, de festas de aniversário, prática de esportes com amigos, além de ficar longe de avós, tios, primos. Os sintomas neles podem ser nervosismo, chateação, tristeza, ansiedade e medo.

O que os pais podem fazer para ajudar seus filhos pequenos e jovens durante a pandemia? Nas crianças pequenas use mais tempo com elas durante o dia, parando o trabalho em casa por uns 15 minutos pelo menos para se concentrarem no cuidado daquela criança, brincando com ela. Abrace mais seus filhos, dê um colinho para eles com mais frequência, transmitindo serenidade e carinho.

Não deixe a TV ou rádio ligado com notícias ruins da pandemia, e não fiquem conversando sobre isto quando as crianças estiverem perto. Anime seus filhos a terem contato com os avós e outros parentes que eles gostam usando o celular, ou por vídeo chamadas. Acompanhe seus filhos nas aulas on-line.

Evite que as crianças fiquem muito tempo na TV, intercalando as atividades delas com contar histórias em livros, atividades de artes, brincar de esconde-esconde, montar blocos de brinquedo, caminhar e brincar ao ar livre em locais permitidos. Não deixe que elas fiquem com equipamentos eletrônicos na parte da noite porque a luz brilhante da TV, dos celulares, tablets, prejudica o hormônio que facilita o sono.

Se a criança terá que perder a festa de aniversário ou um outro evento social que ela gosta muito, deixe ela falar da frustração dela, da tristeza, e apenas ouça o desabafo dela procurando ser compreensivo e pense em possíveis soluções para esta perda.

Usem palavras simples ao explicar para as crianças as mudanças necessárias durante o isolamento social. Por exemplo, diga que por causa do vírus é preciso usar máscaras ao estar num local com outras pessoas, que não é possível no momento brincar com outras crianças para poder ficarem saudáveis, que precisamos limpar objetos para que eles não fiquem sujos, que muitos de nós ficamos doentes vez ou outra e se isso ocorrer papai e mamãe irão cuidar da pessoa até ela ficar boa.

 

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Controlar ou confiar?

quinta-feira, 23 de julho de 2020

“Controlar é uma resposta direta ao nosso medo, pânico e sensação de desajuda. [esta sensação] ocorre quando nós sentimos sobrecarregados ou quando falta confiança.É possível não confiar em nós mesmos e até em Deus no processo da vida. Ao invés de confiar podemos cair no controle. Podemos abordar esta necessidade de controle ao lidarmos com nosso medo. Lidamos com nosso medo ao confiar em nós mesmos, em Deus, no amor e apoio dos outros, e a este processo chamamos de vida e recuperação.

“Controlar é uma resposta direta ao nosso medo, pânico e sensação de desajuda. [esta sensação] ocorre quando nós sentimos sobrecarregados ou quando falta confiança.É possível não confiar em nós mesmos e até em Deus no processo da vida. Ao invés de confiar podemos cair no controle. Podemos abordar esta necessidade de controle ao lidarmos com nosso medo. Lidamos com nosso medo ao confiar em nós mesmos, em Deus, no amor e apoio dos outros, e a este processo chamamos de vida e recuperação.

Podemos confiar quando as coisas não funcionam do jeito que queremos, crendo que Deus tem algo melhor planejado. Podemos confiar em nós mesmos para chegar onde queremos ir, dizer o que precisamos falar, fazer o que precisamos fazer, saber o que necessitamos conhecer, ser quem precisamos ser, e nos tornar tudo o que podemos ser feitos, quando temos a intenção de fazer isto, quando estamos prontos e quando o momento é apropriado.

Podemos confiar que Deus nos dá todas as orientações que precisamos. Podemos confiar que tudo o que precisamos em nossa jornada virá para nós. Não obteremos hoje tudo o que necessitamos para a caminhada total. Receberemos o suprimento para hoje, e amanhã para amanhã. Não é suposto que carreguemos todos os suprimentos para a jornada completa. O fardo seria muito pesado, e o caminho é para ser leve.

Não precisamos planejar, controlar e agendar todas as coisas. A agenda e o plano têm sido escritos por Deus. Tudo o que precisamos é estar presente, [abertos, disponíveis]. (Melody Beattie, Recovery Devotional Bible, Zondervan, p.999, 1993).

Para aprender a confiar e, assim, obter serenidade, é importante permanecer “atento à sugestão de me render a seja lá o que for sobre mim ou outra pessoa que eu esteja tentando controlar. Em outras palavras, preciso me soltar do meu ego. Soltar, entregar e manter simples, tudo isso me faz lembrar de que Deus está cuidando de mim e dos desafios da minha vida. Às vezes, quando me sinto excepcionalmente estressado, a rendição não vem com facilidade. Fundamentalmente, preciso até me soltar do processo de rendição. Não posso controlar o momento em que meu poder superior decide me conceder a graça de sentir e agir com serenidade.” (“A esperança para hoje”, Grupos Familiares Al-Anon, p. 163, 2005).

Um dos passos que pode nos conduzir à serenidade e confiança não é nem a questão de desistir do controle, mas desistir da ilusão do controle. Entendeu? Quando vivemos num estilo de vida controlador, vivemos na ilusão de que estamos controlando as coisas e as pessoas. Mas não temos controle sobre as pessoas e sobre tantas coisas em nossa vida.

O medo é uma energia que ativa os nossos defeitos de caráter. Às vezes eles ficam adormecidos como uma pista de carros de brinquedo desligada, e nós não os percebemos. Entretanto, quando estamos com medo, ele funciona como um combustível que faz com que os carros (nossos defeitos) comecem a se mover. Gastam-se nossas energias físicas e mentais andando em círculos, tentando não sermos batidos ou atropelados.

Em primeiro lugar, o que dispara o nosso medo? Tentar controlar coisas sobre as quais não temos poder é sempre um interruptor provável. Como eu o desligo? Utilizar a oração da serenidade ajuda a nos acalmar. Devemos fazer uma lista, com uma coluna intitulada “posso mudar” e outra intitulada “não posso mudar”. Aí, desmembra-se o problema em elementos e colocamos cada um em sua coluna. Quanto terminar, devemos pedir ao nosso poder superior para redirecionar a energia para aqueles elementos que podemos mudar.

Deixar de lado o presente e nos preocupar com o futuro é outro gatilho. Quando sentimos que nossa mente está na frente do corpo, é útil nos concentrar nos nossos corpos e muitas vezes nossa mente o seguirá. Demos lembrar a nós mesmos de soltar e deixar que Deus cuide das coisas da coluna “não posso mudar”. Devemos nos concentrar no que estamos fazendo no momento presente: estou lavando os cabelos; estou fazendo o jantar; estou dirigindo meu carro. Pode parecer bobagem, mas devemos fazer o que pudermos para que sejamos levados de volta ao momento presente. Essa atitude dá o tom para um dia mais sereno e centrado. (“A esperança para hoje”, Grupos Familiares Al-Anon, p. 228, 2005).

“Quando ouvi o Lema “Solte-se e entregue-se a Deus” pela primeira vez, não fez sentido para mim. Soltar o quê? E entregar a Deus o quê? O pouco que entendi foi a inutilidade de meus esforços em tentar controlar outras pessoas, lugares, e coisas. ... Eu me soltei de outras pessoas e comecei a sentir algum alívio. Eu me desliguei do que os outros disseram ou não disseram, e do que fizeram e não fizeram. Eu me desliguei das minhas expectativas. Não mais senti necessidade de agradar a todos. À medida que me soltei, descobri que vivo em maior harmonia comigo e com os outros. Comecei a assumir mais responsabilidades por mim mesmo. Imaginava que se pudesse aceitar a mim mesmo, poderia aceitar também as outras pessoas. Eu me desliguei dos resultados. Sentia-me bem mesmo se as coisas não fossem da maneira que eu tinha imaginado. Às vezes os resultados eram melhores do que eu tinha antecipado... À medida que eu me soltava, aprendia que podia entregar a Deus. ‘Entregar a Deus’ não significa que eu abdique das minhas responsabilidades. Na verdade, eu me torno mais responsável por mim mesmo. ‘Entregar a Deus’ indica que aceito minhas imperfeições e cresço em direção à pessoa que imagino que posso ser. ‘Soltar-se e entregar-se a Deus’ significa que posso desfrutar ser responsável pelo que é meu de direto, e deixar o resto para Deus. ‘Solte-se’ vem antes de ‘entregue-se a Deus’ por uma razão. Não posso esperar que Deus faça nada se eu ainda estiver agarrada ao meu problema.” (Extraído de “A esperança para hoje”, Grupos Familiares Al-Anon, p. 320, 2005).

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Aceitar nossa impotência nos liberta

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Todos somos impotentes diante de muitas coisas e em muitos momentos. Quando na ilusão de que podemos exercer poder para mudar algo diante do qual somos impotentes, nossa vida pode ficar perturbada. Pode surgir tristeza, raiva, irritação, ansiedade e outros sintomas. Porém, ao admitirmos nossa impotência diante de, por exemplo, mudar o comportamento desagradável de alguém, ficaremos prontos para fazer alguma coisa boa e construtiva em nossa própria vida. Será possível parar de gastar nossa energia na tentativa de mudar a pessoa.

Todos somos impotentes diante de muitas coisas e em muitos momentos. Quando na ilusão de que podemos exercer poder para mudar algo diante do qual somos impotentes, nossa vida pode ficar perturbada. Pode surgir tristeza, raiva, irritação, ansiedade e outros sintomas. Porém, ao admitirmos nossa impotência diante de, por exemplo, mudar o comportamento desagradável de alguém, ficaremos prontos para fazer alguma coisa boa e construtiva em nossa própria vida. Será possível parar de gastar nossa energia na tentativa de mudar a pessoa.

Muitas vezes podemos sofrer consequências de maus tratos dos outros e depois, anos mais tarde, quando aquelas pessoas que nos fizeram sofrer não estão mais por perto, ou estão mas não mais nos perturbam, apresentamos sintomas. Estes sintomas foram construídos porque eram defesas que havíamos construído para lidar com aqueles maus tratos feitos contra nós. Mas o tempo passou, a pessoa foi embora, morreu, ou está perto ainda, mudada para melhor ou não, e as defesas agora nos aprisionam.

Isto é mais ou menos como você fraturar um osso da perna, o médico coloca gesso, você precisa usar um apoiador para andar, e depois que o gesso é retirado e você recupera aquele membro com fisioterapia, você ainda quer usar o apoiador. Ele não é mais necessário, como algumas defesas psicológicas que usamos no passado, mas insistimos em usá-las. Assim ficamos presos com limitação da liberdade de ação desnecessariamente.

Uma das prisões neste caso pode ser o ressentimento, a mágoa de quem nos tratou mal. Então, para a liberdade em nós, será necessário exercer o perdão que pode ficar menos difícil de dar se procurarmos compreender o por que aquela pessoa agia daquela maneira. Quem sabe ela copiava a maneira como foi tratada quando criança. Talvez reagia com medo. Talvez era presa pelo vício em algo. A compaixão e o perdão, portanto, poderão ser aplicados para com ela dentro de nosso coração, o que nos aliviará.

Veja este depoimento fantástico: “Em criança, cresci esperando que meus pais alcoólicos me dessem o amor de que eu precisava. Quando saí de casa, transferi essa expectativa para o meu namorado alcoólico. Vivia para o seu amor e esperava que ele mudasse seu comportamento que estava me ferindo. Enquanto me apeguei à esperança de que ele iria me amar da maneira que eu queria ser amada, me tornei prisioneira do alcoolismo. Depois de frequentar o Al-Anon [grupo de ajuda mútua para familiares e amigos de alcoólicos www.al-anon.org.br] por algum tempo, comecei a compreender o quanto da minha vida tinha sido gasto esperando que os outros mudassem para que eu pudesse ser feliz. Eu tinha perdido muito tempo tentando mudar as coisas que não podia controlar. Quando finalmente aceitei que não podia controlar a maneira de beber do meu namorado, fiquei livre. Também percebi minha impotência perante os meus familiares. Senti alguma tristeza junto com esse despertar espiritual, mas o Al-Anon me manteve ocupada aprendendo sobre alcoolismo como doença e seguindo em frente com os passos. Eu me perguntava por que deveria tentar combater o alcoolismo, então decidi admitir que o alcoolismo é mais poderoso do que eu. Agora estou livre para descobrir a pessoa dentro de mim que é animada, divertida, amorosa e digna de amor. Hoje estou aprendendo a me dar o amor incondicional e a aceitação que sempre quis receber das pessoas que não os tinham para dar. A única pessoa que pode me amar do jeito que quero ser amada sou eu mesma.”

(Fonte: Esperança para Hoje, p.361, 2018, Grupos Familiares Al-Anon do Brasil.) 

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O papel da fé na diminuição da ansiedade

quinta-feira, 09 de julho de 2020

Vários estudos demonstraram os benefícios da fé no tratamento de transtornos de ansiedade em adultos. Em uma pesquisa com 37 mil homens e mulheres que frequentam a igreja, sinagoga ou outros serviços religiosos, quanto maior a frequência ao culto, menor a prevalência de depressão, mania e transtorno do pânico. (Baetz, M. et ai., 2006).

Vários estudos demonstraram os benefícios da fé no tratamento de transtornos de ansiedade em adultos. Em uma pesquisa com 37 mil homens e mulheres que frequentam a igreja, sinagoga ou outros serviços religiosos, quanto maior a frequência ao culto, menor a prevalência de depressão, mania e transtorno do pânico. (Baetz, M. et ai., 2006).

A médica pesquisadora Marilyn Baetz, da Universidade de Saskatchewan, no Canadá, declarou: "Quanto maior a frequência ao culto, menores as chances de depressão, distúrbios de pânico e mania". Can J Psychiatry 51: 654-61. A importância da religião foi um preditor de melhora no transtorno do pânico após um ano. Com o tempo, a melhoria observada para a prática da religião foi muito importante. (Bowen, R. et ai., 2006).

Em uma revisão sistemática de 850 estudos científicos, a maioria deles bem conduzidos concluiu que níveis mais altos de envolvimento religioso estão associados positivamente a indicadores de bem-estar psicológico, satisfação com a vida, felicidade, afeto positivo e menos depressão, pensamentos e comportamentos suicidas, abuso de drogas e álcool. (Moreira-Almeida, A., Neto, F., Koenig, HG, 2006. Religiosidade e saúde mental: uma revisão. Rev Bras Psiquiatr.28: 242-50.).

A fé pode desempenhar um papel benéfico na cura de dores e conflitos emocionais. Se você lê inglês, veja o artigo “Cura e fé” no site da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos em www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. Várias intervenções espirituais ajudam a resolver a ansiedade e a criar confiança. Isso inclui o uso diário dos dois primeiros passos dos Alcoólicos Anônimos (AA) e o pensamento: "Não tenho poder sobre minhas ansiedades, desconfiança, raiva ou minha tendência a controlar e quero entregá-las a Deus".

Além disso, uma meditação diária sobre Deus como protetor pode diminuir a ansiedade na juventude. Os dois primeiros dos 12 passos dos AA são: “Admitimos que éramos impotentes perante o álcool [ou outro problema em sua vida] – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas. Viemos a acreditar que um poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.”

Nas famílias com forte fé, os pais que são espirituais também relatam sobre o benefício de orar com crianças ansiosas na hora de dormir, ensinando-as a entregar todos os seus medos ao Deus Criador. Além disso, eles treinam seus filhos a terem uma atitude mental de confiança em Deus quando os seus medos, ansiedade ou insegurança surgem.

A psicologia positiva (Martin Seligman) ou o papel das virtudes como esperança, gratidão, bondade, perdão, no tratamento de distúrbios da infância é uma área mais nova no campo da saúde mental. No entanto, o crescimento das virtudes tem sido visto historicamente na civilização ocidental como sendo essencial para o desenvolvimento de uma personalidade saudável.

Os jovens com transtornos de ansiedade precisam ser protegidos da raiva excessiva que prejudica a confiança, e protegidos também de críticas ou abusos injustificados que prejudicam o desenvolvimento da confiança nos dons e habilidades de alguém. A paternidade responsável envolve a compreensão das necessidades dos filhos para praticarem um relacionamento de apego próximo, consolador e seguro com o pai e a mãe, irmãos e colegas.

Os jovens precisam aprender como se recuperar de dores emocionais e trabalhar para crescer em confiança com aqueles que são, de fato, dignos de confiança. Eles também precisam aprender a perdoar aqueles que prejudicaram sua confiança, para que não se tornem prisioneiros emocionais de seu passado. 

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Como lidar com o mau humor?

quinta-feira, 02 de julho de 2020

Não é raro ficarmos de mau humor. Podem existir razões externas que nos empurram para isto, mas pode ser algo de nosso temperamento. Entretanto, situações externas promovem mau humor em algumas pessoas mas não em outras, mesmo que sejam situações iguais.

Não é raro ficarmos de mau humor. Podem existir razões externas que nos empurram para isto, mas pode ser algo de nosso temperamento. Entretanto, situações externas promovem mau humor em algumas pessoas mas não em outras, mesmo que sejam situações iguais.

Isto ocorre porque somos diferentes em termos de temperamento e quanto ao modo como reagimos ao ambiente. Também é importante compreender que algumas pessoas ficam com mau humor por um tempo longo, como durante semanas, o que pode configurar algo anormal. Ter mau humor por algumas horas não é doentio, mas por vários dias e semanas pode revelar algum sofrimento importante, como, por exemplo, o surgimento de depressão. Se for o caso, é bom procurar um profissional em saúde mental para uma avaliação.

Vamos ver algumas sugestões que podem ajudar a lidar com o mau humor de modo positivo. Primeiro de tudo, ao sentir mau humor evite cobranças tipo “eu não deveria me sentir assim”. Não é sem razão que pessoas normais sentem-se assim alguns dias. Você pode dizer para as pessoas ao redor que naquele dia você não está bem e que, por exemplo, irá ficar mais calado. E trate a si mesmo com paciência, seja bom consigo, e tente compreender o que está ocorrendo que gerou este mau humor. Também é importante não envolver as pessoas que estão perto com seu mau humor. Se ele levar você a ferir alguém, peça desculpa, pois isso certamente irá lhe fazer bem.

Outro passo para lidar com o mau humor é refletir sobre se existe uma conexão entre a data do ano, horário do dia, ou data festiva em que você sente-se mal e alguma situação dolorosa vivida no seu passado. Por exemplo, uma mulher sentia-se mau humorada ao final da tarde. Ela começou a pensar no assunto, e lembrou que havia convivido com um pai alcoólico que costumava chegar bêbado em casa ao final do dia, e isto assustava a todos em casa. Ela trouxe isto para a vida adulta e sentia-se mal ao final do dia mesmo estando agora vivendo numa família sem problemas com alcoolismo. Ao entender isto, ela fez esforços para mudar este mau humor vespertino pensando que agora não precisa mais reagir dessa forma.

Outro exemplo é o de um homem que era muito apegado à sua avó e ela morreu quando ele tinha 14 anos de idade em janeiro, quando ele estava de férias. Depois que ele ficou adulto, ao chegar as férias de janeiro, ele tinha tendência de sentir mau humor do tipo tristeza. Quando investigou a razão pela qual isto ocorria no mês de janeiro, ele descobriu esta conexão entre a morte da avó e seu mau humor triste. Entendendo isto, foi possível lutar para reagir de forma melhor, porque o passado já foi e não era mais necessário ter este humor ruim no presente.

Uma atitude que ajuda muito a melhorar nosso mau humor que nos ataca num certo dia, é procurar ajudar alguém naquele momento. Quando nos concentramos em auxiliar alguém em necessidade de ajuda, isto faz com que nossa mente se desvie de nosso mal estar emocional, e isto nos ajuda a melhorar.

Finalmente, vai nos ajudar a lidar com nosso mau humor temporário, pensar que ele vai passar, que coisas boas que sentimos passam, vão embora, mas depois voltam, e assim, ocorre com sentimento dolorosos, desagradáveis, porque eles também passam, vão embora.

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O que o amor é e o que ele não é

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Uma escritora inspirada descreveu que: “O amor que só dirige palavras bondosas a uns, ao passo que outros são tratados com frieza e indiferença, não é amor, mas egoísmo.” Ele não funcionará de forma alguma para o bem das pessoas. “Não podemos limitar nosso amor a um ou dois objetos.” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje, 80).

O que você retém só para si ou para um grupinho pequeno de pessoas em termos de afeto acaba perdendo porque não tem sustentação. “Nosso amor não se deve restringir a pessoas especiais. Quebre o vaso, e o perfume encherá toda a casa.” (idem acima).

Uma escritora inspirada descreveu que: “O amor que só dirige palavras bondosas a uns, ao passo que outros são tratados com frieza e indiferença, não é amor, mas egoísmo.” Ele não funcionará de forma alguma para o bem das pessoas. “Não podemos limitar nosso amor a um ou dois objetos.” (Ellen G. White, Minha Consagração Hoje, 80).

O que você retém só para si ou para um grupinho pequeno de pessoas em termos de afeto acaba perdendo porque não tem sustentação. “Nosso amor não se deve restringir a pessoas especiais. Quebre o vaso, e o perfume encherá toda a casa.” (idem acima).

Isto não quer dizer que manifestaremos a mesma forma de amor para com todos. Quer dizer que não odiaremos as pessoas, mas procuraremos entendê-las e ter compaixão para com aquelas menos equilibradas, mais sofridas, mais rudes.

Isto também não quer dizer que teremos que manter o mesmo nível de sentimento por todas as pessoas. Há algumas não amáveis por não permitirem ser amadas. Rejeitam o amor oferecido à elas seja por atitude fria ou agressiva. Então temos que deixá-las seguir e nos afastarmos até que elas possam aceitar nosso oferecimento de amor.

Há hora de afastar e de aproximar. Há hora de falar do amor e hora de ficar quieto. Há hora para tudo e nem sempre é hora para tudo. O silêncio pode ser ouro em certos momentos. Assim como a boa palavra falada na hora certa é bálsamo e justiça.

Alguns importam da filosofia grega o conceito de amor em três dimensões: o amor fraternal – ágape; o amor sexual – eros, e o amor amizade – filia. Na realidade, o amor é um só, de uma única fonte. Ele se manifesta de forma diferente para momentos diferentes e pessoas diferentes, segundo a capacidade e a necessidade de cada um.

Mas amor não é paixão, nem sexo, nem “ficar”. O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Não é grosseiro, nem egoísta. Não se irrita, nem fica magoado. O amor não se alegra quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. O amor nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência. O amor dura para sempre.

No relacionamento entre marido e mulher não se sente o mesmo tipo de sentimento igualzinho hora após hora pelo seu cônjuge. O sentimento pode flutuar, mas não o amor.

Quando alguém se apaixona é provável que esta paixão esteja ligada à imagem que a pessoa criou em sua mente de como ela gostaria que o ser amado fosse. Ela está apaixonada pela imagem da pessoa que ela criou em sua própria mente, a qual pode ser muito diferente da pessoa que está ali presente na realidade de sua vida.

Daí será necessário um ajuste. Será preciso cair do “andor” da paixão para chegar-se à realidade do que o outro é. Quando cai este amor idealizado, daí pode começar o amor maduro. Tudo dependerá de como a pessoa lidará com a sua realidade e a do ser amado. O diálogo será então fundamental para se processar o ajuste afetivo. Para ir surgindo o amor maduro não será com mais sexo, mais romance ou mais presentes. E sim diálogo sobre o que dói e o que alegra, sobre o que agrada e desagrada, sobre o que gosta e não gosta. Mas tem que ser um diálogo sincero, com respeito, e aceitação do que cada um pode ser neste momento da vida.

O amor maduro produz felicidade e desprendimento. Com ele você fica em paz mesmo que as coisas por em volta estejam desabando. O amor tem que ser firme no sentido de colocar limites contra abusos. O amor diz verdades de uma forma respeitadora, porém, firme. O amor não ataca as pessoas, não condescende e nem se compromete com o erro, com a mentira, com o engano.

Você quer ter este tipo de amor? Ele não é vendido em comprimidos nas farmácias. Você precisa desejar ardentemente tê-lo e fazer sua parte para obtê-lo. E pedir. Ele é grátis. Se você deseja este amor para realmente amar as pessoas e ajudá-las, o terá. Se for para se aproveitar delas ou “faturar” (materialmente ou não), não o terá. Este amor não é bobo, nem ingênuo, nem manipulável. O amor é um poder. Quem quiser pode tomá-lo de graça da fonte que é o criador do universo. Mas uma pergunta muito importante sobre amor é: você quer amor para quê?

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