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Notas do Enem, vagas em universidades e o nordeste dando show

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O Ministério da Educação divulgou, na terça-feira, 16, as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. No total, 2.734.100 estudantes fizeram a prova em novembro do ano passado. O Enem é a porta de entrada para quem deseja ingressar no ensino superior. De acordo com o desempenho do candidato, é possível concorrer a vagas em diversas universidades públicas de todo o Brasil por meio do Sistema de Seleção Única Unificada (Sisu). Mas é importante ficar atento, porque as inscrições para o programa começarão na próxima segunda-feira, 22.

 

O Ministério da Educação divulgou, na terça-feira, 16, as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. No total, 2.734.100 estudantes fizeram a prova em novembro do ano passado. O Enem é a porta de entrada para quem deseja ingressar no ensino superior. De acordo com o desempenho do candidato, é possível concorrer a vagas em diversas universidades públicas de todo o Brasil por meio do Sistema de Seleção Única Unificada (Sisu). Mas é importante ficar atento, porque as inscrições para o programa começarão na próxima segunda-feira, 22.

 

Muitos candidatos e poucas vagas

Apesar da vastidão de candidatos que fizeram o Enem no ano passado, o desafio que eles enfrentarão não é nada fácil. São muitos candidatos e poucas vagas. Neste ano, o Sisu ofertará 264.360 vagas, distribuídas em 127 instituições de educação superior, de norte a sul de todo o país. Pelo menos 123 mil vagas são destinadas para diversos cursos que demandam uma grade curricular em tempo integral, em diferentes turnos. O período noturno contará com cerca de 87 mil oportunidades, o matutino com mais de 31 mil; já o vespertino terá mais de 20 mil vagas.

Dentre estas 264 mil vagas ofertadas no Brasil, apenas 29.393 estão disponíveis no Estado do Rio de Janeiro. No topo da lista, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) tem 9.240 vagas, seguida da Universidade Federal Fluminense (UFF), com 8.788. Apesar do número de vagas disponíveis nos estados, todos os candidatos poderão concorrer a oportunidades por todo o país. Estados próximos, como Minas Gerais e São Paulo, somam quase 47 mil vagas, além de faculdades mais distantes, como a UFPB, um dos polos de referência em ensino e inovação no país, contando com 7.750 vagas.

Os cursos mais disputados são os de Medicina, Engenharia da Computação, Direito, Ciência da Computação, Engenharias em geral e muitos outros. Davi Cintra, 17 anos e ex-estudante do Colégio Anchieta, fez o Enem 2023 e revela suas expectativas para o Sisu: “A prova do Enem nunca é fácil, mas as expectativas agora são as melhores possíveis para ingressar na faculdade. Ainda não decidi para qual cidade devo ir, mas eu escolhi o curso de administração pela vontade que eu tenho de empreender. É um sonho que está mais próximo do que nunca”, relata o jovem de Nova Friburgo.

 

Nordeste nota 1.000

Discursos de ódio e preconceito ignoram a importância do trabalho, da economia e da arte dos nordestinos para o desenvolvimento econômico, cultural e intelectual do país. Em 2022, após o resultado das eleições, ficou latente, nas redes sociais, como a nossa região ainda carrega preconceito e tem uma visão deturpada sobre o nordestino.

Apesar dos preconceitos difundidos no dia-a-dia através de comentários maldosos, como filho de retirantes e ex-morador da região, tenho o orgulho de dizer: O Nordeste foi a região que mais registrou redações que alcançaram a nota máxima no Exame Nacional do Ensino Médio de 2023.

Das 60 redações nota mil em todo o Brasil, 25 são de estudantes do Nordeste – quase a metade. Já o Sudeste, apesar da maior população do Brasil, ficou como a segunda região com mais notas máximas, 18. Em seguida estão o Sul, com sete redações, e Centro-Oeste e Norte empatados com cinco cada.

Entretanto, um dado triste e que reflete a realidade brasileira. Das 60 redações, somente quatro são de escolas públicas: Espírito Santo (1); Rio de Janeiro (1); Rio Grande do Norte (1); e Tocantins (1). O tema deste ano da avaliação foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.

 

Sucesso para uns, novas oportunidades para outros

Para alguns estudantes, o sonho da universidade chegará. E nele, um novo mundo, repleto de: novos desafios, aprendizados, medos, inseguranças, incertezas e acima de tudo, experiência. Não tenha medo de seguir o seu sonho, assim como também não tenha medo de se permitir experimentar e decidir se é isso o que te fará feliz na vida. E não se esqueça: faça sempre por você e para você!

E se você não teve o seu êxito em passar para a universidade, não desanime. Antoine de Saint-Exupéry, no livro Pequeno Príncipe, escreveu: “Quando a gente anda sempre em frente, não pode ir muito longe”. Muitas vezes precisamos dar dois passos para trás, antes de florescermos e brilharmos. Não desista do seu sonho!”

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Precisamos retomar o brilho de sermos friburguenses

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

De férias pelo sul do Brasil, nesta semana ao revisitar minhas memórias de quando vim novamente morar em Nova Friburgo - depois de 12 anos morando em João Pessoa-PB, fiquei pensativo e um pouco incomodado por constatar como a nossa amada cidade se estagnou e parou no tempo.

De férias pelo sul do Brasil, nesta semana ao revisitar minhas memórias de quando vim novamente morar em Nova Friburgo - depois de 12 anos morando em João Pessoa-PB, fiquei pensativo e um pouco incomodado por constatar como a nossa amada cidade se estagnou e parou no tempo.

Quando comparo os mesmos cenários de outrora com os dos dias atuais, através das memórias e das fotos, lembro, talvez, de um comércio ou outro que trocou de lugar. Entretanto, como cidade, é incontestável: nada mudamos significativamente, que realmente nos fizesse olhar para trás e nos orgulharmos de como mudamos os rumos do nosso futuro.

Um dia, já fomos referência. Nossa história nos mostrou que nascemos para brilhar, mas não estamos brilhando. Vivemos em um parque dentro de uma cidade ou numa cidade dentro de um parque? Todo mundo terá uma resposta particular para essa pergunta.

Entretanto, deixando de lado as nossas paixões e favoritismos políticos, honestamente, lhes pergunto: nos últimos 12 anos de gestão da nossa cidade, você é capaz de me dizer uma iniciativa que mudou os rumos da vida dos friburguenses? Creio que a grande maioria das pessoas não tem uma resposta para essa pergunta – o que é triste!

Sem termos um bom parâmetro definido perto de nós, cada vez mais vamos nos acostumando com menos, fazendo com que qualquer coisa seja melhor do que nada. E assim nos contentamos com aquele emprego meia-boca, com um salário mais ou menos, com uma relação sem reciprocidade, com amizades por interesse.

Nos acomodamos em sentarmos no penúltimo lugar na plateia só para ver o show ou mesmo com o que sobra da janta, com as migalhas que alguém deixa cair. E sabe porque a gente se contenta? Porque se acomoda, se apropria daquela zona de conforto e resolve morar nela, esquecendo que merece mais, que pode mais, que consegue mais.

Não me lembro de uma Nova Friburgo que vivesse tanto a sua zona de conforto como atualmente. Onde são feitas apenas as coisas mornas, onde tomamos aquele café meio quente e achamos que está ótimo e que nada melhor poderia estar sendo feito com a nossa vida. Quando na verdade, a vida está acontecendo e nós estamos parados.

A cidade em nada cresceu em oportunidades. Para muitos, o melhor caminho ainda é a saída - seja para estudar, trabalhar ou viver. Junto com os investimentos, se foram as fábricas, levando consigo perspectivas de mudanças de vida e, ano após ano, nos acostumamos a ver mais e mais pessoas indo embora, nos esvaziando em oportunidades.

Você já pensou em sair do seu emprego? E já se perguntou para onde vai depois de sair? Afinal, temos oportunidade de escolher em Nova Friburgo? As opções são exatamente as mesmas, apenas mudando o lugar em que você vai trabalhar, sem melhores condições ou qualquer perspectiva de crescimento na vida. E não pense que para quem empreende também está fácil.

Contudo, será que só merecemos isso? Podemos querer o primeiro lugar, desejar um relacionamento saudável, sonhar com um cargo de presidente, querer ter o corpo dos nossos sonhos. Mas parte importante desse processo, de se entender como cidade, é achar-se merecedor dessas conquistas.

Porém, talvez por estarmos absortos nesse cataclismo o achamos normal, aceitável. Apáticos perceptivamente, seguimos apenas buscando como nos adequarmos ao “status quo”. Afinal, como podemos querer crescer em uma cidade que não cresce em nenhum aspecto?

E sinceramente, não escrevo esse texto com qualquer pretensão política, mas pelo puro desejo que enxergo ser comum à outras pessoas de nossa cidade, englobando toda a pluralidade de etnias, gênero, sexualidade, classe sociais e de idade: o desejo de termos novamente o brilho e o orgulho de morarmos em uma cidade modelo, como um dia já fomos.

É inegável que existiram iniciativas dos poderes Executivo e Legislativo municipais. Umas mais inteligentes, outras menos. Decisões acertadas, outras erradas. Entretanto, a grande verdade é que percebemos nos olhos dos friburguenses, a perda do brilho nos olhos quanto uma mudança expressiva em nossa cidade que atinjam significativamente a nossa vida, além de festas e mais festas.

Infelizmente, nós friburguenses, vivemos a mesma vida de exatamente 12 anos atrás e talvez, até um pouco pior: com menos oportunidades, com mais trânsito, com salários menores, com menos investimentos externos, menos infraestrutura, mais violência e mais insegurança do que seremos no futuro. Esse é o sentimento que paira em Nova Friburgo.

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O que esperar de 2024

quarta-feira, 03 de janeiro de 2024

2023 acabou. Felizmente, para algumas pessoas. Já para outras, nem tanto assim. Mudaram as estações, algo mudou? A resposta é positiva. O ano já começou, junto com os novos planejamentos, metas e propostas de mudanças de vida. Mais importante é que em 2024, o planejamento de vida de outras pessoas, pode mudar o nosso. O novo ano será marcado pelas eleições importantes em todo o mundo. Elas deverão imprimir um novo ritmo à dinâmica das relações políticas em diversas regiões do globo.

Eleições municipais

2023 acabou. Felizmente, para algumas pessoas. Já para outras, nem tanto assim. Mudaram as estações, algo mudou? A resposta é positiva. O ano já começou, junto com os novos planejamentos, metas e propostas de mudanças de vida. Mais importante é que em 2024, o planejamento de vida de outras pessoas, pode mudar o nosso. O novo ano será marcado pelas eleições importantes em todo o mundo. Elas deverão imprimir um novo ritmo à dinâmica das relações políticas em diversas regiões do globo.

Eleições municipais

O Brasil realizará suas eleições municipais em outubro. Embora o pleito não signifique mudanças contundentes na esfera federal, é provável que o presidente Lula deverá se empenhar para eleger o maior número possível de prefeitos aliados, especialmente nas capitais e em cidades com mais de 200 mil eleitores.

Com isso, é possível que medidas econômicas mais populares, que beneficiem as classes C, D e E, possam ser tomadas pelo Governo Federal para quem possam ser utilizadas como discursos de campanhas de aliados políticos e grupos simpatizantes. A expectativa é de um ano de reformas, como a do Imposto de Renda e da tributação em folhas salariais, o que deve agitar a política nacional.

Em Nova Friburgo, podemos esperar uma briga política acirrada. Apesar da inexistência de segundo turno, o atual cenário indica que existirão diversas candidaturas para disputar a prefeitura, fato que pode aumentar o número de postulantes, como no caso do último pleito municipal.

O atual prefeito, Johnny Maycon, deverá ser candidato a reeleição, contudo poderá passar por desafios. No ano passado, o gestor atravessou crises, rompendo com o seu vice, Serginho Doce Mania, além de ser expulso do seu partido, fato que lhe trará um ano voltado para reestruturação política da base de governo.

Eleições na América Latina

Para além das nossas montanhas e das fronteiras brasileiras, 2024 ainda trará outras eleições importantes. Na América Latina, países como: México, Uruguai e Venezuela terão processos eleitorais para novos mandatos de presidentes, o que poderá trazer reflexos ao Brasil.

Entretanto, as atenções do planeta deverão se voltar com foco e intensidade para o solo venezuelano. O atual presidente, Nicolás Maduro, que se mantém no cargo desde 2012, será candidato novamente para o pleito eleitoral, que promete ser tenso e repleto de crises políticas no país vizinho.

Sua eleição em 2018 foi polêmica, não sendo reconhecida pela OEA, União Europeia, Estados Unidos e inclusive pelo Brasil. Nos bastidores, especula-se que as ameaças de Maduro para invasão da Guiana e tomada da região petrolífera do Essequibo seria uma manobra para que ele possa, eventualmente, interromper o processo eleitoral e se manter no poder.

Eleições na Rússia

Também nesse ano que se inicia o mundo todo deverá acompanhar de perto as eleições na Rússia. Entre os dias 15 e 17 de março, os russos vão às urnas para, muito provavelmente, reeleger Vladimir Putin. O atual presidente russo, encontra-se no cargo há quase 25 anos.

Peça central na geopolítica internacional, a eleição da Rússia chama atenção especialmente por conta da Guerra da Ucrânia, da possível interferência dos russos nos confrontos da Faixa de Gaza, com sua forte aliança comercial com a China e com o agravamento das crises entre as Coreias.

Eleições nos EUA

Se na Rússia não há perspectivas de grandes mudanças políticas, as eleições americanas prometem ter carga de emoção bem mais alta. Os embates polarizados e intensos deverão se acirrar nos Estados Unidos com um provável novo confronto entre Joe Biden e Donald Trump.

O embate deverá ser bastante duro e o resultado das eleições, que ocorrerão em novembro, pode mudar os rumos das relações globais de poder, especialmente diante de diversas guerras que estão acontecendo neste momento, como as que ocorrem em Gaza e na Ucrânia.

Além disso, qualquer que seja o novo presidente, a expectativa é de que haja uma guinada para mudanças nas políticas fiscal e econômica dos Estados Unidos, o que pode ter impacto para o comércio exterior em todo o mundo. Diante do forte crescimento da China, o país encontra-se pressionado.

Novo salário mínimo e o STF

A primeira medida já foi tomada. O Governo fechou 2023 com a confirmação do novo salário-mínimo no valor de R$ 1.412. O crescimento é de 7%, comparado ao ano anterior. A nova medida governamental deverá mexer com o salário de diversos brasileiros, assim como no valor do FGTS, férias e décimo terceiro salário.

Nos próximos meses, espera-se também que Lula amplie as faixas de financiamento habitacional no programa Minha Casa Minha Vida para que famílias de classe média possam receber o benefício. Ainda são aguardadas outras medidas que causem no eleitorado a sensação de crescimento da economia e da renda familiar.

Por fim, julgamentos no STF também poderão mudar o rumo da vida de muita gente. Entre as ações que mais geram apreensão estão a que pode liberar o aborto até a 12ª semana de gestação, a ação sobre a descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal, e a que pode liberar de vez que políticos assumam o comando das empresas estatais. Há ainda a ação que pode aumentar os saldos do FGTS de empregados formais.

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2023 acabando. E eu? Como estou?

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Ouço a campainha tocar. “Quem pode ser a essa hora da manhã?”, me pergunto. Vagarosamente e desconfiado, abro a porta e me deparo com um velho de rugas que são como marcas de guerra num rosto apático. “Posso entrar?”, me pergunta 2023. E eu escancaro a porta para dar passagem ao amigo de quase um ano. Ele se senta na mesa de café da manhã, e me questiona: “e aí?”. Contudo, ainda estou muito chateado com 2023. Se bem que, a esta altura do campeonato, só não está chateado com esse fatídico ano quem tirou proveito financeiro, político ou quem torce para o Fluminense.

Ouço a campainha tocar. “Quem pode ser a essa hora da manhã?”, me pergunto. Vagarosamente e desconfiado, abro a porta e me deparo com um velho de rugas que são como marcas de guerra num rosto apático. “Posso entrar?”, me pergunta 2023. E eu escancaro a porta para dar passagem ao amigo de quase um ano. Ele se senta na mesa de café da manhã, e me questiona: “e aí?”. Contudo, ainda estou muito chateado com 2023. Se bem que, a esta altura do campeonato, só não está chateado com esse fatídico ano quem tirou proveito financeiro, político ou quem torce para o Fluminense. Mas logo respondo: “Estou chateado com você!”

Ele revira os olhos, como se não fosse uma surpresa, com seu olhar cansado e deprimido. “E quem não está?”, pergunta 2023, como se conseguisse ver em sua cabeça, um filme da minha própria vida em cada momento vivido. Ofereço-lhe um copo de água e ele me pede uma dose de Whisky, “pode ser a da mais sem vergonha que tiver”. Sirvo-lhe e fico ali bons minutos olhando para o seu rosto cansado, sem saber por onde começar a desabafar. “Falo sobre minhas mágoas, decepções e arrependimento ou sobre como me sinto agora?”, me pergunto. “Vai ficar quieto e não vai falar nada?”, me pergunta o velho que aquela altura já havia virado a dose da forte bebida como se água fosse.

“Você acha que só você está chateado comigo? Em todos os lugares que eu vou, todos estão chateados comigo. Uns falam sobre a política, outros sobre o STF. Uns falam sobre Flamengo e outros sobre Botafogo. Uns falam sobre como a própria vida foi péssima nos últimos tempos. Eu não pensei que com você seria diferente”. Ele sorri para mim, com um ar de sarcasmo, que contrasta com as olheiras dos mal dormidos. “Afinal, o que adianta jogar em minha cara se muitas das coisas ruins que aconteceram foram consequências das suas escolhas? Umas acertadas, outras equivocadas.”, me diz 2023.

“Mais do que isso, muito do que me aconteceu neste ano e que tenho por ‘injustiça’ foi produto da sua proposta – consciente, racional e emotiva – de se tornar mais vulnerável e expor tudo o que sente. De brigar pelo o que está certo e discutir pelo o que está errado. De se abrir, dizer tuas mágoas e o que te fez sentir vulnerável. Começastes ciclos, terminastes ciclos. Ora acertastes, ora errastes.”, em um tom mais exaltado, esbraveja 2023.

“Se entregar de cabeça sempre, pôr o coração na janela e dizer a quem passa: “Pega que é teu!”. Quem se expõe assim está sujeito a levar uma ou outra bicada. Normal. Quem está na chuva tem que estar disposto a se molhar. Quem não é visto não é lembrado e só apanha quem aparece. O mundo não é nada fácil para os emocionados de plantão como você.”.

“Em todos os momentos, vivemos nossos picos e os nossos vales. Quem está disposto a viver, tem que aprender a ser alegre. Entretanto, também tem que saber conviver com a ansiedade do amanhã e o arrependimento de ontem. Precisamos nos superar a cada dia, felizes ou tristes, amados ou machucados, inteiros ou doloridos...”, com lágrimas nos olhos, desabafa o velho em soluços, dando início a um silêncio constrangedor entre nós.

“De qualquer forma, queria lhe pedir perdão”, diz 2023. Aquilo me deixou surpreso. Perdão?  “É, perdão. Aliás, queria aproveitar e pedir perdão a todos os seus leitores”, responde ele, como se lesse meus pensamentos. E continua: “Perdão para alguns por não ter deixado uma boa impressão. Perdão por ter criado alguns traumas. Não era a intenção. De verdade.”.

Ele tenta se levantar. E pensar que eu estava chateado com o velhinho. Aff. “Até parece! Não tem que pedir perdão por nada, 2023. Tudo o que aconteceu ao longo do ano, de bom e de ruim, me ensinou muito. Sou é grato pela oportunidade de viver neste tempo. E o meu eu do futuro agradecerei totalmente por tudo que passamos em 2023.”, digo.

Além disso, o ano de 2023 nos ensinou a valorizar as pequenas coisas da vida. Com tantas restrições impostas pós pandemia, descobrimos a importância de aproveitar os momentos simples e valorizar as pessoas ao nosso redor. A família e os amigos se tornaram ainda mais preciosos, e aprendemos a valorizar cada encontro, cada abraço, cada conversa e dar a chance de cicatrizar as antigas feridas.

Faça mais, faça melhor! Contribua com projetos que beneficiem sua cidade e sua região. Esteja disposto a sair da zona de conforto, a mudar caminhos e a buscar a felicidade. Lembre-se de que o tempo é agora, hoje! Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje. O futuro se constrói hoje!”, enfatizo, emocionado.

Enquanto uma lágrima escorre parecendo limpar os meus olhos. Me surpreendo.Quando percebo, estou sozinho. “Estou falando sozinho?”, me questiono. Sentado em uma cadeira na mesa de cozinha percebo um copo de Whiskey vazio sendo iluminado pelos fogos que iluminam o céu do novo ano. É...

Que o ano de 2024 seja um período de crescimento, realizações, felicidade e muito amor. Aproveitem o aprendizado do ano anterior e usem-no como base para construir um futuro melhor. Estejamos sempre abertos a novas oportunidades, possibilidades, amores e desafios.

Com determinação, planejamento e um coração cheio de esperança, todos nós estaremos prontos para enfrentar qualquer que seja o próximo ano, sabendo que seu melhor aprendizado será sempre uma ferramenta poderosa para o futuro. Feliz ano novo! Amo todos vocês que acompanharam a coluna nesse ano!

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Os golpes virtuais que marcaram (e continuam marcando) em 2023

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Você sabia que um simples clique pode mudar sua vida financeira... para pior? Pois é. Hoje quero falar sobre algo sério: golpes e fraudes bancárias.
Sabe aquela mensagem tentadora oferecendo dinheiro fácil ou solicitando dados bancários? Pare e pense: Pode ser golpe... e geralmente, é!

Você sabia que um simples clique pode mudar sua vida financeira... para pior? Pois é. Hoje quero falar sobre algo sério: golpes e fraudes bancárias.
Sabe aquela mensagem tentadora oferecendo dinheiro fácil ou solicitando dados bancários? Pare e pense: Pode ser golpe... e geralmente, é!

Antigamente, o crime de estelionato era praticado pessoalmente. Cara a cara. Depois, por meio dos e-mails falsos e das ligações para os telefones fixos. Agora, os golpes, na maior parte, são realizados através do aparelho que carregamos na palma de nossas mãos, nos nossos momentos de descanso e desatenção.

Falsa central telefônica do "0800", link falso do programa Desenrola Brasil, esquema de bloqueio do pagamento por aproximação e o Pix falso foram apenas alguns deles. Em 2023, diversos golpes online deixaram os brasileiros de cabelo em pé, trazendo uma sensação de impotência e impunidade para as vítimas destes crimes.

As fraudes não estão restritas somente às redes sociais ou pelo próprio Whatsapp. A cada dia que passa, os golpes vão ganhando caras novas, esbanjando ousadia e cada vez mais “reais”. Afinal, o intuito é exatamente esse. O momento é de atenção, especialmente, para você que está realizando as compras de fim de ano. O “jeitinho brasileiro” está a solta!

 

Falsa central telefônica 0800

Um dos golpes que marcaram o ano foi o da falsa central telefônica "0800". Neste golpe, os criminosos fingem ser funcionários do banco e dizem que a conta da pessoa foi invadida e que, caso ela não reconheça os débitos, deverá entrar em contato com a central. Os criminosos enviam um link ou pedem para que você baixe um aplicativo, e aí, conseguem acesso à conta da vítima.

Em outra ação parecida, os criminosos enviam um SMS sinalizando uma suposta compra de valor elevado no cartão de crédito. A mensagem inclui um número de telefone, geralmente um "0800", para induzir a vítima a ligar em busca do reembolso. Porém, ela é levada a realizar uma série de procedimentos, que terminam em uma transferência via Pix para os bandidos.            A recomendação é sempre não se apavorar. As instituições bancárias não agem dessa forma, portanto, ter calma é primordial para não cair num golpe. Em caso de dúvida, o consumidor deve procurar o gerente de sua conta bancária ou ir presencialmente até uma agência.

 

Bloqueio de pagamentos por aproximação

Neste esquema, criminosos criaram variações de um programa que infecta computadores ligados a máquinas de cartão. O objetivo dos criminosos é causar o bloqueio de pagamentos por aproximação, principalmente pelo celular.

Primeiro, eles entram em contato com lojistas e fingem ser funcionários de empresas de pagamentos eletrônicos. Com a desculpa de que se trata de uma manutenção, eles pedem que os lojistas baixem um arquivo no computador ligado ao sistema de cobrança por meio do link enviado por eles.

Quando os comerciantes clicam no link, é instalado um vírus que dá acesso remoto a esse sistema, que fica conectado à máquina de cartão. A partir daí, o criminoso detecta e impede a cobrança por aproximação, exibindo uma mensagem falsa de erro na tela da máquina de cartão, forçando o consumidor a inserir um cartão físico. Ao fazer esse procedimento, a vítima pode ficar vulnerável a fraudes feitas pelos bandidos, como compras indevidas.

 

Golpe desvia Pix

A prática, que utiliza um vírus chamado GoPIX, começa em anúncios maliciosos no Google. Quando a pessoa clica nesse anúncio achando ser o real, o computador é infectado com o GoPIX. O vírus, então, passa a espionar a vítima e a detectar quando ela compra pela internet e escolhe o pagamento por PIX copia e cola.

Ao chegar na tela de pagamento, o cliente só precisa copiar um código e colá-lo no sistema Pix para que o pagamento seja realizado. O malware [GoPIX] intercepta esse código e altera ele para que a chave Pix do criminoso seja inserida no lugar da chave da loja.

Evite entrar em sites desconhecidos e não deixe sempre de manter bons antivírus instalados e atualizados em seu computador.

 

Golpes do Desenrola Brasil

Em julho, o programa "Desenrola", criado pelo Governo Federal para a renegociação de dívidas, também foi alvo de bandidos, fazendo diversas vítimas em todo o país. Nesta ação, criminosos disponibilizaram links falsos em sites com anúncios, como: Facebook, Youtube, Google, Instagram e outros mais.

Nesta ação, quem buscasse por "Desenrola" em alguns desses sites, encontrava no topo da busca um link que direcionava a um chatbot feito para aplicar o golpe. O robô prometia descontos de 99% nas dívidas e fingia consultar dados para verificar se a pessoa poderia entrar no programa.

Em um site que aparentava ser totalmente verdadeiro, as vítimas passavam seus dados bancários, realizavam Pix, e outros métodos de pagamento, com o intuito de limpar o próprio nome nos órgãos de cobrança de crédito. Infelizmente, acabavam depositando o dinheiro para criminosos.

É sempre necessário termos cautela para verificar se o site é confiável. Não deixe de conferir a “URL”, na parte superior da tela. Sites fraudulentos se camuflam como sites confiáveis e não são o que parecem ser. Por exemplo: o domínio do site de A VOZ DA SERRA é https://avozdaserra.com.br/: se esse endereço estiver no começo do link, é provável de que a URL seja confiável.

No entanto, se o endereço contiver algo estranho como https://avozd4serra.com.br/, com um “quatro” no lugar de um “A”, desconfie! Em alguns casos, um traço (-) no lugar de um ponto (.) é o suficiente para enganar o consumidor e trazer prejuízos e aborrecimentos que nenhum de nós quer viver.

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Mobilidade Urbana: falta autoridade para planejar

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Um carro para. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. E assim, um minuto se passa. Mais outro minuto também. Logo depois, muitos minutos. A música do carro que costumava me distrair, agora já passa a me incomodar. Mas não adianta buzinar, estamos em Nova Friburgo.

Um carro para. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. E assim, um minuto se passa. Mais outro minuto também. Logo depois, muitos minutos. A música do carro que costumava me distrair, agora já passa a me incomodar. Mas não adianta buzinar, estamos em Nova Friburgo.

Um carro fechou o cruzamento. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. Nada anda. Nada vai para lá e nem para cá. Nada vem ou desvem. Em meio a um nó cego, só sendo cego para não ver. E todo mundo segue pacientemente esperando.

Um sinal com defeito. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém para ajudar e muito menos para consertar, mas para instalar radares... Estamos em Nova Friburgo. Conseguimos o impossível. Um semáforo que passa 30 segundos aberto e cinco minutos fechado. Carros. Filas e mais trânsito. O sinal abriu, fechou e eu fiquei. Uma, duas, três vezes. Mas não adianta buzinar. Estamos em Nova Friburgo.

Cansado, decido ir a pé. Pessoas andam para cima. Outrora para baixo. Em meio a buracos e carros, disputados os apertados espaços da calçada. Estamos em Nova Friburgo. Uma calçada mal cuidada. Outra modificada ilegalmente pelo morador. Uma cratera aberta pelas concessionárias, de qualquer jeito. Mas, o dia está lindo e reclamar é coisa de gente mala!

Em meio as ruas apertadas, um carro invadiu a calçada. Outro também. Logo depois, mais um. Virou um estacionamento. Estamos em Nova Friburgo. Uma idosa caiu na rua ao pisar em um bueiro solto. Quebrou o braço. Um idoso, atravessando as faixas de pedestres, pisou num buraco e foi de cara no chão. O cadeirante e o cego seguiam intactos, pois nem sabiam por onde começar a atravessar.

Cansado, decidi usar o transporte público. Mas, o ônibus está atrasado. Espero. Um minuto. Dez minutos. Trinta minutos. Estamos em Nova Friburgo. Um range de um lado. O outro, do outro. Com emoção ou sem emoção? Não me perguntaram dessa vez! Caro, quente e cheio. Ora fico a pé, ora de novo preso no trânsito.

Um acidente em Olaria. Outro, em Conselheiro. Logo depois, mais um em Mury. Como tem acidente nessa cidade, não é mesmo? Um envolvendo uma moto. Outro, dois carros. E o último derrubou um poste. Cadê a guarda municipal para ajudar nesse trânsito que dura horas? “Irineu”. Irineu? Se você não sabe, imagina eu...

E o povo anda. E para. Xinga, discute, reclama. E como reclama! São seis horas. São dez horas. São quinze, dezoito, vinte ou até mais. E trânsito não anda de jeito nenhum. As ruas estão cheias. O mundo está cheio demais. De Olaria ao Centro. De Conselheiro ao Centro. Das Braunes ao Centro. Meu Deus, tudo parado!

Não se vai. Não se vem. Não tem volta. Não dá para sair, quem dirá chegar a lugar algum. Tudo parado. E quando tem os famosos eventos que interditam ruas então... Rasgamos o planejamento urbano e as leis de trânsito e dá-se espaço para a lei da sobrevivência: tem a preferência quem tem mais coragem. Que os jogos comecem!

E no Paissandu, tudo segue em paz. “Vez ou outra”, parado. Levando o fluxo para todos os lados da cidade. E o povo segue. Andando devagar. Calmo e sem pressa de ser feliz. Querendo ir. Querendo ficar. Mas ninguém buzina. Estamos em Nova Friburgo. Aqui é diferente!

Tudo parece um problema sem solução. Vai governo. Volta gestão. Trocam-se as peças e tudo parece piorar. Uma rua que era mão, vira contramão, e depois mão, antes de virar novamente contramão. E sabe o que mudou? Ficamos igualmente presos no trânsito, só que agora, confusos, sem saber se podemos entrar na rua ou não.

A mobilidade urbana cada dia está mais cara e cada vez menor. Seja você pedestre, ciclista, motociclista, condutor de carro, caminhoneiro ou usuário do transporte público. Não melhora nada, apenas aumenta a sua contribuição para que um dia, quem sabe, melhore. Ou quem sabe, usa em festa - parece ser uma opção válida.

Mas, do que adianta reclamar? Vai parecer apenas mais um chato que implica com tudo. “Nova Friburgo, ame-a ou deixe-a?”. Posso até dizer que tentei, mas fiquei preso no trânsito de Conselheiro e, sinceramente, desisti. E sabe o que é pior? É quem tem tanta solução boa empregada no Além de nossas Montanhas.

A maior parte das soluções para Nova Friburgo não precisam de pesquisa, mas sim, de gestão e projetos eficientes. As nossas soluções estão a nossa volta. O que falta é autoridade para planejar que Nova Friburgo consiga encontrar novos rumos ao desenvolvimento do transporte de uma cidade que quer crescer.

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Tempos difíceis para discordar

quarta-feira, 06 de dezembro de 2023

Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras. Enfeitadas com piscas-piscas, papais-noéis, luzes, esculturas, estruturas montadas e sonorizadas pelas nostálgicas músicas de natal que nos trazem a memória afetiva de quando um dia fomos crianças. Eternas crianças.

Havia ruas largas, todas muito semelhantes umas às outras. Enfeitadas com piscas-piscas, papais-noéis, luzes, esculturas, estruturas montadas e sonorizadas pelas nostálgicas músicas de natal que nos trazem a memória afetiva de quando um dia fomos crianças. Eternas crianças.

Havia também ruelas ainda mais semelhantes umas às outras, onde moravam pessoas também semelhantes umas às outras, que saíam e entravam nos mesmos horários, pelas mesmas calçadas, para fazer o mesmo trabalho sacal. E para quem cada dia era o mesmo de ontem e de amanhã, e cada ano o equivalente do próximo e do anterior.

Mudaram as estações e nada mudou? Cássia Eller estava certa em partes. Afinal, nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa e tudo sempre passará - nem que seja por cima de nós. Mas a verdade, é que muita coisa mudou e outras, infelizmente, ainda continuam a ser como eram.

Seria uma hipocrisia negar que a nossa cidade está linda! Eu como morador da Avenida Alberto Braune e apaixonado por Friburgo, me encanto todos os dias com o que vejo pela janela. Mas aprendi que não posso me contentar com uma paixão cega e desarrazoada, que prefiro deixar para os apaixonados e emocionados de plantão.

Toda paixão em que colocamos à frente a emoção, sem levar em conta a razão, está fadada a decepção. Aprendemos com a vida que nem os mais bonitos e encantadores rostos e sorrisos, continuam tão bonitos assim depois de conhecermos além das aparências. Aplicamos a lição nos relacionamentos, mas pouco como uma filosofia de vida.

E nesse colapso de mudanças, dúvidas, paixões intensas em que vive a nossa cidade, cresceu-se um completo estado de hostilidade contra quem tem a audácia de discordar. Sabia-se da vida e das pessoas somente o que elas puderam observar e completava-se o que não sabia com sua imaginação fértil sem horizontes.

Quase que como numa grande batalha, criamos o lado “A” e o lado “B, C, D, E” – que apesar de diferentes, para muitos, são farinha do mesmo saco. E em meio ao fluxo de informação, foram nomeados como os “inimigos em comum”, criando um clima de hostilidade entre as semelhantes pessoas, que vivem em semelhantes vielas com semelhantes e pacatas vidas.

A narrativa da criação de um inimigo em comum é tão forte que as pessoas se revoltam mais com a publicação de uma notícia do que com as denúncias gravíssimas no Hospital Municipal Raul Sertã, de pombos e lixo hospitalar espalhado por dentro do nosso espaço de saúde.

Eu como friburguense raiz, é obvio que fico feliz com o Natal Encantado. Mas, precisamos deixar nossas paixões e emoções de lado. Como usuário do SUS, toda vez em que preciso de um atendimento médico, volto para a realidade de qual o custo que eu pago e, infelizmente só vejo piorar.

Isso não me faz querer derrubar um governo, mas me faz enxergar além do que os meus olhos permitem. E em meio a escândalos nas creches, nos hospitais, nos salários, nos regimes de servidores, é preferível criar e descredibilizar quem pensar diferente como um “inimigo em comum”.

Amo procurar detalhes onde ninguém vê. Mas e as desordens da vida, quem arruma essa? Parece muitas vezes que quando um dedo aponta para o céu, as pessoas olham para o dedo, assumindo uma posição de falsa neutralidade, para esconder a fraqueza de lutar, por aquilo que sabem ser o melhor.  

A verdade é que a crítica quando fundada e embasada divorcia-se da emoção do pensamento político, como divorcia o sexo do amor, a vida íntima da vida pública, o passado do presente. E se seu o passado não tem nada para dizer ao presente, a história deve permanecer adormecida, sem incomodar, nos guarda-roupas onde o sistema guarda seus velhos disfarces.

As festividades tem esvaziado nossa memória, ou enchendo-a de paixões, fazendo com que esqueçamos do que não está legal. E assim nós repetimos a história em vez de fazê-la diferente. Mas entre nós, é pior: as tragédias se repetem como tragédias.

Em meio a bolinhas de isopor picadas ao vento, escrevemos história, exalamos uma felicidade em meio a magia da fantasia de Natal na ‘JohnnyLand’. Como cidade, estamos como numa depressão: tentamos fingir que está tudo bem, com um sorriso estampado no rosto, quando na verdade não está e o pior é que sabemos disso. Mas... são tempos bem difíceis para poder discordar.

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Saúde mental dos jovens em risco com o mundo digital

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma presença constante na vida dos jovens, oferecendo tanto benefícios quanto desafios. Hoje, o nosso país conta com o maior contingente de jovens de sua história, e é preocupante que neste momento percebamos uma crise de saúde mental tão crescente na população juvenil.

Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram uma presença constante na vida dos jovens, oferecendo tanto benefícios quanto desafios. Hoje, o nosso país conta com o maior contingente de jovens de sua história, e é preocupante que neste momento percebamos uma crise de saúde mental tão crescente na população juvenil.

Paralelamente a isso, pesquisas realizadas no Brasil e em todo o mundo convergem para apontar que estamos vivenciando um agravamento dos indicadores de saúde mental entre adolescentes – uma tendência observada mesmo antes da pandemia, que vem atingindo, cada vez mais cedo, as crianças, os adolescentes e principalmente, os jovens adultos.

Preocupações sobre o impacto da tecnologia na juventude não são novas: a televisão e videogames foram frequentemente alvos de escrutínio nas últimas décadas. Afinal, como lidar com as mídias sociais que vêm ganhando destaque como potenciais gatilhos para problemas de saúde mental.

Ansiedade e depressão: o mal dos jovens

O volume de evidências de que as mídias sociais podem ter efeitos nocivos para uma fatia da população jovem vem crescendo. É muito além de uma coincidência temporal entre o aumento de sintomas como ansiedade e depressão na população e a disseminação em larga escala do uso de mídias sociais há pouco mais de uma década.

O que no início eram as “redes sociais”, as ferramentas que tinham como objetivo central permitir a conexão com outras pessoas do círculo social de cada um, nos últimos anos se transfiguraram nas “mídias sociais”, na qual existe um fluxo contínuo de textos, imagens, vídeos rápidos, tudo filtrado por algoritmos com fins comerciais.

No Brasil, cerca de 70% da população está conectada à internet, com exposição constante a informações, pressões sociais e a ênfase na autoimagem na internet. O que evidentemente, traz diversas implicações na saúde mental dos jovens, que atravessam essas mudanças de mundo de forma constante, antes sequer de aprender a lidar com elas.

Novos dados divulgados em julho, apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade. Um terço (31,6%) da população mais jovem, de 18 a 24 anos, é ansiosa — os maiores índices de ansiedade, líder dentre todas as faixas etárias no Brasil. E a que custo chegamos a esse índice?

Vendedores de sonhos a qualquer custo

O Brasil hoje tem o maior contingente populacional de jovens de todos os tempos. Provavelmente isso nunca mais se repetirá, de modo que estamos diante de uma janela de oportunidade histórica, com repercussões para as próximas gerações. Afinal, estamos protegendo os cérebros e mentes destes quase 50 milhões de brasileiros? A verdade é que não!

Cada dia mais cedo somos atingidos pelos padrões de beleza inalcançáveis. Crescendo em uma geração de fotos super editadas, de procedimentos estéticos e em busca de um ideal de beleza, vamos sacrificando a nossa juventude. Não estamos conseguindo ver a gravidade de uma jovem ter morrido, recentemente, por uma cirurgia plástica no joelho.

Pasmem! De acordo com dados divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil lidera o ranking de nações que mais realizam procedimentos estéticos no mundo. Dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos em 2016, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com 18 anos de idade, ou menos.

Por outro lado, a ‘desinformação’ promovida pelos ‘influenciadores’ também dão lugar ao uso indiscriminado de drogas, anabolizantes e vapes. Sabe-se lá de onde vieram, mas diante de sua popularidade são promovidos próprios aplicativos, aparecendo constantemente na tela, com shows desinformação e promovendo o que querem, como uma verdade absoluta.

Aparecendo também na venda de fórmulas mágicas para o sucesso contribuem cada dia mais para o agravamento de problemas como ansiedade, depressão e solidão digital. Jovens que não conseguem acompanhar esse ritmo de mudança, seja no quesito beleza ou “conquistas na vida”, se colocam em uma cobrança, apesar de começarem a viver apenas agora.

Não há como normalizar tudo o que vivemos. A internet vende sonhos a qualquer custo, mesmo que isso esteja colocando toda a nossa juventude em risco. Um termo descreve nossa época, caracterizada por essa constante mudança e fluidez, chamado de “modernidade líquida”. Tudo é rápido, passageiro, frágil e substituível.

Em razão da complexidade do problema, como podemos abordar a questão do uso de mídias sociais por jovens? Uma proibição simples e irrestrita do uso de mídias sociais não parece ser desejável e muito menos viável – ainda que uma discussão sobre a idade mínima para seu uso faça bastante sentido.

Não parece, contudo, adequado deixar essa responsabilidade exclusivamente na mão das famílias, tornando-se necessário o envolvimento de toda a sociedade. Certamente, precisamos compreender melhor este complexo fenômeno, mas as lacunas no conhecimento atual não devem servir de justificativa para a inação diante de uma juventude doente.

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Milei eleito na Argentina: como isso nos afeta?

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Conhecido pelas suas abordagens políticas agressivas e suas propostas ousadas, representando uma "mudança" desejada pelos argentinos que o elegeram, Javier Milei, de 53 anos, será o próximo presidente da Argentina, tomando as rédeas da Casa Rosada no próximo 10 de dezembro.

Eleito, conseguiu liderar as eleições presidenciais argentinas desde o começo, sendo considerado um marco na história da política daquele país. Ao prometer cortes drásticos nos gastos governamentais, Milei conquistou seu eleitorado com sua retórica incisiva cercada de emoção e de discursos polêmicos.

Conhecido pelas suas abordagens políticas agressivas e suas propostas ousadas, representando uma "mudança" desejada pelos argentinos que o elegeram, Javier Milei, de 53 anos, será o próximo presidente da Argentina, tomando as rédeas da Casa Rosada no próximo 10 de dezembro.

Eleito, conseguiu liderar as eleições presidenciais argentinas desde o começo, sendo considerado um marco na história da política daquele país. Ao prometer cortes drásticos nos gastos governamentais, Milei conquistou seu eleitorado com sua retórica incisiva cercada de emoção e de discursos polêmicos.

Atraindo uma massa de eleitores insatisfeitos com a crise do sistema econômico atual, agora a Argentina enfrenta um novo capítulo em sua história política, com promessas de cortes de negócios com a China e até mesmo o Brasil, Milei promete sair de relevantes alianças como o Brics e o Mercosul.

Não visando abordar o cansativo debate sobre o que é melhor: esquerda ou direita, afinal, isso vai da opinião de cada um de vocês, leitores. Afinal, como a vitória na eleição de Javier Milei pode afetar o Brasil e nossas participações nessas alianças econômicas e sociais aderidas pelos países?

 

Crise econômica e a dolarização argentina

Nos últimos anos a Argentina tem enfrentado uma terrível crise econômica caracterizada pela inflação descontrolada, uma dívida insustentável e uma moeda extremamente enfraquecida. Esse cenário tem um impacto direto na qualidade de vida da população, o que acaba gerando um gigantesco descontentamento.

Diante desse cenário econômico e político, surge um candidato irreverente, sem papas na língua e com promessas de mudanças extremamente radicais para Argentina. Um economista que se auto apresenta como um “ultraliberal antissistema” e que, justificadamente, agrada aos ouvidos da população que clama por mudança.

A inflação da Argentina já chega a ultrapassar os 100% ao ano, e sendo a mesma Argentina que há alguns anos sustentou o status da “melhor qualidade de vida da América Latina”. Agora, com o poder de compra baixo, os argentinos testemunham um único dólar comprar mais de 1.000 da sua moeda, o que é um fardo para os consumidores.

Uma das principais propostas do presidente eleito é a de “dolarizar” a economia argentina – porém, essa história de dolarizar a economia da Argentina não é nada nova. Em 1991 enfrentou uma grande reforma estrutural, abriu sua economia e dolarizou sua moeda, o que fez com que um peso argentino valesse um dólar.

Junto com essa mudança, houve menos interferência do estado argentino na economia, além de diversas privatizações, resultando num curto período de crescimento econômico para o país. Contudo, o que parecia ser bom, demonstrou não ser tão bom. Por volta de 1995, uma grande crise estourou no bolso dos “hermanos”.

Há um conceito adotado por muitos na economia, de que a moeda de países exportadores de matéria prima (como Brasil, Argentina e China), tenham seu dinheiro levemente desvalorizado para que os seus produtos se tornem mais atrativos no mercado internacional. Ou seja, se a nossa moeda é mais barata, nossos produtos são mais baratos para outros países, o que pode aumentar as exportações.

Entendo os conceitos de economia, é evidentemente que a desvalorização deve ocorrer dentro de uma razoabilidade, não podendo ser algo gritante. Contudo, no início dos anos 2000, enquanto a moeda brasileira e de outros países era mais atrativa do que a da Argentina - que estava cotada no dólar - o país viu suas exportações reduzirem muito, gerando uma grande crise no país, que tem seus reflexos até hoje, na atual crise.

 

Riscos para o Brasil: o pãozinho deve ficar mais caro

Apesar de o Brasil ser o principal parceiro comercial desse país, enquanto candidato ele disse não ter intenção de manter boas relações com o governo ditos como “comunistas” e “parasitas”, como o do Brasil, China e outros. As expectativas de Milei se dão em negócios com os EUA e Israel – que sequer o parabenizaram pela vitória.

A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Em 2022, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Brasil exportou US$ 15,3 bilhões (4,5% das exportações brasileiras) e importou US$ 13,09 bilhões.

Exportadora de matéria prima, a Argentina também está presente na mesa dos brasileiros, seja na carne ou no pão. Para se ter ideia, os hermanos exportaram 1,742 milhão de toneladas de trigo de janeiro a julho de 2023. Segundo dados do Ministério da Agricultura do país, o Brasil foi o principal comprador, comprando 79% das suas exportações.

Um célebre ditado popular sempre nos diz: “falar até papagaio fala”. Se as inúmeras promessas revolucionárias berradas por Milei se tornarem realidade, é possível que, inicialmente, possamos sentir mudanças nos valores dos alimentos em que colocamos na nossa mesa, em especial na carne e no pão.

Antes de nos apavorarmos, é importante lembrar que a economia argentina capenga para andar, com dívidas gigantescas. Sair do Mercosul, dolarizar a economia, cortar parte das relações comerciais com dois de seus três principais parceiros comerciais, não parece ter cabimento em um país que passa por crise severa e uma dívida externa de bilhões. Esperemos as cenas dos próximos capítulos.

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Gestão do lixo: Friburgo precisa de soluções inteligentes

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é, cada habitante de cada município brasileiro descarta mais de um quilo de resíduos por dia, segundo estudo realizado pelo Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Quer se espantar mais? Você já parou para pensar que o nosso país atualmente abriga aproximadamente 210 milhões de pessoas, e que todo santo dia, somos responsáveis pelo descarte de cada vez mais e mais resíduos, sendo certo que a maior parte deste lixo é descartado de forma inadequada.

Infelizmente, o lixo produzido, não some com um estalar de dedos. Quando botamos a sacolinha do mercado com resíduos para fora de casa, o caminho é longo até que chegue ao descarte adequado. Por mais óbvio que pareça, mesmo que o caminhão da coleta passe, ou as ruas sejam varridas, os resíduos ainda permanecem a nossa volta.

Maior parte dos resíduos produzidos pelos habitantes não passam por qualquer tipo de coleta no país. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, mais de 1.000 municípios brasileiros não disponibilizam coleta de lixo domiciliar para toda a população urbana.

Além disso, a maior parte dos municípios não tem a menor preocupação acerca de um descarte adequado de todo esse lixo. Mais de 40% dos resíduos sólidos urbanos, são despejados nos mais de três mil lixões espalhados por todo país, o que leva a contaminação do solo por centenas de anos e da água.

E se você acha que pagamos apenas pela coleta do lixo, você está muito enganado. Nós, contribuintes, pagamos caro pela coleta do lixo, pelo transporte até o lixão ou aterro sanitário, e pelo espaço onde o lixo foi ou está sendo descartado – mesmo por aqueles espaços que não tem mais a capacidade de receber mais resíduos.

Essa metodologia antiga de descarte de lixo – que, por sinal, pode ser novamente implementada em Nova Friburgo, através dos novos contratos na gestão de lixo – traz prejuízos irreparáveis não somente ao meio ambiente e a nossa saúde, mas também, ao nosso bolso, enquanto contribuintes, dando um triste fim a tudo que descartamos.

Marcelo Barros, administrador de formação, atua há pelo menos 30 anos no mercado de soluções energéticas e explica que o descarte de resíduos nos aterros sanitários não é nem de longe a melhor solução, tanto para o meio ambiente, como para a própria cidade.

"O descarte de lixo nos aterros sanitários é um processo delicado. Quando utilizamos esse método de descarte de resíduos, há chances de vários riscos de acidentes ambientais que vão desde a contaminação dos lençóis freáticos até risco de explosões por conta dos gases emitidos pelo lixo. No fim das contas, todo material continua acumulado no local durante décadas, até que o aterro esteja no limite. Posteriormente, novos aterros são abertos e os antigos ainda continuam poluindo”, explica Marcelo.

Inovação que transforma lixo em luxo

Já pensou se deixássemos de gastar dinheiro com o nosso lixo e transformarmos ele em uma excelente fonte de renda para a cidade, por meio da geração de energia, criação de vagas de empregos, venda de matéria prima e até mesmo, combustíveis para veículos? Parece uma ótima ideia, não? E é! Marcelo explica:

"Hoje, existem soluções inteligentes de usinas de tratamento, que conseguem, de forma automatizada, separar os materiais recicláveis, incinerar o lixo que consegue produzir energia elétrica e combustível e por fim, transformar descartes em materiais úteis para obras públicas, como tapumes de madeiras, cavaletes entre muitos outros.  No longo prazo, a história já provou que projetos como estes podem ser extremamente rentáveis aos municípios e especialmente para a população – que ganha novas vagas de empregos e ganha com a redução drástica dos impactos ambientais, e o melhor, tudo isso sem a existência de um aterro sanitário"

Soluções como essas já são usadas em todo o planeta. Em Oslo, na capital da Noruega, cerca de metade da cidade é aquecida pela queima de lixo, de onde também grande parte da sua energia elétrica é produzida. E sabe qual a problemática norueguesa? Eles não têm mais lixo para queimar e hoje, chegam até a ter que importar lixo da Inglaterra e da Irlanda.

Embora o Marco do Saneamento, assinado em 2020, buscou determinar um prazo de quatro anos para que todos os locais de descarte irregulares fossem desativados, no Brasil, a cada dia que passa os locais inadequados para descartes são criados, numa tentativa de solução de problemas que beneficiam pouquíssimos. 

 Esperamos que um dia, a problemática do lixo friburguense seja como a norueguesa e a nossa maior preocupação seja em como comprar os resíduos alheios das cidades vizinhas para produzirmos energia e gerar renda para todos - e não em como faremos para abrirmos novos aterros sanitários, em um ciclo vicioso e sem fim.

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