Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

05/03/2022

No céu de estrelas de outubro, exatamente no mesmo teto azul de julho, tudo parou. Tudo, absolutamente tudo. Paralisou, como cena de filme que pausamos para ir ao banheiro ou para pegar um copo de Coca-Cola. 

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26/02/2022

Ah, carnaval! Como te quero todos os anos e cada vez mais. Se pudesse ficar o ano inteiro... Ainda que os amores que produz fiquem batucando meu coração, minhas memórias, nossas mais pertences nostalgias, sinto a ausência da sua presença para além dos seus dias. 

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19/02/2022

A fé move as pessoas, o idealismo reforça a recusa em esmorecer perante as fraquezas e intrigas alheias, mas é a coragem que determina o poder que temos em mudar o mundo. Mudar nossos bairros, nossa cidade, nossa realidade, a si mesmo. Mudar os lugares e a lida cotidiana, no entanto, só faz sentido se for pelas pessoas. 

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05/02/2022

Somos escravos de nossos hábitos. Por isso, tão importante é preservar bons hábitos. Quem fala uma coisa e faz outra é tão desonesto quanto aquele que rouba.

Discurso que não é prática, é charlatanismo com a fé alheia. Discurso de ódio, discurso que mata é tão condenável quanto a prática do preconceito, da indiferença. O sangue que escorre na mão que faz, também está na boca de quem profere.     

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29/01/2022

“A gente tem muita paciência para erros da tecnologia, mas não temos a mesma paciência com o outro, com as pessoas”. À frase, que o sociólogo Dominique Wolton disse à minha turma de pós-graduação em Gestão Pública, acrescento que também não somos pacientes nem com a gente mesmo. 

Esse pensamento ecoou ainda mais interessante por conta de uma experiência que tive recentemente e pela qual todo mundo passa. Meu smartphone, do nada, simplesmente parou de funcionar. A tela preta, cheia de cores esquisitas pulando — tilt. 

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22/01/2022

Quando o céu cai sobre mim
Minha alma evapora
E por um instante deixo de ser eu.
Talvez, eu me transforme no nada.
Uma nuvem traiçoeira me engole
E logo depois me vomita.
A busca por uma chance
É, às vezes, uma saga
Outras, um desperdício.
Aí, ao abrir os olhos e voltar a mim,
Me pergunto
Se o céu, realmente, cai sobre mim
Ou se sou eu que voo ao encontro dele.

 

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15/01/2022

Todo mundo tem uma cachaça preferida. Mesmo os avessos ao álcool, mesmo os que não gostam do destilado. A cachaça é tão nossa que a usamos, inclusive, para falar de nossos bons vícios. 

“Esse jogo é uma cachaça”. “A vista desse lugar é uma cachaça”. “Assistir esse vídeo é uma cachaça”. “Fazer isso é uma cachaça”. “Aquela música é uma cachaça”. “Te ver é uma cachaça”. 

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08/01/2022

Ninguém precisa da sua permissão para ser feliz. Tampouco, você precisa da permissão de alguém para ser feliz. Por isso, viva e deixe viver. É como diz a música: “Não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo que há para viver. Vamos nos permitir”.  

Os tempos atuais, de julgamento fácil, não pedem ainda mais fiscalizadores de rabo. O mundo necessita é de pacíficos e empáticos. De quem consegue dar a outra face. De quem estende a mão, inclusive, para o que não compreende. 

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18/12/2021

 

Meus pés cansados seguem — porque ainda que meu corpo igualmente cansado não responda como eu gostaria — meu espírito é de esperança. Mesmo quando o mundo se mostra mal, mesmo quando sinto que estamos perdendo como humanidade, mesmo diante de tanta gente má vestida de bem, sigo com fé. Mais do que andar com fé, é preciso honrar essa fé na prática. 

Ao esperar, não honro a fé. Ao silenciar, não honro a fé. Inerte, também não honro a fé. Fé pede ação, tanto quanto sonhos sem ação são apenas sonhos. 

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11/12/2021

Onde mora a liberdade? Talvez a liberdade ainda more apenas nos sonhos. Essa tal liberdade, em que tantos matam e morrem por ela, não é liberdade. É o mal vestido de bem. É a crueldade travestida de bondade. É Cristo preterido para Barrabás, em nome da inventada liberdade religiosa que peca, destila ódio, crucifica. Seria diferente se Jesus Cristo viesse hoje? 

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