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Loja Maçônica Indústria e Caridade inicia três novos irmãos

Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
No sábado, 9 de agosto, a Loja Maçônica Indústria e Caridade de Nova Friburgo, em uma sessão magna, promoveu a iniciação de três novos irmãos (os membros da entidade são assim tratados). É uma cerimônia muito significativa, cercada de simbolismos e tradições pela qual passam todos aqueles que são convidados a servirem a ordem e terem seus nomes aprovados, após serem apresentados em Loja. Aliás, não basta querer ser maçom, é preciso que o candidato para ser convidado, tenha uma atuação tanto na família como na sociedade que o credenciem a se tornarem maçons, a serem justos e perfeitos, a estarem dispostos a servirem a sociedade e, principalmente, a família e a pátria, bens maiores que um ser humano pode aspirar.
Para mim teve um significado especial, pois me avivou na memória a minha própria iniciação, em 11/12/1982, quando me tornei aprendiz maçom, primeiro grau de um total de trinta e três. Pude rever os momentos emocionantes, pelos quais passei, a exatos quarenta e três anos. Claro que já tinha participado de outras iniciações, mas como fiquei um longo período afastado da Loja, foi como se eu retrocedesse no tempo.
Um fato curioso é que a Maçonaria começou, no Brasil, no Nordeste, mais precisamente na Bahia. Salvador foi berço da primeira Loja Maçônica: “Cavaleiros da Luz”, fundada em 1797. Nada mais justo. Se quase tudo no Brasil começou lá, por que a Maçonaria seria diferente? O historiador e maçom Borges de Barros, que foi diretor do Arquivo Público da Bahia e relatou pela primeira vez a existência dela, ainda informou que a Loja “Cavaleiros da Luz” foi a chama principal da Conjuração Baiana. Nada mal para os nossos pioneiros! No Rio de Janeiro, em 1815, nove maçons fundaram a Loja “Comércio e Artes”. Depois de alguns anos, em 1822, a Loja já contava com 94 membros, então resolveram dividir a Loja em três e fundar o Grande Oriente Brasileiro, primeira Obediência Maçônica no Brasil (https://folhadolitoral.com.br/colunistas/maconaria/a-loja-maconica-mais-antiga-do-brasil/).
O curioso dessa história é que a Loja de Friburgo foi fundada em 02/01/1839, apenas vinte e quatro anos após a do Rio de janeiro, já então a capital do império, numa época em que Friburgo era ainda uma vila recém fundada em 03/01/1820. O número da Loja, dentro do Grande Oriente do Brasil (GOB), órgão gestor de todas as lojas a ele pertencentes, é o de número 49, ou seja, pode ser incluída no rol das mais longevas do estado.
O acervo do jornal A Voz da Serra traz a seguinte informação: “Curiosamente foi o padre Jacob Joye, guia espiritual dos colonos suíços quem fundou a Maçonaria na vila da Nova Friburgo. Qual teria sido a razão para ele iniciar uma loja maçônica em tão pacata vila, antes mesmo da importante Cantagalo? Possivelmente para criar uma instituição que auxiliasse os colonos suíços já que a administração colonial havia sido extinta em 1831. Ficando os suíços desde então sob a administração da Câmara Municipal, provavelmente o padre Joye viu na instituição uma forma de prover e amparar os colonos”.
Muitos desconhecem a maçonaria, seu papel e sua importância e existem muitas desconfianças a seu respeito. Transcrevo aqui, extraído do Ritual do Aprendiz Maçom, a título de esclarecimento, uma parte de seu significado: “A Maçonaria é essencialmente uma instituição iniciática, filosófica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria. Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da benevolência e da investigação constante da verdade. Seus fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Entre outras coisas diz “que os homens são livres e iguais em direitos, e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”. “Defende a plena liberdade de expressão do pensamento como direito fundamental do ser humano, admitida a correlata responsabilidade”.
A história do Brasil registra a influência da Maçonaria em alguns fatos marcantes. Além da sua participação na Conjuração Baiana, como já foi citado, a independência do Brasil foi decretada e solicitada a Dom Pedro I em uma Sessão Maçônica realizada em 20 de agosto de 1822, portanto, este dia é dedicado ao Maçom brasileiro. D. Pedro I foi admitido na Maçonaria, em 02/08/1822, na Loja União e Tranquilidade, pouco antes de proclamar a separação do Brasil de Portugal.
A abolição dos escravos, a Proclamação da República, e muitos outros atos históricos foram obras da Maçonaria, por exemplo: Marechal Deodoro da Fonseca, iniciado na Loja Rocha Negra de São Gabriel, Rio Grande do Sul, proclama a república em 15 de novembro de 1889.
Durante os primeiros quarenta anos da República – período denominado “República Velha” – foi notória a participação do Grande Oriente do Brasil na evolução política nacional, período em que vários presidentes eram maçons.
O Grande Oriente do Brasil, a partir de 1916, através de seu Grão-Mestre, Almirante Veríssimo José da Costa, apoiava a entrada do Brasil na primeira guerra mundial, ao lado das nações amigas. E, mesmo antes dessa entrada, que se deu em 1917, o Grande Oriente já enviava contribuições financeiras à Maçonaria Francesa, destinadas ao socorro das vítimas da guerra. Lutou pela anistia para presos políticos, durante períodos de exceção; a luta pela redemocratização do país, que fora submetido, desde 1937, a uma ditadura, que só terminaria em 1945; participação, através das Obediências Maçônicas europeias, na divulgação da doutrina democrática dos países aliados, na 2ª Grande Guerra (1939 – 1945); participação no movimento que interrompeu a escalada da extrema-esquerda no país, em 1964; combate ao posterior desvirtuamento desse movimento, que gerou o regime autoritário longo demais; luta pela anistia geral dos atingidos por esse movimento; trabalho pela volta das eleições diretas, depois de um longo período de governantes impostos ao país.
Portanto, ela foi, é e continuará sendo uma instituição relevante para o Brasil na defesa da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, enquanto existirem homens livres de bons costumes.

Max Wolosker
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Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
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