Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

23/12/2023

Peito aberto para as lembranças que passeiam, velozmente, por uma avenida repleta de luz. Lembranças de reuniões de família, união de amigos e canções. Não há época em que o ser humano é mais humano que no Natal. A ingenuidade invade e as declarações de amor se revelam em abraços e cartões. 

Não há preocupação com estar mais vulnerável, simplesmente isso não importa. Você está ali para os outros e os outros estão ali para você de peito aberto, coração escancarado para transbordar tudo aquilo que muitas das vezes se sente, mas se oculta.

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16/12/2023

O que eles verão? Deixa ver. Que o mar, apesar de parecer desaguar no infinito, se fantasia de horizonte. Entre o que parece e é, há toda imaginação. É fértil a ilusão e toda pretensão do que cria. Criatividade é uma bondade dos astros conosco. E tudo podemos e nada nos fortalece mais do que a fé na vida.

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09/12/2023

Nem todo dezembro é de graças, como nem todo fevereiro é de carnaval. Toda essa festa e toda essa intenção de fartura escondem muitas das misérias e também das riquezas humanas. Traz saudades imensas, algumas recheadas de dores profundas, outras de vivências que, apesar de impossíveis de se repetirem, são provas de que o amor habitou o peito. 

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02/12/2023

O samba, obra de arte que o preto esculpiu, ritmo oficial da marca Brasil, tem o seu berço na casa de Ciata. De artistas vindos de becos e vielas, de compositores de caixinha de fósforo nas mesas de bar, é de toda a nossa cultura, a música mais popular. 

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25/11/2023

O sobrenatural existe, eu sei. É muito mais do que tudo aquilo que não sabemos explicar. É a sensação de presença que temos. É o sentimento que invade. É o arrepio que dá e sobe pelos braços, abraça o pescoço, dá frio na espinha. Físico, mas quântico. Real, mas estranho. Desconhecido, porém reconhecível. 

Os céticos dirão que são coisas psicológicas. Os religiosos dirão que é fé ou falta dela. Os filósofos insistirão em perguntas para não responder. Os poetas apenas farão rimas, como se rima fosse pouco. Canção é tudo que há e irreversível é o que nos causa. 

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18/11/2023

Coragem? Temos de sobra. Medo? Também. Às vezes, o que não se tem é escolha. Com coragem ou medo é necessário enfrentar suas lutas exclusivas que, por mais que se assemelham às dos outros, é sua e só você pode mergulhar.

Seria fácil apenas dizer: vai! Aqueles tais 30 segundos de insanidade talvez seja o que se precise para ir. Os tais segundos que não pensamos em temor ou consequências, se faz o que precisa ser feito e que mais ninguém pode fazer por você. Resultado? É tudo que vem depois de decidir entrar no jogo. 

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11/11/2023

Quando foi que passamos a nos contentar com a mediocridade? Enxergamos, mas não percebemos. Escutamos, mas não ouvimos. Quem tapa os nossos ouvidos? Temos ou fingimos, (não sei), empatia com os que sofrem… longe. Aos de perto: naturalizamos.

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04/11/2023

Sorri, quando te vi pela primeira vez. Não sabia seu nome, nunca tinha visto seu rosto, mas sua alma já me habitava. O sorriso de quem tenta esconder o sorriso é tão engraçado que — na tentativa de disfarçar — se entrega. Contagia. Ao ponto de, despretensiosamente, arrancar o sorriso do outro. Em um possível sem fim me devolver o sorriso que emprestei, fazer você sorrir mais uma vez e passarmos a vida sorrindo. Por admiração, pela intenção não planejada de ser e estar junto driblando tudo o que possa cortar o sorriso, que não precisa necessariamente dos dentes sempre à mostra. 

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28/10/2023

“Já vou deixar registrado que se a Idade Média voltar, eu estou do lado das bruxas!” Eu também, cara bruxa da escrita, Clarice Lispector. 

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21/10/2023

Como podem existir milhões de mãos iguais e cada uma ser única? Nenhuma mão que existe ou existiu tem as mesmas impressões digitais. Os dedos alongados podem se assemelhar, o tamanho da palma pode até ser exatamente o mesmo, o formato das unhas pode ser igual, mas mesmo as mãos de gêmeos univitelinos têm desenho único, curvas exclusivas, incomparáveis.

Imagine que um mesmo artista pudesse pintar bilhões e bilhões de quadros, cada um com traços diferentes. Parece impossível. Mas não para a criação dessa maravilha que é a nossa espécie.

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