Muitas pessoas não têm noção de como, por exemplo, ocupam os outros por falar demais. São detalhistas não só porque talvez queiram dar características úteis de um assunto ou objeto, mas porque o próprio diálogo é uma forma delas se conectarem com os outros e de estar na realidade. Então, elas gastam tempo precioso da outra pessoa por não serem mais objetivas. E podem nem pensar que estão usando os outros como fonte de conexão com a realidade.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Cesar Vasconcellos de Souza
Saúde Mental e Você
O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.
Vou repetir algumas ideias nesse texto, usadas no ano passado, porque acho que precisamos persistir na mesma busca do ano que passou, agora no Novo Ano, que é a luta contra a angústia e a tristeza. Mas tem algo novo também aqui nesse artigo.
Gostei dessa frase que li essa semana: “Quando eu crescer, eu quero ser uma criança.” Você quer ser uma criança? O que tem de bom numa criança que pode se tornar um desejo adulto de ter as mesmas qualificações dela?
A palavra “adulterar” também se relaciona com um produto adulterado, não sendo o original. Ao nos tornarmos adultos, de certa forma e até certo ponto, vamos nos adulterando, deixando coisas boas do jeito da criança ser e assumindo posturas esperadas pela tradição, de um jeito adulto de ser.
Saúde tem muito que ver com a pessoa tomar a iniciativa de fazer algo que contribua para o bom funcionamento do seu corpo e da sua mente. Por exemplo, um bom psicólogo e um psiquiatra que atua também com psicoterapia, devem colocar nas mãos do paciente ferramentas para ele praticar no dia a dia para a recuperação do problema emocional. Isso é diferente do profissional que se coloca numa posição de curador e é diferente do paciente que deposita inteiramente no profissional a cura que precisa.
O planeta Terra veio da escuridão. Ele era sem forma e vazio. Havia trevas sobre a face do abismo (Gênesis 1:1,2). Em seguida veio a luz, mas, interessante, não foi a luz do sol! A luz do sol não muda o caráter maligno dos corruptos. Um ser humano, antes de nascer e estando na barriga da mãe, está na escuridão. Depois ele vem à luz. Na verdade, o dia começa com tarde, com escuridão, à noite, e depois vem a parte clara, a luz, o dia.
Defesas psicológicas nos protegem de dores emocionais como o medo, insegurança, angústia, tristeza, vergonha entre outras. Porém, usá-las de forma rígida nos leva ao fechamento como pessoa, e nos impede de dar e receber coisas boas nos relacionamentos humanos.
Vergonha é um sentimento que pode surgir quando uma pessoa se sente vítima de algum tipo de abuso, quando foi feito contra ela algo humilhante.
Existe a vergonha saudável e a tóxica. A tóxica destrói a vida, é uma experiência dolorosa, uma ferida profunda, nos separa de nós mesmos e dos outros, nos faz rejeitar a nós mesmos, e esta rejeição requer um disfarce, uma dissimulação, você a encontra no doutor e no iletrado, no rico e no pobre, no poderoso e no impotente.
“A auto-importância é nosso maior inimigo. Pense sobre isso – o que nos enfraquece é nos sentirmos ofendidos pelos atos e delitos de nossos semelhantes. Nossa auto-importância requer que gastemos a maior parte de nossa vida ofendidos por alguém.” (Carlos Castaneda, Touchstones: A Book of Daily Meditations for Men”).
Fritjof Capra, foi professor de física quântica na Universidade da California em Berkeley. É um físico teórico e escritor que tem desenvolvido um trabalho sobre a promoção da educação ecológica. Décadas atrás num de seus livros ele falava sobre a importância de uma vida simples, consumo frugal, consciência ecológica para a sobrevivência de nosso planeta. Ele comenta: “O conhecimento vem sendo dominado por grandes corporações mais interessadas em retornos financeiros do que no bem-estar da humanidade.
Não tem saída para problemas emocionais pessoais, familiares, sociais, políticos e até empresariais, sem o conhecimento e a prática da verdade. A verdade é corretora, preserva a saúde, pessoal, familiar, social, política, corporativa, espiritual. A meta da psicoterapia, que é um tratamento psicológico para resolução de conflitos e sintomas emocionais, é a busca da verdade de como se lida com pensamentos, sentimentos, decisões, motivações, necessidades de afeto, para ver o que funciona mal nisso e o que precisa conserto.