A maconha é uma erva medicinal segura?

César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

quinta-feira, 03 de dezembro de 2020

Dr. James Rippe, formado em medicina na Universidade de Harvard, autor do livro “Lifestyle Medicine” (“Medicina do Estilo de Vida”), e o dr. Hildermar Santos, professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Loma Linda, Califórnia (EUA), falam do assunto sobre o uso da maconha (cannabis sativa) como erva medicinal num artigo interessante (Órion, segundo caderno, p. 4, março 2015), e aqui cito algumas informações deles.

De forma geral a indicação da maconha para tratamento é relacionada com a tentativa de diminuir o vômito e náusea de pacientes com câncer ou Aids e aumentar o apetite nestes pacientes (pessoas com certos tipos de câncer e Aids perdem muito peso). Também é usada para alívio de dor, podendo produzir alívio nos sintomas da esclerose múltipla, dor forte na neuropatia periférica, e para pessoas que são epilépticas graves e que não tiveram melhora com o tratamento convencional.

Os achados científicos revelam um efeito terapêutico modesto, mais ligados ao controle da dor, alívio de náuseas e vômitos, e estimulação do apetite. (Arch Gen Psychiatry 2000; 57:547-552 – Vol.57 nº 6, june 2000.) O canabidiol, extraído da maconha, não cura os problemas de saúde, e sim tem efeito sintomático. E há os efeitos danosos pelo seu uso, dentre eles pode desencadear um tipo de surto psicótico em algumas pessoas sensíveis, com surgimento de alucinações auditivas e visuais, “contato” com pessoas invisíveis.

A maconha pode causar depressão, taquicardia, arritmia cardíaca, problemas reprodutivos, dependência e câncer. Pessoas que fumam um cigarro de maconha por dia têm o mesmo risco de câncer de pulmão que aqueles que fumam um maço de cigarros por dia. Produz também prejuízos no sistema imunológico e há evidências de aumento do risco de câncer da boca, língua, garganta e pulmões.

É desaconselhável o uso da cannabis sativa em pessoas com problemas coronários por aumentar o risco de morte por enfarto, que é a causa número um de morte no mundo. Importante para rapazes adultos jovens é a informação de que a maconha produz a redução do esperma, com a consequente diminuição do número de espermatozoides, queda da produção de testosterona e diminuição do tamanho dos testículos. E para as mulheres a maconha pode causar alterações no ciclo menstrual e facilitar o câncer de mama.

Como a maconha diminui os reflexos e altera a percepção das coisas em movimento, isto pode estar na causa dos acidentes de automóveis. Além disso, de 8% a 20% de seus usuários ficam dependentes da erva. Os sintomas principais da abstinência da maconha incluem: irritabilidade, agressividade, ansiedade, depressão, insônia, sudorese, náusea, vômito, taquicardia e “fissura” para usar a droga de novo.

Estudos feitos na Universidade da Carolina do Sul sobre os efeitos da maconha, dr. Prakash Nagarkatti e sua equipe, verificaram que um grupo de compostos desta erva suprime funções do sistema imune “fazendo com que o usuário seja mais suscetível a infecções e a alguns tipos de câncer". Afirmou ainda o dr. Nagarkatti: "Acreditamos que a chave para essa supressão seja um único tipo de célula imunológica, que só recentemente foi identificada, chamada célula supressora derivada da mieloide, MDSCs". Parece que estas células MDSCs suprimindo o sistema imunológico, promovem o crescimento do câncer. (http://emedix.com.br/not/not2010/10nov24imu-eji-nsr-maconha.php, visitado em 5 maio 2015).

Já que estudos mostram que a maconha afeta o sistema de defesa de nosso corpo, entre outros efeitos sérios, compensa usá-la para fins medicinais, ainda mais em período de pandemia?

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