Durante o relaxamento no final das sessões de Yoga, escutando os passarinhos e os ruídos do vento nas matas de Nova Friburgo, com os olhos fechados, mergulho na ausência de visão, que não me é escuro ou vazio, que não é excludente. Adentro um universo quase desconhecido. Ao mergulhar dentro de mim, invado meus pensamentos e sensações, em que o ambiente e eu ganham outra dimensão quando passo a me perceber e o que está em meu entorno através da audição e das impressões que meu corpo capta. Sinto com mais nitidez a respiração, os batimentos cardíacos, cada parte do corpo.
Durante o relaxamento no final das sessões de Yoga, escutando os passarinhos e os ruídos do vento nas matas de Nova Friburgo, com os olhos fechados, mergulho na ausência de visão, que não me é escuro ou vazio, que não é excludente. Adentro um universo quase desconhecido. Ao mergulhar dentro de mim, invado meus pensamentos e sensações, em que o ambiente e eu ganham outra dimensão quando passo a me perceber e o que está em meu entorno através da audição e das impressões que meu corpo capta. Sinto com mais nitidez a respiração, os batimentos cardíacos, cada parte do corpo. Gosto de sentir a vida pulsar. Ao cerrar meus olhos é como se desnudasse um ser distinto daquele a que estou acostumada a conhecer. O relaxamento profundo é uma oportunidade de autoconhecimento, momento único e de riqueza estonteante. Quando meus pensamentos se dispersam, imagino os cegos, especialmente os escritores, que são capazes de ver eles mesmos, o mundo e a vida com os olhos da cegueira.
Ao elaborar o texto desta coluna, vou trazer os sábios pensamentos dos escritores que tiveram deficiências visuais e que refletiram a experiência existencial. Vou atribuir (H) a Homero; (B) a Jorge Luis Borges, (J) a James Joyce; (A) Aldous Huxley. Porém não vou escrever literalmente suas ideias, mas vou aproveitá-las para elaborar reflexões ao fechar meus olhos.
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Suspiro, relaxo e vou entrando, lentamente, no meu mundo interior, num universo que é exclusivamente meu e somente eu posso transformá-lo (A). A cada tímido passo, vou lendo e a interpretando o aqui e o agora, o meu tempo presente (H), sem me preocupar com o passado e o futuro. De modo sereno e paciente, vou entendendo o momento em que vivo, tão complexo e desafiador.
Quero viver bem e escapar do hediondo! Então, o que posso fazer? O que tenho capacidade para fazer? (H) São questões distintas e difíceis de serem respondidas. Apenas sei que não tenho o poder dos deuses, mas quero, na simplicidade, construir uma vida, a minha. Mesmo sabendo que a felicidade não é grandiosa (A), vou aprendendo a fazer a vida acontecer através das experiências diárias. Com as incertezas que os dias me apresentam, (J) encaro os erros como verdadeiros portais de descobertas, que me orientarão nas decisões que tomarei a cada momento.
O tempo me faz ser quem sou, constitui-me. (B) De todos os infortúnios que preenchem o agora, tenho apenas uma certeza: o rancor nunca superará paz. Como também não vale a pena depositar esperanças no futuro. Vale a pena, (C) sim, ter consciência de que posso ser o maior perigo para mim. Afinal de contas, que companheira me sou?
Não devo viver cada momento em função do próximo (J). Sou e fluo no presente, pois é nesta dimensão em que tudo acontece e se modifica (C), em que me transformo, adquiro novas qualidades e construo vontades inéditas. Porém tenho de cuidar para nunca pensar e desejar algo, mas fazer ou dizer ao contrário. (H) Não devo mergulhar no meu próprio submundo.
Não estou só nesta experiência existencial, tenho o outro, muitos outros a minha volta, que me ajudam e suavizam os fardos que carrego e as tarefas que tenho a fazer (C). É, pois sim, na convivência e na interação que preciso saber com nitidez onde começa a terra e onde começa o mar. Todos nós somos inconstantes e diversos; ninguém é igual a outro, muito menos somos os mesmos em todos os momentos. (A) Apesar dessas características humanas, podemos ser parceiros. Contudo, (J) compartilhamos as dores, mas os prazeres... Ah, os prazeres, nem tanto; há algo aborrecedor na felicidade alheia.
Quanto mais me adentro, (A) mais descubro inconstâncias e incongruências nos pensamentos e sentimentos, que, afinal de contas, fazem parte de mim. A música e o silêncio mostram esse caos, muitas vezes inexprimível. Diante da impostura, da instabilidade e da leviandade, apenas tenho uma certeza, nada é bem resolvido com violência (J). Por isso é bom fechar os olhos e ver. Pensar. Decidir.
Mas, amigo leitor, sabia que vez em quando, é bom a gente se perder? Não se seja tolo nem se engane: todos os caminhos nos levam à morte. (J)
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