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Cannabis medicinal: o canabidiol

quinta-feira, 04 de agosto de 2022

Muita polêmica envolve a planta popularmente conhecida como “maconha”. Em meios a brigas entre um grupo, mais flexível, que entende pela descriminalização da maconha para uso recreativo e outro, mais conservador, que defende veementemente que a criminalização continue. O único consenso existe nesse antagonismo é que os efeitos médicos e farmacêuticos do Canabidiol (óleo da maconha) são incontestáveis, tanto pelos grupos de debate quanto pela ciência.

Muita polêmica envolve a planta popularmente conhecida como “maconha”. Em meios a brigas entre um grupo, mais flexível, que entende pela descriminalização da maconha para uso recreativo e outro, mais conservador, que defende veementemente que a criminalização continue. O único consenso existe nesse antagonismo é que os efeitos médicos e farmacêuticos do Canabidiol (óleo da maconha) são incontestáveis, tanto pelos grupos de debate quanto pela ciência. Ainda carregada de muito misticismo histórico e de muitas dúvidas que permeiam às nossas vidas, poucas pessoas conhecem os aspectos medicinais da Cannabis e que é assunto da coluna dessa semana!

Eleonora Santi, médica com foco na medicina integrativa e ortomolecular, explica que o Canabidiol possui muitos benefícios terapêuticos no tratamento de doenças de como: Parkinson, Alzheimer, hipertensão arterial, dores crônicas, epilepsia, ansiedade, autismo, depressão, demência e até mesmo câncer. E os tratamentos ainda podem ser recomendados em quadros de distúrbios do sono, recuperação muscular, estimulação de apetite, espaticidade e doenças autoimunes.

“Ao contrário do que muita gente acredita o remédio não deixa você ‘chapado’. O CBD (canabidiol) diminui os efeitos indesejáveis do THC (substância psicoativa) e o tratamento não possui os efeitos associados ao uso social/adulto da planta. Muito pelo contrário, é um excelente medicamento para muitas enfermidades, que vão desde o uso infantil até a melhor idade. E a administração do tratamento médico é feito a partir da ingestão de óleos, cápsulas, dosadores orais e por uso tópico, com dosagens determinadas a cada paciente”, explica Eleonora.

No Brasil, inclusive, foi criada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, uma categoria de medicamentos derivados da Cannabis que podem ser comercializados após aprovação do órgão. Atualmente o canabidiol já é vendido no país, sendo necessária a apresentação de receita médica de controle especial.

“É sempre importante lembrar que ninguém deve se automedicar. Para iniciar qualquer tratamento com Cannabis para fins medicinais é preciso encontrar um médico para ver se há indicação ao caso. Se julgar aplicável, o profissional fará a recomendação do produto e a dosagem e acompanhará a evolução do paciente como em qualquer outro tratamento convencional.”

E de fato, são tocantes os relatos de quem precisa dessa medicação para o tratamento da própria patologia ou de familiares próximos. Se você nunca conheceu alguma pessoa que tem crises epiléticas ou sofre com mal de Parkinson, recomendo que busque ver o quão emocionante é notar como os episódios de crise diminuíram com o uso dos medicamentos.

Limitações da legislação

Ainda que o Brasil permita o tratamento com o canabidiol mediante a receita médica, existem ainda algumas barreiras que não ainda foram superadas e que podem ser uma burocracia para quem mais precisa. Hoje o cultivo da planta no nosso país é criminalizado e nem mesmo a nossa indústria farmacêutica está apta a fazer a extração do óleo no país. Ou seja, temos que importar o produto que por vezes chega caro ao paciente.

O advogado e farmacêutico em formação, Christiano Citrângulo, mestre em ciências criminológico-forenses e especialista em direito e processo penal explana que o cultivo irregular da planta em casa pode caracterizar o crime de tráfico de drogas, mas que existem exceções para quem precisa do tratamento.  

“O crime de tráfico de drogas é severamente punido no país, com penas elevadas que vão de cinco a 15 anos. Hoje, já existem decisões dos tribunais superiores que permitem, quando uma pessoa não tem uma alternativa terapêutica a não ser o medicamento oriundo da Cannabis Sativa, pode ser concedida uma concessão especial para o plantio doméstico. As burocracias para conseguir um medicamento a base de maconha no Brasil têm diminuído”, explica Christiano.

Embora mais fáceis por vezes não tão acessíveis aos bolsos. Um tratamento com canabidiol depende diretamente da patologia e do peso do paciente, mas em uma média aproximada, o custo para se adquirir o primeiro frasco do produto, com impostos, câmbio e frete podem chegar a mais de R$ 500 para um uso aproximado de apenas dois meses.

Explana, André Furtado, advogado e especialista em Direito Civil: “A nossa Constituição nos assegura ao direito à saúde e por vezes, esse direito não nos é assegurado por quem deveria. Apesar da dificuldade no tratamento de muitos pacientes pelos custos elevados do produto, hoje uma alternativa possível é realizar o pedido judicial - seja pelo seu advogado de confiança ou pela Defensoria Pública – para facilitar acesso ao medicamento através do seu plano de saúde ou mesmo pelo SUS.”

Recomendo, inclusive, a você, leitor, que busque esses relatos por vídeos, pesquisas científicas ou reportagens que falem sobre o assunto, são comoventes. E sempre mais do que essencial lembrarmos que a coluna em momento algum faz apologia acerca do uso recreativo da maconha, que apesar de legal em alguns países, é proibida no Brasil. Maconha medicinal é assunto no mundo, é assunto de “Além das Montanhas”.

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A importância da exploração espacial

quinta-feira, 28 de julho de 2022

Hoje em dia, a humanidade consegue explorar os céus usando um telescópio potente ou até mesmo por meio do turismo em uma nave espacial pela órbita do planeta Terra. Mas muito antes do avançar da tecnologia, os seres humanos olhavam atentamente para os céus e buscavam compreender a relação entre o homem e o universo.

Hoje em dia, a humanidade consegue explorar os céus usando um telescópio potente ou até mesmo por meio do turismo em uma nave espacial pela órbita do planeta Terra. Mas muito antes do avançar da tecnologia, os seres humanos olhavam atentamente para os céus e buscavam compreender a relação entre o homem e o universo.

Ainda que achemos que a astronomia seja um estudo moderno, desde os primórdios do homem, os céus já eram observados e foram de extrema importância para o desenvolvimento humano. Na antiguidade, a posição dos astros no céu servia não somente para as grandes navegações e expedições, mas também, para a confecção de calendário bem definidos, com todas as estações do ano e dias da semana.

Até que um dia, um homem chamado Galileu Galilei construiu uma luneta e apontou o objeto para o céu. O italiano, mesmo com uma invenção muito primitiva fez observações que mudaram o curso da humanidade para sempre e que inclusive, lhe renderam a perseguição religiosa à época. A mais conhecida foi a ruína da crença católica de que todo universo rodava em torno da Terra.

Pois bem, um mero telescópio atiçou ainda mais a curiosidade do homem em romper as barreiras do céu, sair do planeta Terra e descobrir um pouco mais sobre onde moramos. Mas... como fazer um avião potente e resistente o suficiente para chegar lá? Será que nós humanos iríamos aguentar os limites do inesperado? O que iremos achar por lá?

Em meio a muitas dúvidas, no auge da Guerra Fria e da expansão em massa da tecnologia, a humanidade conseguiu em um voo rápido levar o primeiro ser vivo ao ambiente extraterrestre: a cadelinha Laika. Mas isso não foi suficiente para diminuir a disputa que era acirrada pela corrida espacial, até que um feito incrível ocorreu através de uma solução inesperada.

Os americanos, não sabiam como fazer um foguete potente o suficiente para sair do planeta, então tiveram que recorrer a um velho prisioneiro de guerra: Werner Von Braun, um nazista capturado. O engenheiro alemão, condenado por crimes de guerra, responsável por construir as bombas V-2 – uma espécie de foguete que ceifou muitas vidas na Segunda Guerra Mundial - foi o responsável pela engenharia do primeiro foguete americano que levou o homem à lua e marcou completamente a história da humanidade. Pois bem, a história e suas hipocrisias!

E então, chegamos à Lua, em 1960, e agora? Paramos por aqui? Não! Se você é ligado em ciência, nos noticiários e em tecnologia, certamente nos últimos anos acompanhou muitas missões na história que são realizadas tanto pela Nasa quanto por parte da iniciativa privada e certamente um dia você se perguntou: por que gastamos tanto dinheiro mandando coisas para o espaço e não resolvendo problemas no planeta Terra?

Resposta do especialista

Pedro Mineiro Cordoeira, professor, físico e divulgador científico, formado pela  Universidade Federal Fluminense (UFF), especializado em cosmologia e gravitação, explica que a evolução da humanidade está diretamente ligada à maneira como compreendemos o universo à nossa volta.

“Engana-se quem pensa que as viagens para fora do planeta são meros gastos desnecessários. Hoje, só temos processadores de celulares de última geração porque um dia a mesma tecnologia foi usada pelas empresas na exploração espacial. Não somente isso! Os sistemas de GPS, internet via satélite, previsão do tempo, tênis de corrida, roupas com polímero e novas ligas de metais só existem, hoje, graças às pesquisas realizadas através da exploração espacial.”

As viagens aos astros próximos podem proporcionar descobertas ricas em conhecimento para toda a espécie inteligente e que podem mudar os rumos da humanidade no futuro. Sondas de milhões de dólares não são mandadas à toa aos confins do universo. Estas viajam milhares de quilômetros e são capazes de identificar novos ambiente capazes de comportar vida – em especial nas luas pelo sistema solar - estudos de atmosfera, presença de água e outros elementos para que a humanidade possa definir novos rumos para o futuro.

Recentemente foi lançado o telescópio James Webb, de U$ 824 milhões de dólares, que representa marco na exploração astronômica. Segundo Pedro, o gigante dourado traz a possibilidade de olharmos com mais precisão para outras galáxias distantes, entendendo o seu comportamento e como elas nos ajudam a compreender muitas respostas e perguntas para nosso universo.

“A matéria que nos constitui (carbono, oxigênio, hidrogênio, entre outros) são os mesmos elementos encontrados nas nebulosas resultantes de explosões estelares e nos seus interiores. As estrelas fertilizam o universo com os ingredientes - dos mais simples aos mais pesados - fundamentais para a vida! Então, como lembrou o saudoso Carl Sagan, somos feitos de ‘poeira das estrelas’ e é preciso estudar de onde viemos para entendermos para onde vamos.”

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Um ano nas páginas de A VOZ DA SERRA

Esta coluna completou um ano de publicação no jornal no último dia 21, sempre às quintas-feiras. Seu titular, Lucas Barros, é aspirante à advocacia criminal, chevalier na Ordem DeMolay e um apaixonado por Nova Friburgo. “Além das Montanhas” segue com sua proposta de mostrar que Nova Friburgo não está numa redoma e que todos nós somos afetados por tudo à nossa volta. Para festejar o primeiro ano da coluna que está sempre no Top 10 do site de A VOZ DA SERRA, Lucas esteve nesta semana na sede do jornal, no Espaço Arp, para celebrar a ocasião especial. Ele foi recepcionado pela diretora Adriana Ventura.

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Cigarros eletrônicos: uma febre

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Menta, morango, chocolate, manga, limão, hortelã, uva, baunilha, café, cookie e até sabor de churros. Temperados pela imensa variedade de cores e sabores, os cigarros eletrônicos são uma febre, de norte à sul, especialmente na mão dos jovens brasileiros.

Menta, morango, chocolate, manga, limão, hortelã, uva, baunilha, café, cookie e até sabor de churros. Temperados pela imensa variedade de cores e sabores, os cigarros eletrônicos são uma febre, de norte à sul, especialmente na mão dos jovens brasileiros.

O cigarro foi uma grande febre nos anos 80. Saiu de moda. Agora, retornamos com toda força com os “vaporezinhos cheirosos” que seduzem não somente quem fuma, mas quem está ao redor. Divulgados no país como menos inofensivos, ou menos danosos que o cigarro convencional, os cigarros eletrônicos, ou vapes e pods, nomes que variam em função de detalhes, são todos dispositivos eletrônicos para o fumo.

Fato é que a tecnologia que avança de forma espetacular vai produzindo itens que facilitam a vida do homem, fazendo com que o ser humano, cada vez mais, tenha condições de desenvolver seus objetivos. A grande problemática é quanto o mau uso dela.

Eleonora Santi, médica com foco na medicina integrativa e ortomolecular, explica que de acordo com a Comissão de Combate ao Tabagismo foram identificadas, até o momento, cerca de 80 substâncias nos aerossóis, sendo muitas delas tóxicas e cancerígenas. Além disso, a grande maioria dos vapes e pods contém grandes concentrações de nicotina, droga psicoativa que causa intensa dependência em seus usuários.

“Engana-se quem pensa que os vapes e pods são menos lesivos que o cigarro convencional. O cigarro eletrônico pode causar consequências tão nocivas quanto o cigarro ‘não moderno’, tais como: câncer, angina, infarto, doenças pulmonares, alterações vasculares, crises de asma etc. O uso do ‘vaporezinhos cheirosos’ por não fumantes, principalmente adolescentes e jovens, aumentam em duas a três vezes o risco de migrarem para o consumo de cigarros ou outros produtos convencionais.”

Em média, um cigarro comum oferece 15 tragadas. Um maço teria, então, 300 tragadas. Logo, um cigarro eletrônico de 1,5 mil tragadas seria equivalente a cinco maços. Mas a comparação não é tão simples assim, porque um cigarro comum, no Brasil, pela determinação da Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, tem no máximo um miligrama de nicotina.  Em diversos ‘pods’, como não são fiscalizados, podem conter muito mais além do permitido.

Proibidos pela Anvisa

Os dispositivos eletrônicos para fumar, incluindo os vapes e cigarros eletrônicos, são proibidos desde 2009 no Brasil, conforme resolução da Anvisa. Recentemente, no início deste mês, a decisão pela proibição foi revista pelo órgão e mantida por unanimidade. A comercialização destes produtos ocorre de forma ilegal no país.  

O advogado criminalista e professor universitário, Caio Padilha, mestre e especialista em direito e processo penal explana que o poder público vem cada vez mais intensificando a repressão ao comércio deste tipo de mercadoria, tanto nos pontos de fronteira como diretamente nos pontos de venda.

“A venda destes produtos é ilegal no Brasil e a pessoa que pratica essa conduta poderá responder pelo crime de contrabando: um delito que tem a pena de dois a cinco anos de reclusão, sendo possível a prisão em flagrante e não passível do arbitramento de fiança pelo delegado”, explica Caio.

Levantamentos apontam que o número de apreensão de cigarros eletrônicos aumentou mais de 200%, se comparado ao primeiro trimestre de 2021 no Brasil. Apesar de proibido, há quem se arrisque com a venda desses produtos por meio das redes sociais ou em festas, especialmente por ter se tornado um produto muito consumido pelos jovens. Mas e o consumo, é legal, dr. Caio?

“O consumo por si só não é criminalizado. Apesar de ser um produto proibido pela Anvisa, não está dentro do rol da portaria que define substâncias proibidas por serem consideradas drogas. Nesse sentido, o consumo não é criminalizado.”

Outro ponto importante de ser lembrado é que apesar dos relatos de que os cigarros eletrônicos têm sido usados de forma indiscriminada em ambientes fechados, a prática é proibida pela lei federal 9.294, de 1996. Cachimbos, cigarros, vapes, pods e narguilês são produtos fumígenos, e no entendimento da lei, independentemente de conterem tabaco ou não, são proibidos, seja qual for o tipo de estabelecimento fechado.

“Bom, mas se tiver alguém fumando no meu estabelecimento fechado? A multa é para o fumante, certo?”. A pena nesse caso recai sobre o dono do estabelecimento comercial, e varia entre R$ 2 mil e R$ 1,5 milhão, até a suspensão do alvará de funcionamento. A lei não estabelece punição para o fumante. É necessário que os donos de estabelecimentos, apesar de ser uma prática habitual, levem essa situação à sério.

A conclusão é simples e direta: ninguém é obrigado a ser fumante passivo de ninguém; faz mal; é crime vender esses produtos; e cuidado com a modernidade para, no futuro, não ter que fazer o bom uso da tecnologia usando um respirador da cama de um hospital.

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A culpa ainda é das mulheres?

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O machismo está entranhado em nossa sociedade, fato! Apesar de menos do que antigamente, mas sim, ainda hoje é muito comum ouvirmos declarações reprováveis em relação aos crimes de assédio e estupro:

 “Se estivesse em casa... a essa hora na rua, estava pedindo o quê?”; ou “se não bebesse demais...”;  e, por fim, e não menos pior, “essas roupas provocativas, instigam o homem, é hormonal”.

O machismo está entranhado em nossa sociedade, fato! Apesar de menos do que antigamente, mas sim, ainda hoje é muito comum ouvirmos declarações reprováveis em relação aos crimes de assédio e estupro:

 “Se estivesse em casa... a essa hora na rua, estava pedindo o quê?”; ou “se não bebesse demais...”;  e, por fim, e não menos pior, “essas roupas provocativas, instigam o homem, é hormonal”.

Bom, se você nunca ouviu isso sair da boca de alguém, garanto: você é um privilegiado! E se você é ou já foi responsável por falar atrocidades como essas, saiba que essas justificativas e tentativas de desculpas esfarrapadas em nada condizem com a realidade, que é muito mais sóbria e perversa. Citemos dois casos recentes como grandes exemplos.

O primeiro caso, mais recente, no dia 11 de Julho, envolve um anestesista que foi preso em flagrante pelo estupro de vulnerável de uma paciente que passava por um parto de cesárea, no Rio de Janeiro. O crime só foi descoberto porque enfermeiras desconfiaram do comportamento do rapaz em outros atos, e filmaram escondido, o ato criminoso.

Não teve hora, não teve roupa curta ou muito menos indício. Um médico, durante um dos momentos mais marcantes e emocionantes da vida de uma mulher foi flagrado com o seu órgão genital no rosto de uma paciente, desacordada, sob o efeito de anestesia. Durante um parto, desacordada, e sim, vítima de violência sexual.

Infelizmente, não é um caso isolado, nem o único, o primeiro ou o último que acontecerá por aí. Lembremos-nos de outro não tão recente, em que um ex-médico foi condenado por 52 violações e quatro tentativas contra mulheres também sedadas. Crimes como esse não têm hora, não têm lugar, não têm classe social ou, muito menos, comportamento da vítima que instigue. E por vezes, a violência não acaba no estupro.

O segundo caso, explicita isso muito bem. No dia 23 de Maio, a atriz Klara Castanho teve um episódio marcante e comovente da sua vida íntima exposta, por sites e redes de fofoca, tomados pela insensibilidade que reinou sobre a ética profissional — tanto dos jornalistas, como da equipe médica, uma das grandes responsáveis por vazarem a história.

Jornalistas acharam por bem divulgar nos sites de fofoca o fato de uma atriz, de 21 anos, ter dado à luz uma criança, que foi colocada para adoção. A publicação foi apagada logo em seguida, mas a exposição foi cruel. Klara, em suas redes, extremamente dolorida diante de toda a situação, contou a verdadeira história: Ela havia sido estuprada, tomou todas as pílulas preventivas, fez os exames, mas ainda sim, descobriu-se grávida nos estágios finais da gestação.

Então, diante de toda dor de ter vivido um estupro, escondeu-se o máximo possível, das redes, dos holofotes, até que a criança nascesse. Optou, por motivos compreensíveis, doar o recém-nascido, procedimento previsto por lei, de forma totalmente sigilosa, mesmo que ela nem tivesse sido vítima de violência sexual.

Mais uma vez, em um caso não isolado, mais uma vítima de estupro, violentada não somente pelo seu estuprador, mas também por mais quem deveria protegê-la. Nos casos acima, as equipes médicas, em outros casos, os próprios familiares.

É essencial tomarmos muito cuidado com a justificativa desses crimes e impor responsabilidades às vítimas, por conta do preconceito e do machismo. Não existe hora e nem lugar, qualquer mulher pode ser vítima desses crimes, estando de roupa curta ou desacordada na maca de um hospital em trabalho de parto. Não há como se defender, a violência é social!

E não pense que os casos de estupro têm aumentado ou têm acontecido muito nos últimos tempos. Eles são apenas o topo de um iceberg, uma pequena parcela dos crimes que aparecem e chegam até uma denúncia. A parte debaixo do iceberg, a maior, representa todos aqueles crimes ocultos, que nunca tiveram a divulgação ou mesmo, que nunca foram falados para ninguém.

E a pergunta que não quer calar: Até quando a responsabilidade de sofrer um crime sexual recairá sobre as suas vítimas?

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Uma grande revolução, e não nos demos conta

quinta-feira, 07 de julho de 2022

É bem provável que lá no ano de 1976, a maior parte das pessoas não tenha dado importância alguma ao lançamento do primeiro computador pessoal, lançado pela Apple. O aparelho era menor, já que os mais “antigos” pesavam toneladas, mais “tecnológico”, “portátil”, e que foi o primeiro que você poderia comprar e levar para casa. À época, parecia estranho, diferente e, sem dúvida, era... muitas pessoas nem sabiam o que era um computador. 

É bem provável que lá no ano de 1976, a maior parte das pessoas não tenha dado importância alguma ao lançamento do primeiro computador pessoal, lançado pela Apple. O aparelho era menor, já que os mais “antigos” pesavam toneladas, mais “tecnológico”, “portátil”, e que foi o primeiro que você poderia comprar e levar para casa. À época, parecia estranho, diferente e, sem dúvida, era... muitas pessoas nem sabiam o que era um computador. 

Mas você já parou para pensar como isso mudou o curso da humanidade? E com o advento da internet? Do celular, então, nem se fala, em menos de 10 anos olha quanta coisa mudou. Hoje, até mesmo a gestão de uma cidade depende de computadores e internet. Experimente ir à qualquer órgão público com o “sistema fora do ar” e veja se consegue resolver algo. Impossível!

Hoje, temos a facilidade até de tirar documentos, abrir conta em banco sem precisar ir à uma agência, montar negócios, fazer uma faculdade, conversar com um parente distante, ver filmes sem ir à locadora ou ao cinema, tudo de forma online. E tudo isso, porque em 1976, o computador foi comercializado e por mais que parecesse  apenas mais mudança para a humanidade, pontual, revolucionou o nosso modo de viver e nos permitiram evoluir a passos larguíssimos nos últimos anos.

Fato é: “O dia de hoje já é o amanhã!”. Bom, talvez você, leitor, se pergunte aonde eu quero chegar com essa frase. Mesmo que não pareça, estamos presenciando uma grande revolução tecnológica sem nos darmos conta disso.

Um marco para o país

Apesar da demora, a internet 5G finalmente foi lançada no Brasil, na última quarta-feira, 6, um dos momentos mais esperados desse ano. Brasília é a primeira cidade do país com a tecnologia que começou a funcionar em cerca de 80% da capital federal.

Para quem ainda não entendeu o que é o 5G, trata-se de uma nova tecnologia de internet para dispositivos móveis. Ah, uma nova rede de internet para celulares? Não somente. Sucessora do 3G e do 4G, o seu grande diferencial é sua alta velocidade, performance e estabilidade.

O 5G possui maior capacidade para atender mais celulares e muito mais dispositivos, sem perder a qualidade. Isso significa que eu vou conseguir vídeos mais rápidos? Também, mas não somente isso. A velocidade dessa tecnologia vai mudar o nosso modo de enxergar o mundo, assim como o computador pessoal, mudou ao longo dos 46 anos.

Revoluções que já começaram 

Já pensou um médico, no Japão, fazendo uma cirurgia de coração em você, internado num hospital do Brasil? Pois bem, essa é uma possibilidade real num futuro próximo. Com o avanço das cirurgias com nano robôs, uma cirurgia à distância e por meio de dispositivos móveis pode ser uma possibilidade próxima e mais efetiva. 

Nos dias atuais, a Tesla, empresa norte-americana do ramo automobilístico, já possui carros que andam sozinhos, sem precisar necessariamente que um condutor esteja no controle direto do carro. Essa tecnologia já é empregada, contudo ainda apresenta algumas falhas, até porque está em fase inicial do seu desenvolvimento. 

Ocorre que com a evolução da tecnologia do 5G, esses modelos de carro inteligente tendem a acompanhar esse desenvolvimento. Os carros inteligentes da Tesla, atualmente, possuem tecnologias que evitam acidentes, seja na desviada automática de uma fechada ou de uma freada automática por conta de um acidente à frente. Contudo, com o aumento desses tempos de resposta por conta da internet móvel mais rápida, é quase que imprevisível como os carros inteligentes estarão nos próximos 10 ou 20 anos.

    Há o planejamento até de entregas de encomendas por drone. Já imaginou fazer um pedido via app de celular e ele chegar na sua casa sozinho por meio de um drone? Os testes já estão sendo feitos há mais de dois anos, contudo, em curtas distâncias, por conta dos problemas de sinal e conexão. Talvez, no dia de amanhã, venhamos a mudar nossa realidade de entregas.

E engana-se quem pensa que somente nos grandes centros urbanos essas mudanças serão percebidas. Nos ambientes rurais o avanço na tecnologia será muito presente. Por exemplo, ao invés de decolar um avião para o despejo de fertilizantes ou agrotóxicos, tudo isso poderá ser feito por meio de MUITOS drones, controlados ao mesmo tempo por um agrônomo que talvez esteja há muitos quilômetros de distância. Não somente isso, mas toda vigilância contra pragas, controles de temperatura, umidade, tudo feito por computador, em tempo real.

    Na realidade, toda a tecnologia, apesar de trazer muitos benefícios à sociedade, terá como consequência também muito desemprego, o que será inevitável. Como as novas tecnologias surgirão? Só o tempo dirá, assim como o advento do computador, agora, se elas ocorrerão em momento próximo, só o futuro dirá. Fato é que estamos mais “perto” do que “longe” dessa grande revolução acontecer.

 

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Posse de armas

quinta-feira, 30 de junho de 2022

Nosso país por muitos anos teve uma grande burocracia para que um cidadão pudesse ter a posse de uma arma de fogo legalmente. Contudo, as coisas mudaram. Um decreto presidencial flexibilizou a posse de armas de fogo em todo país. Contrário ao histórico das gestões anteriores, o atual governo foi o primeiro a tomar medidas que facilitam o uso de armas, e não, que restringem. E como isso tem repercutido?

Recorde de armas nas mãos da população

Nosso país por muitos anos teve uma grande burocracia para que um cidadão pudesse ter a posse de uma arma de fogo legalmente. Contudo, as coisas mudaram. Um decreto presidencial flexibilizou a posse de armas de fogo em todo país. Contrário ao histórico das gestões anteriores, o atual governo foi o primeiro a tomar medidas que facilitam o uso de armas, e não, que restringem. E como isso tem repercutido?

Recorde de armas nas mãos da população

            De acordo com os dados do Anuário de Segurança Pública, desde 2018, o número de pessoas com certificado de registro de armas cresceu 474%. Antes da facilitação do acesso de armas por brasileiros, em 2017, o número de CAC’s (caçadores, atiradores e colecionadores) era de 63 mil pessoas, hoje, o número já alcança 957 mil, de acordo com os registros oficiais.

            Para termos dimensão do quanto isso representa, atualmente temos mais armas nas mãos dos civis do que do que o próprio Estado brasileiro possui em suas reservas institucionais somadas, dentre elas as polícias Federal e Rodoviária Federal, civis, guardas municipais, tribunais de Justiça e Ministério Público. De quase 1.5 milhão de armamentos registrados no Brasil, somente 384 mil estavam ligados aos órgãos públicos, é o que diz o levantamento da Polícia Federal.

            E onde estão essas armas? Em números absolutos, São Paulo lidera o número de CAC’s, afinal, é o estado mais populoso da nação. Mas, curiosamente, se olharmos atentamente para os dados, o Sul do país é a região que possui a maior quantidade de armas por habitante. O Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná lideram o top 4 brasileiro.

Fiscalização em baixa

Evidentemente, que na teoria, tudo está passando por um controle muito rigoroso no Brasil, mas a realidade mostra que não é bem assim. Atualmente, 1/3 das armas do país estão com a licença vencida, é o que afirma a Polícia Federal. E como o armamento não deixou de existir, mesmo após o vencimento do registro, estão irregulares.

Além disso, o Anuário afirma: houve a redução da apreensão de armas ilegais em todo o país. Ainda que 33% dos materiais bélicos do país na mão de civis estejam irregulares, a falta de estrutura e fiscalização demonstra, que mesmo com o país com mais armas, as apreensões da posse (quando a arma está na sua residência) tem caído.

Em contrapartida, os números da apreensão pelo porte (arma fora da residência, ou seja, circulando) irregular de arma de fogo tem crescido, o que demonstra uma preocupação para especialistas. Afinal, a arma que foi comprada para estar dentro de casa, por vezes, por lá não tem ficado.

Fato é que a política brasileira tem se mostrado ineficientes em relação a fiscalização, o que abre margem para outros riscos e que não podem ser ignorados, como por exemplo, o aumento de mortes violentas. De acordo com os cartórios de Registro Civil de todo país, as mortes violentas cresceram 81%.

EUA endurece o controle de armas

Alguns estados dos Estados Unidos, em especial o Texas, berço do liberalismo bélico no mundo, tomam medidas para rever algumas políticas que “fugiram um pouco do esperado”. No último dia 25, por lá, foi sancionada lei federal, que “dificulta” o acesso de armas para a população, em especial pelos dados de tiroteio em massa por todo país. Esses episódios têm chamado atenção para os riscos inerentes às políticas armamentistas menos severas.

Nos Estados Unidos, nos últimos 52 anos ocorreram 2.054 casos de tiroteio em massa de forma pública. No quesito, massacres armados em escolas, o país lidera o ranking mundial. Desde 2009, os norte-americanos contabilizaram a triste marca de 288 tiroteios em escolas, com 1.500 baleados e 1.000 mortos. Em segundo lugar, Canadá e França empatados, com apenas dois.

No último dia 25 de maio, um verdadeiro massacre foi promovido por um jovem de apenas 18 anos de idade. Ao menos 19 crianças (entre 7 e 10 anos) e dois adultos morreram no ataque e já é considerado o mais mortal do país. Coincidência ou não, o caso aconteceu no Texas. Coincidência ou não, o Texas, lugar mais armamentista do planeta, é o estado norte-americano que lidera o ranking nacional de tiroteios em massa.

Fato é que os norte-americanos, com base em experiências trágicas, têm percebido que armar a população à torto e à direito, não necessariamente significa que os casos de violência vão diminuir - talvez possam até aumentar. A opinião de cada um acerca do armamento é pessoal, mas os dados brasileiros e norte-americanos são claros em suas mensagens: não estão sendo feitos da forma correta.

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Lixo que gera energia elétrica

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é mais de um quilo de resíduos descartados por dia, por cada habitante, de cada município brasileiro, segundo estudo do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Já parou para pensar quanto lixo você joga fora no seu dia-a-dia? A estimativa é de que cada brasileiro produza, em média, 379,2 quilos de lixo por ano. Isto é mais de um quilo de resíduos descartados por dia, por cada habitante, de cada município brasileiro, segundo estudo do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil em 2020.

Quer se espantar mais? Lembre-se que o nosso país abriga 210 milhões de pessoas, que todo santo dia, produzem mais e mais resíduos, recicláveis e não recicláveis, como os derivados plásticos das muitas embalagens que descartamos, papeis, madeira, lixo eletrônico (celulares, baterias, notebooks), metais, vidros, e muitos outros. Fato é, produzimos muito lixo e a cada dia, aumentamos essa cota.

Mas é muito importante sempre lembrarmos que, infelizmente, o lixo produzido, não some com um estalar de dedos quando você o bota para fora de sua casa na sacolinha do mercado. Por mais óbvio que pareça, mesmo que o caminhão da coleta passe, ou as ruas sejam varridas, os resíduos ainda permanecem a nossa volta e trazem grande impacto no nosso dia-a-dia.

Maior parte dos resíduos produzidos por todos nós sequer passam por coleta dentro do nosso país. Não estou nem falando de reciclagem, coleta mesmo, ou seja, o lixeiro ir buscar a sua sacolinha do lado de fora de casa. De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre o saneamento, mais de 1 mil municípios brasileiros não disponibilizam coleta de lixo domiciliar para toda a população urbana.

E se a coleta, que na teoria é o processo mais fácil de todos já enfrenta dificuldades, imagine só onde tudo isso, quando coletado é despejado. Mais de 40% dos resíduos sólidos urbanos, são despejados nos mais de três mil lixões espalhados por todo país, que contaminam por anos o nosso solo, a nossa água e acima de tudo, trazem graves prejuízos à nossa saúde.

O fim dos lixões que não tem fim

Tudo parecia que iria mudar em 2010, com a nova Política de Resíduos Sólidos que determinou um prazo de quatro anos para que todos os locais de descarte irregulares fossem desativados. Não preciso nem dizer que essa política não deu nada certo, e ironicamente, os lixões até aumentaram à época. Contudo, em 2020, foi assinado o Marco do Saneamento Brasileiro, que estabeleceu um novo prazo para o fim dos lixões nos municípios brasileiros.

De acordo com o instituto, todas as capitais e regiões metropolitanas tem até o próximo dia 2 de agosto – é rir para não chorar - para acabarem com os seus locais de descarte inadequado de resíduos. Enquanto isso, cidades com mais de 100 mil habitantes tem até 2022 e cidades menores, até 2024. Mas, especialistas em descartes de lixo afirmam que, com o ritmo que o Brasil encontra-se, só teremos resultados efetivos lá para 2040.

Luxo que vem do lixo

Marcelo Barros, administrador de formação, atua há pelo menos 30 anos no mercado de soluções energéticas e explica que o descarte de resíduos nos aterros sanitários não é nem de longe a melhor solução, tanto para o meio ambiente, como para a própria cidade.

"O descarte de lixo nos aterros sanitários é um processo delicado. Quando utilizamos esse método de descarte de resíduos, há chances de vários riscos de acidentes ambientais que vão desde a contaminação dos lençóis freáticos até o risco de explosões por conta dos gases emitidos pelo lixo. No fim das contas, todo material continua acumulado no local durante décadas, até que o aterro esteja no limite. Posteriormente, novos aterros são abertos e os antigos ainda continuam poluindo”, explica Marcelo.

"Hoje, existem soluções inteligentes de usinas de tratamento, que conseguem, de forma automatizada, separar os materiais recicláveis, incinerar o lixo e ainda produzir energia elétrica e combustível. No longo prazo, a história já provou que projetos como estes podem ser extremamente rentáveis para a população - que ganha com empregos, para o município - que produz energia, e para o meio ambiente - que reduz drasticamente os impactos ambientais."

Soluções como estas já são amplamente usadas na Europa, como exemplo, em Oslo, capital da Noruega, onde metade da cidade é aquecida pela queima de lixo e grande parte da sua energia elétrica é produzida. Qual a problemática norueguesa? Eles não têm mais lixo para queimar e hoje, chegam a ter que importar lixo da Inglaterra e da Irlanda.

 Esperamos que um dia, a problemática do lixo brasileira seja como a norueguesa e a nossa maior preocupação seja em como comprar os resíduos alheios para produzir energia, e não em como faremos para regulamentar o serviço mais básico de toda cadeia, a coleta.

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STJ autoriza cultivo da maconha o uso medicinal

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Em decisão inédita no Brasil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a três pessoas, o plantio de maconha de forma artesanal para uso medicinal. Com a decisão, os beneficiários poderão cultivar cannabis para extrair o óleo de canabidiol, medicamento importante para o tratamento de doenças como epilepsia, mal de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esquizofrenia, dentre outras.

Em decisão inédita no Brasil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou a três pessoas, o plantio de maconha de forma artesanal para uso medicinal. Com a decisão, os beneficiários poderão cultivar cannabis para extrair o óleo de canabidiol, medicamento importante para o tratamento de doenças como epilepsia, mal de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esquizofrenia, dentre outras.

O uso de produtos derivados da cannabis se mostra muito efetivo e já é autorizado no Brasil, contudo, somente mediante a importação do medicamento, o que torna o tratamento muito caro aos pacientes. Hoje, pela lei, o plantio é totalmente proibido por lei, até mesmo para as indústrias farmacêuticas.

Despacho gratuito de malas é vetado

A Câmara dos Deputados aprovou no final de maio uma emenda que obrigava o reestabelecimento do despacho gratuito de uma bagagem por passageiro, de até 23 quilos, em voos nacionais e internacionais. Grande número de parlamentares destacou que as empresas aéreas mentiram ao afirmarem que abaixariam os custos das passagens caso pudessem cobrar pelas malas. Contudo, na última terça-feira, 14, o presidente Jair Bolsonaro surpreendeu a todos e vetou o projeto com a justificativa de que a aprovação da emenda seria “contrário ao interesse público”, segundo o Palácio do Planalto.

Projeto para limitar ICMS dos combustíveis vai a votação

O ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços - é um tributo pago à competência estadual que atualmente compõe grande parte do valor dos combustíveis e consequentemente, tem sua parcela de culpa na composição do seu valor elevado. No intuito de viabilizar uma gasolina mais barata, a medida visa limitar o percentual do imposto estadual. Governadores falam em um prejuízo de arrecadação em torno de R$ 100 bilhões. O texto, por ora, já havia sido aprovado pela Câmara dos Deputados, sofreu alterações no Senado, e por isso, necessitou se reavaliado até ser novamente aprovado.

Desaparecimento na Amazônia

O desaparecimento do jornalista inglês, Dom Phillips, e do indigenista e servidor da Funai, Bruno Pereira, já dura 12 dias e a falta de desfecho nas investigações, revolta grupos de militantes e familiares dos desparecidos. Rumores do jornal The Guardian, apontam que dois corpos foram encontrados em local de mata fechada e amarrados, mas a Polícia Federal nega. Em vídeos gravados durante a pandemia, Bruno Pereira denunciava o perigo que garimpeiros, caçadores, traficantes e pescadores ilegais representavam para as terras indígenas.

Guerra da Ucrânia já dura mais de 100 dias

Os embates entre Rússia e Ucrânia parecem não ter fim. Já são quase 50 mil soldados mortos e 14 milhões de pessoas deslocadas de suas casas, neste conflito que começou em 24 de fevereiro deste ano, é o que diz o conselheiro de Volomyr Zelensky, presidente ucraniano. Russos continuam bombardeando cidades e aos poucos, invadindo território e batalhas cada vez mais “vitais” para os rumos da guerra.

Substituto do Mc Donalds abre as portas na Rússia

Em meio às muitas sanções econômicas sofridas pela Rússia em decorrência da guerra, a gigante americana de fast-foods, Mc Donalds, oficialmente encerrou suas operações no país. no último domingo, 12, feriado local, em resposta, os russos celebraram a inauguração de sua mais nova rede de hambúrgueres do país chamada “Vkousno i Totchka”, que significa “Delicioso e ponto final”. O novo negócio pertence a Alexander Gordov, co-fundador de uma empresa de refinamento de petróleo na Sibéria. Os novos restaurantes irão operar com novo nome e logotipo, mas nos mesmos locais e com pratos quase idênticos aos da rede americana de fast-food.

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“CPI dos Sertanejos” e Lei Rouanet

quinta-feira, 09 de junho de 2022

Uma declaração do artista Zé Neto durante show no Mato Grosso, no meio do mês passado, reverberou e vem abalando o mundo milionário dos sertanejos. Após a alfinetada do cantor à Anitta e a Lei Rouanet, internautas, por conta própria começaram a buscar sobre valores de cachês pagos por prefeituras e órgãos públicos para artistas que se apresentam em shows por todo país.

Uma declaração do artista Zé Neto durante show no Mato Grosso, no meio do mês passado, reverberou e vem abalando o mundo milionário dos sertanejos. Após a alfinetada do cantor à Anitta e a Lei Rouanet, internautas, por conta própria começaram a buscar sobre valores de cachês pagos por prefeituras e órgãos públicos para artistas que se apresentam em shows por todo país.

 A polêmica declaração acabou respingando em uma série de artistas da indústria sertaneja, e incentivou a abertura de investigação de muitos contratos – grande parte sem licitação – com valores milionários por parte do Ministério Público. A #CPIdosSertanejos está reacendendo o debate do incentivo à cultura no Brasil.

Piada virou investigação

Durante um show, no Mato Grosso, em maio a declaração do artista Zé Neto trouxe à tona algumas polêmicas que vem abalando o mundo milionário dos cantores sertanejos. O artista, em um show, afirmou: “Não dependemos da Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo.” Em seguida, disparou: “A gente não precisa fazer tatuagem no ‘t*ba’ para mostrarmos se estamos bem ou não”.

Os comentários do cantor deram a entender de que ele estaria falando da cantora pop, Anitta, que mostrou publicamente que fez uma tatuagem íntima. Fato é que, com tatuagem ou sem tatuagem em locais delicados, o tiro saiu pela culatra e a declaração de Zé Neto trouxe à tona um verdadeiro embate polarizado politicamente, acerca dos gastos em cultura no país.

Em meio às declarações do cantor sertanejo, fãs e famosos decidiram investigar um pouco mais a fundo. E passaram a publicar em suas redes sociais muitos contratos pactuados pelas prefeituras e os artistas para a realização dos shows, pagos sem licitação. Polêmica!

Zé Neto tinha total razão ao dizer que o dinheiro gasto no show deles era de origem pública, contudo, os números vieram a assustar um pouco. Ao que parece quem jogou a pedra, tinha teto de vidro. A prefeitura de Sorriso, no Mato Grosso, gastou a bagatela de R$ 400 mil na contratação da dupla artística sertaneja, mas conta com apenas 90 mil habitantes.

Apenas um estopim. Ministérios públicos de vários estados começaram uma série de investigações de contratos feitos com outros cantores sertanejos. Em São Luiz, menor município de Roraima, paupérrimo, com apenas oito mil habitantes, pagou um cachê de R$ 800 mil para o cantor Gusttavo Lima. Até aí, ok! Se o orçamento do ano para merenda, transporte escolar e Vigilância Sanitária, somados, não fosse de apenas R$ 180 mil.

Mesmo sem energia elétrica para toda população, saneamento básico, asfalto ou postos de saúde, 48 cidades investigadas – com menos de 50 mil habitantes – investiram mais de R$ 14 milhões em shows de cantores sertanejos nesse ano eleitoral. Grande parte das cidades contratantes dos shows receberam R$ 28,5 milhões diretamente de Brasília, contudo dos 48 shows bancados com a verba pública, em apenas 35 é possível consultar o cachê pago.

Dentre eles, a cidade de Mar Vermelho, em Alagoas, que gastou R$ 370 mil para a apresentação do cantor Luan Santana, apenas dois meses antes das eleições. O município está entre os 100 com menor renda no país. Apenas 14,9% das casas possuem saneamento básico em uma cidade com apenas 3.474 habitantes. Somente 24% das moradias tem pavimentação adequada e, até 2019, só 9,4% da população estava empregada.

Depois dos shows sertanejos, os religiosos também entraram na mira das CPI’s. Pertinho da gente, o famoso festival do Tomate, em Paty dos Alferes, no Sul fluminense, passou a ser alvo de denúncias pelo motivo do dinheiro público para programação religiosa ter sido usado apenas para atender a programação de fiéis de vertentes evangélicas, deixando de fora, católicos e umbandistas.

No fim das contas, Zé Neto e Gusttavo Lima foram às redes sociais pedirem desculpas. Ainda não existe formalmente uma CPI instalada. Há promessas, mas até então, somente especulação e investigação. Mas enfim, qual a diferença entre a Lei Rouanet e o dinheiro público?

Lei Rouanet x dinheiro público

 A Lei Rouanet é um incentivo fiscal. Ou seja: é um investimento indireto, em que o governo abre mão de impostos que tem a receber das empresas e elas investem esse imposto em projetos culturais. Há um crivo do governo, mas a empresa acaba indicando os artistas que tenham uma identidade artística que tenha a ver com a imagem que querem passar. Evidentemente, tem sua problemática.

Mas para resumo da ópera: a Lei Rouanet é um dinheiro que deveria ser pago aos cofres públicos, mas é revertido em shows pelas empresas. As verbas públicas, somos nós que pagamos. Farinha do mesmo saco, apenas muda o posicionamento político de quem defende.

No fim das contas: É ilegal financiar shows com dinheiro público? Obviamente, que não! Mas, a partir do momento em que se critica artistas que fazem uso da Lei Rouanet, é no mínimo contraditório aceitar verbas públicas espantosas. Deixemos a politicagem de lado!

O incentivo à cultura é necessário, afinal, o que seriamos de nós sem a cultura? Uma população sem identidade. Não podem existir os abusos como vem acontecendo. Tudo deve ser contratado dentro da legalidade (licitação), impessoalidade (sem lado A ou B), moralidade (de um respeito), publicidade (transparência) e eficiência (necessário, somente o necessário, o extraordinário, é demais). Assim que deveria ser.

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Brasil andando para trás

quinta-feira, 02 de junho de 2022

Desde a eclosão do fenômeno meteórico e devastador da Covid-19, a vida que já andava mal, agora só parece piorar. Aos mais otimistas, tempos melhores virão. Aos mais pessimistas – realistas, talvez – será extremamente difícil recuperarmos rapidamente a qualidade de vida que um dia desfrutamos.

Desde a eclosão do fenômeno meteórico e devastador da Covid-19, a vida que já andava mal, agora só parece piorar. Aos mais otimistas, tempos melhores virão. Aos mais pessimistas – realistas, talvez – será extremamente difícil recuperarmos rapidamente a qualidade de vida que um dia desfrutamos.

O Brasil, sem a menor dúvida, vive o momento mais delicado dos seus últimos tempos. Ano de eleição, polarização, nervos a flor da pele em discussões acaloradas – “quem é melhor, o lado A ou o lado B?” -, salários baixos, inflação alta, dólar caro, tudo caro, falta de segurança, desemprego em massa, e o desespero com o dia de amanhã. Vivemos uma crise instaurada em nosso país: financeira e política.

2022 ou anos 80?

Se antes podíamos encher o carrinho de compras com R$ 100, hoje, a situação é bem diferente. Não muito distante, há cinco anos, era possível comprar carne, frango, leite, presunto, mussarela e óleo com essa quantia e rendia até troco. Hoje, só o básico: arroz, café, feijão, uma carne – de segunda – açúcar, café e olhe lá se não precisar complementar.

A inflação galga a passos largos, nosso dinheiro se desvaloriza e o poder de compra do brasileiro caiu 31%. Assim, precisamos esforçar mais para ‘tentar’ manter o padrão, que por vezes parece estar fadado ao insucesso, já que esses aumentos de preço afetam tanto os produtos básicos do dia-a-dia.

A inflação sempre existiu. É fato! Contudo, por mais que os preços subissem, os salários mínimos buscavam acompanhar razoavelmente para garantir ao menos a ‘sobrevivência’ da população, algo que não consegue nem ser feito desde o começo da pandemia. Todos nós sentimos, mas quem mais sofre, são as camadas mais pobres.

E não difícil de acreditar, o Brasil voltou para o mapa da fome! Para termos noção da gravidade, em 2014 até 2016, o número de famintos era 3,9 milhões. Entre 2016 e 2018, aumentou, 7,5 milhões. Hoje, 10.3 milhões de brasileiros estão – em termos técnicos e poéticos – em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, fome!

Em um país que produz alimentos suficientes para dar de comer a todos os habitantes, a fome soa nada mais do que um crime e reflexo da crescente desigualdade desse país que cada dia mais aumenta! E o que vem sendo sido pensado pelos nossos políticos e candidatos? A prioridade é: eleição, fundo eleitoral, alianças, redução no valor de impostos sob armas de fogo e sob arrendamento de aviões.

Bom, com tanta gente passando fome e morrendo, porque estamos falando em armas? Soa irônico e incoerente. Por sinal, até alguns estados dos EUA, estão pensando em rever suas políticas, visto que “fugiram um pouco do esperado” e nós estamos indo da direção contrária. Afinal, nos EUA, nos últimos 52 anos, foram 2.054 casos de tiroteios em massa. Não, acredite você não leu errado! E ainda, desde 2009, foram 274 tiroteios em massa, com 1.500 baleados e 1.000 mortos.

De outro lado, as mortes violentas sobem 81% no Brasil, de acordo com os cartórios do Registro Civil. O desmatamento cresce 56% na Amazônia e o desemprego afeta 11 milhões de pessoas no país, diz o IBGE. Sites de expressão estão ensinando como usar fogão à lenha para economizar o gás que está caro; a carne virou artigo de luxo; educação e pesquisas sofrem cortes. Parte da população quer voltar com o voto em papel. Estamos rediscutindo democracia e liberdade de expressão.

Ah, não sei você, mas esse não era o futuro que nenhum de nós imaginava. Em vez de traçarmos planos para melhorarmos nossa saúde, diminuir o desemprego, abaixarmos os valores dos bens de consumo e serviços, acabarmos com a intolerância e fomentarmos o nosso desenvolvimento, estamos buscando remédios para problemas antigos.

Parece que desde então só andamos para trás e ficando cada vez mais distantes do ideal. A sensação que temos, por vezes é que voltamos aos anos 1980 e nos estacionamos lá: inflação descontrolada, dólar nas alturas, miséria generalizada, desemprego, militares envolvidos com a política e um mundo totalmente polarizado e inflamado pelo ódio, em que ou você é do lado A ou do lado B, relembrando os tempos de guerra fria.

Nada parece melhorar, tudo só piora a cada dia. O sentimento é que estamos andando para trás, vendados, esperando o momento em que cairemos, repentinamente, no precipício. Às vezes me pergunto se um Brasil melhor seria um sonho de criança, dentro de um mundo de fantasia, ou se é uma esperança de um adulto, que continua iludido.

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