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A anunciada tragédia contra a democracia

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A democracia fez o novo presidente da República eleito, Lula, por mais de 60 milhões de votos, derrotando Jair Bolsonaro, que obteve expressivos 58 milhões de votos. Mas, terminada a eleição, vimos grupos radicais crescerem, com protestos, ocupações nas ruas, episódios de violência e frequentes pedidos de ditadura militar.

Gestada e avisada durantes meses, desde a invasão da Polícia Federal em Dezembro do ano passado, a arruaça de Brasília era pedra cantada e contou com a omissão e o endosso das autoridades de todos os níveis das nações.

A democracia fez o novo presidente da República eleito, Lula, por mais de 60 milhões de votos, derrotando Jair Bolsonaro, que obteve expressivos 58 milhões de votos. Mas, terminada a eleição, vimos grupos radicais crescerem, com protestos, ocupações nas ruas, episódios de violência e frequentes pedidos de ditadura militar.

Gestada e avisada durantes meses, desde a invasão da Polícia Federal em Dezembro do ano passado, a arruaça de Brasília era pedra cantada e contou com a omissão e o endosso das autoridades de todos os níveis das nações.

Roteiro pronto

Em 2021, após o resultado das eleições gerais dos Estados Unidos, apoiadores do candidato derrotado nas urnas, Donald Trump, conduziram uma invasão ao congresso americano com as alegações de fraudes nas urnas e contra o resultado que teve como vencedor o então presidente, Joe Biden. O episódio ficou conhecido como a “Invasão do Capitólio”, que contou com quebra-quebra, invasão de prédios públicos e mortes.

Nos meses que antecederam à invasão, os americanos enfrentaram protestos de grupos partidários questionando a confiabilidade das urnas, documentos que alegavam uma tentativa de favorecimento estatal e judiciária ao candidato vencedor, agressões aos jornalistas da mídia ‘tradicional’ e discursos em tons acalorados clamando por interferência e tomada de poder. Soa parecido, não soa?

Sinceramente, em nada surpreende. O roteiro de uma suposta tentativa de golpe, com início, meio e fim já estava mais do que anunciado. O sentimento de uma tentativa atentatória contra a democracia brasileira já paira há meses, e quiçá mais, no território brasileiro e só não viu quem não quis – ou quem achou que fosse conveniente.

O Brasil tem uma ‘invasão ao Capitólio’ para chamar de sua. A simbologia é escancaradamente igual ou até pior. O roteiro é idêntico ao que aconteceu nos Estados Unidos com a derrota do presidente Donald Trump, com a única diferença de que lá, o poder público fez de tudo para evitar o pior.

Tragédia anunciada

Entristece saber que estamos diante de uma tragédia anunciada há meses e que todas as autoridades competentes, simplesmente desconsideraram, fingiram que não viram, fecharam os olhos e permitiram o cenário atual.

Desde os bloqueios nas estradas, com violência, em que a PRF não conseguia desmanchar - apesar de as torcidas organizadas de futebol desmontarem todos por onde passaram para assistirem os jogos dos seus times – até os pedidos de intervenção federal e o inventivo de golpe militar, que são crimes, mesmo sendo desarmados!

O escritor, Hamilton Ferraz, doutor em Direito pela PUC-Rio e professor da Universidade Federal Fluminense explica que a liberdade de expressão é fundamental para cada democracia, porém não deve nunca ser entendida como ilimitada e absoluta. Para ele, ofender, ferir, odiar, mentir e propagar ofensas, ódios e mentiras, é algo incabível em nosso regime constitucional.

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão. Nem toda fala, discurso ou manifestação podem ser tolerados. O grande limite à liberdade de expressão é o ponto em que seu exercício passa a ameaçar as liberdades e direitos de todos os demais - quando, então, já não mais se trata de ‘liberdade’, mas de crime.”

Devemos entender como “liberdade de expressão”, o direito que permite as pessoas manifestarem suas opiniões, sempre com respeito e veracidade de informações, sem o medo de represálias ou censura. Mas, não - em hipótese alguma - atentar contra uma democracia. Isso é crime, previsto em lei!

Ninguém é obrigado a gostar de alguém ou mesmo concordar com tudo que é dito, em ambos os lados: o contraponto é essencial e o que rege nossa vida. A única coisa que não é possível é uma pequena parte da população querer acabar com a nossa juvenil democracia que tantas vezes foi retirada na história brasileira.

Os barris de pólvora em forma de acampamentos e mensagens com pedido de intervenção federal, montados desde outubro na frente de quartéis generais do Exército - em que alguns chegavam a fornecer energia elétrica – eram um prenúncio do que viria a acontecer.

Todos que desrespeitaram e continuam desrespeitando a Constituição devem ser punidos. Se agentes públicos, demitidos ou exonerados. Os demais, devem responder à processos criminais na forma da lei. Não é possível deixar de aplicar as punições com rigor e fingir que não existem as leis vigentes que criminalizem o assunto e garantem a democracia.

Já se foi o tempo em que as ditas fakenews eram espalhadas e nos tiravam gargalhadas. Há 12 anos, pessoas em Nova Friburgo corriam morro acima com medo da forte correnteza da água de uma suposta represa que havia estourado. Hoje, sobem a rampa do Congresso para tentar dar um golpe de estado.

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O perigoso e lucrativo mercado das fake news

quarta-feira, 04 de janeiro de 2023

Quem nunca recebeu de alguém uma notícia claramente distante da realidade, em que pessoas veementemente acreditavam no que lá estava escrito? Nós, friburguenses, éramos para estar ‘vacinados’ contra a desinformação, especialmente após o célebre caso da “Represa que Estourou”, em 2011.

A verdade, é que vivemos uma epidemia informatizada e estamos tão vulneráveis quanto qualquer outra pessoa do mundo. Afinal, por que as “fake news” se tornaram um assunto que gera tanta preocupação no atual momento?

Quem nunca recebeu de alguém uma notícia claramente distante da realidade, em que pessoas veementemente acreditavam no que lá estava escrito? Nós, friburguenses, éramos para estar ‘vacinados’ contra a desinformação, especialmente após o célebre caso da “Represa que Estourou”, em 2011.

A verdade, é que vivemos uma epidemia informatizada e estamos tão vulneráveis quanto qualquer outra pessoa do mundo. Afinal, por que as “fake news” se tornaram um assunto que gera tanta preocupação no atual momento?

A expressão, em inglês, é popularmente usada para se referir a notícias falsas ou imprecisas, que na maioria das vezes, é divulgada na internet de maneira rápida e eficiente. Ao contrário de delitos que envolvem mentiras, como a calúnia, criar notícias falsas não necessariamente é um crime, o que facilita ainda mais a prática antiética.

Seja na saúde, na política ou mesmo na aplicação de golpes: tudo vale. Para atrair leitores, muito do que é produzido é uma desinformação baseada em fatos reais e escrita de forma a provocar medo e raiva, que acabam compartilhando a reportagem com outras pessoas.

Em geral, associa-se o mercado das fake news ao mundo político, no qual o interesse básico é construir – ou destruir – reputações. Isso é bem verdade, as notícias sobre políticos dão muitos “cliques”, mas o universo da desinformação vai bem além. Muita gente está no jogo por outro motivo: espalhar mentiras dá dinheiro.

Formado em Sistemas da Informação, o friburguense Rodrigo Machado é especialista em links patrocinados para empresas nas mídias sociais e explica que de centavo em centavo, a propagação de notícias falsas tornou-se um mercado muito lucrativo para quem faz o mau uso das ferramentas.

“As notícias falsas chegam até nós de muitos modos e com títulos chamativos, gerando interesse nas pessoas em clicarem nos links. Ocorre que a cada pessoa que acessa o site e passam pelos anúncios distribuídos pela página, centavos são gerados para o site. Com muitos acessos em diversas páginas, a renda pode chegar a milhões, isso só em publicidade, sem contar a venda de produtos”.

Mas o problema é ainda mais grave, pois as notícias falsas não afetam somente quem entra em contato com elas. O pior efeito  é o coletivo, porque elas acabam disseminando uma desconfiança generalizada contra as instituições, a própria democracia, meios de comunicação, grupos sociais, empresas e representantes políticos.

Para termos uma dimensão, vivemos uma epidemia digital, em que um relatório do Centro de Combate ao Ódio Digital, dos Estados Unidos, afirma que 12 dos principais influenciadores antivacina do país representam uma indústria de disparo em massa com receitas anuais de 36 milhões de dólares com anúncios. E afinal, que preço nós pagaremos pela desinformação?

Condicionados sem que percebamos

Você já notou que toda vez que acessamos algum conteúdo, seja uma reportagem ou um anúncio de produto que queremos, somos bombardeados pelo assunto sem que percebamos? Para ficarmos mais tempo nas redes, o algoritmo nos prende dentro de uma bolha, em que somente é mostrado aquilo que é do nosso interesse.

No conjunto, muitas dessas histórias fornecem uma visão falsa e distorcida e que propositalmente vão de encontro à nossa visão do mundo que entendemos ser o ideal. Afinal, tudo que nos move com emoção, nos tira o foco da razão. E assim, passamos cada vez mais tempo nas redes, vendo vídeos, reportagens e anúncios, que são pagos.

Não é difícil perceber que, uma pessoa que consequentemente cai em uma fake news, automaticamente, está mais propensa a receber esse tipo de conteúdo. Seja do lado A ou do lado B. Tiremos como exemplo, as centenas de pessoas comemorando nas ruas, por lerem falsas matérias de que os ministros do STF estariam sendo presos num golpe militar orquestrado pelo Exército.

Os aplicativos fingem tentativas para frear a propagação de desinformação: o Whatsapp, com a limitação do número de encaminhamentos de mensagens e sinalizarão os arquivos que estão sendo reenviados com frequência; o Facebook, Instagram e o Twitter borrando a informações descritas como falsas.  Por outro lado, as empresas vendem bilhões de reais em anúncio.

Enquanto o Brasil, ainda ensaia um projeto de lei para a criminalização das fake news, fiquemos atentos e tomemos cuidado com as fontes que estamos lendo. Caso contrário, em breve, estaremos novamente correndo morro acima, com medo da forte correnteza de água da represa estourada de Nova Friburgo. 

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Big Brother Policial: Câmera nas fardas da PMERJ

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A segurança pública foi uma das principais pautas abordadas pelos muitos candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro, durante os debates que antecederam as últimas eleições. Dentro desse tema, um assunto ficou em evidência e ainda vem gerando muita polêmica pelo Brasil afora: as bodycams, as câmeras usadas pelos policiais militares durante o patrulhamento.

A segurança pública foi uma das principais pautas abordadas pelos muitos candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro, durante os debates que antecederam as últimas eleições. Dentro desse tema, um assunto ficou em evidência e ainda vem gerando muita polêmica pelo Brasil afora: as bodycams, as câmeras usadas pelos policiais militares durante o patrulhamento.

Enquanto havia candidatos a favor dessa tecnologia como uma forma de coibir a violência policial e o abuso de autoridade, outros acreditam que a medida poderia gerar uma limitação da atuação dos agentes nas operações. E no fim das contas, como funcionam e porque vemos tão poucas pela rua?

COMO FUNCIONAM?

Um policial que usa a câmera não simplesmente aperta um botão ao entrar na viatura e segue com a sua rotina de trabalho. Antes, o agente deve seguir uma série de procedimentos, antes de seguir com o seu dia.

Ao ligar o equipamento, deve-se checar se está carregado e conectado ao sistema da Polícia Militar. Assim que for ligado, o aparelho não mais pode ser desligado durante o momento de serviço, ficando a maior parte do seu tempo, em stand by (modo de espera), sem a gravação de áudio.

A cada 30 minutos, um vídeo é enviado para a central de monitoramento, para que seja averiguado se o agente faz o uso correto do aparelho. A gravação do áudio poderá ser acionada pela própria central, independentemente da vontade do agente, quando há o deslocamento para o atendimento de uma ocorrência, por exemplo.

Além disso, a ativação do áudio deverá ser acionada pelo próprio agente, em momentos em que haja uso de força, abordagens, perseguições a veículos, fiscalizações de trânsito ou troca de tiros. A autoridade só poderá interromper a gravação quando não houver mais o “interesse policial”. Caso desligue antes, deverá explicações.

E ao final do serviço, após preencher um relatório e classificar todos os vídeos, o policial deve entregar o aparelho ao quartel. Todos os vídeos ficarão armazenados no sistema da Polícia Militar, que deverá fornecê-los por meio de pedidos judiciais ou pela própria ouvidoria.

RIO DE JANEIRO EM ATRASOS

Os atrasos recorrentes e problemas no serviço marcam o processo de implementação das câmeras nos uniformes de agentes de Segurança Pública do Estado. Ainda que exista decisão judicial que obrigue o governo a adotar o uso dos equipamentos, há relutância e ficamos para trás, se comparado aos outros estados.

O atual governador aprovou a lei que obriga o uso de câmeras nos policiais, mas em contrapartida, vetou os trechos sobre os prazos, deixando-os em aberto, sem qualquer previsão para amplo funcionamento. E apesar do discurso de transparência, impôs o sigilo de um (1) ano aos vídeos captados - sendo que este é o prazo máximo para armazenamentos do material. Ou seja, choveu no molhado!

O governo, por sua vez, ainda enfrenta dificuldades com a empresa vencedora do pregão que não consegue suprir a demanda, podendo haver uma nova licitação e mais morosidade ao processo. Diante de toda essa confusão, o STF determinou que seja estabelecido um novo prazo para implementação de todo efetivo.

UM MAL NECESSÁRIO?

Este ano ficou marcado por muitas coisas positivas que ocorreram. Contudo é inegável que também marcou pelos diversos vídeos amadores que demonstraram abusos policias. O mais famoso deles, o caso dos policiais da PRF que asfixiaram um homem dentro do porta-malas de uma viatura.

O Brasil registrou, em 2020, o maior patamar de letalidade policial já observado. Na época, os agentes de segurança pública foram responsáveis por 12,8% do total de mortes violentas no país. A adoção das medidas de monitoramento, tem se mostrado efetiva para a redução dos casos de abusos, mas é preciso ter atenção, é o que destaca Bianca Figueira, especialista em Direito Penal e Processo Penal.

“As gravações podem ser utilizadas em processos para elucidação dos fatos, trazendo mais legalidade e transparência, tanto para os presos como para os próprios policiais, que também podem ser vítimas de denúncias de falsos abusos. Ambas as partes ficam vulneráveis em situações extremas e precisamos zelar sempre pela aplicação da lei.”

Em São Paulo, com o sistema em vigor por algum tempo, os números apontaram para uma redução de quase 80% da letalidade policial nos batalhões em que foi empregada a tecnologia. Em contrapartida, os números também demonstram que os agentes públicos estão mais temerosos em realizar abordagens, temendo interpretações desfavoráveis ao seu trabalho.

Maior parte da população apoia a política de implementação das bodycams, mas será que somente isso será uma baliza para separar os bons policiais – a grande maioria – dos maus profissionais? Se as câmeras nas fardas serão uma solução ou uma problemática, só o tempo dirá.

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Os golpes crescem durante as compras de fim de ano

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Recentemente, um colega recebeu uma ligação de um número desconhecido. Uma gravação de voz que se identificava como uma linha pertencente a uma empresa bancária, ditando até seu CPF. O áudio afirmava que sua conta estava sofrendo com uma fraude e que uma determinada quantia de dinheiro já havia sido retirada.

Recentemente, um colega recebeu uma ligação de um número desconhecido. Uma gravação de voz que se identificava como uma linha pertencente a uma empresa bancária, ditando até seu CPF. O áudio afirmava que sua conta estava sofrendo com uma fraude e que uma determinada quantia de dinheiro já havia sido retirada.

No entanto, para prosseguir com o bloqueio imediato da conta, tornava-se necessário que fossem digitados os oito números da senha especial para dispositivos móveis pelo teclado do celular. Atordoado com o que estava acontecendo, dirigiu-se até o banco e adivinhe? Uma tentativa de fraude... por gravação de voz!

Às vezes me pergunto o que seria do antigo e famoso golpe do bilhete premiado da lotérica diante dos que existem nos dias atuais? As tramoias estão sendo reinventadas a todo o momento, tornando-se cada vez mais atrativas e próximas da realidade, para que, em momento algum a vítima desconfie do mal que poder vir a sofrer.

Antes, os golpes eram planejados para serem feitos pessoalmente, cara a cara. Depois, por meio dos e-mails e ligações. Agora, muitas vezes o golpe é realizado pelo aparelho que carregamos na palma de nossas mãos, nos momentos de descanso e desatenção.

As fraudes não estão restritas às redes sociais ou via Whatsapp. Ganhando caras novas, estão cada vez mais ousadas. O momento é de atenção, especialmente, neste período, para quem está realizando as compras de final de ano.

Atenção redobrada com compras (e vendas) de Natal

Os tempos de quarentena tornaram o mundo mais conectado à internet e consequentemente, um paraíso para os golpistas. Pesquisas apontam que mais de 13 milhões de brasileiros fizeram suas compras pela primeira vez na internet durante o ano de 2020.

Um estudo da empresa Kaspersky revelou que 40% dos consumidores que fazem compras após 16 de dezembro estão mais propensos a comprar presentes em sites potencialmente falsos, caso a oferta seja tentadora o suficiente. Contudo, como bons brasileiros, apenas 29% das pessoas terminaram suas compras até o dia 15.

No período natalino, com a facilidade de compras pela internet, os riscos de ataques ficam ainda mais em evidência, com supostas promoções que visam roubar as credenciais e dados pessoais dos compradores. Grande parte fraudes se dá por meio de sites falsos quem ludibriam os consumidores a acreditarem que fazem compras numa empresa confiável.

De acordo com dados obtidos pelo Serasa Experian, foram mais de quatro milhões de tentativas de fraudes no Brasil, em 2021. Isso quer dizer que, a cada sete segundos, há uma tentativa de fraude no país.

O delegado Henrique Pessôa, titular na 151º Delegacia de Polícia Civil, explica que os golpes realizados pela internet tiveram um aumento expressivo em todo o Brasil, cerca de 600% se comparado com os anos anteriores. E que em Nova Friburgo, a realidade não é diferente do que anda acontecendo por todo país.

“Hoje, tanto presencialmente como pelo boletim de ocorrência virtual, a delegacia de Nova Friburgo recebe, em média, 20 denúncias por dia. Os golpes mudam muito. Com muitas pessoas comprando presentes para o Natal, o momento é de redobrar a atenção, que deve ser diária!”

O mundo está cada vez mais plugado na internet e os golpes, estão aos montes nas redes. Basta dar uma curta navegada pela internet para encontrar anúncios que vão desde viagens internacionais com preços extremamente atrativos até a promoção incrível do presente que sempre sonhamos em darmos aos nossos filhos. Sempre suspeite!

O delegado Henrique Pessôa chama a atenção das pessoas e das empresas para os pagamentos realizados via boletos, os golpes nas redes sociais e as transações via Pix, que tem atingido um número grande de pessoas, inclusive alguns estabelecimentos comerciais.

“Sempre que for realizar um pagamento de um boleto, que pode chegar pelo seu e-mail ou pela sua caixa de correspondências, conferir se o beneficiário do pagamento será a empresa a que se destina. Se a oferta é tentadora demais pelas redes sociais, desconfie! Há ainda, a fraude via Pix, em que o cliente programa o pagamento para a data seguinte e logo após a compra, cancela o pagamento pelo seu aplicativo bancário. Em caso de golpe, alerte os seus conhecidos e denuncie sempre!”, alerta o delegado.

Ainda que os golpes aumentem no período de Natal, o cuidado deve ser redobrado o tempo todo. Uma hora, cansamos, relaxamos, abaixamos a guarda e podemos ser as próximas vítimas. É sempre preciso lembrar que do outro lado da tela sempre tem alguém mais esperto que você e que pode fazer uso de tecnologias que você sequer imagina que exista.

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Geração Canguru: presos nas casas dos pais

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Sair de casa dos pais é um marco importante e marcante de nossas vidas. Buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho. Sair para estudar fora, para trabalhar, para viver sozinho ou constituir uma família. As vezes, de forma repentina deixando um ar de saudades. E alguns, deixam o lar gradualmente, sempre presente para filar aquele almoço ou lavar uma muda de roupa suja.

Sair de casa dos pais é um marco importante e marcante de nossas vidas. Buscar a independência pessoal, seguir o próprio caminho. Sair para estudar fora, para trabalhar, para viver sozinho ou constituir uma família. As vezes, de forma repentina deixando um ar de saudades. E alguns, deixam o lar gradualmente, sempre presente para filar aquele almoço ou lavar uma muda de roupa suja.

Pelas mais diversas razões, muitas delas boas razões, há quem escolha fazê-la mais tarde e fique vivendo com os pais mesmo depois de ingressar no mercado de trabalho e ter até um bom salário. A lógica de caminhar com as próprias pernas tem ficado para trás, e vem dando espaço à chamada "Geração Canguru".

‘Geração Canguru’ é o nome dado ao grupo de jovens entre 25 e 34 anos que têm adiado a saída da casa dos pais. Trata-se de uma tendência em ascensão no mundo, mas que se reafirma ainda mais na América Latina, e em especial no Brasil. Embora, parte desses adultos já trabalhe, morar só ainda não é uma opção.

Afinal, qual é a hora certa de ir embora da casa dos pais? Essa pergunta ganhou novos contornos em função da pandemia de Covid-19 e seus desdobramentos. Os motivos que mantém esses jovens presos ao ninho são diversos: mais anos se dedicando aos estudos, o custo alto de vida, os baixos salários em início de carreira e os fatores emocionais.

Estudos realizados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que se há 12 anos, um a cada cinco jovens ainda residia com seus progenitores, essa proporção agora aumentou: um a cada quatro ainda vive com os pais, sendo maior parte, homens e residentes no Sudeste, onde o custo de vida é o mais caro do Brasil, especialmente nos grandes centros.

O estudo aponta ainda que os jovens que moram com os pais tendem a ser mais escolarizados do que aqueles com a mesma faixa etária que moram sozinhos. Com mais anos de dedicação aos estudos nas faculdades e nos concursos públicos, a juventude cada vez começa suas atividades profissionais mais tardiamente e consequentemente, mais tardiamente se estabelece no mercado de trabalho.

O que se percebe é que para muitos jovens realmente é difícil conciliar trabalho, estudo e, ainda, ter uma casa para cuidar com todas as responsabilidades embutidas. As prioridades dos jovens também estão mudando. Muitos preferem gastar com viagens do que pagar aluguel, outros investem em bens de consumo.

Ao contrário do pensam, morar com os pais não está necessariamente atrelado a estar desempregado. O mais inquietante é que grande parte dos jovens não estão mais tendo mais a escolha de morar só nos dias atuais.  Para muitos é uma necessidade. Até que enfim... consigam se estruturar financeiramente e seja capazes de arcar com os gastos de uma casa, sozinho.

Estamos lidando com uma mudança geracional, e isso é inegável. Hoje, ao contrário da realidade dos anos 90, os adultos não se casam tão cedo. Casamento que na vida de muita gente, marcou um divisor de águas entre a meninice e as responsabilidades. Hoje, a vida matrimonial tem sido deixada para escanteio e o foco se tornou a vida profissional, as experiências de vida e viver com menos responsabilidades.

E há quem tenha insegurança, o medo dos desafios da vida adulta, de crescer e lidar com as responsabilidades. A incapacidade de crescer e adquirir comportamentos visto como adultos. Para muitos, está atrelado à Síndrome de Peter Pan, em que muitos adultos querem viver a vida sendo verdadeiras crianças. Será?

Há ainda quem fale sobre a Síndrome do Ninho Vazio, em que os pais que antes tinham como principal responsabilidade cuidar dos filhos, se veem livres dessa obrigação e geram um período de luto e tristeza. E para evitar que isso aconteça, não pressionam seus filhos a saírem de casa, para sempre, terem a proteção de ter quem amamos debaixo das nossas asas.

Os jovens tem se preparado mais para sair de casa e evitar as dificuldades financeiras da vida cara ou apenas acabam se acomodando debaixo das asas dos pais? Os jovens adultos estão menos preparados para o mundo e vivem como crianças ou os pais que cada vez mais querem ter os filhos por perto? Ou simplesmente, o mundo mudou?

Fato é que a música da dupla Zezé di Carmago & Luciano, sucesso sertanejo, que fala da dor dos pais em ver seus filhos indo embora: “mas ela sabe que depois que cresce, o filho vira passarinho e quer voar (...)” , está cada vez mais perdendo o sentido. A geração de passarinhos que fogem da gaiola se transformou na conhecida Geração Canguru.

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Deveria parecer óbvio, mas não é!

quarta-feira, 07 de dezembro de 2022

Você se lembra do seu primeiro dia de aula na escola? Enquanto alguns eram mais soltinhos, eu era daqueles que se agarrava na barra da saia da mãe e implorava para que não fosse deixado no meio daquele monte de crianças que corriam e gritavam. Talvez eu só me recorde desse dia por esse pequeno “trauma” de infância, mas hoje, olho para trás e agradeço.

Você se lembra do seu primeiro dia de aula na escola? Enquanto alguns eram mais soltinhos, eu era daqueles que se agarrava na barra da saia da mãe e implorava para que não fosse deixado no meio daquele monte de crianças que corriam e gritavam. Talvez eu só me recorde desse dia por esse pequeno “trauma” de infância, mas hoje, olho para trás e agradeço.

Não se engane: a criança que chega à escola, mesmo que pequenininha constrói suas primeiras vivências e amizades. Mais tarde, o ensino fundamental e ao temido ensino médio, que nos prepara para os futuros desafios da vida adulta. E aos que continuam por essa jornada, encontram pelo caminho as faculdades, cursos técnicos e especializações que nos direcionam ainda mais para o mercado de trabalho.

Talvez, pela correria do dia-a-dia não paramos para refletir, o quanto de oportunidades foram proporcionadas e portas que foram abertas pela nossa vida acadêmica. E aos que, pelos motivos da vida, não tiveram ou aproveitaram essa oportunidade, o lamento uníssono de que tudo poderia ter sido diferente.

“A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo” é o que diria Paulo Freire. Todos nós já mais que sabemos do seu valor, mas será que estamos nos dedicando às essas instituições tão importantes? Devêssemos, talvez, nos dedicar um pouco mais de nossos esforços, olhos, ouvidos e atenção ao que vem acontecendo com o setor.

MEC “respira” com ajuda de aparelhos

Doloridamente, há pouco menos de um mês para o encerramento do ano, o Ministério da Educação praticamente já encerrou suas atividades, trazendo ainda mais incerteza sobre os rumos da educação do país, em meio à rombos financeiros e insegurança sobre os dias que virão.

A pasta explicitou que não terá dinheiro para comprar os livros didáticos, o que irá atrapalhar o início das aulas do ano que vem. Esse prejuízo chegará à grande parte das repartições de ensino do país, sejam creches, escolas públicas a as universidades, que recebem verba da pasta para suas atividades.

Bom, e não falta dinheiro somente para a pasta. Há quem irá trabalhar e não terá a certeza de uma ceia de Natal tranquila. O órgão já alertou, em todas as letras, que não há orçamento suficiente para pagar todos os trabalhadores dedicados no mês de dezembro e que as consequências deverão se estender para os próximos meses.

Atualmente, cerca de 14 mil médicos residentes espalhados pelos hospitais de todo país, inclusive da nossa região, já foram notificados de que não receberão o seu salário do mês de dezembro. E não somente, mais de 100 mil bolsistas do Capes, dentre estudantes e pesquisadores, que também sofrerão com o calote às vésperas da ceia natalina.

É triste ver que enquanto o país celebrava com a Seleção Brasileira em jogo contra a Suíça pela Copa do Mundo, um novo corte de gastos na bagatela de R$ 1,68 bilhão foi anunciado. E se anteriormente, o funcionamento de universidades, pesquisas e assistências já caminhava com dificuldades, agora se torna inviável.

Não há dinheiro para pagar sequer os funcionários, sejam concursados ou terceirizados. Os prejuízos vão para além do ensino, atingindo hospitais universitários, clínicas de saúde social - como psicologia, psiquiatria e odontologia como é o caso da nossa cidade. Mesmo você, que já encerrou seus estudos, também pagará essa conta.

O único que parece não se mostrar tão preocupado até então, é próprio ministro da Educação, que nas vésperas de uma reunião com o Ministério da Fazenda para buscar de soluções para esse caos, desmarcou sua agenda, e foi à Paris participar do Comitê de Políticas Educacionais para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Ironia?

Enquanto escrevia essa coluna, me indaguei: “Será que já não é batido falar que educação é essencial? Afinal, todo mundo já está cansado de saber...”. E cada vez que me sento para ler sobre o assunto, vejo que para muita gente, por mais pareça óbvio, para muitos governantes, ensino de qualidade não é prioridade. 

Enquanto não pararmos para repensar o nosso sistema de aprendizado como uma grande construção, não teremos sucesso. Para levantarmos algo sólido e firme, como um prédio, precisamos preparar bem as estruturas para o que vem acima. É a parte mais importante da obra. Se ela falhar, tudo cai e desmorona.

No Brasil, educação tem que parar de ser enfrentada como gasto, e ser encarada como investimento ES-SEN-CI-AL. Enquanto continuarmos cavando masmorras à essas instituições, de nada adianta tentar subir vigas, colunas ou paredes que elevarão esse país à um lugar melhor.

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O brasileiro envelhece com dificuldades

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Todos nós já ouvimos falar que possuímos um roteiro pré-estabelecido em nossa vida na Terra: nascemos, crescemos, nos reproduzimos, envelhecemos e morremos. Talvez esse seja o ciclo natural para qualquer outro vivente do planeta, mas para nós, humanos, essa trajetória é diferente, levando uma pitadinha de sal a mais nessa receita.

Todos nós já ouvimos falar que possuímos um roteiro pré-estabelecido em nossa vida na Terra: nascemos, crescemos, nos reproduzimos, envelhecemos e morremos. Talvez esse seja o ciclo natural para qualquer outro vivente do planeta, mas para nós, humanos, essa trajetória é diferente, levando uma pitadinha de sal a mais nessa receita.

A verdade é que nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, compramos coisas e pagamos impostos. Nos reproduzimos, trabalhamos mais e pagamos contas intermináveis... e quando finalmente chegamos a nossa velhice, tudo que construímos durante anos, ainda sim não é o suficiente por tudo o que fizemos e contribuímos.

A realidade é que a população brasileira está envelhecendo cada dia mais. Para termos uma noção, a expectativa é que a partir de 2039, o Brasil possua mais pessoas idosas do que crianças em toda a sua configuração populacional. Mas será que nós, como país, estamos nos preparando adequadamente para esse cenário? A resposta é obvia: não!

Dificuldades financeiras e nome “sujo”

Já é uma realidade cotidiana que as pessoas tenham um segundo emprego ou mesmo façam ‘bicos’ para poder não contar apenas moedas no fim do mês. Ainda sim, muitas famílias não conseguem se organizar financeiramente, e um dos motivos é a inflação galopante que vivemos. A nossa vida está extremamente cara, é fato inegável!

Bom, e se está cara para quem está no mercado de trabalho, imagine para quem recebe apenas uma aposentadoria, que por sinal foi milimetricamente reajustada nos últimos anos. A equação não bate e o cenário, não poderia ser diferente: os idosos cada dia mais enfrentam dificuldades financeiras.

De acordo com um levantamento realizado pelo SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), mais da metade dos idosos do país se endividaram com alguma despesa nos últimos seis meses e estão com seu nome “sujo”. As contas de luz, cartão de crédito, água e IPTU lideram as despesas não pagas por essa população.

 Dentro desse triste cenário, a diminuição do poder de compra, a falta de organização financeira e o encarecimento dos planos de saúde - visto por muitos, como indispensáveis – são um dos motivos. O padrão de vida tem caído bruscamente para a terceira idade que busca no mercado de trabalho, um desafogo.

Mercado de trabalho: uma necessidade

Pensar nos idosos voltando ao mercado de trabalho pode parecer algo inusitado. Afinal, não é esse o sentido da aposentadoria? Os dias atuais reforçam que não mais. Quem não tenha construído uma boa condição financeira ao longo da vida ou tenha um familiar que ajude nos gastos essenciais, o cenário é de dificuldades.

Para muitos, trabalhar é para distrair e não deixar a cabeça ociosa e depressiva. Para outros é necessidade. Fato é que cada dia mais, os idosos adiam sua saída do mercado de trabalho. Quase 25% da população já aposentada, ainda continua em atividades profissionais.

E ainda há aqueles que se aposentaram e diante das necessidades financeiras, tentam se reinventar e ensaiar um retorno ao mercado de trabalho, dominado pelos jovens da geração Z. O caminho é difícil devido ao cansaço, à saúde e pelo preconceito contra os mais velhos, que impossibilita esse retorno financeiramente necessário para muitos.

Sistema de saúde falha com os idosos

A nutricionista com especialidade em nutrição funcional, Aimée Madureira Campos, explica que com o aumento da longevidade da população, as políticas públicas devem ser diferenciadas e prezar para uma construção no presente, de um futuro não tão distante. Segundo ela, necessitamos olhar com mais cuidado para a melhor idade.

“As políticas públicas focam sempre no combate de doenças por meio de remédios e tratamentos, mas não olham para a causa desses problemas. Sabe aquele ditado de que é melhor prevenir do que remediar? Sem investimento em profissionais habilitados a prevenir doenças e sem boas condições para uma boa alimentação, a população cada vez envelhecerá mais doente.”

Diante de todo esse cenário de envelhecimento da população, percebemos o Brasil não está se preparando para enfrentar as consequências desse fenômeno natural nas próximas décadas. As políticas públicas já não se mostram tão eficientes para sanar muitas dificuldades atuais e quem dirá aos que aparecerão ao longo dos anos.

Muitas vezes, é necessário empatia, para que olhemos para uma parte da população que apesar de ser vista, passa despercebida pela nossa ignorância. Todos nós um dia envelheceremos, mas só nos damos conta das necessidades, quando chegamos lá.

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Precisamos falar da revolução no Irã

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Hoje, todo o mundo celebra e vibra com a Copa do Mundo, que nos alegra a cada quatro longos anos. Nós, brasileiros, então, apaixonados por futebol, acompanhamos ansiosamente os jogos da nossa seleção, na expectativa de bons resultados e até mesmo na conquista do hexacampeonato.

Hoje, todo o mundo celebra e vibra com a Copa do Mundo, que nos alegra a cada quatro longos anos. Nós, brasileiros, então, apaixonados por futebol, acompanhamos ansiosamente os jogos da nossa seleção, na expectativa de bons resultados e até mesmo na conquista do hexacampeonato.

Ultimamente, evitamos falar de algo que não esteja relacionado com futebol. Deixamos de falar da Guerra da Ucrânia e diminuímos um pouco a nossa animosidade em relação às incertezas da política brasileira. Todos nós, sem exceção, nos alienamos um pouco com todo esse clima de alegria e festividade. Mas o mundo deve dedicar olhos, ouvidos e muita atenção ao Irã.

Um olho na Copa e outro nos protestos

A seleção de futebol do Irã foi à Copa do Mundo no Catar em meio a uma onda de protestos contra o seu governo. Na estreia dos jogadores contra o time da Inglaterra, na última segunda-feira, 21, o time do Irã se recusou a cantar o hino. O gesto certamente, durante o maior evento de festividades do mundo, não passou despercebido.

O Irã vive sua maior onda de protestos, em uma escala que já não era vista há mais de 40 anos. As manifestações começaram há 50 dias como uma forma de denunciar a violência contra as mulheres no país e se tornaram o desafio mais sério ao governo desde a revolução Islâmica de 1979.

O estopim foi em resposta à morte de Mahsa Amini, uma jovem moça de apenas 22 anos que havia sido detida pela polícia da moralidade por supostamente violar as rígidas regras do país, que exigem que as mulheres usem um lenço na cabeça que cubram os cabelos, conhecido como hijab.

Durante a abordagem, Mahsa teria sido golpeada propositalmente com um cassetete na cabeça. Imagens da jovem desfalecendo na unidade policial tomaram conta das redes sociais do país. A jovem, que tinha apenas 22 anos, ficou em coma e morreu, gerando grande levante de protestos, em sua maioria mulheres.

Abandono do Hijab e pichações

Acredite ou não, mas nem sempre as mulheres eram obrigadas a hijab. Após a revolução islâmica no final dos anos 70, o lenço foi instituído pelo novo governo e tornou-se símbolo de uma dura repressão religiosa imposta às mulheres. Retirar o véu ainda é contra a lei.

Contudo, nas últimas semanas, um levante foi montado e as iranianas desafiam as rígidas regras sobre cobrir a cabeça. Uma onda de mulheres inconformadas com a imposição, em meio a protestos, ocupa as ruas do país numa luta por mudança. Afinal, no Irã: uma mulher é vista como a metade de um homem. Ou até menos!

Não só com as mulheres, mas os movimentos revolucionários tocaram toda população jovem, também luta contra o regime. Crianças em idade escolar, adolescentes e jovens adultos estão entre os grupos mais ativos, que cantam músicas antigovernamentais, queima de fotos do líder do aiatolá Khameni (livro de interpretação radical do islã) e pichações com o rosto dos mártires nas ruas da cidade.

Respostas violentas do governo

Todo dia um novo enterro, jovens que são carregados até a sepultura por suas famílias e amigos. Mas também há crianças que acompanham as mães até a sepultura. Essas imagens difíceis de suportar marcam há semanas as notícias no Irã pelo mundo.

Até agora, são pelo menos 270 iranianas e iranianos, entre os quais 30 crianças, foram espancadas até a morte ou fuziladas, por terem ido às ruas, em meio as manifestações. Assassinado por lutar por valores liberais e em favor da democracia. Gente que quer viver segundo esses valores, paga com a vida, segundo o conservadorismo árabe.

Ao lado das faculdades, cemitérios são agora os maiores locais de protestos contra o governo. Gente cujas famílias sofrem pressão ou são presas, para prestar confissão pública sob tortura, para afirmar que seus filhos morreram de parada cardíaca, derrame cerebral ou suicídio. O governo do Irã a todo tempo culpa os ocidentais por motivarem os protestos e lutam com armas contra a população que usa apenas a voz.

Em contra partida, damos atenção à ocupação da Ucrânia, à Copa do Mundo no Catar e suas violações aos direitos, mas quase não vemos sobre o Irã nos meios de comunicação. É uma tapa na cara não falarmos sobre um regime prende, violenta, fuzila e espanca até a morte meninas de escola, no momento em que o Irã passa por uma das suas maiores revoluções - se não a maior – de todos os tempos.

Enquanto isso, as pessoas no Irã percebem que mesmo aquelas que não são engajadas na política podem ser mortas por nada. Isso a faz lutar por esperança. É olhar para o passado e para o presente e não querer que isso se repita no futuro. É o desafio que supera o medo!

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Arte de rua luta por espaço

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

As calçadas se transformam em ateliês. As superfícies de concreto viram uma tela. Os muros de contenção que nos trazem tristes lembranças de uma tragédia, agora nos prendem a atenção com arte. O preto e branco do nosso dia-a-dia dá lugar a cores aos espaços que passavam desapercebidos e se encheram de vida.

As calçadas se transformam em ateliês. As superfícies de concreto viram uma tela. Os muros de contenção que nos trazem tristes lembranças de uma tragédia, agora nos prendem a atenção com arte. O preto e branco do nosso dia-a-dia dá lugar a cores aos espaços que passavam desapercebidos e se encheram de vida.

A arte urbana (arte de rua; street art,), para quem não conhece, representa um conjunto de movimentos culturais que acontece nas ruas das grandes cidades do mundo. Muitas vezes ocorre de forma discreta, mas cria uma fusão entre a arte, o discurso crítico do cotidiano social e a paisagem urbana caótica.

É quase que instatâneo que muitas pessoas assemelhem a arte de rua ao grafite, que são os grandes murais pintados em pontes, prédios e encostas de concreto. Contudo, o que muita gente desconhece é que diversas linguagens fazerm parte dessa cultura que a cada dia cresce por todo mundo.

Seja através das rodas de rima, os grupos de dança de hip hop, os cantores de rap, as estátuas humanas, os malabaristas, os cartunistas, a poesia nas praças ou através da produção de música, esse nicho artístico se diversifica e cada dia mais nos atinge sem que, muitas vezes, sequer percebamos.

Em sua origem, a produção da arte urbana está estritamente ligada às minorias, à luta pelo racismo e ao combate às desigualdades sociais através de projetos que foram criados pelas minorias numa tentativa de terem as suas vozes ouvidas. É o que explica Douglas Santos, diretor do grupo Laborative, empresa de dança da cidade:

”Hoje, o conceito se ressignifica e atinge a sociedade como um todo, mas sem perder a essência da sua origem de luta. Sempre costumo dizer que o grafite passa uma mensagem crítica sem ter algo escrito, o rap dá o seu recado através de rima e a dança é uma mistura dos dois. Mas essencialmente melhor do que todos separados, são todos juntos ocupando os mesmos espaços.”

Engana-se quem acredita que produzir arte urbana é facil. Além de muito talento envolvido, muitas das exposições de arte fora das galerias e dos museus ainda sofrem com as barreiras daqueles que a consideram ilegal, vandala ou marginal. Há quem equivocadamente à atribua ao consumo de drogas ilícitas. Para muitos, nem é encarada como profissão e sim como ”bico”.

 O diferente por vezes choca e gera resistência da sociedade. O samba, um dos maiores movimentos culturais do Brasil, começou nos entornos das cidades, perseguido e classificada por muitos como arte de ”malandro”. E hoje, sediamos o maior carnaval do mundo, com milhares de turistas e geração de empregos. Ironia, não?

Romper as barreiras do preconceito é sempre uma tarefa árdua. Na nossa cidade há um interessante projeto que leva explicações, oficinas, intervenções culturais à escolas e comunidades de nossa cidade, chamado Icau, é o que explica João Pedro Marotti, produtor cultural, que desabafa: ”O projeto foi criado pelo Victor Fischer para romper as barreiras do preconceito e é feito através de um coletivo de artístas, contando com oficinas de beat-box, dança, dj’s e até a produção de murais de grafite nas escolas. Realizamos esse projeto sem nenhum incentivo financeiro público ou privado, por entendermos a necessidade da arte urbana serem expostas e rompendo os preconceitos.”

Eduardo Kobra é outro artísta que trouxe sua linguagem para as novas esferas do planeta e ficou extremamente famoso por seus murais expostos em grandes centros mundiais. O seu mural na zona portuária do Rio de Janeiro, entrou para os livros do recordes como o maior mural do mundo e encanta à todos pela beleza e pela mudança visual no local.

Fato é que todos os anos perdemos dezenas de artistas talentosíssimos, rumando aos grandes centros, devido a falta de incentivo à projetos culturais, de valorização e manuntenção de núcleos de arte, como é o caso do Teatro Municipal. Estamos perdendo grandes potenciais artísticos e acima de tudo nos tornando uma mera exportadora de talentos.

A conquista do espaço público, a coragem para protestar, a poesia em meio ao caos e a democratização da arte fazem parte da luta da arte urbana. Todas essas características aliadas ao potencial em contruirmos nossa cidade mais reflexiva, feliz, colorida e bela são fundamentais para nos destacarmos ”Além das Montanhas”.

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Precisamos enxergar o turismo como negócio

quarta-feira, 09 de novembro de 2022

Os dados não mentem. O turismo, assim como o setor de eventos, foi um dos setores mais afetados pelas restrições adotadas no ápice da pandemia da Covid-19. A necessidade do isolamento social para conter a doença e as dificuldades financeiras das familias contribuíram com os prejuízos do setor.

Os dados não mentem. O turismo, assim como o setor de eventos, foi um dos setores mais afetados pelas restrições adotadas no ápice da pandemia da Covid-19. A necessidade do isolamento social para conter a doença e as dificuldades financeiras das familias contribuíram com os prejuízos do setor.

É um comportamento esperado e normal em momentos de crise. Despesas com viagem e lazer são as primeiras da lista a serem cortadas dos orçamentos familiares nos períodos de dificuldades econômicas. E a retomada, por mais que ensaiemos uma tentiva de retorno à normalidade como conhecíamos, não é facil e está cercada de desafios.

A importância do turismo para o desenvolvimento da economia ainda é pouco compreendida no Brasil. Os números demonstram em determinados aspectos que o país ainda peca, e há pouco tempo, ocupava a 129ª posição no ranking de Competitividade de Viagens e Turismo do Fórum Econômico Mundial em um relatório que avaliou 136 países diferentes.

Infelizmente, um país como o nosso de grandezas continentais, lugares paradisíacos e com a beleza sem igual, ainda ‘patina’ na busca de um planejamento sólido e eficaz para o setor, que não é visto como prioritário. O que é uma pena e um disperdício do nosso potencial econômico.

 Acelerando com o pé no freio

A demanda pelo turismo, no entanto, não desaparece. Tão logo pessoas e empresas recuperam um mínimo de confiança financeira, ressurge o anseio humano – e a necessidade profissional – por novos ares, novas ideias, novos destinos para desbravar. E não à toa, o setor tem reagido ”positivamente” no período pós-Covid.

Desde o início da pandemia, o setor conseguiu alcançar resultados parecidos ao de 2019, segundo o IBGE e a Confederação Nacional do Comércio. Todavia, a retomada à pleno vapor tem sido freada pelos entraves da alta das passagens aéreas, seguida da inflação e pelo custo da gasolina. Apesar do olhar otimista para o futuro, o turismo ainda acumula um prejuízo na casa do R$ 515 milhões no país.

Turismo acelerado: benefício geral

Fato é que o turismo, desde que bem trabalhado, pode ser uma excelente fonte de renda para o municípios e todos seus habitantes. Os setores de passeios, hospedagem, não são os únicos beneficiários. Em geral, bares, restaurantes e comércio também saem ganhando com o fluxo de amantes da viagem.

Para Aiã Reis, um dos organizadores dos Jogos Universitários Friburguenses (Junfri), os benefícios se estendem alem da prática desportiva, da geração de empregos e ao evento, mas atingem positivamente a toda a população friburguense, direta e indiretamente.

”O Junfri existe desde 2009 com a chancela do saudoso Felipe Malhard. Temos a honra de receber milhares de universitários em nossa cidade. São quase 2.500 pessoas diretamente ligadas ao evento, trabalhando ou nos visitando, durante quatro dias. Além disso, é sempre importante lembrar que as pessoas que vem de fora, se alimentam, se hospedam, pegam táxis, aplicativos de transporte, compram roupas e injetam dinheiro na nossa cidade, tanto no evento como fora”, observa Aiã.

Do mesmo modo, a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, fechou bons negócios na seara do turismo reunindo congressos, simpósios e conferências. Os eventos deste tipo cresceram 490% na cidade, em comparação com 2021. O segmento gerou mais de US$ 217 milhões (aproximadamente R$ 1 bilhão) à economia da capital fluminense entre janeiro e outubro de 2022.

 Todas as atividades turísticas são importantes para o desenvolvimento social e econômico das cidades e da população. Os hoteleiros, empregam mais gente e alavancam a produção de produtos que hoteis demandam. O comércio ganha fôlego, com os viajantes que adoram lembrancinhas, doces e experimentar a gastronomia local. E a população se envolve na revitalização de espaços antes mal aproveitados, que passam a oferecer entretenimento.

Os pontos turísticos tornam-se motivo de orgulho para os nossos habitantes que aproveitam as oportunidades de descanso, lazer e sobretudo, de investimentos. Ou seja, empregos. Mais dinheiro circulando na cidade, melhorias, enriquecimento da população... negócios!  

Em busca da plena recuperação do setor e ares de esperança nos tempos futuros, precisamos olhar com um carinho especial para esse segmento. Façamos mais festas da cerveja – que foi um sucesso -, sediemos mais congressos em nossa cidade, exploremos mais o nosso turismo radical e ecológico. Até porque, como muitos dizem e eu reafirmo, temos muito mais potencial turístico do que muitas cidades famosas do Sul. 

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