Blog de lucas_b_barros_29582

Os golpes virtuais que marcaram (e continuam marcando) em 2023

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Você sabia que um simples clique pode mudar sua vida financeira... para pior? Pois é. Hoje quero falar sobre algo sério: golpes e fraudes bancárias.
Sabe aquela mensagem tentadora oferecendo dinheiro fácil ou solicitando dados bancários? Pare e pense: Pode ser golpe... e geralmente, é!

Você sabia que um simples clique pode mudar sua vida financeira... para pior? Pois é. Hoje quero falar sobre algo sério: golpes e fraudes bancárias.
Sabe aquela mensagem tentadora oferecendo dinheiro fácil ou solicitando dados bancários? Pare e pense: Pode ser golpe... e geralmente, é!

Antigamente, o crime de estelionato era praticado pessoalmente. Cara a cara. Depois, por meio dos e-mails falsos e das ligações para os telefones fixos. Agora, os golpes, na maior parte, são realizados através do aparelho que carregamos na palma de nossas mãos, nos nossos momentos de descanso e desatenção.

Falsa central telefônica do "0800", link falso do programa Desenrola Brasil, esquema de bloqueio do pagamento por aproximação e o Pix falso foram apenas alguns deles. Em 2023, diversos golpes online deixaram os brasileiros de cabelo em pé, trazendo uma sensação de impotência e impunidade para as vítimas destes crimes.

As fraudes não estão restritas somente às redes sociais ou pelo próprio Whatsapp. A cada dia que passa, os golpes vão ganhando caras novas, esbanjando ousadia e cada vez mais “reais”. Afinal, o intuito é exatamente esse. O momento é de atenção, especialmente, para você que está realizando as compras de fim de ano. O “jeitinho brasileiro” está a solta!

 

Falsa central telefônica 0800

Um dos golpes que marcaram o ano foi o da falsa central telefônica "0800". Neste golpe, os criminosos fingem ser funcionários do banco e dizem que a conta da pessoa foi invadida e que, caso ela não reconheça os débitos, deverá entrar em contato com a central. Os criminosos enviam um link ou pedem para que você baixe um aplicativo, e aí, conseguem acesso à conta da vítima.

Em outra ação parecida, os criminosos enviam um SMS sinalizando uma suposta compra de valor elevado no cartão de crédito. A mensagem inclui um número de telefone, geralmente um "0800", para induzir a vítima a ligar em busca do reembolso. Porém, ela é levada a realizar uma série de procedimentos, que terminam em uma transferência via Pix para os bandidos.            A recomendação é sempre não se apavorar. As instituições bancárias não agem dessa forma, portanto, ter calma é primordial para não cair num golpe. Em caso de dúvida, o consumidor deve procurar o gerente de sua conta bancária ou ir presencialmente até uma agência.

 

Bloqueio de pagamentos por aproximação

Neste esquema, criminosos criaram variações de um programa que infecta computadores ligados a máquinas de cartão. O objetivo dos criminosos é causar o bloqueio de pagamentos por aproximação, principalmente pelo celular.

Primeiro, eles entram em contato com lojistas e fingem ser funcionários de empresas de pagamentos eletrônicos. Com a desculpa de que se trata de uma manutenção, eles pedem que os lojistas baixem um arquivo no computador ligado ao sistema de cobrança por meio do link enviado por eles.

Quando os comerciantes clicam no link, é instalado um vírus que dá acesso remoto a esse sistema, que fica conectado à máquina de cartão. A partir daí, o criminoso detecta e impede a cobrança por aproximação, exibindo uma mensagem falsa de erro na tela da máquina de cartão, forçando o consumidor a inserir um cartão físico. Ao fazer esse procedimento, a vítima pode ficar vulnerável a fraudes feitas pelos bandidos, como compras indevidas.

 

Golpe desvia Pix

A prática, que utiliza um vírus chamado GoPIX, começa em anúncios maliciosos no Google. Quando a pessoa clica nesse anúncio achando ser o real, o computador é infectado com o GoPIX. O vírus, então, passa a espionar a vítima e a detectar quando ela compra pela internet e escolhe o pagamento por PIX copia e cola.

Ao chegar na tela de pagamento, o cliente só precisa copiar um código e colá-lo no sistema Pix para que o pagamento seja realizado. O malware [GoPIX] intercepta esse código e altera ele para que a chave Pix do criminoso seja inserida no lugar da chave da loja.

Evite entrar em sites desconhecidos e não deixe sempre de manter bons antivírus instalados e atualizados em seu computador.

 

Golpes do Desenrola Brasil

Em julho, o programa "Desenrola", criado pelo Governo Federal para a renegociação de dívidas, também foi alvo de bandidos, fazendo diversas vítimas em todo o país. Nesta ação, criminosos disponibilizaram links falsos em sites com anúncios, como: Facebook, Youtube, Google, Instagram e outros mais.

Nesta ação, quem buscasse por "Desenrola" em alguns desses sites, encontrava no topo da busca um link que direcionava a um chatbot feito para aplicar o golpe. O robô prometia descontos de 99% nas dívidas e fingia consultar dados para verificar se a pessoa poderia entrar no programa.

Em um site que aparentava ser totalmente verdadeiro, as vítimas passavam seus dados bancários, realizavam Pix, e outros métodos de pagamento, com o intuito de limpar o próprio nome nos órgãos de cobrança de crédito. Infelizmente, acabavam depositando o dinheiro para criminosos.

É sempre necessário termos cautela para verificar se o site é confiável. Não deixe de conferir a “URL”, na parte superior da tela. Sites fraudulentos se camuflam como sites confiáveis e não são o que parecem ser. Por exemplo: o domínio do site de A VOZ DA SERRA é https://avozdaserra.com.br/: se esse endereço estiver no começo do link, é provável de que a URL seja confiável.

No entanto, se o endereço contiver algo estranho como https://avozd4serra.com.br/, com um “quatro” no lugar de um “A”, desconfie! Em alguns casos, um traço (-) no lugar de um ponto (.) é o suficiente para enganar o consumidor e trazer prejuízos e aborrecimentos que nenhum de nós quer viver.

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Mobilidade Urbana: falta autoridade para planejar

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Um carro para. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. E assim, um minuto se passa. Mais outro minuto também. Logo depois, muitos minutos. A música do carro que costumava me distrair, agora já passa a me incomodar. Mas não adianta buzinar, estamos em Nova Friburgo.

Um carro para. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. E assim, um minuto se passa. Mais outro minuto também. Logo depois, muitos minutos. A música do carro que costumava me distrair, agora já passa a me incomodar. Mas não adianta buzinar, estamos em Nova Friburgo.

Um carro fechou o cruzamento. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. Nada anda. Nada vai para lá e nem para cá. Nada vem ou desvem. Em meio a um nó cego, só sendo cego para não ver. E todo mundo segue pacientemente esperando.

Um sinal com defeito. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém para ajudar e muito menos para consertar, mas para instalar radares... Estamos em Nova Friburgo. Conseguimos o impossível. Um semáforo que passa 30 segundos aberto e cinco minutos fechado. Carros. Filas e mais trânsito. O sinal abriu, fechou e eu fiquei. Uma, duas, três vezes. Mas não adianta buzinar. Estamos em Nova Friburgo.

Cansado, decido ir a pé. Pessoas andam para cima. Outrora para baixo. Em meio a buracos e carros, disputados os apertados espaços da calçada. Estamos em Nova Friburgo. Uma calçada mal cuidada. Outra modificada ilegalmente pelo morador. Uma cratera aberta pelas concessionárias, de qualquer jeito. Mas, o dia está lindo e reclamar é coisa de gente mala!

Em meio as ruas apertadas, um carro invadiu a calçada. Outro também. Logo depois, mais um. Virou um estacionamento. Estamos em Nova Friburgo. Uma idosa caiu na rua ao pisar em um bueiro solto. Quebrou o braço. Um idoso, atravessando as faixas de pedestres, pisou num buraco e foi de cara no chão. O cadeirante e o cego seguiam intactos, pois nem sabiam por onde começar a atravessar.

Cansado, decidi usar o transporte público. Mas, o ônibus está atrasado. Espero. Um minuto. Dez minutos. Trinta minutos. Estamos em Nova Friburgo. Um range de um lado. O outro, do outro. Com emoção ou sem emoção? Não me perguntaram dessa vez! Caro, quente e cheio. Ora fico a pé, ora de novo preso no trânsito.

Um acidente em Olaria. Outro, em Conselheiro. Logo depois, mais um em Mury. Como tem acidente nessa cidade, não é mesmo? Um envolvendo uma moto. Outro, dois carros. E o último derrubou um poste. Cadê a guarda municipal para ajudar nesse trânsito que dura horas? “Irineu”. Irineu? Se você não sabe, imagina eu...

E o povo anda. E para. Xinga, discute, reclama. E como reclama! São seis horas. São dez horas. São quinze, dezoito, vinte ou até mais. E trânsito não anda de jeito nenhum. As ruas estão cheias. O mundo está cheio demais. De Olaria ao Centro. De Conselheiro ao Centro. Das Braunes ao Centro. Meu Deus, tudo parado!

Não se vai. Não se vem. Não tem volta. Não dá para sair, quem dirá chegar a lugar algum. Tudo parado. E quando tem os famosos eventos que interditam ruas então... Rasgamos o planejamento urbano e as leis de trânsito e dá-se espaço para a lei da sobrevivência: tem a preferência quem tem mais coragem. Que os jogos comecem!

E no Paissandu, tudo segue em paz. “Vez ou outra”, parado. Levando o fluxo para todos os lados da cidade. E o povo segue. Andando devagar. Calmo e sem pressa de ser feliz. Querendo ir. Querendo ficar. Mas ninguém buzina. Estamos em Nova Friburgo. Aqui é diferente!

Tudo parece um problema sem solução. Vai governo. Volta gestão. Trocam-se as peças e tudo parece piorar. Uma rua que era mão, vira contramão, e depois mão, antes de virar novamente contramão. E sabe o que mudou? Ficamos igualmente presos no trânsito, só que agora, confusos, sem saber se podemos entrar na rua ou não.

A mobilidade urbana cada dia está mais cara e cada vez menor. Seja você pedestre, ciclista, motociclista, condutor de carro, caminhoneiro ou usuário do transporte público. Não melhora nada, apenas aumenta a sua contribuição para que um dia, quem sabe, melhore. Ou quem sabe, usa em festa - parece ser uma opção válida.

Mas, do que adianta reclamar? Vai parecer apenas mais um chato que implica com tudo. “Nova Friburgo, ame-a ou deixe-a?”. Posso até dizer que tentei, mas fiquei preso no trânsito de Conselheiro e, sinceramente, desisti. E sabe o que é pior? É quem tem tanta solução boa empregada no Além de nossas Montanhas.

A maior parte das soluções para Nova Friburgo não precisam de pesquisa, mas sim, de gestão e projetos eficientes. As nossas soluções estão a nossa volta. O que falta é autoridade para planejar que Nova Friburgo consiga encontrar novos rumos ao desenvolvimento do transporte de uma cidade que quer crescer.

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Tempos difíceis para discordar

quarta-feira, 06 de dezembro de 2023

Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras. Enfeitadas com piscas-piscas, papais-noéis, luzes, esculturas, estruturas montadas e sonorizadas pelas nostálgicas músicas de natal que nos trazem a memória afetiva de quando um dia fomos crianças. Eternas crianças.

Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras. Enfeitadas com piscas-piscas, papais-noéis, luzes, esculturas, estruturas montadas e sonorizadas pelas nostálgicas músicas de natal que nos trazem a memória afetiva de quando um dia fomos crianças. Eternas crianças.

Havia também ruelas ainda mais semelhantes umas às outras, onde moravam pessoas também semelhantes umas às outras, que saíam e entravam nos mesmos horários, pelas mesmas calçadas, para fazer o mesmo trabalho sacal. E para quem cada dia era o mesmo de ontem e de amanhã, e cada ano o equivalente do próximo e do anterior.

Mudaram as estações e nada mudou? Cássia Eller estava certa em partes. Afinal, nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa e tudo sempre passará - nem que seja por cima de nós. Mas a verdade, é que muita coisa mudou e outras, infelizmente, ainda continuam a ser como eram.

Seria uma hipocrisia negar que a nossa cidade está linda! Eu como morador da Avenida Alberto Braune e apaixonado por Friburgo, me encanto todos os dias com o que vejo pela janela. Mas aprendi que não posso me contentar com uma paixão cega e desarrazoada, que prefiro deixar para os apaixonados e emocionados de plantão.

Toda paixão em que colocamos à frente a emoção, sem levar em conta a razão, está fadada a decepção. Aprendemos com a vida que nem os mais bonitos e encantadores rostos e sorrisos, continuam tão bonitos assim depois de conhecermos além das aparências. Aplicamos a lição nos relacionamentos, mas pouco como uma filosofia de vida.

E nesse colapso de mudanças, dúvidas, paixões intensas em que vive a nossa cidade, cresceu-se um completo estado de hostilidade contra quem tem a audácia de discordar. Sabia-se da vida e das pessoas somente o que elas puderam observar e completava-se o que não sabia com sua imaginação fértil sem horizontes.

Quase que como numa grande batalha, criamos o lado “A” e o lado “B, C, D, E” – que apesar de diferentes, para muitos, são farinha do mesmo saco. E em meio ao fluxo de informação, foram nomeados como os “inimigos em comum”, criando um clima de hostilidade entre as semelhantes pessoas, que vivem em semelhantes vielas com semelhantes e pacatas vidas.

A narrativa da criação de um inimigo em comum é tão forte que as pessoas se revoltam mais com a publicação de uma notícia do que com as denúncias gravíssimas no Hospital Municipal Raul Sertã, de pombos e lixo hospitalar espalhado por dentro do nosso espaço de saúde.

Eu como friburguense raiz, é obvio que fico feliz com o Natal Encantado. Mas, precisamos deixar nossas paixões e emoções de lado. Como usuário do SUS, toda vez em que preciso de um atendimento médico, volto para a realidade de qual o custo que eu pago e, infelizmente só vejo piorar.

Isso não me faz querer derrubar um governo, mas me faz enxergar além do que os meus olhos permitem. E em meio a escândalos nas creches, nos hospitais, nos salários, nos regimes de servidores, é preferível criar e descredibilizar quem pensar diferente como um “inimigo em comum”.

Amo procurar detalhes onde ninguém vê. Mas e as desordens da vida, quem arruma essa? Parece muitas vezes que quando um dedo aponta para o céu, as pessoas olham para o dedo, assumindo uma posição de falsa neutralidade, para esconder a fraqueza de lutar, por aquilo que sabem ser o melhor.  

A verdade é que a crítica quando fundada e embasada divorcia-se da emoção do pensamento político, como divorcia o sexo do amor, a vida íntima da vida pública, o passado do presente. E se seu o passado não tem nada para dizer ao presente, a história deve permanecer adormecida, sem incomodar, nos guarda-roupas onde o sistema guarda seus velhos disfarces.

As festividades tem esvaziado nossa memória, ou enchendo-a de paixões, fazendo com que esqueçamos do que não está legal. E assim nós repetimos a história em vez de fazê-la diferente. Mas entre nós, é pior: as tragédias se repetem como tragédias.

Em meio a bolinhas de isopor picadas ao vento, escrevemos história, exalamos uma felicidade em meio a magia da fantasia de Natal na ‘JohnnyLand’. Como cidade, estamos como numa depressão: tentamos fingir que está tudo bem, com um sorriso estampado no rosto, quando na verdade não está e o pior é que sabemos disso. Mas... são tempos bem difíceis para poder discordar.

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Saúde mental dos jovens em risco com o mundo digital

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma presença constante na vida dos jovens, oferecendo tanto benefícios quanto desafios. Hoje, o nosso país conta com o maior contingente de jovens de sua história, e é preocupante que neste momento percebamos uma crise de saúde mental tão crescente na população juvenil.

Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma presença constante na vida dos jovens, oferecendo tanto benefícios quanto desafios. Hoje, o nosso país conta com o maior contingente de jovens de sua história, e é preocupante que neste momento percebamos uma crise de saúde mental tão crescente na população juvenil.

Paralelamente a isso, pesquisas realizadas no Brasil e em todo o mundo convergem para apontar que estamos vivenciando um agravamento dos indicadores de saúde mental entre adolescentes – uma tendência observada mesmo antes da pandemia, que vem atingindo, cada vez mais cedo, as crianças, os adolescentes e principalmente, os jovens adultos.

Preocupações sobre o impacto da tecnologia na juventude não são novas: a televisão e videogames foram frequentemente alvos de escrutínio nas últimas décadas. Afinal, como lidar com as mídias sociais que vêm ganhando destaque como potenciais gatilhos para problemas de saúde mental.

Ansiedade e depressão: o mal dos jovens

O volume de evidências de que as mídias sociais podem ter efeitos nocivos para uma fatia da população jovem vem crescendo. É muito além de uma coincidência temporal entre o aumento de sintomas como ansiedade e depressão na população e a disseminação em larga escala do uso de mídias sociais há pouco mais de uma década.

O que no início eram as “redes sociais”, as ferramentas que tinham como objetivo central permitir a conexão com outras pessoas do círculo social de cada um, nos últimos anos se transfiguraram nas “mídias sociais”, na qual existe um fluxo contínuo de textos, imagens, vídeos rápidos, tudo filtrado por algoritmos com fins comerciais.

No Brasil, cerca de 70% da população está conectada à internet, com exposição constante a informações, pressões sociais e a ênfase na autoimagem na internet. O que evidentemente, traz diversas implicações na saúde mental dos jovens, que atravessam essas mudanças de mundo de forma constante, antes sequer de aprender a lidar com elas.

Novos dados divulgados em julho, apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade. Um terço (31,6%) da população mais jovem, de 18 a 24 anos, é ansiosa — os maiores índices de ansiedade, líder dentre todas as faixas etárias no Brasil. E a que custo chegamos a esse índice?

Vendedores de sonhos a qualquer custo

O Brasil hoje tem o maior contingente populacional de jovens de todos os tempos. Provavelmente isso nunca mais se repetirá, de modo que estamos diante de uma janela de oportunidade histórica, com repercussões para as próximas gerações. Afinal, estamos protegendo os cérebros e mentes destes quase 50 milhões de brasileiros? A verdade é que não!

Cada dia mais cedo somos atingidos pelos padrões de beleza inalcançáveis. Crescendo em uma geração de fotos super editadas, de procedimentos estéticos e em busca de um ideal de beleza, vamos sacrificando a nossa juventude. Não estamos conseguindo ver a gravidade de uma jovem ter morrido, recentemente, por uma cirurgia plástica no joelho.

Pasmem! De acordo com dados divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil lidera o ranking de nações que mais realizam procedimentos estéticos no mundo. Dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos em 2016, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com 18 anos de idade, ou menos.

Por outro lado, a ‘desinformação’ promovida pelos ‘influenciadores’ também dão lugar ao uso indiscriminado de drogas, anabolizantes e vapes. Sabe-se lá de onde vieram, mas diante de sua popularidade são promovidos próprios aplicativos, aparecendo constantemente na tela, com shows desinformação e promovendo o que querem, como uma verdade absoluta.

Aparecendo também na venda de fórmulas mágicas para o sucesso contribuem cada dia mais para o agravamento de problemas como ansiedade, depressão e solidão digital. Jovens que não conseguem acompanhar esse ritmo de mudança, seja no quesito beleza ou “conquistas na vida”, se colocam em uma cobrança, apesar de começarem a viver apenas agora.

Não há como normalizar tudo o que vivemos. A internet vende sonhos a qualquer custo, mesmo que isso esteja colocando toda a nossa juventude em risco. Um termo descreve nossa época, caracterizada por essa constante mudança e fluidez, chamado de “modernidade líquida”. Tudo é rápido, passageiro, frágil e substituível.

Em razão da complexidade do problema, como podemos abordar a questão do uso de mídias sociais por jovens? Uma proibição simples e irrestrita do uso de mídias sociais não parece ser desejável e muito menos viável – ainda que uma discussão sobre a idade mínima para seu uso faça bastante sentido.

Não parece, contudo, adequado deixar essa responsabilidade exclusivamente na mão das famílias, tornando-se necessário o envolvimento de toda a sociedade. Certamente, precisamos compreender melhor este complexo fenômeno, mas as lacunas no conhecimento atual não devem servir de justificativa para a inação diante de uma juventude doente.

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Milei eleito na Argentina: como isso nos afeta?

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Conhecido pelas suas abordagens políticas agressivas e suas propostas ousadas, representando uma "mudança" desejada pelos argentinos que o elegeram, Javier Milei, de 53 anos, será o próximo presidente da Argentina, tomando as rédeas da Casa Rosada no próximo 10 de dezembro.

Eleito, conseguiu liderar as eleições presidenciais argentinas desde o começo, sendo considerado um marco na história da política daquele país. Ao prometer cortes drásticos nos gastos governamentais, Milei conquistou seu eleitorado com sua retórica incisiva cercada de emoção e de discursos polêmicos.

Conhecido pelas suas abordagens políticas agressivas e suas propostas ousadas, representando uma "mudança" desejada pelos argentinos que o elegeram, Javier Milei, de 53 anos, será o próximo presidente da Argentina, tomando as rédeas da Casa Rosada no próximo 10 de dezembro.

Eleito, conseguiu liderar as eleições presidenciais argentinas desde o começo, sendo considerado um marco na história da política daquele país. Ao prometer cortes drásticos nos gastos governamentais, Milei conquistou seu eleitorado com sua retórica incisiva cercada de emoção e de discursos polêmicos.

Atraindo uma massa de eleitores insatisfeitos com a crise do sistema econômico atual, agora a Argentina enfrenta um novo capítulo em sua história política, com promessas de cortes de negócios com a China e até mesmo o Brasil, Milei promete sair de relevantes alianças como o Brics e o Mercosul.

Não visando abordar o cansativo debate sobre o que é melhor: esquerda ou direita, afinal, isso vai da opinião de cada um de vocês, leitores. Afinal, como a vitória na eleição de Javier Milei pode afetar o Brasil e nossas participações nessas alianças econômicas e sociais aderidas pelos países?

 

Crise econômica e a dolarização argentina

Nos últimos anos a Argentina tem enfrentado uma terrível crise econômica caracterizada pela inflação descontrolada, uma dívida insustentável e uma moeda extremamente enfraquecida. Esse cenário tem um impacto direto na qualidade de vida da população, o que acaba gerando um gigantesco descontentamento.

Diante desse cenário econômico e político, surge um candidato irreverente, sem papas na língua e com promessas de mudanças extremamente radicais para Argentina. Um economista que se auto apresenta como um “ultraliberal antissistema” e que, justificadamente, agrada aos ouvidos da população que clama por mudança.

A inflação da Argentina já chega a ultrapassar os 100% ao ano, e sendo a mesma Argentina que há alguns anos sustentou o status da “melhor qualidade de vida da América Latina”. Agora, com o poder de compra baixo, os argentinos testemunham um único dólar comprar mais de 1.000 da sua moeda, o que é um fardo para os consumidores.

Uma das principais propostas do presidente eleito é a de “dolarizar” a economia argentina – porém, essa história de dolarizar a economia da Argentina não é nada nova. Em 1991 enfrentou uma grande reforma estrutural, abriu sua economia e dolarizou sua moeda, o que fez com que um peso argentino valesse um dólar.

Junto com essa mudança, houve menos interferência do estado argentino na economia, além de diversas privatizações, resultando num curto período de crescimento econômico para o país. Contudo, o que parecia ser bom, demonstrou não ser tão bom. Por volta de 1995, uma grande crise estourou no bolso dos “hermanos”.

Há um conceito adotado por muitos na economia, de que a moeda de países exportadores de matéria prima (como Brasil, Argentina e China), tenham seu dinheiro levemente desvalorizado para que os seus produtos se tornem mais atrativos no mercado internacional. Ou seja, se a nossa moeda é mais barata, nossos produtos são mais baratos para outros países, o que pode aumentar as exportações.

Entendo os conceitos de economia, é evidentemente que a desvalorização deve ocorrer dentro de uma razoabilidade, não podendo ser algo gritante. Contudo, no início dos anos 2000, enquanto a moeda brasileira e de outros países era mais atrativa do que a da Argentina - que estava cotada no dólar - o país viu suas exportações reduzirem muito, gerando uma grande crise no país, que tem seus reflexos até hoje, na atual crise.

 

Riscos para o Brasil: o pãozinho deve ficar mais caro

Apesar de o Brasil ser o principal parceiro comercial desse país, enquanto candidato ele disse não ter intenção de manter boas relações com o governo ditos como “comunistas” e “parasitas”, como o do Brasil, China e outros. As expectativas de Milei se dão em negócios com os EUA e Israel – que sequer o parabenizaram pela vitória.

A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Em 2022, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou US$ 15,3 bilhões (4,5% das exportações brasileiras) e importou US$ 13,09 bilhões.

Exportadora de matéria prima, a Argentina também está presente na mesa dos brasileiros, seja na carne ou no pão. Para se ter ideia, os hermanos exportaram 1,742 milhão de toneladas de trigo de janeiro a julho de 2023. Segundo dados do Ministério da Agricultura do país, o Brasil foi o principal comprador, comprando 79% das suas exportações.

Um célebre ditado popular sempre nos diz: “falar até papagaio fala”. Se as inúmeras promessas revolucionárias berradas por Milei se tornarem realidade, é possível que, inicialmente, possamos sentir mudanças nos valores dos alimentos em que colocamos na nossa mesa, em especial na carne e no pão.

Antes de nos apavorarmos, é importante lembrar que a economia argentina capenga para andar, com dívidas gigantescas. Sair do Mercosul, dolarizar a economia, cortar parte das relações comerciais com dois de seus três principais parceiros comerciais, não parece ter cabimento em um país que passa por crise severa e uma dívida externa de bilhões. Esperemos as cenas dos próximos capítulos.

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Gestão do lixo: Friburgo precisa de soluções inteligentes

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Quer se espantar mais? Você já parou para pensar que o nosso país atualmente abriga aproximadamente 210 milhões de pessoas, e que todo santo dia, somos responsáveis pelo descarte de cada vez mais e mais resíduos, sendo certo que a maior parte deste lixo é descartado de forma inadequada.

Infelizmente, o lixo produzido, não some com um estalar de dedos. Quando botamos a sacolinha do mercado com resíduos para fora de casa, o caminho é longo até que chegue ao descarte adequado. Por mais óbvio que pareça, mesmo que o caminhão da coleta passe, ou as ruas sejam varridas, os resíduos ainda permanecem a nossa volta.

Maior parte dos resíduos produzidos pelos habitantes não passam por qualquer tipo de coleta no país. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, mais de 1.000 municípios brasileiros não disponibilizam coleta de lixo domiciliar para toda a população urbana.

Além disso, a maior parte dos municípios não tem a menor preocupação acerca de um descarte adequado de todo esse lixo. Mais de 40% dos resíduos sólidos urbanos, são despejados nos mais de três mil lixões espalhados por todo país, o que leva a contaminação do solo por centenas de anos e da água.

E se você acha que pagamos apenas pela coleta do lixo, você está muito enganado. Nós, contribuintes, pagamos caro pela coleta do lixo, pelo transporte até o lixão ou aterro sanitário, e pelo espaço onde o lixo foi ou está sendo descartado – mesmo por aqueles espaços que não tem mais a capacidade de receber mais resíduos.

Essa metodologia antiga de descarte de lixo – que, por sinal, pode ser novamente implementada em Nova Friburgo, através dos novos contratos na gestão de lixo – traz prejuízos irreparáveis não somente ao meio ambiente e a nossa saúde, mas também, ao nosso bolso, enquanto contribuintes, dando um triste fim a tudo que descartamos.

Marcelo Barros, administrador de formação, atua há pelo menos 30 anos no mercado de soluções energéticas e explica que o descarte de resíduos nos aterros sanitários não é nem de longe a melhor solução, tanto para o meio ambiente, como para a própria cidade.

"O descarte de lixo nos aterros sanitários é um processo delicado. Quando utilizamos esse método de descarte de resíduos, há chances de vários riscos de acidentes ambientais que vão desde a contaminação dos lençóis freáticos até risco de explosões por conta dos gases emitidos pelo lixo. No fim das contas, todo material continua acumulado no local durante décadas, até que o aterro esteja no limite. Posteriormente, novos aterros são abertos e os antigos ainda continuam poluindo”, explica Marcelo.

Inovação que transforma lixo em luxo

Já pensou se deixássemos de gastar dinheiro com o nosso lixo e transformarmos ele em uma excelente fonte de renda para a cidade, por meio da geração de energia, criação de vagas de empregos, venda de matéria prima e até mesmo, combustíveis para veículos? Parece uma ótima ideia, não? E é! Marcelo explica:

"Hoje, existem soluções inteligentes de usinas de tratamento, que conseguem, de forma automatizada, separar os materiais recicláveis, incinerar o lixo que consegue produzir energia elétrica e combustível e por fim, transformar descartes em materiais úteis para obras públicas, como tapumes de madeiras, cavaletes entre muitos outros.  No longo prazo, a história já provou que projetos como estes podem ser extremamente rentáveis aos municípios e especialmente para a população – que ganha novas vagas de empregos e ganha com a redução drástica dos impactos ambientais, e o melhor, tudo isso sem a existência de um aterro sanitário"

Soluções como essas já são usadas em todo o planeta. Em Oslo, na capital da Noruega, cerca de metade da cidade é aquecida pela queima de lixo, de onde também grande parte da sua energia elétrica é produzida. E sabe qual a problemática norueguesa? Eles não têm mais lixo para queimar e hoje, chegam até a ter que importar lixo da Inglaterra e da Irlanda.

Embora o Marco do Saneamento, assinado em 2020, buscou determinar um prazo de quatro anos para que todos os locais de descarte irregulares fossem desativados, no Brasil, a cada dia que passa os locais inadequados para descartes são criados, numa tentativa de solução de problemas que beneficiam pouquíssimos. 

 Esperamos que um dia, a problemática do lixo friburguense seja como a norueguesa e a nossa maior preocupação seja em como comprar os resíduos alheios das cidades vizinhas para produzirmos energia e gerar renda para todos - e não em como faremos para abrirmos novos aterros sanitários, em um ciclo vicioso e sem fim.

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Um nariz de palhaço para mim e outro para você

quinta-feira, 09 de novembro de 2023

Paz uma ova, estrebucho aqui através do seu computador e nas páginas do jornal. Nunca me senti tão belicoso e avesso a essa nova velha politicagem que consome cada ponto desse país. A cada dia, começo a entender os muitos por quês desta estranha sensação de impotência misturada com a indignação de ser também contribuinte desta patota.

Paz uma ova, estrebucho aqui através do seu computador e nas páginas do jornal. Nunca me senti tão belicoso e avesso a essa nova velha politicagem que consome cada ponto desse país. A cada dia, começo a entender os muitos por quês desta estranha sensação de impotência misturada com a indignação de ser também contribuinte desta patota.

Eu mesmo estou surpreso, portanto, com o quanto me envolvi emocionalmente ao saber dos repasses dos royalties de diversos setores e dos altos valores das taxas de iluminação pública - pagas por nós - que foram destinadas a contratos milionários para decorar carros alegóricos e montar som na rua no Natal.

É estranho, porque nem os recentes escândalos vividos nos últimos dez anos dos poderes Executivo nacional e estadual me deixaram tão enfurecido e comovido. Talvez seja o aspecto pessoal em perceber como cada pequena má decisão tem interferido diretamente na minha e na sua vida.

Como usuário do Hospital Municipal Raul Sertã é visível - seja você também usuário ou não - de que a situação da saúde no município é precária. Lembro-me da madrugada do último dia 28 de outubro, em que necessitei buscar atendimento médico ortopédico na unidade pública de saúde aberta naquele horário.

No longo tempo entre triagem e o atendimento na recepção - num hospital vazio - um idoso teve uma crise convulsiva na recepção do hospital. Veio a buscar apoio numa cadeira de espera, até que caísse no chão. Uma cena forte e que toca. Os enfermeiros realizaram o atendimento do rapaz, que passou longos minutos agonizando no chão.

Após um considerável tempo, uma cadeira de rodas foi trazida ao local. O inconsciente paciente, ainda muito trêmulo, foi colocado na cadeira de rodas. Sabido que uma crise epilética mata, quando o homem foi ser levado para o atendimento, perceberam suas pernas rastejavam pelo chão impedindo a locomoção do paciente.

Ao analisarem o problema, perceberam que a cadeira de rodas – que custa em média uns R$ 400 a R$ 600 - estava quebrada. O equipamento só tinha um único apoio para pés, que nem estava lá essas coisas. E assim, numa cadeira de rodas quebrada e com um enfermeiro tentando dar um jeito para o  pé do paciente não encostar no chão, foi levado um senhor com risco de morte.

Logo depois, chegou um jovem rapaz que havia se acidentado ao andar de moto, com ferimentos nada bonito de se ver em seus dois pés. Enquanto eu e muitas outras pessoas esperávamos a triagem, comecei a perceber como o nosso hospital, que atende toda a região, está caindo aos pedaços – literalmente.

Faltam cadeiras de espera para os pacientes. As paredes e os tetos descascam tinta em meio as muitas infiltrações. Ironicamente, em alguns pontos, a iluminação do hospital público é inexistente. Cadeiras de roda, quebradas. As filas de exames lotadas. E sem contar, os escândalos expostos pela “Operação Baragnose” quanto as falhas nas licitações da alimentação, deflagrada pela Polícia Federal no começo do ano.

Após ser atendido por uma médica, fui direcionado ao setor de raio-x do hospital, onde, novamente, encontrei o rapaz do acidente de moto, numa cadeira de rodas. Ao ser chamado para “bater uma chapa”, constatou-se que apesar do seu pé machucado, a cadeira de rodas não conseguia passar por um estreito corredor e levá-lo assim, até a máquina do raio-x.

Dessa forma, o jovem rapaz que pouco conseguia se levantar, foi “convidado” a ir andando até a máquina e enfim, fazer o exame. Depois de algumas horas, eu saí extremamente pensativo e encabulado sobre o que havia vivido naquela curta madrugada. Mas quando falamos de gestão pública, até o básico parece difícil.

Dois dias depois, não surpreendentemente, o teto da recepção do hospital caiu após uma forte chuva. Felizmente, não veio a machucar ninguém. Na semana passada, tivemos a irônica, “feliz e empolgante” notícia de que Nova Friburgo terá um dos seus Natais mais coloridos e com os carros alegóricos mais exuberantes, com parte do orçamento transferido de royalties e das taxas de iluminação pública, mesmo diante de toda problemática existente no município.

E para fechar com chave de ouro, a irônica, “alegre e cativante” notícia de que todos os partidos na Câmara dos Deputados estão unidos, como uma bonita e forte família, para inflar ainda mais, o Fundão Eleitoral das eleições do ano que vem para valores que extrapolam os R$ 6 bilhões.

Nossas problemáticas não importam para ninguém! Estamos sozinhos. E quando se trata do nosso dinheiro tudo é uma grande festa das quais não somos convidados ou beneficiados com nada! Um nariz de palhaço para mim e outro para você, contribuinte.

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A prefeitura erra de novo e de novo...

quinta-feira, 02 de novembro de 2023

Em meio à queda de repasses e cortes de despesas; salários muito abaixo do piso salarial e troca de regime de diversos servidores municipais; além dos tetos que desabam e das operações da Polícia Federal que envolvem o Hospital Municipal Raul Sertã (Operação Baragnose), a Prefeitura de Nova Friburgo, teve a audácia de anunciar que as comemorações e decorações de Natal de 2023 terão mais de R$ 6 milhões em gastos.

Em meio à queda de repasses e cortes de despesas; salários muito abaixo do piso salarial e troca de regime de diversos servidores municipais; além dos tetos que desabam e das operações da Polícia Federal que envolvem o Hospital Municipal Raul Sertã (Operação Baragnose), a Prefeitura de Nova Friburgo, teve a audácia de anunciar que as comemorações e decorações de Natal de 2023 terão mais de R$ 6 milhões em gastos.

Em 2022, o gasto com a decoração foi considerável, contudo, menos da metade deste ano (R$ 2,6 milhões). Apesar das peças compradas terem sido armazenadas em um galpão, segundo a Secretaria de Turismo, para serem reutilizadas neste ano, houve um significativo aumento nas licitações e verbas, que surpreenderam os friburguenses.

Até aí, tudo bem! É normal que a prefeitura se programe para o Natal em uma cidade com potencial turístico. Contudo, a realidade, é que em meio as dificuldades enfrentadas, tudo isso soe mal, especialmente diante dos valores das licitações e de onde sairá toda essa verba de uma cidade, que passa muito aperto.

Taxa de iluminação comprometida     

Você sabe quem paga a conta de luz do serviço de iluminação pública da sua cidade? Todo mundo que paga a conta de energia elétrica mensalmente está contribuindo também com a conta de luz dos postes que iluminam as ruas, avenidas e todos os espaços públicos – tenha você iluminação na sua rua ou não. É isso mesmo, experimente conferir na sua conta de luz. 

Todos os meses nós pagamos pela iluminação pública por meio da (salgada) conta que chega em nossa casa. Caso não paguemos a taxa, teremos a nossa luz cortada, posteriormente, o nosso nome inscrito no SPC e, finalmente, necessitaremos pagar uma absurda taxa de religação, para que enfim, novamente tenhamos luz em casa.

A Contribuição de Iluminação Pública (CIP), prevista no artigo 149-A da Constituição Federal, tem o objetivo de ser destinada não somente ao custeio dos serviços de iluminação pública prestados nas vias, praças e demais bens públicos, mas especialmente destinado à instalação de novas redes, manutenção e o melhoramento do que já existe.

Apesar de possuirmos umas das taxas de iluminação mais caras do nosso país, a realidade de Nova Friburgo, já é uma antiga conhecida da nossa população. No próprio centro da cidade, que deveria ser nossa vitrine para os turistas, já não é segredo para ninguém: são diversas luzes fracas e queimadas há meses, quiçá há anos.

A mesma situação também se repete nos bairros mais próximos (como Braunes, Vila Amélia, Vilage e muitos outros). Há moradores e síndicos que já desistiram depois de tanta burocracia para fazer uma simples reclamação, além das diversas e cansativas idas e vindas à prefeitura.

Em bairros mais distantes do Centro, ainda há ruas em que apesar da existência de postes que levam energia elétrica para os moradores, e os cobrem a taxa, inexiste qualquer tipo de iluminação pública – isso sem falar da falta de asfalto ou qualquer tipo de saneamento básico.

A realidade entre o valor cobrado na taxa e o serviço prestado aos contribuintes é inversamente proporcional. Entretanto, a Prefeitura de Nova Friburgo, parece não ligar para a problemática e comete gafes que são um insulto a todos nós, contribuintes de valores que comprometem a nossa renda no final do mês.

Acredite ou não, através do decreto 2435/2023, a Prefeitura de Nova Friburgo teve a audácia de repassar o valor de R$ 2.605.516,48 do Fundo de Iluminação Pública, para que a Secretaria de Turismo, faça as festividades de Natal.

Respire e racionalize comigo. Não seria melhor destinar essa verba para as muitas emergências? Em meio a uma cidade que sofre com a má alimentação dos pacientes e a falta de estrutura no Hospital Municipal Raul Sertã; a demora na realização de exames e cirurgias de urgência/emergência; a falta de medicamentos nos postos de saúde; a falta de vagas em creches e escolas e a queda do teto do hospital devido a vazamentos, não deveriam, então, ser prioridade?

Em meio a uma cidade em que os profissionais da educação e saúde recebem menos do que o piso salarial da categoria; os buracos nas vias da cidade fazem aniversário; e há a falta de boa iluminação pública em diversos bairros, soa muito mal que a preocupação da prefeitura, nesse momento, seja separar parte do orçamento destinado a iluminação pública, não para resolver as problemáticas do município.  Mas sim, para enfeitar os carros alegóricos para o Natal...

Natal Luz? Apenas para quem menos precisa, e às caras custas das necessidades básicas de uma população carente, que vive às vésperas de um ano eleitoral.

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O terror da milícia numa terra de ninguém

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma onda de violência deixa a população em pânico, em estado de alerta e insegura sobre como será o dia de amanhã. Desde a última segunda-feira, 23, após uma operação da Polícia Civil contra a maior milicia do estado, os grupos paramilitares instalam um cenário de terror na capital fluminense.

Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma onda de violência deixa a população em pânico, em estado de alerta e insegura sobre como será o dia de amanhã. Desde a última segunda-feira, 23, após uma operação da Polícia Civil contra a maior milicia do estado, os grupos paramilitares instalam um cenário de terror na capital fluminense.

A ação terrorista é uma represália à operação da polícia que matou Matheus da Silva Rezende, o Faustão, apontado como o número dois na hierarquia da milícia na Zona Oeste da cidade. Em ameaças, o grupo paramilitar avisa que se houverem mais prisões, um caos ainda pior se instalará na região.

Em uma onda de violência, milicianos já foram responsáveis pelos incêndios de mais de 35 ônibus, quatro caminhões, duas estações de BRT e mais três tentativas de incêndio a bens públicos. Em meio ao cenário que nos faz recordar uma verdadeira guerra civil, a Prefeitura do Rio de Janeiro suspende aulas em escolas e pede ajuda do Governo Federal.

O que é a milícia

O primeiro grupo paramilitar se formou em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no fim dos anos 80. Inicialmente, carregava o lema de “proteger” o cidadão de bem da ofensiva do tráfico de drogas — tanto que o consumo de entorpecentes era proibido na região.

A partir dos anos 2000, alguns policiais e ex-policiais corruptos passaram a realizar serviços de “segurança” nas comunidades sob o pretexto de “resguardar” os moradores do tráfico - a quem, evidentemente, todos se opunham, por ser tratarem de facções criminosas sem limites. O grupo se intitulava “Liga da Justiça”.

Institui-se uma “taxa de proteção” pelo “serviço”. Por sua vez, a cobrança não era opcional aos moradores e comerciantes. Tornou-se uma forma de exploração e de extorsão, para que os locais pudessem “viver uma vida tranquila e sem aborrecimentos”, por meio de discursos moralistas que defendiam a imposição da ordem.

E assim, os paramilitares passaram a enriquecer e a impor o monopólio de serviços essenciais como a internet clandestina, a distribuição de água e de gás, sobre os quais também incidiam muitas “taxas” em prol dos milicianos. Motoristas de vans, mototáxis, táxis e outros veículos também eram obrigados a pagar pedágios.

Quase que inspirados na vida de Pablo Escobar, os fundadores perceberam melhor do que apreender do tráfico, também seria extremamente rentável vender drogas. E para se proteger dos braços do Estado, migraram para os campos da política na cidade do Rio de Janeiro - recebendo prêmios políticos na Alerj, cargos importantes e até sendo eleitos.

De acordo com o Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (UFF), em um período de 16 anos, as milícias quase quintuplicaram seus territórios e são hoje o maior grupo criminoso do estado, se aliando ao Comando Vermelho (CV). As áreas sob domínio de grupos paramilitares aumentaram 387,3% entre os anos de 2006 e 2021, influenciando diretamente na vida de dois milhões de pessoas em nossa capital.

Enfrentamos esse mal sem ajuda de ninguém

Praticamente não há mais diferença entre os métodos e ações de milicianos e o de traficantes. Todos cobram taxas, controlam serviços, lucram com venda de drogas e mantêm um regime de medo por onde passam. Estamos presenciando uma das maiores facções criminosas já vistas dentro desse país.

A grande diferença é que a milícia está enraizada nas grandes instituições de poder e de pessoas que tem amparo do estado. Seja nas delegacias ou nos quartéis, usando farda ou roupa normal, e às vezes, até vestindo terno nos cargos políticos mais importantes do nosso próprio país.

Não há como generalizar. Longe disso! Mas como nós, meros populares, podemos denunciar se quem está do outro lado da linha telefônica pode também integrar essa facção? O medo toma a todos nós, nos fazendo virar refém, com o grito de ajuda preso na garganta.

Infelizmente, o crime organizado no Rio de Janeiro chegou a um ponto que não tem mais volta. A milícia se expande de norte a sul em todo o país, proporcionando os mais tristes episódios na história da segurança pública, vindo de um braço criminoso, militarizado, institucionalizado e com força política – que “nós”, infelizmente, através do voto, demos a eles.

Não pensem que esta realidade não chegará a Nova Friburgo. É algo muito maior do que imaginamos e do que temos gerência sobre. E, se todos os indícios e denúncias que correm pelas bocas alheias nos comércios e ruas dessa cidade, forem verdadeiras, de fato, engatinhamos o início dos novos maus dias para a nossa cidade.

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Idosos desprotegidos: golpes na aposentadoria

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

O tempo corre como um velocista em busca de um recorde. Olhamos para nossas faces no espelho e percebemos cada dia mais cabelos brancos, ou em outro caso, menos cabelos. Ao observamos nossas mãos, concluímos que a cada dia, a juventude se vai e que a infância nos é roubada pouco a pouco.

O tempo corre como um velocista em busca de um recorde. Olhamos para nossas faces no espelho e percebemos cada dia mais cabelos brancos, ou em outro caso, menos cabelos. Ao observamos nossas mãos, concluímos que a cada dia, a juventude se vai e que a infância nos é roubada pouco a pouco.

A vida vai acontecendo, a história da nossa trajetória está em uma construção, tijolo após tijolo. Não há como voltar nem para pegarmos impulso. Cazuza, já nos avisava de que “o tempo não para”. E não para mesmo.  Estudamos, trabalhamos, nos apaixonamos, compramos nossa casinha, juntamos um dinheirinho até que nos aposentamos.

Mudaram as estações e tudo foi mudando. A disposição já não é a mesma da meninice. Dores ali, dores aqui. A visão, que outrora poderia ser comparada a uma visão de águia, se enfraquece. A experiência de vida que construiu duras cascas, vai dando lugar a uma vulnerabilidade. E toda jornada de trabalho perene que promovia o sustento de toda sua família, agora se ampara, em uma magra e modesta, aposentadoria.

Repetindo a rotina de toda uma vida, acorda e passa o seu café. Aquela broa com cheirinho de casa de vó, não pode faltar. À moda antiga, lê o seu jornal e assiste a televisão acompanhando as notícias. Tecnologia nunca foi o seu forte, portanto, tem grandes dificuldade em acessar aplicativos pelo celular. Até mesmo, para verificar um extrato num caixa eletrônico. Acontece.

E depois do seu café, enfrenta a fila do banco, depois de alguns meses para ver se tudo está nos conformes. E de repente, se depara com R$ 36 mil a mais na conta - e não foi presente. Era um empréstimo consignado feito por outro banco que ele desconhecia; um empréstimo que ele não pediu nem queria. E quando percebeu, há vários meses teve descontado em sua conta, salgadas parcelas, com juros e juros, de sua aposentadoria.

Muitos passam a vida planejando uma aposentadoria tranquila e quando finalmente está chegando a hora de aproveitá-la, milhares de recém-aposentados e pensionistas, acabam virando alvo de golpes, que muitas vezes não são promovidos dentro de presídios ou afins, mas pelas maiores instituições financeiras de todo o país.

A prática é conhecida como “fraude do consignado”. Esta prática, irregular, consiste em entidades financeiras “empurrarem” empréstimos consignados (com desconto em folha) sem a autorização ou conhecimento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em geral pessoas idosas, gerando dívidas intermináveis a quem já não mais trabalha.

Poucos projetos de lei capazes de frear a prática

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) aprovou no último dia 11, um projeto que estabelece multa a instituições financeiras que fizerem crédito consignado sem autorização de servidor público ou de beneficiário do INSS. De acordo com o projeto de lei, a multa, de 10% do valor depositado indevidamente, será revertida automaticamente para o cliente.

Neste ano, a Justiça de Belo Horizonte-MG condenou o banco Pan a pagar R$ 10 milhões por dano moral coletivo por conceder empréstimo consignado sem a anuência do consumidor e proibiu a modalidade conhecida como “telesaque”, em que o crédito é oferecido e contratado por telefone.

Apesar de projetos de lei ainda engatinharem e precisarem passar por todo o trâmite na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, e as multas serem altas, ainda parece valer a pena para os bancos. Afinal, somente nos seis primeiros meses deste ano, a Secretaria Nacional do Consumidor já recebeu quase 28 mil denúncias da prática.

Ainda faltam iniciativas e as que existem, são brandas para instituições que possuem seus bilhões de reais. Em contrapartida, estamos sacrificando a saúde mental e física de pessoas que já não tem mais facilidade para fazerem tantas tarefas, como andar, tirar um extrato no banco ou ver uma notificação no telefone.

Covardia. É o que vem ocorrendo com milhares de aposentados desse país. Soa um absurdo que, depois de muitos anos de contribuição, precisem ficar clamando por ajuda jurídica para que não percam toda sua renda, ao ponto de não conseguir pagar as próprias contas. O poder público fecha os olhos para os idosos, e não é de hoje!

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