Convicto

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

A fé move as pessoas, o idealismo reforça a recusa em esmorecer perante as fraquezas e intrigas alheias, mas é a coragem que determina o poder que temos em mudar o mundo. Mudar nossos bairros, nossa cidade, nossa realidade, a si mesmo. Mudar os lugares e a lida cotidiana, no entanto, só faz sentido se for pelas pessoas. 

A vida das pessoas tem que importar. A vida das pessoas é mais do que mero detalhe em leis, discursos e estatísticas. A vida de cada pessoa importa. Afinal, as pessoas são o motivo de existir das cidades, estados e países. É o nosso motivo de insistir na vida. E esse deve ser o motivo fundamental, essencial de toda ação para que a vida de todas as pessoas possa ser melhor, possa ser mais feliz. 

Assim, mudar o mundo só faz sentido se for para melhorar a vida das pessoas e consequentemente a nossa. O mundo não está um lugar nada fácil para se viver. 

É preciso coragem, muita coragem para fazer o que tem que ser feito. Dar a cara à tapa, insistir, teimar na fé, combater o mal não são missões das mais simples. 

Mas também não precisamos complicar tanto, nem se render à preguiça, ao pessimismo ou às narrativas que nos tentam empurrar como roteiros fechados. O enredo de existir é obra em aberto que não aceita verdades prontas da boca de facínoras ou de nossos próprios pensamentos que ocultam traumas. 

É admirável quem age no sonho de revoluções cotidianas, altruisticamente, mais do que propriamente para tentar ter fama. Fazer, promover o diferencial, somar, enxergar os invisíveis, acreditar no coletivo, enfrentar a omissão. É preciso coragem nessa profissão de fé que faz chamamento, urgente e necessário, para se combater as desigualdades, o preconceito, o ódio gratuito às mulheres, a marginalização da população LGBTQIA+. Proteção aos vulneráveis e desprotegidos, pois são eles (nós) que estão em risco permanente. Ensina essa profissão de fé que há situações que não se debate, se combate.     

Construir de forma coletiva, de fato, requer certa abnegação. Que sentido há no individualismo? Que vocação há na gana do poder? Que motivação apaixonante há na vaidade vazia? Nenhum para a primeira pergunta. Nenhuma para a segunda pergunta. Nenhuma para a terceira pergunta. Mas na resposta há sentidos que diferirão os que passarão daqueles que são bons e até invencíveis nessas pequenas grandes batalhas coletivas, para o coletivo e para si mesmo. 

Esses que sobrevivem nas suas profissões de fé podem até aparentar abatimento pela luta árdua e interminável, mas serão os que de fato herdarão a terra. Juntos! Esperançosos sempre, temerosos jamais! E há muito das lutas coletivas dentro dos nossos combates particulares consigo mesmo. Mas em ambos há um objetivo comum: alcançar a felicidade, se permitir a felicidade. E, não há felicidade plena se ao lado o irmão chora ou se não se está contente internamente. É preciso que você seja seu melhor amigo e da sua consciência também.   

As dúvidas são sementes paralíticas. Que essas sementes daninhas sejam arrancadas. Convoque para si, convoquemos para nós, coragem repleta de amor, do tipo que impede observar tudo passivamente. Injustiças são injustiças e têm que ser derrotadas com esforço incansável. Há que se preservar e garantir o maior dos direitos a todos: o de ser feliz, sem que se faça o mundo triste. 

A grandeza dos nossos sonhos nos concede garantias de que, através de nossas atitudes, toda luta vale à pena e pode e deve ser até prazerosa. Quando os propósitos se tornam maiores até do que a realidade vigente, não há nada que possa impedir a caminhada. Um passo de cada vez, hora veloz, outra mais lento – não importa – se convicto. 

 

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