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Você está repetindo no presente o que viveu no passado?

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Maria nasceu no interior, sendo a mais velha de cinco irmãos. Sua mãe cuidava da casa, seu pai era empregado numa fazenda e tinha problemas com a bebida. A epidemia é tal que até 17% dos homens na população em geral e 8% das mulheres cumprirão os critérios de alcoolismo durante a vida. (https://www.alcohol.org/statistics-information/ )

Maria nasceu no interior, sendo a mais velha de cinco irmãos. Sua mãe cuidava da casa, seu pai era empregado numa fazenda e tinha problemas com a bebida. A epidemia é tal que até 17% dos homens na população em geral e 8% das mulheres cumprirão os critérios de alcoolismo durante a vida. (https://www.alcohol.org/statistics-information/ )

O pai de Maria piorou na bebida, agredindo filhos e esposa e um dia decidiu expulsar sua mulher de casa. Maria o odiava e referia-se a ele como “bêbado malvado”. Ela ía para um canto da casa, nos seus 8 anos de idade, tremendo de medo ao ver seu pai chutando os irmãos e gritando com a mãe dela. Ao ele berrar que a esposa sairia de casa, as crianças se agarraram na saia dela, suplicando para não ir. Ela saiu, ameaçada pela violência do marido.

Alguns irmãos foram morar com parentes e Maria ficou com o pai, crescendo cheia de amargura e ódio por ele pelo que ele havia feito com a família. Aos 20 anos de idade ela se casou e ficou anos sem notícias dele. Um dia ele apareceu procurando por ela. Ele estava mudado. Havia recebido ajuda emocional e espiritual e procurava cada filho para uma reconciliação. Maria havia jurado que não falaria com ele. Não usava mais a palavra “pai”, referindo-se a ele como “aquele cara”. Ela não queria reconciliação. Queria distância dele. Havia tomado a decisão de não ser igual a ele no lidar com os filhos. Ela tinha três filhos agora. E lidava com eles de maneira ditatorial, agredindo-os com palavras duras, tão dolorosas quanto às de seu pai no passado. Ela não percebia isto. Será que não queria perceber? Nunca perdoava, nunca pedia perdão. Implicava com Teresa, sua filha do meio, gerando nela revolta e rebeldia.

Na adolescência Teresa se envolveu com drogas e a mãe a expulsou de casa. Alguns filhos do meio têm problemas emocionais complicados porque em geral o mais velho recebe afeto especial por ser o primeiro, e o mais novo por ser o caçula. O do meio fica meio perdido. Após um casamento complicado com um dependente químico, Teresa teve José, que ao chegar na adolescência não aguentava mais as implicâncias da mãe porque ele usava cabelo comprido, óculos escuros o tempo todo e não comia carne. E ela que tinha sido hippie! Ela não controlava sua irritabilidade exagerada e sempre agredia verbalmente o jovem filho adolescente.

Aos 18 anos José se juntou com uma mulher mais velha que ele dez anos. Será uma moda isto? É sintoma de algo? Estão copiando algum personagem de novela? Ele se separou dela oito meses depois, dizendo que ela implicava demais com ele. Igual à mãe dele? É possível casar com alguém muito diferente do pai ou mãe em termos de personalidade? No segundo relacionamento de José, sua mulher sofria porque, dizia ela, ele ficava facilmente irritado e a destratava com palavras duras, embora não a agredisse fisicamente como o avô fazia com os filhos e a esposa. A repetição do comportamento entre gerações nem sempre ocorre igualzinho.

O pai de Maria, Maria mesmo, sua filha Teresa, o filho José, cada geração repetindo o mesmo comportamento emocional, com diferenças, mas o mesmo problema central: amargura, rispidez, abuso verbal. Parece um defeito no DNA passado geneticamente, não é? Mas felizmente a genética não explica tudo. Alguns neurocientistas afirmam que a genética é responsável, no máximo, por cerca de 40% do que nos tornamos como pessoa. Ela não determina inevitavelmente nosso comportamento. Existe o aprendizado, a escolha, a capacidade de raciocínio, a epigenética, o livre arbítrio e é isto o que pode levar à neutralizar as tendências hereditárias genéticas e aprendidas, para doenças do comportamento.

Temos que repetir a história do passado? Sim e não. Sim, pelo poder da influência hereditária e cópia do modelo observado durante a infância dos adultos com quem a criança viveu. Não, porque a genética não nos obriga a, inevitavelmente, repetir os mesmos comportamentos. Se assim fosse, por exemplo, todo filho de alcoólico teria que ser alcoólico,  apesar de que a ciência comprova que filhos de pais com alguma compulsão têm maiores chances de desenvolverem talvez a mesma compulsão comparados com filhos de pais sem compulsão por qualquer coisa.

Evitar repetir a história ruim do passado requer: 1 - lembrar dela ao invés de fugir da mesma como se nada de ruim tivesse ocorrido; 2  - observar com sinceridade e honestidade o próprio comportamento para ver se e como ocorre a repetição de atitudes desagradáveis que você jurava que nunca iria ter com as pessoas; 3 - ao perceber seu comportamento destrutivo herdado e cultivado, decidir lutar para mudá-lo por ver que ele está destruindo relacionamentos, e 4 - agir, fazer, atuar, treinar conscientemente o novo comportamento saudável.

Você muda quando você muda. As pessoas ao nosso redor (filhos, marido, esposa, esposo etc.) não têm culpa dos problemas de nosso passado. Não temos o direito de estressar a vida delas por causa de nossos conflitos vividos em nossa família de origem. É difícil mudar. Mas tem jeito. O pai de Maria conseguiu.Os nomes citados aqui são fictícios.

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Seja verdadeiro consigo mesmo

quinta-feira, 08 de outubro de 2020

Será que você tem mentido para si mesmo? Você é honesto, honesta com você? Será que ocorre com você em alguns momentos da vida nos quais percebe que não foi honesto quanto aos seus sentimentos para consigo mesmo e para com outras pessoas? Será importante para sua saúde mental e social ser verdadeiro com você mesmo?

Será que você tem mentido para si mesmo? Você é honesto, honesta com você? Será que ocorre com você em alguns momentos da vida nos quais percebe que não foi honesto quanto aos seus sentimentos para consigo mesmo e para com outras pessoas? Será importante para sua saúde mental e social ser verdadeiro com você mesmo?

Os membros dos grupos de ajuda mútua Alcoólicos Anônimos (AA) que levam a sério este programa de recuperação do alcoolismo muito eficaz, precisam enfrentar a si mesmos diante do espelho e diante do mundo. Nas reuniões de AA para viver a recuperação a pessoa deve ser plenamente honesta. Não há recuperação sem honestidade, seja para problemas com álcool ou outra situação que necessita melhoria, cura, controle saudável, sobriedade e serenidade na vida. A honestidade é um dos quatro absolutos de AA - os outros são pureza, altruísmo e amor. Esses absolutos navegam no processo de recuperação. Eles são a luz guia e ajudam o membro de AA a não se desviar de seu objetivo.

Shakespeare expressou suas opiniões sobre a honestidade por meio de Polônio em Hamlet. “Sê verdadeiro consigo mesmo. E deve seguir-se, como a noite ao dia, então não podes ser falso com ninguém”, escreveu ele. Séculos depois, ainda reconhecemos essas linhas como exemplos de vida. 

É essencial ser honesto para restaurar sua vida, seja por abuso ou dependência de substância ou por outro problema. Por meio da honestidade, você aprende a aceitar. E a aceitação é o primeiro passo para assumir o controle do que você perdeu por ser impotente diante da situação, da droga, da obsessão, da compulsão. No caso do alcoolismo, ser verdadeiro consigo mesmo é a única maneira de obter o controle do problema com o álcool.

Isto é verdade porque geralmente o alcoólico que ainda não entrou em recuperação permanece na negação. Negação é um mecanismo de defesa mental na qual o indivíduo mente para si mesmo na tentativa de fugir do problema. Um alcoólico ou alcoólatra que ainda não encontrou a sobriedade pode dizer: “Bebo só fim de semana!”, quando, na realidade, ele bebe em dias da semana também. Ou pode argumentar: “Bebo demais quando estou triste.”, quando a verdade é que ele bebe demais estando triste ou alegre.

Viver na negação é viver mentindo para si mesmo, o que retarda ou impede entrar em recuperação do alcoolismo, outra droga ou de qualquer comportamento disfuncional. É muito difícil ser autêntico ou verdadeiro o tempo todo. Ser verdadeiro consigo mesmo o ajuda a se sentir puro consigo mesmo. Isso o encoraja a ajudar os outros. Viver autenticamente permite que você seja altruísta e faça coisas para outras pessoas. Mas, para isso, você também deve trazer consistência em todas as suas ações.

Como Shakespeare explica, ser honesto tem que ser um esforço contínuo. Assim como a noite segue o dia, você deve manter o ciclo em andamento. Lembre-se de que ser honesto não significa apenas ser responsável por suas ações, mas também seguir bons princípios. O vício, seja em álcool, outra droga é caracterizado pelo uso compulsivo de uma substância, apesar de conhecer as consequências. A pessoa faz isso porque se sente melhor e aproveita a "sensação" momentânea. Mas ser honesto realmente deixa você feliz num longo prazo. Não faz você se sentir melhor apenas temporariamente, é uma excelente maneira de passar pela vida. Praticar a honestidade pode ajudá-lo a aliviar o estresse, porque você gasta menos tempo procurando cobrir seus erros, falhas, desonestidades, focando em seu bem-estar. Não precisa se preocupar com a operação “lava a jato” para descobrir suas corrupções. O mal destrói o mal. E a verdade vai acabando com nossas mentiras e nos fazendo melhores pessoas que ajudarão outras numa motivação compassiva. Ah! Se a maioria da classe política entendesse e vivesse isso ... como a sociedade funcionaria bem, como diminuiria o sofrimento de tanta gente! (Fonte: https://www.passitonrecoveryshop.com/to-thine-own-self-be-true.html)

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Saindo do egoísmo para a saúde

quinta-feira, 01 de outubro de 2020

O egoísmo adoece a mente. Egoísmo não é você cuidar bem de si mesmo, mas é cuidar só de você. Doenças mentais podem ser desenvolvidas por causa do egoísmo. Lutar contra o egoísmo é um fator de prevenção e de tratamento do que tem de egocentrismo no sofrimento da pessoa. Nem tudo o que leva uma pessoa a sofrer mentalmente é fruto de egoísmo. Pessoas altruístas também podem ter sofrimentos.

O egoísmo adoece a mente. Egoísmo não é você cuidar bem de si mesmo, mas é cuidar só de você. Doenças mentais podem ser desenvolvidas por causa do egoísmo. Lutar contra o egoísmo é um fator de prevenção e de tratamento do que tem de egocentrismo no sofrimento da pessoa. Nem tudo o que leva uma pessoa a sofrer mentalmente é fruto de egoísmo. Pessoas altruístas também podem ter sofrimentos.

Já reparou que quando fazemos algo bom para alguém, para qualquer pessoa, e não só de nossa família, se fizermos voluntariamente, nos sentimos bem depois? Fazer o bem para outros, faz bem para nós. Certa vez atendi uma mulher casada que vivia para agradar o marido, mas se anulava. Parecia que a vida dela era ele. É isto amor? Não. Ela disse assim numa consulta: “Se eu faço tudo o que ele quer, por que ele não se torna o que eu quero?” Será que neste “eu quero” tinha egoísmo? Tinha. Você não precisa e não deve anular sua vida em busca de afeto dos outros. Viva e deixe viver.

Algumas pessoas que desenvolvem depressão, não todas, se deprimem porque se sentem frustradas por não serem amadas como desejariam. E dizem: “Estou com raiva de mim mesma porque fui gostar de alguém que não gosta de mim como eu desejaria.” E esta raiva voltada contra si as desanima, e pode levar ao pensamento de suicídio.

Nascemos com egoísmo. Ele é um problema espiritual e também psicológico. O pai e a mãe de uma criança, se querem educar bem seus filhos, será importante ensinar esta criança desde bebê a vencer o egoísmo inato. Isto se faz por não superproteger a criança, não colocá-la como um ídolo, e ensiná-la a compartilhar desde pequenina. Este é um grande trabalho de prevenção de complicações emocionais que os pais podem fazer.

Não é possível ser feliz deixando o egoísmo tomar conta de sua vida, de seu comportamento. É preciso resistir a ele e cultivar o altruísmo. Sempre tem alguém aí do seu lado na família nuclear ou na família de origem, na vizinhança, no trabalho, na sua comunidade religiosa que precisa de ajuda, seja uma palavra de conforto, de ânimo, seja alguma comida, remédio, roupa, calçado, ou incentivo espiritual. Ajude-a. Tome a iniciativa de sair da sua zona de conforto para atender alguém em necessidade. Isto é saúde para sua mente e para seu corpo.

O egoísmo mata a pessoa egoísta. Egoístas produzem muitos hormônios do estresse. E o contrário é verdadeiro, ou seja, quando você luta contra o egocentrismo e faz o bem a outros, há uma produção de neurotransmissores que acalmam a mente, ativam o sistema imunológico, e corrige o estado de tristeza e de ansiedade.

Fazer o bem aos outros de forma desinteressada, sem conflito de interesse, dá sentido positivo à existência, prolonga a vida, nos faz dormir melhor, e satisfaz. O egoísta nunca está satisfeito. Ele quer mais, e só para ele. Isto é morte, mesmo que produza um monte de dinheiro.

Jesus Cristo disse que é mais bem-aventurada ou mais feliz dar do que receber. Ao dar de forma voluntária você recebe a alegria de dar. E alegria é boa para nossa saúde. O apóstolo Paulo escreveu na sua carta aos Filipenses no segundo capítulo que Jesus se esvaziou a si mesmo, tomando a forma de servo. Isto é grandioso. Ele não tinha um ego inflado, não tinha “nariz empinado”, nunca usou frases como “sabe com quem está falando?”, embora sendo Deus em forma humana.

Lutar contra seu egoísmo é lutar pela vida que vale à pena viver. Seu corpo e mente agradecerão. Praticando o altruísmo é até possível abandonar alguns remédios porque a saúde brotará. Compartilhe, ajude alguém hoje, saia de si para ir ao encontro de tanta necessidade que há ao seu redor.

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Você quer se suicidar?

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Se você pensa em suicídio, se quer acabar com sua vida, leia este artigo. Ou se você conhece uma pessoa que tem falado em querer morrer, em se suicidar, envie este artigo para ela. Apresentei recentemente dois programas com este tema na TV Novo Tempo (RCA- canal 23; Sky, 33 e 433; Oi, 214; Net e Claro, 184) e você pode assisti-lo nestes links no YouTube, onde há mais informação sobre o tema:

Se você pensa em suicídio, se quer acabar com sua vida, leia este artigo. Ou se você conhece uma pessoa que tem falado em querer morrer, em se suicidar, envie este artigo para ela. Apresentei recentemente dois programas com este tema na TV Novo Tempo (RCA- canal 23; Sky, 33 e 433; Oi, 214; Net e Claro, 184) e você pode assisti-lo nestes links no YouTube, onde há mais informação sobre o tema:

1)https://www.youtube.com/watch?v=PXLwV3wCEiA&list=PL_iTlHPwdipW9dq9996tmysb5cn7c9NBf&index=21

2)https://www.youtube.com/watch?v=c6RfM4tt3wE&list=PL_iTlHPwdipW9dq9996tmysb5cn7c9NBf&index=20  

Infelizmente cerca de um milhão de pessoas se suicidam cada ano no mundo. São quase 2.740 por dia, 114 por hora, ou quase duas à cada minuto. Se considerarmos as tentativas também, o índice fica entre 15 a 25 milhões por ano. Existem muitas causas para o suicídio, como fatores socioculturais, genéticos, psicodinâmicos, filosófico-existenciais e ambientais. Se a pessoa apresenta alguma enfermidade mental isto se torna um importante fator de risco para o suicídio. Mas alguém pode querer se matar por outra razão, que pode ser econômica por perda do emprego ou falência de seu negócio surgindo dívidas sem poder pagar, sem ter como bancar as despesas da família, ou sente profunda vergonha por algo que ocorreu e acha que não tem saída, não tem solução.

Mas pode ser que no fundo, você não quer morrer. E chegou à conclusão de que não sabe como continuar vivendo com aquilo que para você é um beco sem saída. Deixa-me dizer que sensação de não ter saída é uma sensação, um sentimento. Pense nisso. Sensação e sentimento mudam como o tempo atmosférico. De manhã pode ter céu azul e sol, após o almoço pode nublar, cair um temporal e depois voltar a ter céu azul de novo. Ou seja, o que sentimos de bom, de agradável, passa. Mas o que sentimos de ruim também passa.

Pode existir algo dolorido por longo tempo e assim pensar não ter jeito de parar com esta dor. Mas é importante pensar que a saída para a dor, esta dor ou problema que te empurra para a ideia de se matar, a saída pode ser algo real, mesmo que a solução do problema não ocorra de maneira ideal. A solução pode não ser a que você preferiria ou gostaria, mas pode ser razoável. Além disso é possível aprender a suportar a perda e a frustração, assim como a raiva contra a realidade.

Seus filhos ou netos, precisam de você, mesmo que pareçam e sejam independentes. Você é importante na vida deles. Existe um vínculo afetivo entre vocês. Quem se suicida deixa uma marca na vida do familiar que nunca mais se apaga. E para alguns familiares a morte por suicídio de um parente pode conduzir a um estado depressivo de difícil recuperação.  

Numa mente depressiva, ou com outro sofrimento psiquiátrico, ocorre alteração da neuroquímica cerebral que favorece uma visão distorcida da vida e da realidade e ao corrigir isto, o alívio surge de verdade. É como usar temporariamente um óculos que não é seu, com grau que faz você enxergar embaçado. A visão embaçada não é, portanto, a realidade. É a lente que não é adequada para você. A alteração cerebral que produz sensação negativa da vida, não é permanente e com tratamento ela pode ser corrigida e o cérebro volta a funcionar saudavelmente.

Sua mente pode se adaptar à perda que você pode estar vivendo, ainda que até agora esta adaptação não ocorreu. Não necessariamente você precisará ficar sofrendo na mesma intensidade o tempo todo. Todos nós seres humanos não conseguirmos sentir bem estar o tempo todo, 24 horas por dia, sete dias por semana. Pessoas saudáveis mentalmente sentem sentimentos dolorosos vez ou outra. Saúde mental não é nunca ter tristeza, ansiedade, medo. Mas é quando sentir algo assim, desagradável, não fazer besteira.

Numa hora de crise forte em que em sua mente volta o pensamento suicida, procure comentar com quem estiver perto sobre o que você sente. Se estiver sozinho, telefone para um amigo ou parente e fale do assunto, ou se for possível, saia de casa e vá se encontrar com um familiar ou amigo que te dará suporte na hora da emergência.

Se você vem se tratando com psicólogo, psiquiatra ou médico de família, entre em contato com ele. Ou telefone para o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188, ligação gratuita de qualquer lugar do Brasil. O CVV é uma organização não-governamental especializada em atendimento de pessoas com ideias suicidas. 

Também numa hora de crise forte em que vem a ideia de se matar, vá a um lugar sossegado, podendo ser seu quarto. Feche a porta para ter silêncio e comece a orar a Deus, abra o coração a ele, fale de suas lutas, de seu desespero, de seu desejo de morrer, e peça para que as ideias pessimistas sejam controladas e afastadas da sua mente pelo poder de Jesus. Ele vai te ajudar independente do que está ocorrendo em sua vida.

Medite este texto: “Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.” Isto está na Bíblia, no livro de Isaías capítulo 57 e versículo 15. Deus está aí com você que está aflito e abatido. E vai te ajudar.

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Você tem dificuldade para dormir?

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Muitas pessoas têm dificuldade para dormir configurando o que chamamos de “insônia”. Vamos ver o que pode ser feito para melhorar este problema ou resolvê-lo.

Existem insônias diferentes. Tem pessoas que custam a pegar no sono, e isto é a insônia inicial. Outras começam a dormir, mas ao longo da noite acordam muitas vezes, o que configura a insônia intermitente. E existem as que pegam no sono, dormem, mas acordam muito cedo, de madrugada e não conseguem voltar a dormir.

Muitas pessoas têm dificuldade para dormir configurando o que chamamos de “insônia”. Vamos ver o que pode ser feito para melhorar este problema ou resolvê-lo.

Existem insônias diferentes. Tem pessoas que custam a pegar no sono, e isto é a insônia inicial. Outras começam a dormir, mas ao longo da noite acordam muitas vezes, o que configura a insônia intermitente. E existem as que pegam no sono, dormem, mas acordam muito cedo, de madrugada e não conseguem voltar a dormir.

O sono de má qualidade é um sério problema de saúde. Dormir mal é bem desagradável. E quem dorme mal, geralmente tem um dia seguinte difícil em termos de energia. Existem causas diferentes para a insônia, desde o comer excessivo, uso de bebidas cafeinadas e alcoólicas de noite, doenças crônicas, até a depressão e fase eufórica da doença bipolar. Às vezes a solução pode vir com a prática de alguns hábitos que vou comentar mais adiante. Outras vezes pode ser necessário orientação médica e mudanças no estilo de vida.

Existem estágios no sono, e uma possível explicação para alguns tipos de insônia é que na medida em que a pessoa faz a transição de um estágio para outro com sono mais leve ela pode ter dores físicas, certos incômodos que podem acordá-lo. Isso pode incluir problemas médicos como dor crônica, apneia do sono, síndrome das pernas inquietas, refluxo esofágico e outras condições. A dor do exercício intenso do dia, o ruído ou a luz do ambiente, a fome, a sede, o calor ou frio demais podem acordar a pessoa.

Se o indivíduo costuma acordar para urinar, ele pode estar ingerindo líquidos em excesso, especialmente à noite. E pode ser um sintoma de diabetes, problemas na bexiga, próstata, rins, adrenais ou cardíacos. Procure uma avaliação médica caso você esteja urinando demais ou urinando muito mais à noite do que durante o dia.

Práticas que ajudam para uma melhor qualidade do sono incluem: dormir num quarto fresco, escuro e silencioso; diminuir a exposição a luzes artificiais após o pôr do sol; colocar no modo “noturno” seus equipamentos como celular, tablet, relógio de cabeceira; evitar o consumo de cafeína e álcool especialmente no final do dia; procurar ir para a cama dormir no mesmo horário todas as noites; evitar uma refeição pesada no final do dia.

As ondas de calor são uma causa comum de despertar noturno em mulheres de certa idade. Se você sofre de flashes noturnos, pode ajudar dormir em um quarto fresco; usar pijamas e lençóis que não acumulam umidade; e procurar avaliação com seu ginecologista e/ou endocrinologista.

Para resolver a insônia não existe uma solução que funciona para todos. Para alguns que sofrem de insônia crônica pode ser importante passar por uma avaliação também psicológica e não só médica.

Outras dicas gerais para ajudar a dormir melhor são: cuidar das necessidades urgentes; manter luzes e telas artificiais desligadas; usar pequenas luzes noturnas para iluminar seu caminho para o banheiro, se necessário; fazer uma atividade calma, como ler à luz de velas; praticar exercícios de respiração profunda, escrever em seu diário; procurar soluções para o estresse; evitar guardar aborrecimentos e não ficar cultivando pensamentos negativos tipo “será que vou conseguir dormir hoje?.”

Finalmente, alguns chás calmantes podem facilitar o sono, como o de capim limão, erva cidreira, camomila, melissa, e chá de valeriana e de lúpulo. Se a pessoa está passando por uma insônia rebelde, resistente, e por vários dias sem melhorar, um médico poderá prescrever temporariamente um indutor do sono, que é um medicamento com venda somente com receita controlada.

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Como e quando procurar ajuda profissional. Psicólogo ou psiquiatra?

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

No livro de Provérbios na Bíblia tem vários textos que falam sobre a importância e a sabedoria de procurarmos aconselhamento. Quando isto é apropriado? Quando devemos procurar ajuda com um conselheiro? Quem será este conselheiro?

No livro de Provérbios na Bíblia tem vários textos que falam sobre a importância e a sabedoria de procurarmos aconselhamento. Quando isto é apropriado? Quando devemos procurar ajuda com um conselheiro? Quem será este conselheiro?

Primeiro, a pessoa que está sofrendo emocionalmente, seja com ansiedade excessiva, tristeza profunda, medos fortes, compulsões, pode procurar ajuda com um conselheiro da comunidade religiosa que frequenta, aconselhamento este que deve funcionar de forma ética, e deve ser com quem tem experiência em aconselhamento. O conselheiro precisa ser humilde e reconhecer que certos casos ele não saberá o que fazer, e, por isso, será bom ter uma lista de nomes de psicólogos e psiquiatras para encaminhar aquela pessoa.

A pessoa necessitará procurar ajuda profissional com psicólogo ou psiquiatra quando o aconselhamento com o conselheiro não funciona porque o conselheiro pode não ter conhecimento técnico para lidar com aquele problema que a pessoa apresenta. Ela precisará buscar consulta com um profissional em saúde mental quando sentir que não consegue resolver seu conflito, seja pessoal, seja conjugal, com filhos ou com outros parentes e amigos. Ela precisa atendimento profissional quando sua vida está ficando travada devido ao transtorno mental que está tendo, quando ela percebe que não consegue se controlar, quando não está funcionando bem no trabalho e isto se arrasta por semanas, e especialmente quando a pessoa pensa em suicídio, ou quando começa a usar algum tipo de droga que pode ser o álcool, ou alguma droga ilícita.

Mas ela deve buscar um psicólogo ou um psiquiatra? Psicólogo se forma numa Faculdade de Psicologia e o psiquiatra se forma numa Faculdade de Medicina. O psiquiatra é médico e por isso pode medicar uma pessoa, pode interná-la num hospital. O psicólogo não pode prescrever remédios e muito menos internar alguém numa clínica ou hospital porque não foi treinado para isto e não tem licença para estas práticas.

Se o sofrimento da pessoa não está forte, não está travando a vida dela, se ela consegue trabalhar, estudar, fazer o serviço de casa, mas está com problemas emocionais que o conselheiro não foi capaz de ajudar, ela irá procurar, então, um psicólogo clínico de boa referência.

Se o sofrimento da pessoa está num nível grave, exemplos: está deprimida e não quer sair da cama, não quer tomar banho, não quer se alimentar, ou se a pessoa está com alucinações, delírios, agitação, ou se ela passou a consumir bebidas alcoólicas sem controle, ou está usando alguma droga ilícita, ou com insônia rebelde, ansiedade que produz crises de pânico, então ela precisa de uma consulta com um psiquiatra. Dependendo do caso, o psiquiatra poderá prescrever algum medicamento e indicar uma psicoterapia para o paciente se submeter com um psicólogo. Psicoterapia é um tratamento para sofrimentos mentais no qual se usa a palavra. Pode ser individual ou de grupo. A psicoterapia, conhecida também como “terapia”, busca ajudar a pessoa a entender as causas de seu sofrimento e encontrar maneiras de sair dele ou lidar com ele de melhor forma.

Existem psiquiatras que também oferecem o tratamento psicoterápico porque fizeram um curso de formação em psicoterapia. Mas uma boa parte, talvez a maioria, trabalha com orientação medicamentosa e encaminha a pessoa para um psicólogo para fazer a psicoterapia.

Muitos têm dúvidas sobre a diferença entre o papel de um psiquiatra e de um neurologista clínico quanto às doenças que cada um trata. Veja alguns exemplos de doenças tratadas pelo médico psiquiatra: transtornos de ansiedade (crise de pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo e outros); depressão; transtorno afetivo bipolar; esquizofrenia; alcoolismo e outras dependências químicas; transtornos alimentares (anorexia nervosa, bulimia nervosa, comer compulsivo), entre outras.

Já o médico neurologista trata doenças como tumor cerebral; epilepsia, acidente vascular cerebral, doença de Alzheimer; doença de Parkinson; paralisias; neurites, entre outras.

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Vingança e Justiça

quinta-feira, 03 de setembro de 2020

Animal não tem vingança. O ser humano tem. Precisamos entender que justiça não pode ser confundida com vingança. O que é vingança? O que é justiça? Vingança é definida como “ato lesivo, praticado em nome próprio ou alheio, por alguém que foi real ou presumidamente ofendido ou lesado, em represália contra aquele que é ou seria o causador desse dano; desforra, vindita. Qualquer coisa que castiga; castigo, pena, punição.” Justiça é definida como “qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo.

Animal não tem vingança. O ser humano tem. Precisamos entender que justiça não pode ser confundida com vingança. O que é vingança? O que é justiça? Vingança é definida como “ato lesivo, praticado em nome próprio ou alheio, por alguém que foi real ou presumidamente ofendido ou lesado, em represália contra aquele que é ou seria o causador desse dano; desforra, vindita. Qualquer coisa que castiga; castigo, pena, punição.” Justiça é definida como “qualidade do que está em conformidade com o que é direito; maneira de perceber, avaliar o que é direito, justo. O reconhecimento do mérito de alguém ou de algo.”

Juridicamente temos que condenar as pessoas com pena de morte por matarem outras pessoas? Se faz justiça matar um condenado para que se aprenda que não é lícito matar pessoas? No mundo ainda existem 58 países que praticam a pena de morte. Ela existe nos Estados Unidos em 29 estados, de um total de 50 mais o Distrito Federal. No Brasil há cerca de 144 anos não mais existe pena de morte, a não ser em crime de guerra.

Veja alguns depoimentos de presos nos Estados Unidos que estavam no Corredor da Morte. Este termo “Corredor da Morte” se refere à área de um presídio que abriga os condenados a morte que esperam pela execução. Um indivíduo que praticava trabalho manual em campo petrolífero, disse antes de ser executado: "Espero que um dia possamos olhar para trás e ver o mal que estamos fazendo agora, como as bruxas que queimamos na fogueira. Quero que todos saibam que não tenho nada contra eles. Eu perdoo todos eles. Eu espero que todos por quem fiz alguma coisa me perdoem. Eu tenho orado o dia todo para que a esposa (da vítima) tire a amargura de seu coração, porque essa amargura que está em seu coração vai certamente mandá-la para o inferno como qualquer outro pecado. Sinto muito por tudo que já fiz a qualquer pessoa. Espero que me perdoem."

Um construtor de telhados, antes de morrer, disse: "Eu gostaria de dizer à família o quanto realmente sinto na minha alma e no meu coração pela dor e miséria que causei por minhas ações... Eu gostaria de agradecer a todos os homens no corredor da morte, que me mostraram amor ao longo dos anos. Espero que, doando meu corpo para a ciência, algumas partes dele possam ser usadas para ajudar alguém..."

Um carpinteiro comentou: "Lamento a dor. Lamento a vida que tirei de você. Peço perdão a Deus. E peço-lhe o mesmo. Sei que pode ser difícil. Mas sinto muito pelo que fiz. Para minha família: amo cada um de vocês. Sejam fortes. Saibam que meu amor está sempre com vocês, sempre. Sei que vou para casa estar com o Senhor. Derrame lágrimas de felicidade por mim."

Um cozinheiro disse: "Peço desculpas por sua perda e sua dor. Mas eu não matei essas pessoas. Esperançosamente, todos nós aprenderemos algo sobre nós mesmos e os outros. E aprenderemos a interromper o ciclo de ódio e vingança e chegar a valorizar o que realmente está acontecendo neste mundo. Eu perdoo a todos por este processo, que parece estar errado."

Um mecânico de motocicleta após ser julgado, a principal testemunha de acusação retirou seu depoimento e três membros do conselho de liberdade condicional recomendaram clemência. E ele desabafou: "Quero começar reconhecendo o amor que tive em minha família. Nenhum homem neste mundo teve uma família melhor do que eu. Eu tive os melhores pais do mundo. Eu tive a vida mais maravilhosa que qualquer homem poderia ter tido. Nunca tive mais orgulho de alguém do que tenho de minha filha e do meu filho. Há alguns assuntos sobre os quais gostaria de falar, já que esta é uma das poucas vezes em que as pessoas ouvirão o que tenho a dizer. Agora, os Estados Unidos chegaram a um ponto onde há respeito zero com a vida humana. Minha morte é apenas um sintoma de uma doença maior. Em algum momento, o governo precisa acordar e parar de fazer coisas para destruir outros países e matar crianças inocentes. O embargo e as sanções em curso contra lugares como o Irã e o Iraque, Cuba e outros, eles não estão fazendo nada para mudar o mundo e estão machucando crianças inocentes.

Talvez o mais importante em muitos aspectos seja o que estamos fazendo com o meio ambiente, é ainda mais devastador porque, enquanto continuarmos na direção que estamos indo, o resultado final é que não importa como tratamos as outras pessoas, porque todos no planeta estarão de saída. Uma das poucas maneiras no mundo em que a verdade vai se espalhar, ou as pessoas vão saber o que está acontecendo, é se apoiarmos uma imprensa livre lá fora. Vejo a imprensa lutando para se manter como uma instituição livre. Mas também há pessoas nos EUA que pegaram prisão perpétua por maconha e, no estado vizinho, a maconha foi legalizada. Elas ficarão na cadeia pelo resto de suas vidas e, no estado vizinho, você pode parar na calçada e fumar maconha.”

Se faz justiça quando um assassino é condenado a prisão perpétua? Neste caso a justiça é a prisão? Não seria restituir a vida da pessoa que foi assassinada? Quando você machuca alguém por vingança, quem fica mais ferido: quem agiu com vingança ou a vítima dela? É possível uma pessoa ficar em paz após executar um ato de vingança? “Minha é a vingança”, diz Deus. Romanos 12:19.

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Há alguém ideal para você?

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

O “amor psicológico”, que defino como  “sensação de gostar” é um aspecto emocional, que é um dos componentes da capacidade de amar alguém. Mas a sensação não é o amor. A paixão não é o amor. A atração sexual também não é o amor. O desejo não é o amor. O amor do marido para com sua esposa e da esposa para com o marido envolve alguns destes aspectos, mas depende de algo mais.

Todo ser humano, após a queda espiritual em Adão e Eva, sofre. Sofre devido ao afastamento da relação direta e permanente com o criador. Ficou um “buraco” espiritual em nosso ser. Isso promoveu outras desgraças, em especial, a perturbação do relacionamento afetivo na educação de filhos. Resultado: nunca mais houve infância normal, nem crianças 100% normais. Todos, pretos, brancos, ricos, pobres, religiosos, não religiosos, temos carências afetivas. Uns mais, outros menos. Uns com consciência delas, outros sem.

Trazemos carências para a vida adulta e tentamos resolvê-las, na maioria das vezes inconscientemente, seja no trabalho, no casamento, no cuidado com os filhos, no namoro, em amizades etc. Alguns, não suportando a dor dessas carências, se drogam. E, importante dizer, a “droga” pode ser muita coisa além do álcool, cocaína, heroína, tranquilizantes, anfetaminas etc. Pode ser o trabalho, o sexo, a comida, a pornografia, a estética corporal, o consumismo, a ganância, e mesmo o “amor” como dependência afetiva e fissura por romance.

Na vida conjugal é comum haver desavenças porque cada um, marido e mulher, ao longo dos anos de convívio, pode não suportar o vazio interior do passado trazido para dentro do casamento, além de problemas atuais. Estes dois fatores (carências da infância e problemas afetivos do relacionamento atual) causam dor. Se juntarmos a isto a dor originada no “buraco” espiritual, pode ficar algo bem doloroso ou insuportável para alguns de nós.

Com isso, uma pessoa pode pensar em separação, em traição, pode ficar brigando o tempo todo no relacionamento conjugal sempre achando que é o outro o culpado de toda esta dor. Pode ter um ciúme doentio. Não consegue separar o que é sua dor, algo seu que o outro não tem nada que ver com isso, com o que é realmente fruto de problemas de casamento, solucionáveis ou não. Na verdade, esta separação entre o que é fruto de sofrimentos do passado na família de origem e o que é problema atual, não é fácil de ser percebida e identificada.

Quando um casal, diante de sofrimentos conjugais não enxerga que há uma diferença entre problemas pessoais e os próprios do casal, a tendência é sempre culpar o outro como o único responsável pela sua dor e atacar, se isolar, trair, separar sem buscar uma solução. Quando há o que chamo de “honestidade emocional”, que é a pessoa admitir que parte de sua dor pode ser mesmo algo pessoal e não culpa do cônjuge, existe possibilidade de melhora, de ajustamento, de felicidade, tanto internamente na pessoa (ela com ela mesmo), quanto externamente, ou seja, entre ela e o cônjuge. Se a pessoa racionaliza culpando só o outro como causador da sua dor emocional ela talvez terá um longo caminho para conseguir ser feliz e ter paz interior.

Há alguém ideal para mim? Há alguém que possa preencher toda a minha necessidade afetiva nessa vida? Você pode se casar com alguém que é ativo para trabalhar, que produz conforto material, segurança financeira, mas faltar manifestações afetivas diretas. Ou pode ter alguém que é afetivo, sensual, bom parceiro sexual, mas não provê segurança material etc.

Em algum momento da vida, para ser feliz, cada um precisa aprender a lidar com suas próprias limitações comportamentais. Precisa entender que é parcial, não é Deus, não pode ser tudo para o outro o tempo todo, não pode ter do outro tudo o que queria o tempo todo.

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Ciúme normal e doentio

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Você é uma pessoa ciumenta? Qual o significado do ciúme? O que é ciúme? É um conjunto de sentimentos que surgem na pessoa quando ela sente que existe uma ameaça à estabilidade e qualidade de um relacionamento que para ela tem um valor importante.

Segundo o dr. Geraldo Ballone, que foi professor de neuropsiquiatria na PUC de Campinas, no ciúme existem três elementos:

1 - o ciúme é uma reação frente a uma ameaça percebida;

2 - existe um rival real ou imaginário;

Você é uma pessoa ciumenta? Qual o significado do ciúme? O que é ciúme? É um conjunto de sentimentos que surgem na pessoa quando ela sente que existe uma ameaça à estabilidade e qualidade de um relacionamento que para ela tem um valor importante.

Segundo o dr. Geraldo Ballone, que foi professor de neuropsiquiatria na PUC de Campinas, no ciúme existem três elementos:

1 - o ciúme é uma reação frente a uma ameaça percebida;

2 - existe um rival real ou imaginário;

3 - a reação ciumenta visa eliminar os riscos da perda do objeto amado, ou seja, o ciumento age com exagero na ideia de que conseguirá controlar o outro.

Quando falamos de ciúme doentio, significa que existem no ciumento muitos sentimentos perturbadores, fora de proporção e absurdos. Estes sentimentos doentios conduzem para comportamentos que vão desde estranhos, até criminosos. Podem existir delírios de ciúmes, como ocorre em algumas doenças mentais como, por exemplo, no dependente do álcool. Ciúme doentio envolve medo desproporcional de perder alguém para um rival. Tem que ver com desconfiança excessiva e sem fundamento, que prejudica o relacionamento com a pessoa que o ciumento diz que ama.

Quando ideias de ciúme invadem a mente do indivíduo e ele reage exageradamente, o resultado é surgir uma compulsão para ver onde a pessoa está, se está mesmo com que disse que estaria, mexe nas bolsas, carteiras, abre envelopes que está em nome do outro, fica atento aos telefonemas, verifica as roupas íntimas da pessoa de quem sente ciúme, às vezes fica tão perturbado que contrata detetives, ou ela mesma segue a pessoa na rua.

A pessoa com ciúme doentio vive à busca de provas, confissões, evidências que possam confirmar suas suspeitas. O clima no relacionamento dela com a outra pessoa é tenso. Ao analisarmos psicologicamente a pessoa com ciúme exagerado, encontramos que o principal sentimento nela não é amor pelo outro por quem ela sente ciúme. O sentimento principal é o egocentrismo devido ao medo de perder a pessoa que é o objeto de seu ciúme. O ciumento exagerado quer a pessoa em sua vida como se fosse um objeto pessoal sobre o qual exerce total controle. Quer exclusividade, domínio, posse. E isto não é amor. A Bíblia diz na primeira carta de Paulo aos Coríntios no capítulo 13 e versículo 4 que “O amor [maduro] não arde em ciúmes.”

Ter muito ciúme pode ser uma forma de manifestar insegurança pessoal e forte desejo de ser amado com exclusividade. Pode significar medo de ficar só, de não ter todo o afeto que pensa que precisa. Ciúme tem a ver com o medo da perda. Perda de quê? Da pessoa ou do que ela representa emocionalmente para o ciumento? Ou de ambos?

O ciúme normal é temporário, transitório e tem um fundamento real por ser ligado a fatos verdadeiros. No ciúme normal, a preocupação tem que ver com a preservação do relacionamento, enquanto que no ciúme doentio a preocupação é o ego do ciumento.

A pessoa com ciúme doentio pode sentir raiva, vergonha, ansiedade, depressão, insegurança, culpa, desejo de vingança. Ela em geral tem uma desvalorização de si mesma, assim se sente insegura, o que favorece o ciúme. É uma pessoa vulnerável, sempre desconfiada, geralmente impulsiva, atuando facilmente de forma agressiva. Estes comportamentos e características não são assim nos indivíduos com ciúme normal.

Pesquisadores têm verificado que a maioria dos crimes de morte seguidos de suicídio ocorrem em função de uma paixão numa pessoa cheia de ideias delirantes de ciúme doentio. A maioria é cometida por homens com sérios problemas emocionais, podendo ser um transtorno de personalidade, dependência de álcool e outras drogas, estado depressivo, transtornos obsessivos e até esquizofrenia. Nas pessoas com diagnóstico de Transtorno Paranoide o ciúme doentio surge em cerca de 16% delas.

Para solucionar o ciúme excessivo, é preciso crer no afeto existente e valorizar o que o outro realmente sente por ela, por ele, e parar de se preocupar com algo idealizado, confiando que os ganhos são reais, eles existem porque a pessoa tem amor genuíno, outras pessoas também gostam da pessoa, e ela pode gostar mais de si mesma a ponto de não esperar demais dos outros. O amor da pessoa por você não depende do quanto você a controla. Depende do que ela pode sentir e fazer por você. E isto é com ela.

Ciúme exagerado é posse e posse é abuso. Como comentei antes, geralmente produz agressividade e até violência. Um ciumento sente que é dono da pessoa para quem o ciúme é dirigido. Quer o outro como seu escravo. Mas o amor é contrário à escravidão. Cada ciumento deve lutar para ser dono de si mesmo, de suas emoções, aprendendo a controlá-las para sua saúde ao invés de se deixar levar por elas, gerando, por exemplo, ciúme exagerado. Saúde mental tem que ver com ter as emoções, sem deixar que as emoções tenham você. Se você não consegue dominar e acabar com seu ciúme que pode ser doentio, procure ajuda com um conselheiro capaz ou psicólogo.

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Recuperação emocional e espiritualidade

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos.

Quando queremos a recuperação de vícios, impulsos destrutivos, hábitos não saudáveis, compulsões, precisamos evitar tudo o que facilita ou estimula estes comportamentos ruins para nossa saúde física, mental, espiritual e social. Devemos cortar pela raiz tudo o que conduz ao erro, sejam amizades destrutivas, substâncias ligadas ao nosso vício, fantasmas mentais, pensamento e atos corruptos. Estando impregnados quanto ao nosso objeto de dependência ou compulsão, nossas motivações se tornam tão mescladas entre o bom e o mau, entre o saudável e o insalubre, que a liberdade para escolher fica seriamente comprometida. Na hora da tentação nosso sim ou não, ou seja nossa escolha pode fazer toda a diferença.

Mas se realmente pretendemos ter uma capacidade livre para escolher a favor ou contra a verdade, a justiça, contra Deus, as escolhas que fazemos devem ser respostas amáveis ao chamado de Deus em amor, e não porque ele exige de forma ditatorial.

A parte mais dura da recuperação de qualquer compulsão ou vício é que ela requer de nós uma mudança. Podemos pensar na ideia de recuperação, podemos nos sentir inspirados ao ouvirmos ou ler histórias de recuperação, podemos estar convencidos de nossa necessidade de recuperação. Porém, estes e outros processos cognitivos são relativamente fáceis para nós. O desafio é que a prática da recuperação significa mudança, e mudar não é fácil. Tendemos a resistir à mudança. Podemos ficar com raiva e ter vergonha por ter que mudar. E podemos ter medo de não sermos capazes de mudar. Vivemos momentos em que dizemos a nós mesmos: “Não consigo! É difícil demais!”

Porém, mudar é também a parte mais estimulante da recuperação. Não necessitamos viver em escravidão à nossa dependência. Não precisamos fugir com medo nos relacionamentos, nem viver como se fossemos responsáveis pelo mundo. Podemos aprender a ter serenidade. Podemos encontrar liberdade. Podemos experienciar o amor. E pode aliviar se pensarmos que a recuperação não é uma competição.

A mudança é a parte mais difícil e maravilhosa do processo de recuperação. Ela nos coloca numa grande batalha interna a qual não é confortável. Porém, a capacidade de mudar é a chave para nossa esperança. Deus nos tem dado a habilidade para mudar e crescer. Ele nos chama para mudar, nos dá as perspectivas, disciplinas e o encorajamento que precisamos. Ele mesmo atua em nós, na medida em que permitimos e o convidamos, trabalha dentro de nós para nos fortalecer, curar e nos fazer novas criaturas.

Jesus foi tentado pelo diabo no deserto. Ele passou por três tipos de tentações que todos passamos na vida. O diabo esperava que Jesus cairia por se agarrar aos seus apegos ligados à satisfação de seus desejos. Esperava que ele iria se agarrar ao seu próprio poder como divindade, ou se apegaria às riquezas materiais do mundo. Assim como o diabo fez com Adão e Eva no Éden, passando a ideia de que eles poderiam vencer sem Deus, ele tentou Jesus com o mesmo engano.

É fácil pensar que Jesus venceu no deserto pelo que ele era, Deus encarnado. Pensar assim se torna difícil para nós nos identificarmos com ele. Mas ao pensarmos em sua humanidade, ao olharmos para ele como um homem real que tinha fome, sede, cansaço, então a maneira como ele respondeu ao diabo nos ensina muita coisa porque Jesus não usou sua natureza divina para vencer o maligno.

Primeiro, ele ficou firme, enfrentou a tentação. Segundo, ele agiu com força usando seu livre arbítrio com dignidade. Terceiro, ele não usou sua liberdade impulsivamente e nem respondeu ao diabo em seu conhecimento como divindade. Ele dependeu da palavra de Deus. Suas respostas foram citações da Bíblia daquela época, o Antigo Testamento.

Vícios, dependências, compulsões podem não ser vencidas pela vontade humana em si, nem por optar por entregar tudo à vontade divina. Ao invés disso, o poder da graça flui mais completamente quando a vontade humana escolhe agir em harmonia com a vontade divina. Isto significa estar disposto a confrontar a situação como ela é, permanecer responsável pelas escolhas que fazemos em resposta às tentações, mas ao mesmo tempo nos voltarmos à graça, proteção e guia de Deus como fundamento para nossas escolhas e comportamento.

Pode ocorrer que na medida em que as tentações antigas diminuem em nossa recuperação, podem existir a tendência de reconstruir nossa vontade própria e nossa centralização no eu, fazer do nosso jeito. Na oração do Pai Nosso há uma parte que diz: “Não nos deixe cair em tentação” justamente porque existe o perigo de escorregarmos e cair. Precisamos viver num mundo cheio de estresse, assim não devemos fugir ou nos esconder, mas procurar a ajuda que precisamos, pedindo a Deus para nos dar uma saída de circunstâncias as quais ainda não estamos hábeis para lidar com elas. Fonte: Recovery Devotional Bible, Zondervan, 1993.

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