Fazemos parte do Divino

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Adentrar os bosques da filosofia é um ato de amor à vida pela grandeza das ideias que nos permitem conhecer e compreender a nós, bem como os fatos presentes e passados. Será que conseguimos responder a todas as questões que vão surgindo no dia a dia? Quem busca entendê-los? Na maioria das vezes, deixamos de lado uma relação de perguntas para poupar o tempo ante tantos afazeres. Mesmo resistindo, em algum momento, sentimos a necessidade de pensar para nos situarmos melhor diante de um Todo maior do qual fazemos parte e diante do qual sentimos a impossibilidade de vê-lo com objetividade e clareza. A filosofia vai muito além de achismos. A partir de suposições relevantes vai em busca de conhecimentos capazes de oferecer explicações a respeito de questões sobre as quais repousam indagações e inquietações.

Este modo desassossegado que nos invade, sequestrou-me numa tarde desta semana. Pensei nos povos antigos, mais especificamente os egípcios e os gregos, civilizações milenares carregadas de ensinamentos, que se debruçaram em torno da existência e foram revelando com sabedoria temas essenciais sobre a humanidade. Hoje, milênios depois, são ainda importantes de conhecer. Foram interpretações que constituíram a base da filosofia construída posteriormente, oferecendo possibilidades aos pensadores de alcançar o saber mais aprofundado. Somo seres que precisamos de explicações, mas não de manuais que nos orientem para a experiência diária.  

Estou lendo “Para entender o Caibalion, da filósofa, professora e escritora, Lúcia Helena Galvão Maya, que se debruçou sobre “a antiga e enigmática escola de pensamento filosófico denominada hermetismo”, descrita pelo sábio Hermes Trismegisto, que possivelmente viveu no Antigo Egito. O Caibalion reúne ensinamentos básicos que foram transmitidos oralmente durante séculos. Vejam como a literatura guardada na oralidade se manteve coesa por milênios. Somente em 1908 O Caibalion foi impresso em formato de livro, tendo a autoria creditada a indivíduos que se autodenominavam “Três iniciados”.

O Cabalion relaciona princípios universais acompanhados de explicações, que exigem do leitor esforços intelectuais e estudos. São ensinamentos preciosos que podem explicar os fatos da nossa rotina diária. Do autoconhecimento à percepção da existência da divindade em tudo. Da compreensão de que a natureza, nós, os humanos e o universo estão intimamente interligados e que fazemos todos parte do Divino.  

Do nascimento da consciência à evolução humana, as relações estruturais entre a matéria, a mente e o espírito de cada ser afetam o Todo. A existência de elos interruptos, impregnados de vibrações, faz aflorar a espiritualidade, de modo que a matéria vai se impugnando pelo espírito. 

Enfim, estou começando meus estudos que me serão desafiadores. Deixo delicadas questões a serem observadas a partir da ideia de que a banalização da vida guarda um caráter debilitado: será que percebemos a divindade em tudo o que fazemos e que nos rodeia?

Já notaram como somos individualizados, entretanto não somos separados de nada? Como tudo nos afeta e como afetamos o Todo que nos acolhe nos braços? 

Somos capazes de reconhecer a soma de nossos atributos essenciais: Espírito, Matéria e Energia?

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Tereza Cristina Malcher Campitelli

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Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

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