Viva e deixe viver

Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

sábado, 08 de janeiro de 2022

Ninguém precisa da sua permissão para ser feliz. Tampouco, você precisa da permissão de alguém para ser feliz. Por isso, viva e deixe viver. É como diz a música: “Não há tempo que volte, amor. Vamos viver tudo que há para viver. Vamos nos permitir”.  

Os tempos atuais, de julgamento fácil, não pedem ainda mais fiscalizadores de rabo. O mundo necessita é de pacíficos e empáticos. De quem consegue dar a outra face. De quem estende a mão, inclusive, para o que não compreende. 

Como a vida seria mais leve se cada um pudesse ser pleno consigo mesmo. Como a convivência seria mais harmônica se a liberdade pudesse ser prática mais do que utopia.

Sabemos o que precisamos. Mas o preconceito acorrenta e a mera intenção da razão absoluta é chibata que dói no couro de quem ousa ser quem se é com o único objetivo de ser feliz. 

Ao conhecimento que mata, falta sabedoria. À fé que amordaça, falta espiritualidade. Às certezas do coração — coragem! Para ser quem se é, compartilhando o talento tão único que é exclusivo de cada um. 

Somos tão exclusivos que me pergunto: por que excluir? Como é possível não entender a diversidade que é o mundo? São tantos mundos particulares em um só mundo, com trajetórias tão peculiares a cada um que é incompreensível desconsiderar e desrespeitar a existência do outro, de suas escolhas, de suas formas de experenciar a vida. 

Marginalizar o que não se entende é uma maneira de torturar o outro. Inviabilizar a felicidade alheia é invisibilizar a existência de quem pode parecer diferente. Ao fim, todos só queremos o mesmo: viver feliz.        

“Só se vive uma vez”: por mais que seja clichê, poucos vestem esse mantra. Não há tempo que volte, mas se há vida — ainda há tempo para se viver. Não uma sobrevida. Mas uma vida que colecione alegrias e que faça das angústias trampolins para a plenitude. 

Aqui — grife-se — ser pleno não é chegar ao céu. Mas viver com a divindade da finitude que garante a urgência de amar e ser feliz. Talvez o céu seja aqui. Sem corrida maluca por uma terra prometida, mas sabendo que ao compasso do ponteiro do relógio, sempre será um segundo a menos. 

A eternidade não cabe em uma vida só. Se é essa a vida que temos garantia em ter, que a tratemos bem para que ela nos devolva o prazer de viver. 

Assim, sobreviver é pouco. Viver em espera igualmente é quase nada. Liberdade futura dói em quem não pode ser livre agora. Felicidade depois de amanhã é apenas promessa para quem sofre hoje. Tolerância é respeito futuro e o que se quer é respeito já! 

Viver livremente a felicidade é o imediato que se deve dar, por direito mais do que presente. Respeito a si, ao outro. Simples assim: viva e deixa viver!

 

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(Foto: Pexels/Pixabay)
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