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Nova Friburgo e o Plano Diretor: entre o progresso e a preservação

quinta-feira, 03 de julho de 2025

Toda cidade precisa de um plano. Um norte, uma diretriz que defina como será o seu crescimento, onde podem surgir novas construções, o que deve ser preservado e de que forma os bairros devem se organizar. Esse plano existe, tem nome e papel central na vida urbana: é o chamado Plano Diretor.

Toda cidade precisa de um plano. Um norte, uma diretriz que defina como será o seu crescimento, onde podem surgir novas construções, o que deve ser preservado e de que forma os bairros devem se organizar. Esse plano existe, tem nome e papel central na vida urbana: é o chamado Plano Diretor.

Ele orienta o desenvolvimento das cidades para os próximos anos, equilibrando crescimento econômico, meio ambiente, transporte, moradia, qualidade de vida, entre outros fatores. Igualmente, é responsável por estabelecer a altura máxima de prédios na cidade e as regras basilares dos locais aptos a serem construídos imóveis, excluindo-se zonas de risco, por exemplo.

Debate

A prefeitura quer mudar o plano atual, de 2007, com uma proposta que considera novas realidades, como a mobilidade urbana, os riscos ambientais e a ocupação desordenada. Entre os principais pontos, estão a criação de um corredor de ônibus e um novo zoneamento que leve em conta a geografia da cidade. A ideia é promover um modelo de “cidade compacta”, onde a população se concentre em áreas já urbanizadas.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), no entanto, recomendou a suspensão da proposta enviada à Câmara de Vereadores. Segundo o órgão, faltou transparência no processo. A ausência de audiências públicas e de consultas à população desrespeita a Constituição e o Estatuto da Cidade. A recomendação é clara: nenhum avanço sem escuta ampla e participação popular.

Essa decisão interfere diretamente no calendário de mudanças da cidade. Por um lado, impede que decisões importantes sejam tomadas às pressas. Por outro, adia projetos que podem melhorar a qualidade de vida, como a criação de vias alternativas para o trânsito e os chamados Planos de Bairro — pequenas versões do Plano Diretor, adaptadas a cada localidade.

O novo documento traz uma inovação importante: é o primeiro do Brasil a usar o risco de desastres naturais como critério para o zoneamento ambiental. Em Nova Friburgo, cerca de 70% do território é suscetível a deslizamentos, enchentes e outros eventos geológicos ou hidrológicos, segundo o Serviço Geológico do Brasil. Para isso exige-se soluções mais seguras e sustentáveis, especialmente em uma cidade marcada por tragédias no passado.

Cidades mais verticais e menos caras

Na proposta atual, não se fala mais em expandir a cidade para áreas afastadas. A lógica agora é adensar a população nas regiões que já são urbanizadas. Com isso, o objetivo é conter a ocupação de áreas de risco e, ao mesmo tempo, preservar e até aumentar as áreas verdes. Uma escolha que combina sustentabilidade, segurança e racionalidade urbana — se for bem implementada.

Esse adensamento, no entanto, precisa ser feito com responsabilidade e estrutura para isso. Bairros como Braunes, Vila Amélia e Cordoeira, próximos ao Centro e com grandes terrenos, já chamam a atenção de grandes construtoras. Com preços ainda acessíveis, essas regiões podem ser alvo de intensa especulação imobiliária.

No entanto, em se falando de adensamento populacional, é certo que haverá a necessidade de reavaliação do Plano Diretor quanto à altura dos edifícios residenciais, sendo certo que a chegada de novos empreendimentos pode valorizar ou desvalorizar o preço dos imóveis da cidade e alterar profundamente o perfil dos bairros.

É verdade que mais imóveis no mercado podem ajudar a baixar os preços e facilitar o acesso à moradia. Mas isso também pode sobrecarregar a infraestrutura urbana: ruas, esgoto, escolas, postos de saúde etc. Sem planejamento, o que era solução vira problema. Por isso, o Plano Diretor precisa prever essas consequências e oferecer respostas inteligentes e justas.

Também é necessário lembrar que Nova Friburgo tem um déficit de infraestrutura imobiliária moderna. A maioria dos novos imóveis “diferenciados” da cidade ainda seguem padrões de construção extremamente ultrapassados, em comparação com o que se encontra hoje em grandes centros urbanos.

Na cidade, a maior parte dos investimentos em prédios está marcada pelas famílias mais abastadas da cidade, que compram um terreno e constroem um prédio para explorar comercialmente. Falta inovação, conforto, sustentabilidade e acessibilidade de uma cidade que quer crescer. A cidade precisa atrair investimentos de qualidade — e para isso, precisa-se de regras claras e mais flexíveis, para que seja atrativa.

Precisamos com urgência alinhar planejamento urbano, sustentabilidade e uma nova forma de pensar o mercado imobiliário da cidade. Hoje, Friburgo vive uma especulação descolada da realidade, que afasta investidores sérios e faz com que imóveis com pouca qualidade inflem o mercado com valores absurdos.

População

A participação da população, nesse contexto, não é um favor: é um dever. Desde o ano passado, foram realizados encontros com moradores, baseados em cinco eixos: mobilidade urbana e rural, infraestrutura nos bairros, regularização fundiária, áreas verdes e o patrimônio cultural. Várias propostas surgiram dali — como a criação de mapas com ações prioritárias e a reorganização do tráfego — e devem estar no plano final.

O novo Plano Diretor é uma oportunidade única de preparar Nova Friburgo para o futuro. Uma cidade bem planejada cresce com segurança, sustentabilidade e qualidade de vida. Isso exige diálogo, técnica e acima de tudo, coragem para tomar decisões difíceis. Que o município, em decisão totalmente acertada, saiba aproveitar essa chance de mudar Nova Friburgo — e que cada cidadão friburguense possa dizer, com orgulho, que também ajudou a construí-la.

 

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O caminho da cura da dor emocional original

quinta-feira, 03 de julho de 2025

Todos precisamos enfrentar o não ideal sobre como funciona a família onde crescemos. Na história da humanidade nunca existiu uma família perfeita. Mesmo os pais amando seus filhos, esse amor não é ideal, não é perfeito, e, por isso, há dor.

Todos precisamos enfrentar o não ideal sobre como funciona a família onde crescemos. Na história da humanidade nunca existiu uma família perfeita. Mesmo os pais amando seus filhos, esse amor não é ideal, não é perfeito, e, por isso, há dor.

Para algumas crianças talvez mais resilientes, mais resistentes, que conseguem predominantemente olhar o lado positivo das coisas, a dor do convívio com uma família com mau funcionamento afetivo pode ser pequena, em comparação com seu irmão ou irmã que, sendo mais sensível, talvez mais ansioso, experimenta de modo mais dolorido as limitações do pai e da mãe no convívio familiar. E mesmo quando essas limitações são graves, por exemplo, um pai violento viciado em drogas, uma mãe autoritária que grita com a criança e a agride fisicamente, algumas crianças reagem a esses abusos de forma mais protetiva para elas do que outras com a mesma história traumática. Por que essa diferença? A ciência não sabe explicar.

Assim, adultos com depressão, ansiedade excessiva, fobia, crises de pânico, compulsões de tipos variados, entre outros sofrimentos mentais, precisarão passar pelo luto psicológico para viverem a dor original, ao entrar no lugar doloroso dentro deles. E isso não é fácil. Muitos preferem tomar um medicamento psiquiátrico e não pensar no assunto. Sempre que alguém sofreu lesão emocional no seu eu, tocar de novo na ferida é perturbador, parece um tipo de morte.

Quando olhamos para a área em nosso psiquismo onde está a dor original e a sentimos, entendemos a extensão e a profundidade da dor enterrada na mente. A dor da tristeza que surgiu ao longo da infância num ambiente familiar difícil, pode se espalhar para o dia a dia da vida adulta, por exemplo, no choro espontâneo, aparentemente sem motivo. Olhar essa dor, dói, mas tem benefícios.

Uma pessoa em recuperação emocional disse: “Na infância sentia solidão, abandono e não conseguia lidar com isso. Estava no meio de muitos familiares, mas não podia falar do que hoje entendo que era a minha dor. Agora trabalho minhas perdas do passado, o que me possibilita reviver aquela dor, só que de uma nova forma, sem precisar enterrá-la. Tendo a chance de experimentar e expressar minha dor original, meus sintomas diminuem, e me sinto melhor. Vejo que não preciso mais usar um comportamento disfuncional para encobrir a dor e tentar fugir dela”.

A dor que produz sintomas (depressivos, ansiosos, etc., como citei) pode ter aparecido na vida da criança como consequência de um vínculo inseguro com a mãe, com o pai, ou com ambos, junto da sensibilidade da criança, e possíveis críticas e deboches de colegas na escola e comunidade. Pai e mãe podem amar a criança nas limitações deles. Porém, o jeito deles se relacionarem com a criança sensível, em algum nível, pode passar a ideia de que quem a criança é, de alguma forma não é aceitável. Então, ocorre uma perda, e é preciso viver o luto dessa perda. O luto saudável é uma experiência sentida e consciente que não envolve sofrimento prolongado. O luto patológico, no entanto, é marcado por comportamentos autodestrutivos, auto derrotistas e mal adaptados.

A pessoa que ainda não entrou no lugar doloroso de sua mente para vivenciar a dor reprimida no passado, para que essa dor, finalmente se resolva e pare de produzir sintomas, vive o luto inacabado, e isso pode causar medo contínuo de proximidade emocional e capacidade restrita de intimidade afetiva genuína.

O psiquiatra britânico John Bowlby, explica o processo de apego infantil como enraizado num impulso vital que, sendo frustrado, cria uma sensação de perda quase equivalente à da morte física. As necessidades de apego humano são enraizadas no impulso pela sobrevivência básica. Quanto mais a pessoa consegue entrar no lugar da dor e resolver sua perda de apego, menos se sente impulsionada a comportamentos disfuncionais como forma de reparação. Admitir a si mesmo a irreversibilidade da perda e aceitar a realidade de que não há como voltar atrás e desfazer a experiência, liberta da dor, melhora os sintomas, ajuda a construção mais verdadeira da pessoa e vai terminando com o falso eu.

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Grande benefício

quinta-feira, 03 de julho de 2025

Estudo aponta que musculação protege cérebro de idosos contra demência

Manter uma rotina de musculação não traz apenas benefícios como aumento de força e resistência, melhora na postura e prevenção contra lesões. Um estudo de enfoque original, desenvolvido no Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (Brainn), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), confirmou que a atividade protege o cérebro de idosos contra demências.

Estudo aponta que musculação protege cérebro de idosos contra demência

Manter uma rotina de musculação não traz apenas benefícios como aumento de força e resistência, melhora na postura e prevenção contra lesões. Um estudo de enfoque original, desenvolvido no Instituto de Pesquisa sobre Neurociências e Neurotecnologia (Brainn), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), confirmou que a atividade protege o cérebro de idosos contra demências.

Detalhado em artigo da revista GeroScience, o estudo acompanhou 44 pessoas que já apresentavam um comprometimento cognitivo leve, estágio que fica entre o comprometimento do envelhecimento normal e a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência. O que se descobriu foi que praticar musculação duas vezes por semana, com intensidade moderada ou alta, preservou o hipocampo e o pré-cúneo, áreas cerebrais que se alteram, segundo o diagnóstico.

Com ineditismo, os 16 pesquisadores também identificaram outro impacto positivo: o de melhora na chamada substância branca, parte do cérebro que opera em conjunto com a massa cinzenta, por meio de axônios, para garantir a conexão entre neurônios, mediante as sinapses. As vantagens chegaram à metade dos participantes, a dos que incorporaram a musculação ao seu cotidiano, já após seis meses e há possibilidade de que o impacto seja ainda mais expressivo, caso o período seja maior.

"No grupo que praticou musculação, todos os indivíduos apresentaram melhoras de memória e na anatomia cerebral. No entanto, cinco deles chegaram ao final do estudo sem o diagnóstico clínico de comprometimento cognitivo leve, tamanha foi a melhora", ressalta a primeira autora do artigo, a bolsista de doutorado da Fapesp, Isadora Ribeiro, vinculada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para analisar os possíveis efeitos da musculação no cérebro dos participantes, a equipe responsável pela pesquisa realizou testes neuropsicológicos e exames de ressonância magnética. Os especialistas buscavam comparar índices e imagens, uma vez que já se sabe que, entre pessoas com perdas cognitivas, há atrofia, isto é, redução do volume de certas regiões do cérebro.

Atualmente, no Brasil, cerca de 2,71 milhões de pessoas, com 60 anos ou mais, convive com quadros de demência, o que corresponde a 8,5% desse grupo populacional. De acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência, lançado pelo Ministério da Saúde em setembro do ano passado, essa quantidade deve dobrar até 2050, subindo para 5,6 milhões.

O relatório sublinha que praticamente metade (45%) dos casos de demência poderia ser evitada, ou, pelo menos, adiada. Entre os fatores que aumentam as probabilidades de se desenvolver demências estão baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, depressão, inatividade física e isolamento social.

Foto da galeria
Manter uma rotina de exercícios e musculação traz inúmeros benefícios também aos idosos (Divulgação Vinicius Gastin)
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Se percebendo de verdade

quarta-feira, 02 de julho de 2025

Se perceber é um processo complexo, que demora. Desperta uma percepção de si mesmo que ficou esquecida, guardada a sete chaves no fundo de um baú que, em algum momento, perdemos o acesso.

Ao longo da nossa jornada, vamos divagando sem avistar todas as esferas da vida, inclusive a que nos envolve por dentro.

Mas será que nos percebemos sempre ou nos mascaramos boa parte do tempo?

Dia após dia, passamos por tantas coisas que, às vezes, o piloto automático está ligado e os sinais, até mesmo os mais sutis, passam despercebidos.

Se perceber é um processo complexo, que demora. Desperta uma percepção de si mesmo que ficou esquecida, guardada a sete chaves no fundo de um baú que, em algum momento, perdemos o acesso.

Ao longo da nossa jornada, vamos divagando sem avistar todas as esferas da vida, inclusive a que nos envolve por dentro.

Mas será que nos percebemos sempre ou nos mascaramos boa parte do tempo?

Dia após dia, passamos por tantas coisas que, às vezes, o piloto automático está ligado e os sinais, até mesmo os mais sutis, passam despercebidos.

Olhar para nós mesmos com carinho, compaixão e acolhimento, da forma como merecemos, ainda parece distante de acontecer. É como um dia de tempestade intensa, com raios e trovoadas, que não tem hora para terminar.

Um ciclo que suga energia, desanima, traz medo, insegurança e tantas outras coisas que fazem com que nos guardemos dentro de um pontinho, do qual não conseguimos ou não queremos sair.

O espelho que faz parte das nossas horas mais parece uma parede empoeirada do que um lugar capaz de refletir aquilo que, muitas vezes, nem sabemos se queremos entender.

Ver o nosso reflexo, enquanto nos arrumamos para a correria do dia, não garante que aquilo que precisa ser visto seja encontrado.

Na maioria das vezes, apenas nos vemos, mas não nos enxergamos. E nos enxergar pede calma, disponibilidade de alma, requer tempo. Esse tempo que sabotamos diariamente.

E como enxergar, se não conseguimos parar de mascarar?

Quando passamos a priorizar o nosso tempo, começamos a nos enxergar com verdade. Tantas nuances vão surgindo ao nosso redor e dentro de nós, que aquilo que antes estava encoberto passa a se revelar como um dia claro.

O contemplar deixa de ficar perdido entre as poeiras que não percebíamos e que não fazíamos questão de tirar.

Mas limpar os espelhos com flanela pode demorar.

As marcas de dedos podem insistir em ficar e protelar para sair. Então, com delicadeza, desligue o movimento automático. Tente outra forma, conduza com cuidado e repare nas belezas que fazem parte da vida.

Quando desaceleramos e nos enxergamos de forma clara e sincera, conseguimos perceber até os pormenores que estavam escondidos.

Nesta hora, contemple-se. Seja você!

Se perceba com amor, valentia e autenticidade. Sem máscaras.

Até a próxima quarta!

Contato:

Site: www.camillafiorito.com.br / Instagram: @camilla.fioritoeduc

 

 

 

 

 

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Uma homenagem a Cristina Gurjão

quarta-feira, 02 de julho de 2025

No dia 17 de junho, minha querida mestra e amiga, Cristina Gurjão, nos deixou e partiu para a eternidade. Mas quem foi Cristina? Nos idos de 2003 matriculei-me no curso de Comunicação Social, da Universidade Candido Mendes, aqui em Friburgo, no qual me formei como jornalista em 2007. Em 2005, ao optar pelo jornalismo, conheci Cristina que era professora da Candido Mendes e também da Estácio de Sá. Era responsável pela cadeira de Técnica Jornalística e nos bancos escolares iniciou-se uma amizade que durou até seu falecimento.

No dia 17 de junho, minha querida mestra e amiga, Cristina Gurjão, nos deixou e partiu para a eternidade. Mas quem foi Cristina? Nos idos de 2003 matriculei-me no curso de Comunicação Social, da Universidade Candido Mendes, aqui em Friburgo, no qual me formei como jornalista em 2007. Em 2005, ao optar pelo jornalismo, conheci Cristina que era professora da Candido Mendes e também da Estácio de Sá. Era responsável pela cadeira de Técnica Jornalística e nos bancos escolares iniciou-se uma amizade que durou até seu falecimento.

Na realidade, devo minha atuação como jornalista a duas situações: às famosas aulas de redação do colégio São Bento, no Rio de Janeiro, que me despertou o gosto pelo escrever, e à minha querida mestra que me ensinou como adaptar a técnica da redação às exigências da escrita jornalística. E, sentindo que eu tinha aptidão para a empreitada, ela conseguiu me preparar para ter um bom desempenho. É bom lembrar que Cristina foi uma jornalista conceituada, tendo trabalhado entre outros veículos, antes de se mudar para Friburgo, no jornal O Globo.

Além de jornalista, era também escritora, com vários livros publicados e, foi minha maior incentivadora para que eu, também, escrevesse e lançasse um livro. Na realidade, tudo começou ainda na faculdade, quando tive de fazer uma dissertação sobre um tema por mim escolhido. Quando optei pela história da fundação da Rádio Sociedade de Friburgo, hoje Friburgo FM, eu escolhi Cristina como minha orientadora e, portanto, ela conhecia muito o meu trabalho de pesquisa e a magnitude da empreitada à qual me lancei. Aliás, minha escolha se deveu ao fato de ter de fazer uma dissertação toda ela baseada em entrevistas com pessoas que viveram aquele momento; e minha mestra já tinha trabalhado numa editora, no Rio, em que uma personalidade era escolhida, entrevistada e filmada. Assim, ao final do trabalho, tinha-se um livro editado e um vídeo da entrevista. Portanto, ela era conhecedora a fundo do tipo de empreitada a que eu me propus, portanto, a pessoa certa para me orientar. Durante oito meses tivemos uma sessão semanal onde eu mostrava o que já tinha escrito e traçávamos as metas para a semana seguinte. Finalmente, a dissertação ficou pronta, foi encadernada de acordo com as normas impostas pela faculdade e eu consegui minha aprovação.

O tempo passou e uma aluna de Cristina pediu meu trabalho emprestado, pois matriculada na faculdade de jornalismo da Estácio de Sá, ela faria sua dissertação falando da importância da rádio na tragédia de janeiro de 2011, onde a rádio Friburgo prestou relevantes serviços à população. Quando essa dissertação virou um livro, recebi um telefonema de minha mestra me cobrando a publicação de um livro cujo título seria A Mídia Falada Chega à Nova Friburgo. Mais uma vez a ajuda de Cristina foi inestimável e, graças a ela, me tornei um escritor. Quinze dias antes do seu falecimento, conversei com ela, pois estava com vontade de escrever outro livro, que dessa vez seria uma coletânea das principais colunas que escrevo no jornal A Voz da Serra, lá se vão vinte anos. Combinamos de nos encontrar para ela me passar orientações para esse tipo de trabalho. Infelizmente, viajei por dez dias e quando voltei no dia 17 de junho, fui avisado que minha professora e amiga havia falecido, e que o velório seria no dia seguinte.

Foi um choque, pois apesar dos vários problemas de saúde pelos quais ela passou, estava muito bem, com muitos planos, inclusive o de lançar um próximo livro, recém-terminado. Enfim, como diz o adágio popular, para morrer basta estar vivo, mas, quando isso acontece com pessoas muito próximas e queridas, a ficha custa a cair.

Era uma pessoa fantástica, que além de escritora e jornalista, se dedicava à astrologia e ao esoterismo. Foi uma mãe exemplar e uma professora dedicada que soube transmitir com maestria seus conhecimentos. Vai deixar saudades naqueles que com ela conviveram e, tenho certeza, jamais será esquecida. Como já disse antes, muito da minha trajetória como jornalista devo a ela e só me resta terminar com um muito obrigado.

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A roseira

quarta-feira, 02 de julho de 2025

Aquilo que, desde o princípio dos tempos, estamos destinados a ser

Eu não sou propriamente um latifundiário, mas também sou dono de terra. Verdade que nem posso chamar aquilo de jardim, jardinzinho já é um exagero. Para você ter uma ideia, basta dizer que, se eu quisesse botar ali aqueles anões que enfeitam gramados, haveria lugar para no máximo dois, mais do que isso não ia caber. “Branca de Neve e os dois anões” seria um nome bem adequado para o local.

Aquilo que, desde o princípio dos tempos, estamos destinados a ser

Eu não sou propriamente um latifundiário, mas também sou dono de terra. Verdade que nem posso chamar aquilo de jardim, jardinzinho já é um exagero. Para você ter uma ideia, basta dizer que, se eu quisesse botar ali aqueles anões que enfeitam gramados, haveria lugar para no máximo dois, mais do que isso não ia caber. “Branca de Neve e os dois anões” seria um nome bem adequado para o local.

Pois bem, neste planeta tão grande, aquele é o único pedaço de chão que me pertence, e nele existe uma roseira. Um espanto! Há mais de vinte anos que ela insiste em dar flor. Claro que, sendo uma senhora de idade já avançada, não tem mais o vigor dos tempos de juventude, quando obrigava os passantes a pararem para contemplá-la. No entanto, está viva e, quando menos se espera, os galhos pendem, e de suas extremidades teimosas rosas brancas se abrem para o mundo.  

Tenho tentado entender o segredo dessa roseira. Há nela algum mistério, algo mágico, insondável. Botânicos de todo o mundo deviam vir estudá-la. Plantar um pé em Marte e ver o que acontece. A muda me foi dada por um vizinho. Ele foi-se embora, demoliram a casa em que ele morava, o bairro inteiro mudou de cara e de moradores. Mas a roseira continua resistindo e, enquanto ela resistir, eu não desisto. Daqui não saio, daqui ninguém me tira, como diz um antigo sucesso de Carnaval. Bem sei que um dia vão me tirar daqui e bem sei para onde vão me levar, mas, enquanto Deus permitir, vou ficando. Eu e a roseira.

Ela me dá esse exemplo de saudável teimosia. Ainda que a cada dia as flores sejam menos numerosas (às vezes uma só: solitária, mas vitoriosa), e mais curvados os galhos, ela continua cumprindo sua missão de embelezar e perfumar o lugar em que a colocaram. Vai cedendo ao peso dos anos, mas com admirável dignidade, sem entregar os pontos, sem deixar de florir enquanto tiver forças. Alimenta-se de solo e de sol, de ar e de chuva. Vem o jardineiro de vez em quando, e sua tesoura impede que os galhos se espalhem desordenadamente. Mas as partes amputadas se renovam e voltam à vida.

Como é mesmo aquele poema de Olavo Bilac? “Envelhecer como as árvores fortes envelhecem, dando consolo e sombra aos que padecem”. É um bom conselho, sobretudo num mundo em que envelhecer parece um pecado, ao qual as pessoas resistem com a mesma intensidade com que cedem aos pecados verdadeiros. Sim, ninguém quer ou precisa ficar feio e acabado. Nada contra quem usa perfumes e pomadas, até mesmo o tal do lifting pode ter sua hora. E, não fosse a vaidade humana, de que viveriam os cirurgiões plásticos? Eu não faço nada disso porque lá em casa tem uma pessoa que me chama de lindo, e eu prefiro acreditar. Além do mais, acho que a roseira do meu liliputiano território, ensina uma bela lição: ser, da maneira mais natural, mais duradoura e mais perfeita possível, aquilo que, desde o princípio dos tempos, estamos destinados a ser.

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Bolsa Atleta nacional quebra recorde histórico com mais de 10 mil inscritos em 2025

quarta-feira, 02 de julho de 2025

Alta procura

O Bolsa Atleta registrou mais um marco para o esporte brasileiro. Mais de 10 mil atletas se inscreveram no programa do governo federal, concedido pelo Ministério do Esporte (MEsp). O prazo para inscrições foi encerrado no último dia 24 de fevereiro. Esse recorde representa um aumento de 38,56% em relação a 2022, quando o programa contava com 7.236 inscritos, passando para 10.027 registros em 2025.

Alta procura

O Bolsa Atleta registrou mais um marco para o esporte brasileiro. Mais de 10 mil atletas se inscreveram no programa do governo federal, concedido pelo Ministério do Esporte (MEsp). O prazo para inscrições foi encerrado no último dia 24 de fevereiro. Esse recorde representa um aumento de 38,56% em relação a 2022, quando o programa contava com 7.236 inscritos, passando para 10.027 registros em 2025.

O crescimento expressivo em todas as categorias do maior programa de patrocínio individual aos atletas do mundo reflete o fortalecimento do setor esportivo na gestão do presidente Lula, que vem impulsionando políticas públicas, como o próprio reajuste do Bolsa Atleta realizado em 2024, após 14 anos: com incentivos ao esporte e maior adesão de jovens e atletas de alto rendimento ao programa.

“O aumento expressivo do número de inscrições reflete uma nova fase para o esporte brasileiro. Eles mostram não apenas o fortalecimento do Bolsa Atleta, mas também o impacto positivo que ele tem na vida de milhares de esportistas do nosso país”, disse o ministro do Esporte André Fufuca.

O maior salto foi registrado na categoria Atleta Estudantil, que teve um aumento impressionante de 210,28% no período. Em 2022, apenas 282 jovens estavam inscritos, enquanto em 2025 esse número saltou para 875. Entre os atletas de base o crescimento foi de 39,94%. Para Fufuca, os dados demonstram os investimentos feitos pelo governo federal na formação de novos esportistas.

“É um esforço contínuo para garantir que nossos talentos tenham condições de competir no mais alto nível, por meio do Bolsa Atleta, da LIE, do Revelar Talentos, entre outros. Estamos no caminho certo para nos consolidar como uma potência esportiva”, completou o ministro.

A secretaria de Excelência Esportiva, Iziane Marques, ressalta que as políticas públicas voltadas para o esporte, como os projetos sociais impulsionados pela Lei de Incentivo ao Esporte e por fomento do MEsp contribuem de maneira significativa para o crescimento de atletas inscritos nas categorias Estudantil e de Base.

“Esse crescimento mostra que a cadeia esportiva está funcionando, todo fomento em crianças e adolescentes, ampliando o acesso deles ao esporte, seja por projetos sociais ou pelos clubes, são mais possibilidades de se formar atletas. Então o crescimento da base mostra de fato que o trabalho está sendo feito e neste edital tivemos um crescimento significativo”, enfatiza.

A categoria Atleta Nacional, que engloba esportistas que disputam competições no país, também apresentou um aumento significativo. De 5.065 inscritos em 2022, o número chegou a 6.813 em 2025, um crescimento de 34,52%.

Além disso, os Atletas Olímpicos, Paralímpicos e Surdolímpicos também registraram uma evolução expressiva de 80,52%, passando de 267 para 482 inscritos. Na categoria de atletas internacionais, que competem fora do Brasil, houve um crescimento de 58,92%, desde 2022.

Criado em 2005, o programa tem por objetivo que os bolsistas de alto desempenho se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paralímpicas. Os repasses mensais variam de R$410 (base) a R$16 mil para atletas da categoria Pódio.

Foto da galeria
As categorias estudantil e de base foram as que mais cresceram em quantidade de inscritos
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Leão XIV – Unidade na diversidade

terça-feira, 01 de julho de 2025

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Presentes na celebração, como é tradição, também estava uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui este gesto fraterno enviando, por sua vez, um representante para a Festa de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja de Constantinopla.

 

Comunhão eclesial: unidade na diversidade

Em sua homilia, o Papa Leão XIV recordou que os santos Pedro e Paulo são “irmãos na fé, colunas da Igreja e patronos da diocese e da cidade de Roma”. Refletindo sobre o testemunho dos Apóstolos, o Pontífice destacou, em primeiro lugar, a importância da comunhão eclesial. A liturgia desta solenidade, observou, apresenta Pedro e Paulo unidos no mesmo destino: o martírio, que os associou definitivamente a Cristo. Na primeira leitura, Pedro aparece preso, aguardando a execução; na segunda, Paulo, também encarcerado, se despede, ciente de que seu sangue será oferecido a Deus. “Ambos dão a vida pela causa do Evangelho”, afirmou o Papa.

No entanto, o Santo Padre ressaltou que essa comunhão não foi fruto de um caminho simples. Pedro e Paulo trilharam percursos muito diferentes, tanto em origem quanto em missão: “Simão, pescador da Galileia, deixou tudo para seguir o Senhor; Saulo, fariseu e perseguidor dos cristãos, foi transformado pelo Cristo ressuscitado.” O Papa recordou ainda que não faltaram tensões entre eles, como o episódio em Antioquia, quando Paulo confrontou Pedro publicamente (cf. Gl 2,11). “Mas isso não impediu que vivessem a “concórdia apostolorum”, uma comunhão viva no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, afirmou.

Citando Santo Agostinho, o Pontífice lembrou: “Temos um só dia para a paixão dos dois Apóstolos. Eles eram dois, mas formavam um só. Embora tenham sofrido em dias diferentes, eram, na verdade, um só.” Leão XIV sublinhou que esta é uma lição fundamental para a Igreja de hoje. A comunhão nasce do Espírito, une na diversidade e constrói pontes: “A Igreja precisa desta fraternidade. Ela é necessária nas relações entre leigos, presbíteros, bispos e o Papa. É essencial também para a vida pastoral, para o diálogo ecumênico e para as relações de amizade com o mundo.” O Papa exortou:“Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros.”

 

Vitalidade da fé: evitar o risco de uma fé cansada

O segundo aspecto destacado pelo Papa foi a vitalidade da fé. Inspirando-se na história dos Apóstolos, Leão XIV alertou contra o risco de uma fé que se torne hábito, mero ritualismo ou repetição de práticas pastorais sem abertura aos desafios do presente:  “O testemunho de Pedro e Paulo nos convida a sair da inércia, a deixar-nos interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros, pelas necessidades das comunidades. Eles buscaram novos caminhos para anunciar o Evangelho.”

O Pontífice colocou no centro de sua reflexão a pergunta de Jesus no Evangelho de Mateus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Segundo ele, assim "como tantas vezes nos alertou o Papa Francisco", esta é a interrogação fundamental que Jesus continua a fazer a cada discípulo e à própria Igreja:

“É importante sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja? Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles que encontramos?”

 

Renovar-se na comunhão e no testemunho

Dirigindo-se especialmente à Igreja de Roma, Leão XIV exortou para que essa seja cada vez mais sinal de unidade e de uma fé viva: “Uma comunidade de discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações humanas.”

Na alegria desta comunhão, o Papa saudou os arcebispos que neste dia receberam o Pálio, sinal da missão pastoral confiada a cada um e da comunhão com o Sucessor de Pedro. Manifestou também sua gratidão aos membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana presentes na celebração, pedindo a Deus o dom da paz para o povo ucraniano. Por fim, saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico enviada por Sua Santidade Bartolomeu, reiterando o compromisso com o caminho ecumênico.

“Fortalecidos pelo testemunho dos Santos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na comunhão. Que sua intercessão acompanhe a Igreja, a cidade de Roma e todo o mundo”, concluiu o Papa.

 

Bênção e imposição dos pálios

Em seguida, o Santo Padre presidiu os ritos da bênção e da imposição dos pálios. Os diáconos retiraram os paramentos que estavam depositados junto ao túmulo de São Pedro e os apresentaram ao Pontífice. O cardeal proto-diácono, Dominique Mamberti, apresentou os novos arcebispos metropolitanos, que então fizeram o juramento de fidelidade ao Papa e à Igreja de Roma. Ao todo, 54 arcebispos metropolitanos — entre eles cinco brasileiros — receberam o pálio das mãos do próprio Papa, que o impôs sobre seus ombros.

Fonte: Vatican News

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A VOZ DA SERRA tem a fórmula exata da credibilidade

terça-feira, 01 de julho de 2025

        O Caderno Z tem sido o aliado das boas pautas. Em cada edição aprende-se muito com a sua desenvoltura temática. Os temas não se esgotam, principalmente, porque, de tempos em tempos, eles se atualizam de forma que possam se adequar às demandas de cada novo tempo. As vacinas, a exemplo, jamais saem de pauta. Há sempre uma novidade ou mesmo um chamado para a sua importância.  A história de sua criação vem de outras eras.

        O Caderno Z tem sido o aliado das boas pautas. Em cada edição aprende-se muito com a sua desenvoltura temática. Os temas não se esgotam, principalmente, porque, de tempos em tempos, eles se atualizam de forma que possam se adequar às demandas de cada novo tempo. As vacinas, a exemplo, jamais saem de pauta. Há sempre uma novidade ou mesmo um chamado para a sua importância.  A história de sua criação vem de outras eras. Do doutor, inglês, Edward Jenner, em 1796, aos dias de hoje, sabe-se da importância da vacinação e foi, justamente, na luta contra a varíola que Jenner descobriu como combatê-la, a partir da própria inoculação do germe da doença. No Brasil, a vacina chegou em 1804, trazida pelo Marquês de Barbacena. Contudo, mais adiante, em 1904, devido à falta de saneamento básico, o Rio de Janeiro vivia à mercê do risco de doenças epidêmicas, resultando, assim, na obrigatoriedade da vacinação. O povo não se agradou e promoveu a “Revolta da Vacina”. E tudo por falta de conhecimento.

        Não muito distante, na pandemia do coronavírus, a vacinação foi criticada e desestimulada até por parte do, então, governo brasileiro que deveria ter sido o primeiro a tratar o assunto com seriedade. À época, as fake news, numa velocidade assustadora, espalharam a “desconfiança sobre a comunidade científica”, o que gerou quase uma segunda “revolta da vacina” entre os “menos esclarecidos”. Sobre imunização, duas autoridades no assunto, a pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz e o doutor Drauzio Varella afirmam que as vacinas são fundamentais em todas as fases da vida.

        A diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai afirma: “Ainda temos muito o que fazer, mas melhorou bastante. Tivemos várias ações, desde busca ativas de pessoas, estratégias locais, campanhas em escolas. Acredito que o grande desafio hoje é a informação”. Já os dados do Ministério da Saúde sobre 2024 mostram que duas vacinas conseguiram atingir a meta no PIN no ano passado: a BCG e a primeira dose da tríplice viral. O Sistema Único de Saúde (SUS) está entre os mais completos programas de imunização do mundo, oferecendo vacinas de doenças preveníveis.

        Da importância das vacinas, seguimos para um assunto pessoal e intransferível: “O que a lei diz sobre direitos e deveres dos filhos”. O sexto mês foi escolhido como o Junho Violeta, o mês de alerta sobre os cuidados com os idosos. Chegamos num tempo em que é preciso criar leis para estabelecer normas de atitudes que deveriam ser naturais e espontâneas. Há um ditado que diz: “Um pai consegue cuidar de 12 filhos, mas 12 filhos não cuidam de um pai”. O Estatuto do Idoso tem até pena judicial para o crime de abandono de incapaz e, conforme o crime, a pena pode ir de 8 a 14 anos de prisão, com multa, inclusive. Se não for por amor, que seja então por decisão judicial. E eu mando um abraço para a estagiária Laís Lima que, sob a supervisão de Henrique Amorim, nos trouxe uma reportagem tão esclarecedora. Os filhos desavisados que se orientem!

        Em “Sociais”, duas estrelas. Com idade nova desde o dia 21 de junho, a linda Ana Maria Concy, pessoa ilustre e querida de nossa cidade que, com certeza, foi motivo de muitas comemorações junto ao esposo, o também estimado, Roosevelt Concy e demais familiares. Outra querida, Adnea Cordeiro, nesta quarta-feira, 02 de julho, colhendo mais uma primavera em sua feliz existência. Ao lado do “super gente boa”, o esposo Roosevelt C. Cordeiro, meu amigo, os festejos serão rodeados de familiares e amigos.

        Realmente, na quinta-feira, 26, a Praça do Suspiro ganhou um presentão. O tempo que amanhecera fechado, lá pelas 13 horas abriu um céu azul de ponta a ponta e um sol até de se clamar por sombra. Contudo, a estrela maior foi o Sarau Literário promovido pela Secretaria Estadual de Educação. Cheguei atrasada, mas em tempo de conferir a participação do Colégio Estadual Canadá. Que maravilha! Com direito a teatro e a Banda de Tambores do próprio colégio, lindamente regida por seus maestros, inclusive, o meu amigo Frederico. Professores, alunos e equipes de organização, parabéns. Foi lindo!

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Reta final, com Alto já classificado

terça-feira, 01 de julho de 2025

Supercopa SAF terá última rodada de classificação no domingo

 

A penúltima rodada da fase de classificação da Supercopa SAF deixou praticamente tudo em aberto. Em meio a esse cenário de equilíbrio, quem se destaca é o Unidos do Alto: a equipe do Alto de Olaria venceu a terceira partida, manteve os 100% de aproveitamento e já está classificado para a próxima fase.

Supercopa SAF terá última rodada de classificação no domingo

 

A penúltima rodada da fase de classificação da Supercopa SAF deixou praticamente tudo em aberto. Em meio a esse cenário de equilíbrio, quem se destaca é o Unidos do Alto: a equipe do Alto de Olaria venceu a terceira partida, manteve os 100% de aproveitamento e já está classificado para a próxima fase.

Na partida que fechou a rodada do último domingo, 29, em São Pedro, o Unidos do Alto venceu os donos da casa pelo placar de 1 a 0, com o gol marcado por João Victor Andrade, aos 38 minutos do segundo tempo. Com nove pontos, o time do bairro mais populoso de Nova Friburgo carimbou o passaporte para a semifinal.

Na partida que deu início a mais uma rodada, São Lourenço e Amparo empataram por 1 a 1. Bernardo Figueira marcou aos 24 minutos do primeiro tempo para o Amparo, enquanto Rodrigo Salgado empatou para o São Lourenço aos 14 minutos da etapa final. No outro confronto, o Friburgo Sporting venceu o Santa Cruz por 2 a 0, com gols de João Victor Dias (25min, 1°T) e Natan Vasques (20min, 2°T). Quem também conquistou os três pontos foi o Estrela do Mar, ao bater o JDA por 2 a 0, com gols de Mateus Barbosa (40min, 1°T) e Francis Hine (27min, 2°T).

A quarta rodada — e última da fase de classificação — será realizada no próximo domingo, 06, no estádio Jove Aguinaldo Blaudt, campo do Estrela do Mar, também no distrito de São Pedro da Serra. As partidas decisivas terão início às 9h, envolvendo os confrontos entre São Lourenço x São Pedro; JDA x Santa Cruz; Amparo x Friburgo Sporting e Unidos do Alto x Estrela do Mar.

O Grupo A conta com as participações de Santa Cruz, São Pedro, Amparo e Estrela do Mar. Já o Grupo B terá as equipes do JDA (estreante), Unidos do Alto, São Lourenço e Friburgo Sporting. De acordo com o regulamento da Supercopa SAF, os jogos acontecerão em turno único, com as equipes dos grupos enfrentando adversários da outra chave. A competição contará ainda com uma fase decisiva (semifinal e final).

 

Tabela da Primeira Fase

1ª RODADA

Domingo (15 de junho)

Local: Estádio Manoel Cabral Sobrinho - São Lourenço

Unidos do Alto 3x1 Santa Cruz

Amparo 3x3 JDA                    

Friburgo Sporting 1x1 São Pedro   

Estrela do Mar 0x1 São Lourenço

 

2ª RODADA

Domingo (22 de junho)

Local: Estádio Guilherme Gripp - Amparo

Friburgo Sporting 3x3 Estrela do Mar

São Pedro 0x1 JDA

Santa Cruz 2x2 São Lourenço

Amparo 0x3 Unidos do Alto

 

3ª RODADA

Domingo (29 de junho)

Local: Estádio João Mendes da Silva - São Pedro

São Lourenço 1x1 Amparo

Santa Cruz 0x2 Friburgo Sporting

Estrela do Mar 2x0 JDA

São Pedro 0x1 Unidos do Alto

 

4ª RODADA

Domingo (06 de julho)

Local: Estádio Jove Aguinaldo Blaudt - Estrela do Mar

 9h - São Lourenço x São Pedro

10h45min - JDA x Santa Cruz

12h45min - Amparo x Friburgo Sporting

14h45min - Estrela do Mar x Unidos do Alto

 

Classificação

Grupo A:

1º - Estrela do Mar, 4 pts

2º - Amparo, 2 pts

3º - São Pedro, 1 pt

4º - Santa Cruz, 1 pt

 

Grupo B:

1º - Unidos do Alto, 9 pts

2º - Friburgo Sporting, 5 pts

3º - São Lourenço, 5 pts

4º - JDA, 4 pts

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    Equilíbrio entre Amparo e São Lourenço rendeu um ponto para cada equipe (Crédito: Rafael Seabra)

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    Friburgo Sporting conquista vitória importante e mira vaga nas semifinais (Crédito: Rafael Seabra)

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    Vitória leva o Estrela do Mar — que jogará última rodada em casa — à liderança do grupo A (Crédito: Rafael Seabra)

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    Unidos do Alto vence mais uma e se garante nas semifinais da Supercopa (Crédito: Rafael Seabra)

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