Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

17/12/2022

Não vem de tão longe e se achega cada vez mais perto. Vem como fantasia de porta-bandeira, cheia de plumas multicoloridas, paetês brilhosos de sol e lua, com flâmula e tudo. Se despido, segue vibrante e concreto, bailando como se voasse pela avenida dos tempos que não envelhecem. 

Não há como voltar atrás. Até os mais incrédulos já enxergam. O que vem é repleto de poesia sábia que só os apaixonados podem declamar. Seus versos são de canção nova experimentada em tantas outras que entregam esperança encarnada na alma.

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10/12/2022

Acendo vela para meu anjo da guarda. Peço que me proteja, inclusive de mim mesmo. Que a luz, mais do que ilumine meu caminho, seja guia para esse encontro não só quando preciso. Peço diante da vela que eu possa ver o que não vejo, sentir o que preciso sentir, esteja atento aos pedidos do mundo e se for minha missão que eu possa cumpri-los. Rogo que a vaidade não me entorpeça e vigilante possa sequer flertar com a arrogância, sabedor de que a arrogância é o acúmulo da vaidade despercebida. 

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03/12/2022

Estrelas cadentes são meteoritos que entram na atmosfera terrestre e com a pressão do ar queimam na escuridão da imensidão — dizem os homens da ciência. Os seres da poesia dirão que são estrelas — como as que apreciamos no grande teto sobre nós — que findam e explodem como fogos de artifício.

De forma bela, encerram sua viagem pelo espaço e desabrocham em luz antes de se chocarem com o fim. Ao invés de despencarem até arrebentarem em solo, se desfazem luminosas, riscando o firmamento de claridade. 

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26/11/2022

Música é poesia traduzida em sons. Embalam histórias, enfeitam romances, conduzem conquistas, atenuam ou exageram dramas. Inspiram e se inspiram na vida. Acalmam a alma. Aquietam dores, mas também as fazem gritar, sair, encontrar seu próprio eco, para quem sabe escapulir ou mergulhar. Para se salvar. A mesma cólera que liberta, aprisiona. O que é se salvar? 

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19/11/2022

Obra de arte que o negro esculpiu, ritmo oficial da marca Brasil, tem seu berço na casa de Ciata. Dos batuques vindos da África, do ritmo marcado pelos corpos escravizados, mas revolucionários em manter suas tradições, ritos, espiritualidades – identidade. 

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19/11/2022

Obra de arte que o negro esculpiu, ritmo oficial da marca Brasil, tem seu berço na casa de Ciata. Dos batuques vindos da África, do ritmo marcado pelos corpos escravizados, mas revolucionários em manter suas tradições, ritos, espiritualidades – identidade. 

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02/07/2022

Eu sou vulnerabilidade e a admissibilidade de ser vulnerável. Sou a esquina, a paixão intrometida, o beijo de carnaval na dança da festa junina. Eu sou o vinho que não vinagra. Sou os verões que passam e as primaveras que fincam, raízes no varal dos dias de chuva, raízes no quintal das noites de sol. 

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25/06/2022

Pulei a fogueira de São João só para poder te ver mais de perto. Comprei maçã do amor na primeira barraca que vi para tentar curar essa ânsia que é gostar de alguém.

Dizem que saciar a fome acalma os desejos para além do corpo. Não sei. Talvez fique mais gordo. Em festas juninas, isso é ainda mais possível pela soma de tantas iguarias ao talante de dançar com você para além da quadrilha.

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18/06/2022

É sobre amor. É tudo sobre amor. Todas as músicas soadas na fina agulha do tempo; todos os filmes condensados nos projetores de nossos anseios; todas as cartas que, na pretensão de ocultar intenções, entregam mais do que se pretendia revelar; todos os discursos empunhados como espada ou escudo para motivar a ida ou o ficar. Todos os clichês que colecionamos e reproduzimos, mesmo atentos, para não ser comum. 

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11/06/2022

Meu amor, te conheço mesmo sem sequer saber seu nome, mas já suponho te adorar e ao adorar, te prometo cuidado. Sabe, sei que vamos nos entender, mesmo quando não concordarmos. Porque seremos sempre dois, indivíduos, mas nós. Não me iludo com essas tolices de perfeição, mas acredito na felicidade. 

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