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Pouco crescimento da população e seus riscos

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Dados mostram que população brasileira tem aumentado, mas em ritmo mais lento em 150 anos. A taxa média de crescimento anual da população brasileira atingiu, entre 2010 e 2022, o menor nível da série histórica. É o que mostram dados do Censo 2022, divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo IBGE.

Dados mostram que população brasileira tem aumentado, mas em ritmo mais lento em 150 anos. A taxa média de crescimento anual da população brasileira atingiu, entre 2010 e 2022, o menor nível da série histórica. É o que mostram dados do Censo 2022, divulgados nesta quarta-feira, 28, pelo IBGE.

De acordo com o levantamento, o avanço no número de habitantes no país foi de apenas 0,52% por ano ao longo dos últimos 12 anos. Até então, o menor crescimento anual havia sido registrado entre os anos 2000 e 2010, quando o índice ficou em 1,17%. Desaceleramos o crescimento populacional brasileiro.

Teremos mais avós que netos

Devido às melhorias proporcionadas pelo aumento da qualidade de vida do mundo, as pessoas estão vivendo mais. De modo inversamente proporcional, devido aos altos custos que demandam uma criança e ao planejamento familiar cada dia mais tardio, as famílias estão tendo menos filhos.

Um, dois, e quando muito, três. Às vezes, até nenhum. De vez em quando, pais de pet. É a nova realidade da família moderna. Em 1960, a taxa mundial de fecundidade era de quase cinco filhos por mulher, segundo o Banco Mundial. Quase 60 anos depois, esse número caiu pela metade, para apenas 2,4.

Por outro lado, os avanços socioeconômicos galgaram a passos largos, beneficiando muita gente que nasceu nesse período. Em 1960, as pessoas viviam em média pouco mais de 52 anos de idade. Passados os mesmos 60 anos, a expectativa de vida atual atingiu 72 anos em 2017.

De acordo com um estudo realizado pela ONU, atualmente existem 705 milhões de pessoas acima de 65 anos contra apenas 680 milhões entre zero e quatro anos. Pela primeira vez na humanidade estamos vivendo em uma sociedade com mais avós do que netos.

As estimativas apontam que esse desequilíbrio entre os mais velhos e os mais jovens tende a aumentar. Até 2050 – haverá duas pessoas com mais de 65 anos para cada uma entre zero e quatro anos. Afinal: “Num mundo com tanta gente, não ter a população crescendo é ruim?”

Em outros países, a mesma situação

Pode-se observar o envelhecimento da população mais acentuado nos países desenvolvidos, como Japão, Canadá e França. Esses países tendem a ter menores números de nascimentos por uma série de razões. Nessas nações, o alto custo de vida leva as pessoas a terem menos filhos. A inserção da mulher no mercado de trabalho, também a faz ter filhos mais tarde, e, portanto, têm menos filhos.

Um bom exemplo é o Japão, onde a expectativa de vida ao nascer é de quase 84 anos (a mais alta do mundo). Ali, os idosos somaram 27% da população no ano passado - também a maior taxa do mundo. E a população com menos de 5 anos? Segundo a ONU, 3,85%.

Os desafios preocupam as autoridades japonesas há décadas. Como medida, a idade mínima para aposentadoria de 65 para 70 anos. No Japão, os seus trabalhadores se aposentam mais tarde do que em qualquer outro lugar do mundo. E se você pensa que esse desafio somente está restrito a países desenvolvidos, você está errado.

A desaceleração no desenvolvimento demográfico pode ter um impacto negativo no crescimento das economias, assim como aconteceu com a China, que pode ter seu planos de se tornar a maior economia global adiados, explica Lorran Lamblet, assessor de investimentos da Manchester, filiada ao Banco XP.

“A China adotou uma política de permitir apenas um filho por casal, o que abaixou a média para 1,6 filhos. Em contrapartida, o crescimento do país que está atrelado a infraestrutura e a construção de imóveis passam por dificuldades que geram um efeito cascata da economia.  Estima-se que existem mais imóveis disponíveis do que pessoas.”

Para se ter ideia, desde 2013, todo bebê recém-nascido em Lestijärvi, um dos menores municípios da Finlândia, "vale" 10 mil euros (o equivalente a cerca de R$ 46,3 mil) pagos pelo governo. A baixa taxa de natalidade afeta muitos países no mundo e conosco, isso não será diferente.

Questão de tempo

Vamos fazer uma analogia. Pensemos em noite de Natal. Os avós, com uma condição de vida mais estável, podem dar, cada um, um presente para seu neto, um jovem adulto. Em contrapartida, esse mesmo neto, entrando no mercado de trabalho, não tem condição de dar um presente para cada um dos avós. Matematicamente, a conta natalina não fecha. E menos ainda, a da economia.

A medida que envelhecemos, demandamos cada vez mais recursos do Estado. Pessoas especiais necessitam de cuidados especiais. Os gastos estatais são inerentes em diversos campos, em especial: na área da saúde (tanto na prevenção como no combate), por meio do SUS, e na aposentadoria, por meio da Previdência Social.

Contudo, com menos nascimentos, temos um cenário com menos jovens adultos trabalhando, pagando impostos e consequentemente, contribuindo para a previdência. Então, não será somente a conta natalina que poderá não fechar. A pressão sobre os sistemas de saúde e previdenciário são questão de tempo.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Novidades sobre o Pix

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Existem algumas sensações na vida que são únicas. Sejam nas coisas simples da rotina ou que acontecem de vez em quando: elas produzem umas das melhores sensações de bem estar no mundo. Dentre elas, um merecido descanso, lamber a tampa do Danone, comer uma pizza quando se está com fome, e a mais importante, ler a notificação no seu celular de “Pix recebido com sucesso”.

Existem algumas sensações na vida que são únicas. Sejam nas coisas simples da rotina ou que acontecem de vez em quando: elas produzem umas das melhores sensações de bem estar no mundo. Dentre elas, um merecido descanso, lamber a tampa do Danone, comer uma pizza quando se está com fome, e a mais importante, ler a notificação no seu celular de “Pix recebido com sucesso”.

Lançado em novembro de 2020, a modalidade de pagamentos instantâneos – o Pix – rapidamente ganhou o coração dos brasileiros com a facilidade de ser realizado a qualquer hora ou dia da semana com alguns toques no seu celular. E tudo isso, sem taxas para pessoas físicas, de forma prática e com a garantia de segurança da instituição.

Consolidado como meio de pagamento mais relevante no atual mercado brasileiro, é atualmente responsável por R$ 10,9 trilhões em transações e conta quase 600 milhões de chaves cadastradas. O serviço chega a metade de 2023 com anúncios relevantes do ingresso de novas modalidades e mudanças no funcionamento para alguns bancos.

Novos serviços anunciados

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira, 21, que haverá uma a nova modalidade de pagamentos: o Pix Automático. Essa novidade poderá ser utilizada como uma espécie de “débito automático”, realizando pagamento de serviços como fornecimento de energia elétrica, gás, telefonia, internet, seguros, escolas, academias, serviços de streamings, entre outros exemplos, como a sua assinatura do Jornal A Voz da Serra.

Segundo o Banco Central, o Pix Automático valerá para empresas de qualquer segmento do mercado e de qualquer porte, com a principal atribuição de facilitar pagamentos recorrentes pelos consumidores. O usuário precisará apenas conceder uma autorização prévia para repetir automaticamente os pagamentos periódicos.

A medida do Banco Central, além de ajudar os esquecidos – lista na qual eu me incluo -, ampliará o leque de alternativas disponíveis para que pequenas e médias empresas recebam seus pagamentos recorrentes e para que os consumidores tenham opções de pagamento. Todos saem ganhando – menos os banqueiros.

O serviço de pagamento contínuo poderá substituir a necessidade de um cartão de crédito, por exemplo, que muitas das vezes não são acessíveis a parte da população. Além disso, será uma alternativa ao débito automático que depende de convênios das empresas com múltiplas instituições, gerando complexidade ao processo e custos elevados, o que restringia o serviço a grandes empresas - geralmente prestadoras de serviços públicos.

O cronograma de testes e lançamento da nova função foi discutido na última segunda-feira, 19. De acordo com o Banco Central, a fase de testes do programa será realizada entre outubro e fevereiro, e o lançamento definitivo somente deverá ocorrer em abril de 2024.

Recua a cobrança de PJs na Caixa

Nesta terça-feira, 20, a pedido do presidente Lula, o Governo Federal determinou a suspensão da cobrança da tarifa de pessoas jurídicas nas transações de via Pix. Anunciada pela Caixa a medida que entraria em vigor no dia 19 de julho segue suspensa e sem data estabelecida para retorno. A Caixa acatou a decisão do governo, mas explicou que esta cobrança já é autorizada por resolução do Banco Central há anos e que outros bancos de grande expressão já aplicam tarifas a esta operação - ao contrario da gigante estatal, que até o presente momento, não cobrava. 

A cobrança de taxas nas transações via Pix de pessoas jurídicas (empresas) já era possível desde novembro de 2020. Embora não fosse obrigatória, as instituições já estavam autorizadas a fazerem a arrecadação. Em resumo, a resolução dá a opção dos bancos cobrarem as empresas ou não. Várias instituições financeiras já iniciaram suas cobranças às empresas em 2021, dentre elas: Banco do Brasil, Santander, Bradesco, Mercado Pago, Itaú e outros. Já outros bancos, com destaque especial para os bancos online, como Nubank, C6 e Inter não efetuam cobranças do pagamento de taxas.

A Caixa Econômica Federal, em nota, devido a polarização política do país, ressaltou que a decisão de cobrar pelo serviço já estava definida desde o ano passado e que a suspensão temporária da medida poderá dar mais tempo para os clientes terem o tempo de se adaptarem às novas regras. Tudo indica que em breve, as taxas entrarão novamente em vigor na gigante estatal, o que poderá atingir até os MEI’s (microempreendedores individuais), EI’s (empresários individuais) e demais pessoas jurídicas.

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Idosos também podem sofrer alienação parental

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Você já ouviu falar do termo “Alienação Parental”? Se sim, é muito comum nos depararmos com a expressão quando estamos falando de crianças e de adolescentes que são manipulados por um dos pais para que se voltem contra o outro genitor - principalmente quando estes estão envolvidos em um dolorido processo de separação.

Você já ouviu falar do termo “Alienação Parental”? Se sim, é muito comum nos depararmos com a expressão quando estamos falando de crianças e de adolescentes que são manipulados por um dos pais para que se voltem contra o outro genitor - principalmente quando estes estão envolvidos em um dolorido processo de separação.

A prática contra crianças e adolescentes aproveita-se do fator ingenuidade, devido à falta de vivência que os impossibilita de enxergar além do que lhes é contato. Pelos motivos próprios, por ciúmes ou por raiva do outro genitor, o afastamento da criança de um dos pais é motivo de muito drama nas famílias e no judiciário brasileiro.

Por sinal, essa forma de violência psicológica é tão constante que existe previsão em lei para o seu combate. Contudo, e se eu te contar que essa prática comum também acontece contra muitos idosos e não existe lei específica para isso, você acreditaria em mim? Pois bem...

Mais comum do que imaginamos

Em geral, começa assim: um indivíduo que mora com este idoso, se aproveita de suas fragilidades físicas e psicológicas e começa a criar histórias inverídicas, a rememorar fatos desvirtuados, que nunca ocorreram, sempre com a intenção de desmerecer e de denegrir o outro.

Muitas vezes, essas histórias criam raízes, troncos e frutos na cabeça de pessoas que muitas vezes já não tem mais o discernimento sóbrio da realidade. E o próximo, é o afastamento do idoso do contato familiar, ficando impedido de receber visitas.

O idoso, muitas vezes frágil - fisicamente e psicologicamente - depende da ajuda daquele que cuida e mora com ele. Vivencia assim, o demérito daquela que é a sua família por fatos que lhe são contados, deixando com o passar dos anos de emitir juízo de valor sobre o que é verdade e o que é fantasia.

E do afastamento, não é incomum que este idoso passe a sofrer consequências físicas e psicológicas - já que não raramente seu quadro em saúde tem pioras significativas diante desta situação - passando a exteriorizar sintomas de novas doenças e comportamentos emocionais que antes não lhe tocavam.

As razões para as práticas estão muitas vezes relacionadas a valores financeiros, seja porque há uma herança a ser partilhada no caso de falecimento deste idoso, seja porque se sabe que este mesmo idoso recebe uma boa aposentadoria ou tem muitos bens. Raramente as alienações parentais em idosos tem um fundo simplesmente emocional.

No juridiquês essa prática perversa é chamada de “Alienação Parental Inversa”, podendo ser praticadas por filhos, netos, sobrinhos, ou qualquer membro da família, sempre com o objetivo final de afastar e isolar este idoso do seu convívio pessoal e familiar.

A prática é mais comum e mais triste do que imaginamos. Este tipo de alienação já chegou ao ponto de uma mãe passar em um corredor e nem mesmo cumprimentar a própria filha que ali se encontrava - esta mãe sempre acompanhada pelo filho alienador, fazendo como se não a conhecesse, passando naquele corredor.

Dia especial para esse tema

O Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa (15 de junho) foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2011, com o objetivo de chamar a atenção para a existência de violações dos direitos dos idosos e divulgar formas de denunciá-las e combatê-las.

Da mesma forma que as crianças são incapazes de perceber o que permeia nas mentes dos alienadores, os idosos também se tornam alvos fáceis desse tipo de conduta de mentes insanas, tendo em vista que nem sempre conseguem compreender o verdadeiro interesse por trás do comportamento daqueles.

E infelizmente, nos últimos anos de vida, nos anos conhecidos como a “melhor idade” podem ter os efeitos da alienação perdurando sobre o idoso até o fim de sua vida ou de sua sanidade mental. O período pode ser longo ou curto, a depender de sua própria longevidade.

É direito de todo familiar conviver com este idoso, participar de suas atividades na medida das possibilidades de cada um. Sempre priorizando uma vida digna àquele que tem idade elevada e que dedicou muitos dos anos, aos cuidados e ao carinho para que tivéssemos a possibilidade de ser quem somos hoje.

Necessitamos, no Brasil, combater a alienação parental inversa. É um assunto que precisa ser mais abordado, seja pelos políticos, “influencers” ou pelas mídias de comunicação. Soa como um absurdo que ainda tenhamos que combater a Alienação Parental Inversa, por uma lei específica para proteger crianças e adolescentes.

Idosos são frequentemente ‘escanteados’ nas políticas públicas do Brasil e vítimas de crimes de violência psicológica no âmbito familiar. O ideal é sempre estar atento aos sinais e sempre que precisar, buscar amparo, recorrendo ao Ministério Público ou a assistência jurídica de confiança.

Ainda que as lideranças políticas – do Executivo e do Legislativo – pouco abordem as pautas de proteção ao idoso, preocupando-se mais com seus likes nas redes sociais, lembrem-se: a solução dos problemas de quem não pode esperar é para ontem! Dediquem-se aos idosos, porque só não fica velho quem morre cedo.

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Como vender Nova Friburgo para o turista?

sábado, 10 de junho de 2023

O turismo cresce no Brasil inteiro, especialmente após a pandemia do coronavírus. A vontade de fazer o tempo perdido valer a pena reaqueceu o setor nacional. Em Nova Friburgo, porém, a realidade é outra. Ainda seguimos estagnados há anos, sem uma perspectiva que o setor mude de verdade, a realidade de nossa cidade.

O turismo cresce no Brasil inteiro, especialmente após a pandemia do coronavírus. A vontade de fazer o tempo perdido valer a pena reaqueceu o setor nacional. Em Nova Friburgo, porém, a realidade é outra. Ainda seguimos estagnados há anos, sem uma perspectiva que o setor mude de verdade, a realidade de nossa cidade.

É vero que hoje temos uma boa gestão turística na cidade, que investe pesado no setor de eventos, a perdê-los de vista. Tivemos um Carnaval com uma mega estrutura e ao final do ano, um desfile inspirado no Natal Luz de Gramado. Demos um passo. Mas, apesar das excelentes iniciativas, estamos longe de estarmos na rota do turismo nacional.

Ainda que diante de um expressivo orçamento da pasta no governo municipal, o que faz uma cidade com tantas belezas naturais, um setor gastronômico de deixar água na boca e um charmoso e gostoso friozinho ainda ter tantas dificuldades em despontar no cenário local?

 

Falta alcançar o turista

Hoje, “praticamente” todo mundo tem acesso à internet por meio dos smartphones que nos acompanham 24 horas por dia - até mais do que deveríamos usá-los. Num mundo tão plugado e com fácil acesso à internet, tornou-se imprescindível que as cidades apelem para as redes sociais para fomentarem seus projetos.

A relevância das redes sociais para vendas é algo inquestionável, especialmente no mundo pós-pandemia. Contudo, ao mesmo tempo temos tantas oportunidades, será que estamos dispostos a extrair o que há de melhor para a nossa cidade através das redes sociais?

Sem dúvidas, a gestão municipal atual trouxe muitas mudanças para a cidade, dentre elas, a “Instagramização” dos portais de comunicação oficiais. Podemos afirmar, de certa forma, hoje, a comunicação oficial é muito mais feita através das redes sociais, do que através de qualquer outro meio – o que nos trás facilidades e desafios.

Contudo, assusta-me a quantidade de moradores (nem falo dos turistas) da cidade que desconhecem os projetos realizados pelas próprias secretarias da nossa cidade. Incansáveis vezes em que ouvimos falar de shows ou eventos que passaram e só fomos descobrir dias ou semanas após. Imagine. Se esse fenômeno acontece com frequência com moradores da cidade, quem dirá com os turistas.

Ainda que louvável a modernização da comunicação pela prefeitura e suas secretariais, torna-se coerente relembrar que muitas pessoas não têm redes sociais e muito menos seguem cada perfil de cada secretaria existente da prefeitura em suas redes. E um turista, em regra, por motivos óbvios, também não seguem os perfis de nossas secretarias.

Para vendermos turismo e crescermos, sem dúvidas precisamos atingir ótimos potenciais compradores. Uma cidade que sempre faz isso com muita frequência é Petrópolis, que toda hora está divulgando suas ações na televisão e na capital, de diversas formas. Antes de mudarmos o turismo, precisamos chegar no turista.

 

Turismo radical esquecido

Nova Friburgo é uma cidade maravilhosa e com um imenso potencial para o desenvolvimento. Somos uma região serrana, localizada próxima a uma das maiores capitais desse país – que recebe milhares de turistas por ano – e com um clima agradável, que harmoniza com uma excelente gastronomia e belezas naturais.

Quando ainda criança, me vem uma nostalgia gostosa poder relembrar diversos parapentes colorindo os céus da nossa cidade, indo e vindo. Sempre tive a vontade de realizar um voo desses, saindo do Caledônia e passando pela nossa cidade. Acabei voando, e foi uma experiência incrível. Mas não em Nova Friburgo.

A realidade é que apesar de possuirmos uma capacidade sem igual de explorarmos essas atividades, perdemos esses turistas, que pagam caro pela experiência. É entristecedor, acompanhar nas redes sociais, diversos moradores da nossa própria cidade, indo para Urubici-SC, para realizar atividades como escaladas e bungee jump.

Para vocês, também não soa um pouco irônico. Pois bem. A falta de capacitação, de divulgação e de investimentos no turismo radical, faz com que pontos como a rampa de parapente do Caledônia, sigam em estado de abandono. A possibilidade de explorar Nova Friburgo sob novos ângulos, certamente, traria multidões à nossa cidade.

 

Belezas naturais desconhecidas

Por sua vez, as belezas naturais que temos em nossa cidade são para perder de vista. Quedas d’água ornamentam a nossa paisagem nas montanhas, nos privilegiando com visuais lindos e únicos na nossa região, como as cachoeiras: do Indiana Jones, Adutora e Feiticeira – ainda desconhecidas por muitos friburguenses.

A falta de sinalização ou de infraestrutura de acesso já são velhas conhecidas dos friburguenses, não somente nas cachoeiras, mas também no caminho aos picos e montanhas de nossa cidade. A falta de sinalização é tanta, que não é tão incomum conhecer um turista que visitou Lumiar e jura nunca ter vindo à Friburgo. 

Os investimentos em sinalização e acesso são primordiais. Há tempos atrás, foi uma polêmica o investimento no acesso de locais como o Pontal do Atalaia, em Arraial do Cabo e na praia Azeda, em Búzios. Hoje, de modo muito cômico, os acessos criticados por muitos viraram pontos de fotos.

Os investimentos em festas são extremamente importantes, mas não devem ser somente nelas. As obras de infraestrutura ficam, ao contrário de diversos eventos que se perdem ao longo do esquecimento. E por fim, e não menos importante, antes de fazermos pesados investimentos, temos que ter a certeza de que iremos atingir pessoas Além das Montanhas.

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Exposição de jovens nas redes sociais

quarta-feira, 31 de maio de 2023

As redes sociais foram responsáveis pelas maiores transformações na humanidade nos últimos anos. Além de uma fonte de comunicação e entretenimento, criou-se um ambiente de livre circulação de opiniões, informações, que busca ditar tendências e estilo de vida, sob a máxima de “quem não é visto, não é lembrado”.

As redes sociais foram responsáveis pelas maiores transformações na humanidade nos últimos anos. Além de uma fonte de comunicação e entretenimento, criou-se um ambiente de livre circulação de opiniões, informações, que busca ditar tendências e estilo de vida, sob a máxima de “quem não é visto, não é lembrado”.

Hoje, praticamente todo mundo tem acesso à internet por meio dos smartphones que nos acompanham 24 horas por dia - até mais do que deveríamos. Os pequenos, desde muito cedo, têm contato com esses dispositivos, aprendendo a utilizá-los de uma maneira quase natural, fazendo parte do seu amadurecimento.

Não é estranho que num mundo tão plugado e com fácil acesso à internet, tornou-se imprescindível que as pessoas tenham seus próprios perfis nas plataformas digitais – o que inclui as crianças, adolescentes. A relevância das redes sociais é inquestionável. Contudo, ao mesmo tempo em que o campo é cheio de oportunidades, a internet também oferece riscos e demanda atenção redobrada dos responsáveis.

Precisamos entender as crianças

Antes que possamos expor as problemáticas, é necessário que entendamos como funciona o mundo para crianças. Afinal, não é “vigiando e punindo” que se faz um bom trabalho de educação, como diria Foucault. É preciso olhar para a problemática pelos olhos de quem não compreende a maldade do mundo como ele é.

A exposição de fotos, textos e vídeos falando sobre a rotina, preferências, família, amigos, animais de estimação e “dancinhas de TikTok”, são as principais atividades praticadas nas redes sociais. Ainda que o papel principal dessas plataformas fosse de conectar pessoas, tornaram-se grandes negócios que movimenta fortunas no mundo do entretenimento.

As histórias de superação de famílias que deram a volta por cima, por meio de seus filhos que enriqueceram com as plataformas digitais também atrai os olhos dos pequenos. Afinal, se você fosse criança, não te encantaria saber que fazendo vídeos para a internet, um influenciador “X”  tirou a família da pobreza e comprou carros de luxo?

Jogador de futebol, bailarina e pop star? Que nada! Experimente perguntar para uma criança o que ela quer ser quando crescer. Certamente as respostas poderão não lhe parecer convencionais e muitas estarão relacionadas a tecnologia e ao mundo da internet como: “influenciador digital, blogueiro, youtuber, streamer, tiktoker.”.

Como em todos os campos do mercado de trabalho, há aqueles que apelam em busca do sucesso meteórico e rápido, numa tentativa desenfreada de chamar a atenção dos seus seguidores. E nesse passo, as curtidas e comentários se tornam cada vez mais necesssários para que elas sintam o prazer e a satisfação - custe o que custar.

Agora, pense em tudo isso sob a ótica de uma criança. Sem dúvida, o cenário fica ainda mais preocupante. Se os adultos já enfrentam desafios na manutenção de um uso saudável das redes sociais, como isso se reflete na vida e rotina dos pequenos?

Observação e cautela

Como você pode ver, as redes sociais estão totalmente integradas à rotina dos adultos e das crianças. Elas podem ser benéficas se utilizadas com inteligência. O problema está no fato de que muitas pessoas fazem uso inadequado e excessivo, o que acaba criando um ambiente favorável para o surgimento de problemas.

A grande diferença está na instrução e na supervisão dos responsáveis. Crianças e adolescentes devidamente ensinados sobre seus limites nas redes sociais, são menos propensos a serem vítimas de crimes, explica Anoberto Serafim, psicólogo de formação e coordenador geral da Casa da Criança e do Adolescente em Nova Friburgo.

“Os criminosos miram nas fragilidades e na vulnerabilidade. Há pessoas que se dizem bem intencionadas. Inicialmente, acolhem os jovens por meio de conversas e depois de ganharem a confiança, induzem-nos a enviarem fotos, vídeos íntimos, estimulam a prática de crimes ou mesmo sondam a rotina e dados de familiares para cometerem crimes.”

Atualmente, muitos crimes são cometidos justamente com base nas informações obtidas nos perfis das vítimas em ambientes digitais, bem como: qual escola estuda, qual o horário de entrada e de saída. Quando o usuário fala demais sobre como é a sua rotina, a vida das pessoas que vivem com ele, os bens que ele possui, o que gosta de fazer aos fins de semana e os lugares que frequenta, ele fornece aos criminosos informações que podem ser utilizadas para prejudicar tanto a ele quanto a pessoas da sua família.

“O melhor caminho é o diálogo com seu filho. Castigar somente serve para fomentar a raiva e o medo que seu filho pode ter de você. Temos que preparar a nossa juventude para o mundo, por meio da supervisão, da educação e acima de tudo, do diálogo”.

Por isso, a exposição é algo comum em uma rede social. Dessa forma, não podemos dizer que o problema está na exposição propriamente dita, mas sim, na medida em que essa exposição ocorre. Afinal, no momento em que ela ultrapassa a barreira do “bom senso” pode se tornar um risco real.

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Por que tanto racismo nos campos da Espanha?

quarta-feira, 24 de maio de 2023

O atacante Vinicius Júnior do Real Madrid tem sido o alvo preferencial de ofensas racistas ao longo da temporada do Campeonato Espanhol. Ao longo das partidas, o jogador que defendeu a camisa brasileira na última Copa do Mundo, costuma ser chamado pelos infratores de “macaco”, imitam sons e gestos simiescos.

O atacante Vinicius Júnior do Real Madrid tem sido o alvo preferencial de ofensas racistas ao longo da temporada do Campeonato Espanhol. Ao longo das partidas, o jogador que defendeu a camisa brasileira na última Copa do Mundo, costuma ser chamado pelos infratores de “macaco”, imitam sons e gestos simiescos.

Durante o último jogo pelo Real Madrid, o cenário foi chocante para quem assistia. Torcedores de todo o estádio proferiam ataques racistas contra o atleta em coro. Os jogadores espanhóis e as autoridades pouco fizeram para cessar o filme de terror que o atleta vivia dentro de campo.

Inconformado, o atacante reclamou com o árbitro da partida, que pouco fez. Com isso, o coro racista tomou ainda mais forma e volume no estádio, produzindo um cenário de barbárie. Vinicius foi às lágrimas e revidou os ataques raciais com um dedo do meio para torcida adversária e disse que cairiam para a segunda divisão.

Instantes depois, se já não bastassem os cânticos racistas, o brasileiro foi imediatamente atacado pelos jogadores do time adversário, com pontapés e uma gravata. Surpreendemente – ou não - como resultado, tivemos o atacante brasileiro como o único expulso de campo.

A imprensa espanhola que deveria ter um papel fundamental no combate ao racismo, simplesmente ignorou como se nada tivesse acontecido. Na saída de campo, um repórter teve a audácia de perguntar se o atacante pediria desculpas para a torcida. No dia seguinte, uma revista local culpou o próprio Vinícius Junior por ter ‘provocado’ os ataques racistas.

A imprensa mundial se solidarizou e tocou o dedo na ferida de uma questão cultural que sempre é jogada para debaixo do tapete na Espanha: o racismo. As autoridades espanholas, com a imagem arranhada, se mexeram, e detiveram sete pessoas até o momento. Grande parte, nem presa ficou. Mais da metade já foi liberada.

Afinal, por que o racismo no futebol espanhol é mais escancarado do que em outras ligas europeias?

Espanha: o Primeiro Mundo que segue atrasado

Os episódios vividos por Vinicius Júnior se somam a um dos inúmeros de casos de racismo nos estádios mundiais. O grande boom de jogadores negros na liga aconteceu após 1995, através de uma lei que foi responsável pela abertura do mercado europeu a atletas de todos os continentes e contou com forte entrada de africanos e sul-americanos.

No entanto, a crescente do racismo nos jogos do Espanhol vem como um reboque das mudanças sociais vividas pelo país na última década. Com a crise europeia, deu-se o aumento do discurso pela rejeição aos imigrantes, e como consequência, o crescimento de partidos de extrema direita radical, no caso, o ‘Vox’ - o partido de extrema-direita mais expressivo do país conhecido por suas posturas claramente racistas, xenofóbicas e anti-imigração.

Os discursos partidários se estenderam para além dos campos políticos, dando espaço para a guinada para dentro dos campos de futebol, incluindo, as torcidas organizadas, como é o caso do grupo Ultra Yomus: os responsáveis pelos xingamentos ao jogador brasileiro no último jogo.

A torcida, por sua vez, é considerada ideologicamente fascista e nacionalista espanhola, estritamente ligada ao partido. Estes torcedores nunca se esconderam nos estádios espanhóis, especialmente com a guinada dos discursos xenofóbicos em todo o país, dando voz a ataques criminosos.

Tratam-se velhos e antigos conhecidos dos espanhóis, que ganharam ainda mais força após as eleições de 2019, permeando por vários espaços do país munidos de bandeiras e tatuagens da suástica, proferindo seus cânticos racistas e xenofóbicos. No atual momento, a crise na liga espanhola afeta até as relações diplomáticas entre Brasil e Espanha.

Infelizmente, o caso do Vinicius Júnior não é o primeiro e nem será o último. Continuará acontecendo e durante muito tempo ainda. O debate sobre racismo na Espanha engatinha. Além disso, não há interesse político para fazer com que as leis punam com rigor essas pessoas.

A cultura do esporte sempre diz que os esportistas têm que aceitar todos os insultos vindos das arquibancadas – sejam eles quais forem. Contudo, Vinicius Júnior diz não, ele levanta a voz e se rebela. Ele tem consciência do seu papel como atleta de elite negro. E ao contrário do que pensam, ele não está sozinho na luta contra o racismo!

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Gasolina, diesel e gás vão ficar mais baratos

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Na manhã da última terça-feira, 16, a Petrobras anunciou o fim da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada há mais de seis anos. A estatal anunciou a adoção de um novo modelo para definir o preço dos combustíveis e as reduções no valor do diesel, da gasolina e do gás de cozinha já foram divulgadas. Afinal, o que mudou na prática para o consumidor final?

Política de paridade de importação

Na manhã da última terça-feira, 16, a Petrobras anunciou o fim da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada há mais de seis anos. A estatal anunciou a adoção de um novo modelo para definir o preço dos combustíveis e as reduções no valor do diesel, da gasolina e do gás de cozinha já foram divulgadas. Afinal, o que mudou na prática para o consumidor final?

Política de paridade de importação

Desde 2016, ainda durante o governo de o ex-presidente Michel Temer, a estatal adotou a Política de Paridade de Importação, que determinava o preço dos combustíveis que nós usamos no dia-a-dia (gás de cozinha, diesel, gasolina), baseado na cotação do dólar e no valor cobrado no mercado exterior.

Apesar de pagarmos em reais, os valores praticados se vinculavam ao preço do mercado internacional, usando como referência o preço do barril de petróleo - que é calculado em dólar. Ainda que controverso, com esse modelo a Petrobras alcançou recordes de lucros e distribuição de repasses financeiros para os seus acionistas.

Somente no segundo semestre de 2022, a empresa efetuou o repasse histórico de R$ 87,8 bilhões para os seus acionistas. O valor do montante total dos repasses do ano passado foi de R$ 217 bilhões, o que é três vezes mais do que pago pela companhia somente no ano de 2021 – momento já de alta dos combustíveis.

Em contrapartida, nós - os consumidores finais - não possuíamos os mesmos privilégios e pagávamos essa conta. Com a subida do dólar, o brasileiro sofreu com os patamares recordes na história do preço da gasolina nos últimos anos - chegando a custar R$ 8,90 em cidades do nosso Estado.

Em entrevista coletiva, Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobrás, afirma que o mesmo combustível que era extraído, refinado e produzido em reais, era cobrado em dólares: "Paridade de importação era uma abstração. Pegar preço lá fora, colocar aqui dentro como se tivesse produzido lá fora, só que na porta da refinaria daqui".

Um levantamento, em 2022, feito pelo site de consultorias Global Petrol Prices indicou que o preço da gasolina está 15% acima da média praticada em 170 países do mundo. Assim, o valor da gasolina brasileira esteve, à época, entre uma das mais caras do mundo.

No entanto, o levantamento feito pela pesquisa, não levou em conta o poder de compra da população – ou seja, quanto a população ganha e o quanto pode gastar com combustíveis - fazendo com o que a situação brasileira fosse ainda mais delicada e nós pagássemos essa salgada conta.

Com a PPI em vigência, a estatal não possuía qualquer autonomia para contrabalancear as grandes variações e nem para evitar que as fortes repercussões no Brasil chegassem ao consumidor. E assim, esses aumentos, em efeito cascata, refletiam para diversos setores, dentre eles: transporte, alimentício, bens, serviços, entre outros.

Nova política de preços e os valores

Na nova política de preços da companhia, a Petrobras apontou que não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados. Reforça que os reajustes continuarão, sem periodicidade definida, somente evitando repasses repentinos ao consumidor diante das variações das cotações internacionais e do valor do dólar.

A proposta sinaliza ainda um ponto de equilíbrio entre os interesses dos acionistas e o papel social da estatal defendido pelo governo, voltado para atender a expectativa do consumidor brasileiro por valores mais baixos e pela necessidade de reinvestimentos no refino dos combustíveis.

O presidente da Petrobras, em entrevista coletiva, assegura que a nova política de preços da estatal não será influenciada pelo Governo Federal. Por fim, explicou que o valor praticado na revenda dos produtos, no entanto, também não será controlado pelo governo.

As distribuidoras da companhia, já divulgaram as primeiras quedas nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha (GLP):

  • Na “gasolina A”: houve uma redução de R$ 0,40 por litro (-12,6%);
  • No “diesel A”: houve uma redução de R$ 0,44 por litro (-12,8%);
  • No gás de cozinha (GLP): redução de R$ 8,97 por botijão de 13 quilos (-21,3%).

Segundo a empresa, as denominações "gasolina A" e "diesel A" se referem ao combustível puro – antes da mistura com álcool e biodiesel, respectivamente. Sendo importante lembrar que a nossa legislação permite a composição da gasolina com o percentual de aproximadamente 25% de etanol.

Por fim, a companhia reforça que ainda que não tenha a gerência sobre o valor das revendas, o cenário é de boas expectativas para a lucratividade da empresa e para os consumidores, sendo plenamente possível praticar o valor do botijão de gás para o consumidor final abaixo dos R$ 100.

Alguns postos da cidade de Nova Friburgo já tiveram reajuste no valor dos combustíveis. Por certo, a gasolina que aumentou periodicamente desde 2016, nos proporciona um respiro. Ainda que não pareça, são centavinhos no final do mês que fazem a diferença não somente nos combustíveis, mas em todos os bens e serviços que precisam de transporte.

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Todo dia deveria ser o Dia das Mães

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Basta entrarmos no mês de Maio que as propagandas comerciais começam a falar de apenas um assunto: o Dia das Mães. Desde pequeno, sempre aprendi pela escola, pela família e pelo senso comum brasileiro de que esta celebração especial devem ser comemoradas no segundo domingo do mês de maio.

Basta entrarmos no mês de Maio que as propagandas comerciais começam a falar de apenas um assunto: o Dia das Mães. Desde pequeno, sempre aprendi pela escola, pela família e pelo senso comum brasileiro de que esta celebração especial devem ser comemoradas no segundo domingo do mês de maio.

Para o comércio, a data é a segunda mais importante no Brasil em números de vendas absolutas, perdendo apenas para o Natal.  Mas, ao contrário do que possa parecer – e que muita gente acredita - , o dia não surgiu com a intenção de ser uma data comercial. O propósito era distante da realidade atual.

A irônica origem da data

No início do século 20, a celebração nasceu nos Estados Unidos através de uma campanha feita pela americana Anna Jarvis, que havia perdido sua mãe em 1905. Após três anos, dolorida pelo sentimento de luto e revestida de saudades, Anna realizou uma linda e justa homenagem para ela, de forma ainda não oficial.

Desde então, a americana passou a enviar diversas cartas para muitos congressistas americanos, governadores e celebridades pedindo a mobilização pela criação de um feriado em homenagem as nossas mães. E assim, tão somente em 1911, foi criada a data oficial no calendário dos EUA.

A historiadora Katharine Antolini. escreveu no livro "Em Memória da Maternidade: Anna Jarvis e a Luta pelo Controle do Dia das Mães" que a militante esperava que o trabalho das mães fosse reconhecido pelo seu serviço incomparável que prestavam à humanidade em todos os campos da vida.

A reviravolta irônica na história é que Anna Jarvis jamais esperava que o dia fosse tão abraçado pelas campanhas publicitárias e se transformasse em uma data tão comercial. Anos depois da sua luta pela criação da data comemorativa, a militante, se arrependeu do que viu e passou a pedir o fim da data, por entender que a data perdeu sua essência.

O verdadeiro Dia das Mães

Afinal, a quem nos deu um amor platônico desde os nossos primeiros segundos de existência, será que somente devemos dar um abraço apertado, um beijo, um ‘eu te amo’ e um presente num único dia do ano? A verdade, é que nós nunca conseguiremos retribuir o amor platônico materno em nossa vida, e quem dirá num único dia.

Gerar, parir, criar. Abrir mão de si, para dedicar o melhor que você pode proporcionar ao seu filho. Quantas histórias já não ouvimos de mães que foram dormir mais cedo para deixar a saciedade do jantar aos filhos? Ser mãe é para sempre. Pode ser lindo e ao mesmo tempo, solitário, intenso, difícil.

Solteira ou casada, tendo a responsabilidade compartilhada ou tendo que dar conta de tudo sozinha, a experiência de ser mãe é única e individual. De um lado, mulheres que sonham desde criança em serem mamães. De outro, outras que nunca se imaginaram nesse papel até se tornarem uma.

Se há a maternidade idealizada e perfeita nas capas de revista, há também a realidade real, intensa e difícil, que não vende publicidade. O único lugar em que essa maternidade ganha estampa, são nas olheiras das faces cansadas das noites mal dormidas.

Há também a realidade de mulheres que encaram o verdadeiro malabares entre o profissional, o pessoal e a maternidade. Não havendo dia de descanso e nem férias, muito menos dia bom ou dia ruim: todo dia, é dia.

E se não bastasse ser mãe, algumas mulheres ainda acumulam o papel de pai. Apenas nos últimos cinco anos, 860 crianças foram registrados sem uma figura paterna em seus documentos. E quantas outras, apesar de registradas, não são abandonadas no momento em que mais precisam?

Além de encarar uma série de novidades (como a amamentação, os cuidados com o bebê e a privação do sono), a mãe precisa lidar com um turbilhão de novos sentimentos. O medo de não dar conta, a culpa (“nasce uma mãe, nasce uma culpa”), o cansaço, a solidão e a responsabilidade fazem do início dessa jornada um momento muito intenso.

E ainda que intenso, marca nossas vidas para sempre. E para elas, pouco importa se você tem 20, 30, 40 ou 50 anos, a preocupação é sempre a mesma. Se estiver calor, leve um casaco. Se estiver sol, leve um guarda chuva. Se estiver frio, saia do sereno. Se você acha que está certo, sua mãe te mostra que você está errado.

Às suas mães não deixem de dar um beijo e levar flores para elas. Não somente na data comemorativa, mas especialmente em um dia que ela não espere recebê-las. Seja grato por todos os mimos e preocupações dedicados incessantemente em todos os dias durante sua existência.  

Aos que infelizmente não tenham a mãe por perto por razões carnais ou familiares, diga a sua figura materna: 'Obrigado. Obrigado por ter cuidado de mim quando você não tinha a menor obrigação disso e por ser tão especial nos momentos em que tanto precisei do seu suporte.’

A verdade é que no útero, a mãe pode proteger seu bebê, com um espaço quentinho, calmo, e seguro. No mundo real, não! O filho cresce e trilha os próprios caminhos, mas contando com um imenso espaço no coração de cada mãe.

Feliz dia das mães? Todo dia deveria ser o Dia das Mães.

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Mais um caso de homofobia nos templos religiosos de Friburgo

quarta-feira, 03 de maio de 2023

A homofobia se revela nos lugares mais inesperados, como no recente caso do ator friburguense, Bernardo Dugin, ocorrido em uma capela de uma tradicional escola de doutrina religiosa de nossa cidade. Um boletim de ocorrência foi registrado na 151ª DP, pelo crime de homofobia, análogo ao crime de racismo.

A homofobia se revela nos lugares mais inesperados, como no recente caso do ator friburguense, Bernardo Dugin, ocorrido em uma capela de uma tradicional escola de doutrina religiosa de nossa cidade. Um boletim de ocorrência foi registrado na 151ª DP, pelo crime de homofobia, análogo ao crime de racismo.

As pregações ofensivas não foram proferidas em uma conversa de canto e reservada, mas sim, diante de todos que prestigiavam uma missa. Incluindo-se nessa lista, os familiares do ator, que num momento de luto, buscavam palavras de conforto, fé e compaixão na missa de sétimo dia do falecimento de um ente querido.

Na TV e no streaming, Bernardo coleciona participações, como nas novelas: Éramos Seis (Globo, 2019), Todas as Flores (Globoplay, 2022), Gênesis (Record, 2021), Reis (Record, presente) – as duas últimas, novelas religiosas. O ator nunca escondeu sua fé, mas nas redes sociais nos deu a tristeza de esconder o seu sorriso fácil, desabando em lágrimas após o ocorrido.

Em seu relato nas redes sociais, o ator narra sua dor e desabafa, após ouvir pregações comparando o demônio e relações homoafetivas: “É com muita dor e tristeza que registro um crime contra a minha existência. A igreja e a liberdade de expressão não podem servir como estudo para a propagação de ódio e preconceito”.

Caso semelhante em 2011

Não muito distante dos dias atuais, em agosto de 2011, uma pastora, também de Nova Friburgo repercutiu muito negativamente na internet, em meio a postagens de indignação, após uma pregação polêmica contra fiéis que defendem causas políticas, raciais e LGBTQIA+.

Em um tom enérgico, disse: “É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha. (...) A nossa bandeira é Jeová Nissi, é Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay.”.

E acreditem se quiserem, os desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio – a mesma que julgará o Caso Marotti - decidiram extinguir o processo sob o argumento de que a pregadora "está amparada pelo exercício regular do direito que é a liberdade de culto religioso e de crença, assegurados pela Constituição".

Homofobia: uma realidade brasileira

Já não é o primeiro caso e infelizmente, não será o último. Em Nova Friburgo temos assistido a mais um daqueles episódios em que percebemos a desconstrução do ser humano pelas vertentes do falso moralismo. Pode não parecer, mas discursos como estes se enraízam no pensamento coletivo e trazem consequências assustadoras.

Informações de importantes órgãos de fiscalizações apontam: uma pessoa a cada 20 horas foi morta, de forma brutal, vítima de homofobia no Brasil. Os dados são espantosos e somente em 2018, foram 420 mortes decorrentes desse tipo de violência por arma de fogo, espancamento, pauladas ou suicídio.

E com o passar os anos, a violência se mostra cada vez mais brutal. Em 2010 ocorreram 130 homicídios dessa forma, enquanto em 2017, esse dado já computava 445 – um aumento de 242% em apenas sete anos.

Mesmo com a imprecisão de números acerca da violência contra a população LBGTQIA+, devido à falta de órgãos fiscalizadores, o Brasil carrega a marca de ser tristemente reconhecido mundialmente, como o país que mais mata homossexuais no mundo.

Marcado por mobilizações em todo o Brasil, o Dia Internacional da Luta contra LGBTfobia é celebrado no dia 17 de maio em todo o mundo. A data refere-se ao dia em que a Organização Mundial da Saúde, em 1990, retirou o termo “homossexualismo”, que associava a homossexualidade à uma doença mental passível de tratamento.

Ser homossexual não deve ser encarado com perversão. De longe! A verdade é que podemos escolher muitas coisas na nossa vida, seja o almoço de amanhã, a roupa que vestirei, e até a cor do meu próximo carro. Agora, o que realmente se gosta, não dá para escolher. Você gosta e pronto! Amor não se explica, amor se sente!

Apesar de a homofobia já ser crime há um tempo, ela parece não ser encarada dessa forma. Aos líderes religiosos, entendam que com grandes poderes, temos que ter grandes responsabilidades. Liberdade de religião não se pode confundir com liberdade de agressão, afinal, nunca foi isso o que o próprio Cristo pregou.  

Que um dia possamos olhar para trás e perceber que 420 pessoas mortas em um ano, de forma discriminatória soe como um absurdo. E que discursos assim, sejam repreendidos, assim como aqueles que um dia apoiaram a escravidão e a violência contra a mulher. Necessitamos olhar para o passado para não cometer os erros no futuro.

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Caso Rodrigo Marotti: novos desdobramentos

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Depois de um ano e dois meses da realização do júri popular que desclassificou a conduta de Rodrigo Marotti de duplo homicídio qualificado para incêndio com resultado morte, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro decidirá, na próxima terça-feira, 2 de maio, pela realização ou não de um novo júri popular.

Relembre o caso

Depois de um ano e dois meses da realização do júri popular que desclassificou a conduta de Rodrigo Marotti de duplo homicídio qualificado para incêndio com resultado morte, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro decidirá, na próxima terça-feira, 2 de maio, pela realização ou não de um novo júri popular.

Relembre o caso

Rodrigo tornou-se réu após supostamente ter trancado dentro de um banheiro, sua ex-namorada, Alessandra Vaz e a amiga dela, Daniela Mousinho, e ter ateado fogo ao imóvel localizado no distrito de Mury, em outubro de 2019. De acordo com depoimentos, as duas amigas estavam escondidas para tentar fugir das agressões do homem.

Alessandra e Daniela chegaram a ser resgatadas com vida, mas não resistiram aos ferimentos - ambas sofreram queimaduras em mais de 80% do corpo. Alessandra, além de ex-namorada, era também sócia de Marotti em uma empresa de roupas. As mortes, geraram a Rodrigo, a imputação pelo crime de duplo homicídio qualificado.

Após longa investigação, em fevereiro do ano passado, o juízo da 1ª Vara Criminal submeteu Marotti ao veredito do júri popular - formado por pessoas leigas da sociedade - procedimento previsto em lei sempre quando existem indícios de cometimento de crimes dolosos (intencionais) contra a vida de alguém.

A decisão soberana, após mais de 12 horas de sessão com longos depoimentos e embates, coube aos sete jurados sorteados como ‘juízes da causa’. O júri, em sua maioria, respondeu "não" ao quesito da tese principal da defesa: "O réu teve dolo (vontade livre e consciente) de matar?".

Diante do entendimento dos jurados para um crime não doloso (sem a intenção) contra a vida, a competência do júri foi afastada e coube ao juízo presidente do Tribunal do Júri reconhecer o dolo de incendiar a casa habitada com resultado morte. A sentença gerou desconforto aos amigos e familiares, que em comoção, deixaram o fórum, desolados.

Acusação e defesa brigam na justiça

Descontentes com a decisão dos jurados, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, afirmaram na própria sessão de julgamento, o desejo de recorrer da sentença que imputou a Marotti, uma condenação de 19 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado.

O Ministério Público e a assistente de acusação, dra. Aline Freitas, recorreram da sentença por entender o veredito formulado pelo júri popular vai contra todas as provas produzidas no processo. Por sua vez, a Defensoria apontou que a condenação seguiu todas as provas do processo e que a decisão dos jurados é soberana por lei.

Em contrapartida, a Defensoria Pública, de forma extremamente técnica e respeitando o princípio da ampla defesa – garantido a todos os cidadãos -, também recorreu da sentença apontando que a pena aplicada pelo juízo está acima dos patamares previstos pela lei.

Possibilidade de um novo julgamento?

Na próxima terça-feira, por meio de audiência online, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio decidirá se irá anular, ou não, o julgamento que levou a desclassificação do crime de duplo homicídio qualificado para o crime de incêndio com resultado morte.

A definição do caso poderá levar Rodrigo a um novo júri popular com nova data de julgamento, havendo a possibilidade de condenação por duplo homicídio qualificado, com pena de 60 anos de prisão. A Câmara, por sua vez, poderá decidir pelo mantimento da sentenção por entender que a decisão dos jurados é soberana com base na lei.

No atual momento, o futuro do caso e as cenas dos próximos capítulos ainda são incertas. A verdade é que os crimes bárbaros contra a vida de mulheres, motivados pelo fim do relacionamento, são cada dia mais comuns, seja Além das Montanhas ou bem ao nosso lado.  Esperamos que a justiça seja feita, seja ela qual for!

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