Se percebendo de verdade

Camilla Fiorito

Conversas de Dentro

Camilla é friburguense e psicopedagoga. Adora escrever e trabalhar com desenvolvimento socioemocional. Nesta coluna, escreve sobre os encontros entre o social e o emocional - espaços onde a vida, por vezes, nos pede pausa, coragem e escuta.

quarta-feira, 02 de julho de 2025

Se perceber é um processo complexo, que demora. Desperta uma percepção de si mesmo que ficou esquecida, guardada a sete chaves no fundo de um baú que, em algum momento, perdemos o acesso.

Ao longo da nossa jornada, vamos divagando sem avistar todas as esferas da vida, inclusive a que nos envolve por dentro.

Mas será que nos percebemos sempre ou nos mascaramos boa parte do tempo?

Dia após dia, passamos por tantas coisas que, às vezes, o piloto automático está ligado e os sinais, até mesmo os mais sutis, passam despercebidos.

Olhar para nós mesmos com carinho, compaixão e acolhimento, da forma como merecemos, ainda parece distante de acontecer. É como um dia de tempestade intensa, com raios e trovoadas, que não tem hora para terminar.

Um ciclo que suga energia, desanima, traz medo, insegurança e tantas outras coisas que fazem com que nos guardemos dentro de um pontinho, do qual não conseguimos ou não queremos sair.

O espelho que faz parte das nossas horas mais parece uma parede empoeirada do que um lugar capaz de refletir aquilo que, muitas vezes, nem sabemos se queremos entender.

Ver o nosso reflexo, enquanto nos arrumamos para a correria do dia, não garante que aquilo que precisa ser visto seja encontrado.

Na maioria das vezes, apenas nos vemos, mas não nos enxergamos. E nos enxergar pede calma, disponibilidade de alma, requer tempo. Esse tempo que sabotamos diariamente.

E como enxergar, se não conseguimos parar de mascarar?

Quando passamos a priorizar o nosso tempo, começamos a nos enxergar com verdade. Tantas nuances vão surgindo ao nosso redor e dentro de nós, que aquilo que antes estava encoberto passa a se revelar como um dia claro.

O contemplar deixa de ficar perdido entre as poeiras que não percebíamos e que não fazíamos questão de tirar.

Mas limpar os espelhos com flanela pode demorar.

As marcas de dedos podem insistir em ficar e protelar para sair. Então, com delicadeza, desligue o movimento automático. Tente outra forma, conduza com cuidado e repare nas belezas que fazem parte da vida.

Quando desaceleramos e nos enxergamos de forma clara e sincera, conseguimos perceber até os pormenores que estavam escondidos.

Nesta hora, contemple-se. Seja você!

Se perceba com amor, valentia e autenticidade. Sem máscaras.

Até a próxima quarta!

Contato:

Site: www.camillafiorito.com.br / Instagram: @camilla.fioritoeduc

 

 

 

 

 

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Camilla é friburguense e psicopedagoga. Adora escrever e trabalhar com desenvolvimento socioemocional. Nesta coluna, escreve sobre os encontros entre o social e o emocional - espaços onde a vida, por vezes, nos pede pausa, coragem e escuta.

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