A violência contra a mulher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Pela primeira vez vou abordar um tema delicado e triste, a violência sofrida pela mulher. Eu me senti motivada a escrevê-lo durante a leitura do livro “Dororidade”, de Vilma Piedade, com prefácio de Márcia Tiburi, que viu a palavra nascer, de modo espontâneo, numa tarde de sábado, no Instituto Cultural Rosie Marie Muraro, quando eram discutidos “os rumos no movimento de protagonização de mulheres para a política”. 

Sim. Dororidade, a dor provocada nas mulheres pelo machismo. Mulheres de várias idades, nacionalidades e raças experimentam diversas formas de sofrimento decorrentes da crueldade física, moral e do abuso psicológico causados pelos maus tratos masculinos, especialmente contra as mulheres negras. Esse tipo de violência é milenar, mantém-se ativo, caminhando no tempo e em todos os espaços do planeta, deixando feridas e cicatrizes no corpo e na alma femininas. Inclusive, muitas morrem. São assassinadas! 

O machismo machuca, deforma e mata. É a expressão da insensatez e da brutalidade masculinas que caracterizam um modo de ser débil e perverso, que vai contra os princípios da dignidade humana. É decorrente de uma cultura que confunde a força física com a falta de empatia para com o próximo, especial e unicamente, com a mulher. Negligencia a proposição primordial do ser humano, descrita na Bíblia, por Mateus (versículo 12, capítulo 7) e que faz parte do Sermão das Montanhas: “façam aos outros o que querem que eles lhes façam”. Nenhum machista quer ser agredido!

O machismo é uma das piores fraquezas de caráter que um homem possa ter, uma vez que revela um relacionamento fundamentado no desamor, no desrespeito e na ausência de virtudes. A civilização moderna vem amadurecendo conceitos relacionados à preservação da vida e da integridade física, moral e emocional, embora ainda cultive mecanismos sociais, políticos e culturais que alimentam o poder misógino. Ainda é um problema muito sério no Brasil, especialmente na região do Nordeste, agravado pela morosidade da justiça para julgar os casos de situações conflituosas. Nosso país, infelizmente, no ano de 2023, registrou 2.000 casos aproximadamente de homicídios femininos. O que revela a existência, mais comum do que se possa imaginar, da violência contra a mulher nos lares brasileiros.

A Lei Maria da Penha nos mostra que o machismo tem sido punido. Entretanto, ainda, o grito feminino reclama por mais rigidez e ecoa nas paredes das casas, nas calçadas das ruas e nos horizontes das cidades.

Quantos séculos ainda serão precisos para a humanidade estancar de vez a violência contra a mulher.

Publicidade
TAGS:

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.