Árvores sangram e quando uma tomba sangra a alma da humanidade. Morremos, pouco a pouco, em suicídio coletivo. É uma morte cruel e lenta, própria das torturas.
Consciência ambiental é mais do que sinal de evolução. É o sentimento de ser parte de algo maior, integrar algo que extrapola a nossa existência, pois se perpetua para além da gente mesmo.
Árvores sangram e quando uma tomba sangra a alma da humanidade. Morremos, pouco a pouco, em suicídio coletivo. É uma morte cruel e lenta, própria das torturas.
Consciência ambiental é mais do que sinal de evolução. É o sentimento de ser parte de algo maior, integrar algo que extrapola a nossa existência, pois se perpetua para além da gente mesmo.
Árvores são pequenos planetas que abrigam uma infinidade de vidas, muitas das quais nossa visão limitada não permite ver. Mas mesmo que não vejamos, é sabido que todo o equilíbrio está até mesmo nos mais micros seres. E, sentimos na pele, as mudanças climáticas que seguem apenas o enredo que cada um de nós tem escrito. Somos vítimas de nós mesmos. Estamos nos torturando. A Terra pede socorro, grita! Nem é preciso tanta atenção para perceber.
Em nome do progresso, da ganância, da vaidade, rompemos o trato com a vida. É motosserra ferindo tronco, é machado rompendo caule, é queimada sujando a terra de sangue. Sangue de árvore, cuja tintura não vinga o desprezo do homem, pois é o próprio homem tirando de si, dos seus filhos, dos próximos que virão.
Da varanda de minha casa, tenho o privilégio de ver muitas árvores. Há uma em especial que quase entra na minha sacada. Ela tem braços longos, troncos marcados em tatuagens diversas, folhas com várias tonalidades de verde. Em algumas épocas do ano, tem pequenas flores e frutos. Recebe além do meu olhar, visitas de pássaros dos mais diversos que me acordam todas as manhãs e que me avisam a cada entardecer da despedida do sol. É um relógio prazeroso, ainda que todo relógio seja um aviso de que o tempo está passando.
Por mais que o tempo esteja passando para mim, para todos nós, para essa árvore, ainda não chegou a hora dela. Querem cortá-la. Seria apenas mais uma. Ora, vaidade para os olhares sensíveis de quem quer continuar apreciando-a todos os dias. Afinal, qual a importância de uma árvore?
A mesma importância das árvores derrubadas da praça, das inúmeras espécies assassinadas todos os dias, em todos os cantos, para limpar terreno, para cair menos folhas no quintal, para construir, para se livrar de supostos riscos, para dizer ao planeta quem é que manda!
Pois, as revoluções cotidianas se fazem com atitudes miúdas: parem! Permitam o ciclo natural seguir seu curso. Não sangrem mais uma árvore. Não me matem!
Pode parecer um manifesto, um manifesto de características panfletárias. Manifestos e panfletos, por mais justos, geralmente levam ao torcer de narizes, ainda mais em tempos de lutas para provar obviedades. Mas é tão óbvio que estamos nos suicidando. Somos a natureza ou parte dela, e, estamos contra ela, contra nós mesmos. Não podemos compactuar com os profetas da ignorância. Esses que trucidam a Amazônia, o Pantanal e se reproduzem nos que destroem nossa Mata Atlântica, nossas médias e pequenas florestas ou mesmo nos que cortam, em vão, uma árvore – repouso dos pássaros e sustento de tantas outras vidas.
Sustentabilidade não pode ser modismo, regeneração é necessidade urgente. Derrubar uma árvore é ceifar o futuro, é matar esse pouco de todos que ainda resta em nós. Portanto, preservar, recuperar, regenerar, conscientizar. Sangue de árvore, é sangue de gente, da gente mesmo.
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