Enquanto uma mulher nasce, o orvalho umedece a noite, pombos voam, tenistas entram nas quadras, cozinheiros descascam legumes, aviões decolam, brotos despontam nos galhos das orquídeas.
Enquanto uma mulher amamenta, galinhas chocam ovos, come-se saladas nos restaurantes, alunos chegam nas escolas, pessoas saboreiam sorvetes, escritores escrevem livros, eletricistas consertam a fiação das ruas, padeiros fazem pães.
Enquanto uma mulher nasce, o orvalho umedece a noite, pombos voam, tenistas entram nas quadras, cozinheiros descascam legumes, aviões decolam, brotos despontam nos galhos das orquídeas.
Enquanto uma mulher amamenta, galinhas chocam ovos, come-se saladas nos restaurantes, alunos chegam nas escolas, pessoas saboreiam sorvetes, escritores escrevem livros, eletricistas consertam a fiação das ruas, padeiros fazem pães.
Enquanto uma mulher chora, folhas secas caem das árvores, ventos derrubam ninhos de passarinhos, cachorros latem raivosos, canto das corujas invade a madrugada, lâmpadas queimam, borboletas lutam contra os vidros.
Enquanto uma menina-mulher descobre o amor, amigos se abraçam, vagalumes iluminam as noites, feirantes vendem maçãs, casais se deitam nas camas, trabalhadores voltam para casa, telefones tocam, bebês brincam com as mãos, namorados se beijam.
Enquanto uma mulher se torna adulta, crianças correm nas praças, médicos atendem pacientes em hospitais, calçadas ficam cheias de transeuntes, trens deslizam sobre os trilhos, ladrões são presos, garças ciscam na beira dos lagos, o sol desponta nos horizontes.
Enquanto uma mulher adoece, idosos tropeçam, chaves são perdidas na rua, motoristas ficam estressados nos engarrafamentos, mentiras são ditas, sapatos apertam os pés, mendigos pedem esmolas, estrelas se escondem atrás das nuvens.
Enquanto uma mulher aprende a falar e a andar, tenores cantam óperas, baleias azuis nadam em busca de alimento, navios de carga atravessam oceanos, velhos exercitam as pernas, carros trafegam nas estradas, professores ensinam matemática, ciclistas sobem trilhas nas montanhas.
Enquanto uma mulher se sente humilhada, raios cortam horizontes, desconfianças invadem ambientes de trabalho, ninguém pede perdão, a ingratidão encontra reinado nas cidades, brigas desintegram famílias, crianças machucam os joelhos.
Enquanto uma mulher engravida, circenses montam a lona dos circos, impressoras fazem cópias de documentos, dentistas tratam de cáries, elefantes se banham nos rios, onças brincam com seus filhotes, meninos jogam futebol, manicures cuidam das unhas de seus clientes.
Enquanto uma mulher amadurece, adolescentes choram, gatos miam, macacos pulam de galho em galho, chove, primaveras chegam, esportistas colocam gelo nas contusões, pessoas andam apressadas na rua, cortinas dos palcos são abertas, músicas são ouvidas ao longe.
Enquanto uma mulher envelhece, aviões desligam os motores, cachoeiras lavam as pedras com espumas, moinhos são movidos pelas águas, ônibus partem das rodoviárias, anoitece.
Enquanto uma menina adolesce, leitores pegam livros em bibliotecas, bailarinas deslizam nos palcos, beija-flores sugam o néctar das flores, ondas estouram nas praias, minhocas fazem buracos na terra, homens entram e saem das estações de metrô.
Enquanto uma mulher morre, despedidas tomam conta dos aeroportos, amigos dizem adeus, chega a hora dos filhos saírem de casa, malas de viagem são fechadas, bilhetes são deixados em cima das mesas, salas ficam vazias à noite, há silêncio nos quartos.
Enquanto uma mulher pinta as unhas, meninas pulam corda, malabaristas vestem fantasias, batons vermelhos são vendidos, perfumes são presenteados, cartas são escritas.
Enquanto uma mulher perde a esperança...
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