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Exposição de jovens nas redes sociais

quarta-feira, 31 de maio de 2023

As redes sociais foram responsáveis pelas maiores transformações na humanidade nos últimos anos. Além de uma fonte de comunicação e entretenimento, criou-se um ambiente de livre circulação de opiniões, informações, que busca ditar tendências e estilo de vida, sob a máxima de “quem não é visto, não é lembrado”.

As redes sociais foram responsáveis pelas maiores transformações na humanidade nos últimos anos. Além de uma fonte de comunicação e entretenimento, criou-se um ambiente de livre circulação de opiniões, informações, que busca ditar tendências e estilo de vida, sob a máxima de “quem não é visto, não é lembrado”.

Hoje, praticamente todo mundo tem acesso à internet por meio dos smartphones que nos acompanham 24 horas por dia - até mais do que deveríamos. Os pequenos, desde muito cedo, têm contato com esses dispositivos, aprendendo a utilizá-los de uma maneira quase natural, fazendo parte do seu amadurecimento.

Não é estranho que num mundo tão plugado e com fácil acesso à internet, tornou-se imprescindível que as pessoas tenham seus próprios perfis nas plataformas digitais – o que inclui as crianças, adolescentes. A relevância das redes sociais é inquestionável. Contudo, ao mesmo tempo em que o campo é cheio de oportunidades, a internet também oferece riscos e demanda atenção redobrada dos responsáveis.

Precisamos entender as crianças

Antes que possamos expor as problemáticas, é necessário que entendamos como funciona o mundo para crianças. Afinal, não é “vigiando e punindo” que se faz um bom trabalho de educação, como diria Foucault. É preciso olhar para a problemática pelos olhos de quem não compreende a maldade do mundo como ele é.

A exposição de fotos, textos e vídeos falando sobre a rotina, preferências, família, amigos, animais de estimação e “dancinhas de TikTok”, são as principais atividades praticadas nas redes sociais. Ainda que o papel principal dessas plataformas fosse de conectar pessoas, tornaram-se grandes negócios que movimenta fortunas no mundo do entretenimento.

As histórias de superação de famílias que deram a volta por cima, por meio de seus filhos que enriqueceram com as plataformas digitais também atrai os olhos dos pequenos. Afinal, se você fosse criança, não te encantaria saber que fazendo vídeos para a internet, um influenciador “X”  tirou a família da pobreza e comprou carros de luxo?

Jogador de futebol, bailarina e pop star? Que nada! Experimente perguntar para uma criança o que ela quer ser quando crescer. Certamente as respostas poderão não lhe parecer convencionais e muitas estarão relacionadas a tecnologia e ao mundo da internet como: “influenciador digital, blogueiro, youtuber, streamer, tiktoker.”.

Como em todos os campos do mercado de trabalho, há aqueles que apelam em busca do sucesso meteórico e rápido, numa tentativa desenfreada de chamar a atenção dos seus seguidores. E nesse passo, as curtidas e comentários se tornam cada vez mais necesssários para que elas sintam o prazer e a satisfação - custe o que custar.

Agora, pense em tudo isso sob a ótica de uma criança. Sem dúvida, o cenário fica ainda mais preocupante. Se os adultos já enfrentam desafios na manutenção de um uso saudável das redes sociais, como isso se reflete na vida e rotina dos pequenos?

Observação e cautela

Como você pode ver, as redes sociais estão totalmente integradas à rotina dos adultos e das crianças. Elas podem ser benéficas se utilizadas com inteligência. O problema está no fato de que muitas pessoas fazem uso inadequado e excessivo, o que acaba criando um ambiente favorável para o surgimento de problemas.

A grande diferença está na instrução e na supervisão dos responsáveis. Crianças e adolescentes devidamente ensinados sobre seus limites nas redes sociais, são menos propensos a serem vítimas de crimes, explica Anoberto Serafim, psicólogo de formação e coordenador geral da Casa da Criança e do Adolescente em Nova Friburgo.

“Os criminosos miram nas fragilidades e na vulnerabilidade. Há pessoas que se dizem bem intencionadas. Inicialmente, acolhem os jovens por meio de conversas e depois de ganharem a confiança, induzem-nos a enviarem fotos, vídeos íntimos, estimulam a prática de crimes ou mesmo sondam a rotina e dados de familiares para cometerem crimes.”

Atualmente, muitos crimes são cometidos justamente com base nas informações obtidas nos perfis das vítimas em ambientes digitais, bem como: qual escola estuda, qual o horário de entrada e de saída. Quando o usuário fala demais sobre como é a sua rotina, a vida das pessoas que vivem com ele, os bens que ele possui, o que gosta de fazer aos fins de semana e os lugares que frequenta, ele fornece aos criminosos informações que podem ser utilizadas para prejudicar tanto a ele quanto a pessoas da sua família.

“O melhor caminho é o diálogo com seu filho. Castigar somente serve para fomentar a raiva e o medo que seu filho pode ter de você. Temos que preparar a nossa juventude para o mundo, por meio da supervisão, da educação e acima de tudo, do diálogo”.

Por isso, a exposição é algo comum em uma rede social. Dessa forma, não podemos dizer que o problema está na exposição propriamente dita, mas sim, na medida em que essa exposição ocorre. Afinal, no momento em que ela ultrapassa a barreira do “bom senso” pode se tornar um risco real.

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Por que tanto racismo nos campos da Espanha?

quarta-feira, 24 de maio de 2023

O atacante Vinicius Júnior do Real Madrid tem sido o alvo preferencial de ofensas racistas ao longo da temporada do Campeonato Espanhol. Ao longo das partidas, o jogador que defendeu a camisa brasileira na última Copa do Mundo, costuma ser chamado pelos infratores de “macaco”, imitam sons e gestos simiescos.

O atacante Vinicius Júnior do Real Madrid tem sido o alvo preferencial de ofensas racistas ao longo da temporada do Campeonato Espanhol. Ao longo das partidas, o jogador que defendeu a camisa brasileira na última Copa do Mundo, costuma ser chamado pelos infratores de “macaco”, imitam sons e gestos simiescos.

Durante o último jogo pelo Real Madrid, o cenário foi chocante para quem assistia. Torcedores de todo o estádio proferiam ataques racistas contra o atleta em coro. Os jogadores espanhóis e as autoridades pouco fizeram para cessar o filme de terror que o atleta vivia dentro de campo.

Inconformado, o atacante reclamou com o árbitro da partida, que pouco fez. Com isso, o coro racista tomou ainda mais forma e volume no estádio, produzindo um cenário de barbárie. Vinicius foi às lágrimas e revidou os ataques raciais com um dedo do meio para torcida adversária e disse que cairiam para a segunda divisão.

Instantes depois, se já não bastassem os cânticos racistas, o brasileiro foi imediatamente atacado pelos jogadores do time adversário, com pontapés e uma gravata. Surpreendemente – ou não - como resultado, tivemos o atacante brasileiro como o único expulso de campo.

A imprensa espanhola que deveria ter um papel fundamental no combate ao racismo, simplesmente ignorou como se nada tivesse acontecido. Na saída de campo, um repórter teve a audácia de perguntar se o atacante pediria desculpas para a torcida. No dia seguinte, uma revista local culpou o próprio Vinícius Junior por ter ‘provocado’ os ataques racistas.

A imprensa mundial se solidarizou e tocou o dedo na ferida de uma questão cultural que sempre é jogada para debaixo do tapete na Espanha: o racismo. As autoridades espanholas, com a imagem arranhada, se mexeram, e detiveram sete pessoas até o momento. Grande parte, nem presa ficou. Mais da metade já foi liberada.

Afinal, por que o racismo no futebol espanhol é mais escancarado do que em outras ligas europeias?

Espanha: o Primeiro Mundo que segue atrasado

Os episódios vividos por Vinicius Júnior se somam a um dos inúmeros de casos de racismo nos estádios mundiais. O grande boom de jogadores negros na liga aconteceu após 1995, através de uma lei que foi responsável pela abertura do mercado europeu a atletas de todos os continentes e contou com forte entrada de africanos e sul-americanos.

No entanto, a crescente do racismo nos jogos do Espanhol vem como um reboque das mudanças sociais vividas pelo país na última década. Com a crise europeia, deu-se o aumento do discurso pela rejeição aos imigrantes, e como consequência, o crescimento de partidos de extrema direita radical, no caso, o ‘Vox’ - o partido de extrema-direita mais expressivo do país conhecido por suas posturas claramente racistas, xenofóbicas e anti-imigração.

Os discursos partidários se estenderam para além dos campos políticos, dando espaço para a guinada para dentro dos campos de futebol, incluindo, as torcidas organizadas, como é o caso do grupo Ultra Yomus: os responsáveis pelos xingamentos ao jogador brasileiro no último jogo.

A torcida, por sua vez, é considerada ideologicamente fascista e nacionalista espanhola, estritamente ligada ao partido. Estes torcedores nunca se esconderam nos estádios espanhóis, especialmente com a guinada dos discursos xenofóbicos em todo o país, dando voz a ataques criminosos.

Tratam-se velhos e antigos conhecidos dos espanhóis, que ganharam ainda mais força após as eleições de 2019, permeando por vários espaços do país munidos de bandeiras e tatuagens da suástica, proferindo seus cânticos racistas e xenofóbicos. No atual momento, a crise na liga espanhola afeta até as relações diplomáticas entre Brasil e Espanha.

Infelizmente, o caso do Vinicius Júnior não é o primeiro e nem será o último. Continuará acontecendo e durante muito tempo ainda. O debate sobre racismo na Espanha engatinha. Além disso, não há interesse político para fazer com que as leis punam com rigor essas pessoas.

A cultura do esporte sempre diz que os esportistas têm que aceitar todos os insultos vindos das arquibancadas – sejam eles quais forem. Contudo, Vinicius Júnior diz não, ele levanta a voz e se rebela. Ele tem consciência do seu papel como atleta de elite negro. E ao contrário do que pensam, ele não está sozinho na luta contra o racismo!

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Gasolina, diesel e gás vão ficar mais baratos

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Na manhã da última terça-feira, 16, a Petrobras anunciou o fim da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada há mais de seis anos. A estatal anunciou a adoção de um novo modelo para definir o preço dos combustíveis e as reduções no valor do diesel, da gasolina e do gás de cozinha já foram divulgadas. Afinal, o que mudou na prática para o consumidor final?

Política de paridade de importação

Na manhã da última terça-feira, 16, a Petrobras anunciou o fim da Política de Paridade de Importação (PPI) adotada há mais de seis anos. A estatal anunciou a adoção de um novo modelo para definir o preço dos combustíveis e as reduções no valor do diesel, da gasolina e do gás de cozinha já foram divulgadas. Afinal, o que mudou na prática para o consumidor final?

Política de paridade de importação

Desde 2016, ainda durante o governo de o ex-presidente Michel Temer, a estatal adotou a Política de Paridade de Importação, que determinava o preço dos combustíveis que nós usamos no dia-a-dia (gás de cozinha, diesel, gasolina), baseado na cotação do dólar e no valor cobrado no mercado exterior.

Apesar de pagarmos em reais, os valores praticados se vinculavam ao preço do mercado internacional, usando como referência o preço do barril de petróleo - que é calculado em dólar. Ainda que controverso, com esse modelo a Petrobras alcançou recordes de lucros e distribuição de repasses financeiros para os seus acionistas.

Somente no segundo semestre de 2022, a empresa efetuou o repasse histórico de R$ 87,8 bilhões para os seus acionistas. O valor do montante total dos repasses do ano passado foi de R$ 217 bilhões, o que é três vezes mais do que pago pela companhia somente no ano de 2021 – momento já de alta dos combustíveis.

Em contrapartida, nós - os consumidores finais - não possuíamos os mesmos privilégios e pagávamos essa conta. Com a subida do dólar, o brasileiro sofreu com os patamares recordes na história do preço da gasolina nos últimos anos - chegando a custar R$ 8,90 em cidades do nosso Estado.

Em entrevista coletiva, Jean Paul Prates, atual presidente da Petrobrás, afirma que o mesmo combustível que era extraído, refinado e produzido em reais, era cobrado em dólares: "Paridade de importação era uma abstração. Pegar preço lá fora, colocar aqui dentro como se tivesse produzido lá fora, só que na porta da refinaria daqui".

Um levantamento, em 2022, feito pelo site de consultorias Global Petrol Prices indicou que o preço da gasolina está 15% acima da média praticada em 170 países do mundo. Assim, o valor da gasolina brasileira esteve, à época, entre uma das mais caras do mundo.

No entanto, o levantamento feito pela pesquisa, não levou em conta o poder de compra da população – ou seja, quanto a população ganha e o quanto pode gastar com combustíveis - fazendo com o que a situação brasileira fosse ainda mais delicada e nós pagássemos essa salgada conta.

Com a PPI em vigência, a estatal não possuía qualquer autonomia para contrabalancear as grandes variações e nem para evitar que as fortes repercussões no Brasil chegassem ao consumidor. E assim, esses aumentos, em efeito cascata, refletiam para diversos setores, dentre eles: transporte, alimentício, bens, serviços, entre outros.

Nova política de preços e os valores

Na nova política de preços da companhia, a Petrobras apontou que não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados. Reforça que os reajustes continuarão, sem periodicidade definida, somente evitando repasses repentinos ao consumidor diante das variações das cotações internacionais e do valor do dólar.

A proposta sinaliza ainda um ponto de equilíbrio entre os interesses dos acionistas e o papel social da estatal defendido pelo governo, voltado para atender a expectativa do consumidor brasileiro por valores mais baixos e pela necessidade de reinvestimentos no refino dos combustíveis.

O presidente da Petrobras, em entrevista coletiva, assegura que a nova política de preços da estatal não será influenciada pelo Governo Federal. Por fim, explicou que o valor praticado na revenda dos produtos, no entanto, também não será controlado pelo governo.

As distribuidoras da companhia, já divulgaram as primeiras quedas nos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha (GLP):

  • Na “gasolina A”: houve uma redução de R$ 0,40 por litro (-12,6%);
  • No “diesel A”: houve uma redução de R$ 0,44 por litro (-12,8%);
  • No gás de cozinha (GLP): redução de R$ 8,97 por botijão de 13 quilos (-21,3%).

Segundo a empresa, as denominações "gasolina A" e "diesel A" se referem ao combustível puro – antes da mistura com álcool e biodiesel, respectivamente. Sendo importante lembrar que a nossa legislação permite a composição da gasolina com o percentual de aproximadamente 25% de etanol.

Por fim, a companhia reforça que ainda que não tenha a gerência sobre o valor das revendas, o cenário é de boas expectativas para a lucratividade da empresa e para os consumidores, sendo plenamente possível praticar o valor do botijão de gás para o consumidor final abaixo dos R$ 100.

Alguns postos da cidade de Nova Friburgo já tiveram reajuste no valor dos combustíveis. Por certo, a gasolina que aumentou periodicamente desde 2016, nos proporciona um respiro. Ainda que não pareça, são centavinhos no final do mês que fazem a diferença não somente nos combustíveis, mas em todos os bens e serviços que precisam de transporte.

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Todo dia deveria ser o Dia das Mães

quarta-feira, 10 de maio de 2023

Basta entrarmos no mês de Maio que as propagandas comerciais começam a falar de apenas um assunto: o Dia das Mães. Desde pequeno, sempre aprendi pela escola, pela família e pelo senso comum brasileiro de que esta celebração especial devem ser comemoradas no segundo domingo do mês de maio.

Basta entrarmos no mês de Maio que as propagandas comerciais começam a falar de apenas um assunto: o Dia das Mães. Desde pequeno, sempre aprendi pela escola, pela família e pelo senso comum brasileiro de que esta celebração especial devem ser comemoradas no segundo domingo do mês de maio.

Para o comércio, a data é a segunda mais importante no Brasil em números de vendas absolutas, perdendo apenas para o Natal.  Mas, ao contrário do que possa parecer – e que muita gente acredita - , o dia não surgiu com a intenção de ser uma data comercial. O propósito era distante da realidade atual.

A irônica origem da data

No início do século 20, a celebração nasceu nos Estados Unidos através de uma campanha feita pela americana Anna Jarvis, que havia perdido sua mãe em 1905. Após três anos, dolorida pelo sentimento de luto e revestida de saudades, Anna realizou uma linda e justa homenagem para ela, de forma ainda não oficial.

Desde então, a americana passou a enviar diversas cartas para muitos congressistas americanos, governadores e celebridades pedindo a mobilização pela criação de um feriado em homenagem as nossas mães. E assim, tão somente em 1911, foi criada a data oficial no calendário dos EUA.

A historiadora Katharine Antolini. escreveu no livro "Em Memória da Maternidade: Anna Jarvis e a Luta pelo Controle do Dia das Mães" que a militante esperava que o trabalho das mães fosse reconhecido pelo seu serviço incomparável que prestavam à humanidade em todos os campos da vida.

A reviravolta irônica na história é que Anna Jarvis jamais esperava que o dia fosse tão abraçado pelas campanhas publicitárias e se transformasse em uma data tão comercial. Anos depois da sua luta pela criação da data comemorativa, a militante, se arrependeu do que viu e passou a pedir o fim da data, por entender que a data perdeu sua essência.

O verdadeiro Dia das Mães

Afinal, a quem nos deu um amor platônico desde os nossos primeiros segundos de existência, será que somente devemos dar um abraço apertado, um beijo, um ‘eu te amo’ e um presente num único dia do ano? A verdade, é que nós nunca conseguiremos retribuir o amor platônico materno em nossa vida, e quem dirá num único dia.

Gerar, parir, criar. Abrir mão de si, para dedicar o melhor que você pode proporcionar ao seu filho. Quantas histórias já não ouvimos de mães que foram dormir mais cedo para deixar a saciedade do jantar aos filhos? Ser mãe é para sempre. Pode ser lindo e ao mesmo tempo, solitário, intenso, difícil.

Solteira ou casada, tendo a responsabilidade compartilhada ou tendo que dar conta de tudo sozinha, a experiência de ser mãe é única e individual. De um lado, mulheres que sonham desde criança em serem mamães. De outro, outras que nunca se imaginaram nesse papel até se tornarem uma.

Se há a maternidade idealizada e perfeita nas capas de revista, há também a realidade real, intensa e difícil, que não vende publicidade. O único lugar em que essa maternidade ganha estampa, são nas olheiras das faces cansadas das noites mal dormidas.

Há também a realidade de mulheres que encaram o verdadeiro malabares entre o profissional, o pessoal e a maternidade. Não havendo dia de descanso e nem férias, muito menos dia bom ou dia ruim: todo dia, é dia.

E se não bastasse ser mãe, algumas mulheres ainda acumulam o papel de pai. Apenas nos últimos cinco anos, 860 crianças foram registrados sem uma figura paterna em seus documentos. E quantas outras, apesar de registradas, não são abandonadas no momento em que mais precisam?

Além de encarar uma série de novidades (como a amamentação, os cuidados com o bebê e a privação do sono), a mãe precisa lidar com um turbilhão de novos sentimentos. O medo de não dar conta, a culpa (“nasce uma mãe, nasce uma culpa”), o cansaço, a solidão e a responsabilidade fazem do início dessa jornada um momento muito intenso.

E ainda que intenso, marca nossas vidas para sempre. E para elas, pouco importa se você tem 20, 30, 40 ou 50 anos, a preocupação é sempre a mesma. Se estiver calor, leve um casaco. Se estiver sol, leve um guarda chuva. Se estiver frio, saia do sereno. Se você acha que está certo, sua mãe te mostra que você está errado.

Às suas mães não deixem de dar um beijo e levar flores para elas. Não somente na data comemorativa, mas especialmente em um dia que ela não espere recebê-las. Seja grato por todos os mimos e preocupações dedicados incessantemente em todos os dias durante sua existência.  

Aos que infelizmente não tenham a mãe por perto por razões carnais ou familiares, diga a sua figura materna: 'Obrigado. Obrigado por ter cuidado de mim quando você não tinha a menor obrigação disso e por ser tão especial nos momentos em que tanto precisei do seu suporte.’

A verdade é que no útero, a mãe pode proteger seu bebê, com um espaço quentinho, calmo, e seguro. No mundo real, não! O filho cresce e trilha os próprios caminhos, mas contando com um imenso espaço no coração de cada mãe.

Feliz dia das mães? Todo dia deveria ser o Dia das Mães.

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Mais um caso de homofobia nos templos religiosos de Friburgo

quarta-feira, 03 de maio de 2023

A homofobia se revela nos lugares mais inesperados, como no recente caso do ator friburguense, Bernardo Dugin, ocorrido em uma capela de uma tradicional escola de doutrina religiosa de nossa cidade. Um boletim de ocorrência foi registrado na 151ª DP, pelo crime de homofobia, análogo ao crime de racismo.

A homofobia se revela nos lugares mais inesperados, como no recente caso do ator friburguense, Bernardo Dugin, ocorrido em uma capela de uma tradicional escola de doutrina religiosa de nossa cidade. Um boletim de ocorrência foi registrado na 151ª DP, pelo crime de homofobia, análogo ao crime de racismo.

As pregações ofensivas não foram proferidas em uma conversa de canto e reservada, mas sim, diante de todos que prestigiavam uma missa. Incluindo-se nessa lista, os familiares do ator, que num momento de luto, buscavam palavras de conforto, fé e compaixão na missa de sétimo dia do falecimento de um ente querido.

Na TV e no streaming, Bernardo coleciona participações, como nas novelas: Éramos Seis (Globo, 2019), Todas as Flores (Globoplay, 2022), Gênesis (Record, 2021), Reis (Record, presente) – as duas últimas, novelas religiosas. O ator nunca escondeu sua fé, mas nas redes sociais nos deu a tristeza de esconder o seu sorriso fácil, desabando em lágrimas após o ocorrido.

Em seu relato nas redes sociais, o ator narra sua dor e desabafa, após ouvir pregações comparando o demônio e relações homoafetivas: “É com muita dor e tristeza que registro um crime contra a minha existência. A igreja e a liberdade de expressão não podem servir como estudo para a propagação de ódio e preconceito”.

Caso semelhante em 2011

Não muito distante dos dias atuais, em agosto de 2011, uma pastora, também de Nova Friburgo repercutiu muito negativamente na internet, em meio a postagens de indignação, após uma pregação polêmica contra fiéis que defendem causas políticas, raciais e LGBTQIA+.

Em um tom enérgico, disse: “É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos tem isso aí. É uma vergonha. (...) A nossa bandeira é Jeová Nissi, é Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay.”.

E acreditem se quiserem, os desembargadores da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio – a mesma que julgará o Caso Marotti - decidiram extinguir o processo sob o argumento de que a pregadora "está amparada pelo exercício regular do direito que é a liberdade de culto religioso e de crença, assegurados pela Constituição".

Homofobia: uma realidade brasileira

Já não é o primeiro caso e infelizmente, não será o último. Em Nova Friburgo temos assistido a mais um daqueles episódios em que percebemos a desconstrução do ser humano pelas vertentes do falso moralismo. Pode não parecer, mas discursos como estes se enraízam no pensamento coletivo e trazem consequências assustadoras.

Informações de importantes órgãos de fiscalizações apontam: uma pessoa a cada 20 horas foi morta, de forma brutal, vítima de homofobia no Brasil. Os dados são espantosos e somente em 2018, foram 420 mortes decorrentes desse tipo de violência por arma de fogo, espancamento, pauladas ou suicídio.

E com o passar os anos, a violência se mostra cada vez mais brutal. Em 2010 ocorreram 130 homicídios dessa forma, enquanto em 2017, esse dado já computava 445 – um aumento de 242% em apenas sete anos.

Mesmo com a imprecisão de números acerca da violência contra a população LBGTQIA+, devido à falta de órgãos fiscalizadores, o Brasil carrega a marca de ser tristemente reconhecido mundialmente, como o país que mais mata homossexuais no mundo.

Marcado por mobilizações em todo o Brasil, o Dia Internacional da Luta contra LGBTfobia é celebrado no dia 17 de maio em todo o mundo. A data refere-se ao dia em que a Organização Mundial da Saúde, em 1990, retirou o termo “homossexualismo”, que associava a homossexualidade à uma doença mental passível de tratamento.

Ser homossexual não deve ser encarado com perversão. De longe! A verdade é que podemos escolher muitas coisas na nossa vida, seja o almoço de amanhã, a roupa que vestirei, e até a cor do meu próximo carro. Agora, o que realmente se gosta, não dá para escolher. Você gosta e pronto! Amor não se explica, amor se sente!

Apesar de a homofobia já ser crime há um tempo, ela parece não ser encarada dessa forma. Aos líderes religiosos, entendam que com grandes poderes, temos que ter grandes responsabilidades. Liberdade de religião não se pode confundir com liberdade de agressão, afinal, nunca foi isso o que o próprio Cristo pregou.  

Que um dia possamos olhar para trás e perceber que 420 pessoas mortas em um ano, de forma discriminatória soe como um absurdo. E que discursos assim, sejam repreendidos, assim como aqueles que um dia apoiaram a escravidão e a violência contra a mulher. Necessitamos olhar para o passado para não cometer os erros no futuro.

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Caso Rodrigo Marotti: novos desdobramentos

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Depois de um ano e dois meses da realização do júri popular que desclassificou a conduta de Rodrigo Marotti de duplo homicídio qualificado para incêndio com resultado morte, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro decidirá, na próxima terça-feira, 2 de maio, pela realização ou não de um novo júri popular.

Relembre o caso

Depois de um ano e dois meses da realização do júri popular que desclassificou a conduta de Rodrigo Marotti de duplo homicídio qualificado para incêndio com resultado morte, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio de Janeiro decidirá, na próxima terça-feira, 2 de maio, pela realização ou não de um novo júri popular.

Relembre o caso

Rodrigo tornou-se réu após supostamente ter trancado dentro de um banheiro, sua ex-namorada, Alessandra Vaz e a amiga dela, Daniela Mousinho, e ter ateado fogo ao imóvel localizado no distrito de Mury, em outubro de 2019. De acordo com depoimentos, as duas amigas estavam escondidas para tentar fugir das agressões do homem.

Alessandra e Daniela chegaram a ser resgatadas com vida, mas não resistiram aos ferimentos - ambas sofreram queimaduras em mais de 80% do corpo. Alessandra, além de ex-namorada, era também sócia de Marotti em uma empresa de roupas. As mortes, geraram a Rodrigo, a imputação pelo crime de duplo homicídio qualificado.

Após longa investigação, em fevereiro do ano passado, o juízo da 1ª Vara Criminal submeteu Marotti ao veredito do júri popular - formado por pessoas leigas da sociedade - procedimento previsto em lei sempre quando existem indícios de cometimento de crimes dolosos (intencionais) contra a vida de alguém.

A decisão soberana, após mais de 12 horas de sessão com longos depoimentos e embates, coube aos sete jurados sorteados como ‘juízes da causa’. O júri, em sua maioria, respondeu "não" ao quesito da tese principal da defesa: "O réu teve dolo (vontade livre e consciente) de matar?".

Diante do entendimento dos jurados para um crime não doloso (sem a intenção) contra a vida, a competência do júri foi afastada e coube ao juízo presidente do Tribunal do Júri reconhecer o dolo de incendiar a casa habitada com resultado morte. A sentença gerou desconforto aos amigos e familiares, que em comoção, deixaram o fórum, desolados.

Acusação e defesa brigam na justiça

Descontentes com a decisão dos jurados, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, afirmaram na própria sessão de julgamento, o desejo de recorrer da sentença que imputou a Marotti, uma condenação de 19 anos e quatro meses de reclusão em regime fechado.

O Ministério Público e a assistente de acusação, dra. Aline Freitas, recorreram da sentença por entender o veredito formulado pelo júri popular vai contra todas as provas produzidas no processo. Por sua vez, a Defensoria apontou que a condenação seguiu todas as provas do processo e que a decisão dos jurados é soberana por lei.

Em contrapartida, a Defensoria Pública, de forma extremamente técnica e respeitando o princípio da ampla defesa – garantido a todos os cidadãos -, também recorreu da sentença apontando que a pena aplicada pelo juízo está acima dos patamares previstos pela lei.

Possibilidade de um novo julgamento?

Na próxima terça-feira, por meio de audiência online, a 3ª Câmara Criminal do Estado do Rio decidirá se irá anular, ou não, o julgamento que levou a desclassificação do crime de duplo homicídio qualificado para o crime de incêndio com resultado morte.

A definição do caso poderá levar Rodrigo a um novo júri popular com nova data de julgamento, havendo a possibilidade de condenação por duplo homicídio qualificado, com pena de 60 anos de prisão. A Câmara, por sua vez, poderá decidir pelo mantimento da sentenção por entender que a decisão dos jurados é soberana com base na lei.

No atual momento, o futuro do caso e as cenas dos próximos capítulos ainda são incertas. A verdade é que os crimes bárbaros contra a vida de mulheres, motivados pelo fim do relacionamento, são cada dia mais comuns, seja Além das Montanhas ou bem ao nosso lado.  Esperamos que a justiça seja feita, seja ela qual for!

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Nova Friburgo é passado, presente ou futuro?

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Um dia percebemos que, passado, presente e futuro, fazem parte de toda a história da humanidade e consequentemente, da nossa singela vida. Vivendo no presente, sempre tive a percepção de morar agarrado no passado, e em pensamento, viver ansiosamente, planejando cada passo do meu futuro.

E quando me dei conta, percebi que passado, presente e futuro não são mais tempos tão distintos assim. Na verdade, somos o que somos porque vivemos todos os tempos simultaneamente, sem mesmo que possamos ser plenamente capazes de perceber essa ligação tão sublime.

Um dia percebemos que, passado, presente e futuro, fazem parte de toda a história da humanidade e consequentemente, da nossa singela vida. Vivendo no presente, sempre tive a percepção de morar agarrado no passado, e em pensamento, viver ansiosamente, planejando cada passo do meu futuro.

E quando me dei conta, percebi que passado, presente e futuro não são mais tempos tão distintos assim. Na verdade, somos o que somos porque vivemos todos os tempos simultaneamente, sem mesmo que possamos ser plenamente capazes de perceber essa ligação tão sublime.

“Freud explica? ”. É bem provável que Sigmund Freud, pai da psicanálise, fosse o mais capaz de nos explicar de que nada do que somos e fazemos é por um simples acaso do universo. Para tudo, há uma explicação a ser explorada num divã na sala de terapia.

Na vida humana, devemos nos lembrar que as lutas, as dores, sofrimentos, vitórias, angústias e alegrias compõem a beleza e a imperfeição de ser quem somos. Na vida de uma cidade, como Nova Friburgo, o caminho percorrido é idêntico, dividido em três tempos, em que a lógica não deve ser entendida de modo diferente.

Nosso passado é marcado por momentos históricos únicos e que trazem a identidade do povo friburguense, aguerrido e persistente. Em meio à muitas dificuldades, crescemos e edificamos forças a essa cidade mesmo diante de todas as adversidades geográficas, naturais e políticas.

Somos orgulhosos de sermos detentores do título de única cidade criada por um decreto real. Não somos modestos, dos anos de ouro vividos nas décadas de 70 e 80, em que o Sul do país aprendeu conosco a fazer uma festa da cerveja. E somos extremamente resilientes, de mesmo diante da maior tragédia natural do país, reconstruirmos.

Entretanto, a partir dos anos 90, em meio às muitas disputas políticas, Nova Friburgo ficou esquecida em meio ao caos, e aos poucos foi perdendo em tudo aquilo que lhe tornava única: o seu brilho, a sua prosperidade e o mais importante, a sua identidade.

No presente, uma revolução fazia-se necessária em Nova Friburgo: e nela, surgiu o desejo de rememorar o saudosismo e querer trazer ao presente, todas as boas memórias construídas, do que havia de melhor nos anos de ouro, muito bem vividos pelos mais antigos habitantes dessa cidade - a boêmia!

Há uma digna e justa tentativa em resgatarmos o nosso brilho através da nossa identidade. Contudo, ainda que o passado seja recheado das boas lembranças dos anos de ouro na serra carioca - que infelizmente ficaram para trás – é muito importante percebermos que o mundo não é mais como era antigamente. E a nós, cabe a pergunta do que seremos no dia de amanhã.

Paralisar as nossas ações em lembranças de um passado de realização, na esperança de um futuro melhor, tem mostrado não nos ajudar a provocar a mudança ou o desenvolvimento como um todo. A evasão da realidade, apesar de ser bastante confortável, pode gerar muitos problemas futuros.

Não estamos investindo em inovação e muito menos nos adequando ao novo mundo, que é bem diferente, dos vividos nos anos de ouro. A vastidão dos empregos se foi com as fábricas, que carregaram consigo, toda a prosperidade da juventude friburguense, que prefere sonhar, em locais com mais oportunidades e possibilidades.

Cada dia mais somos uma cidade mais pobre, na busca de projetos, que não mudaram efetivamente a nossa vida. O mundo, por sua vez, cresceu, inovou, dinamizou e inovou e nós, ficamos para trás. Não nos dedicamos a mudar, somente repetir, o que um dia já deu certo e quem sabe, dará certo de novo.

Ainda que a luta seja extremamente justa pelo saudosismo da boemia e do turismo, vivido nos anos 70 e 80, com todo o nosso potencial, seguimos fora do ranking das cidades visitadas por turistas no Estado. E agora? Não podemos, nem como ser humano e nem como cidade, apostar todas as fichas em uma única tentativa e em uma única solução.

Para qualquer mudança e evolução é necessário um esforço constante e acima de tudo, consciente – e é bem provável que Freud diria isso também. Mudança é o resultado de esforço e de foco.

Vivemos no presente com um imenso potencial. O passado já não mais o teremos. E o futuro, ainda que incerto e desconhecido, é totalmente mutável. Daquilo que passou, cabe agradecer, incluir e integrar em sua história. E daquilo que virá, inovar para não se perder novamente no tempo.

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E-commerce chinês na mira do governo. Entenda

quinta-feira, 13 de abril de 2023

O Governo Federal anunciou, nesta semana, que deverá implantar nova cobrança de impostos sobre a compra de produtos importados pela internet. A proposta do Executivo mira, especificamente, nas gigantes estrangeiras que se tornaram as queridinhas do consumidor brasileiro: a Shein, Shopee, e a AliExpress.

O Governo Federal anunciou, nesta semana, que deverá implantar nova cobrança de impostos sobre a compra de produtos importados pela internet. A proposta do Executivo mira, especificamente, nas gigantes estrangeiras que se tornaram as queridinhas do consumidor brasileiro: a Shein, Shopee, e a AliExpress.

Ainda não exista um plano concreto definitivo e muito menos um martelo batido, algo que possivelmente deverá entrar em vigor após o fim da atual viagem presidencial à China, novas medidas deverão ser tomadas. Caso sejam aprovadas, a tomada de decisão do governo poderá significar o fim das “comprinhas” para muita gente.

Afinal, a cobrança destes impostos aos produtos chineses no mercado brasileiro é uma medida justa com todos?

Como é atualmente e como ficará

Atualmente, as compras enviadas da China por pessoas físicas e para pessoas físicas, são dotadas de isenção das remessas em valores inferiores a U$ 50 (aproximadamente R$ 250). Em contrapartida, nesse tipo de negociação, as compras acima desse valor, geravam a retenção do produto para o pagamento de uma tributação 60% do valor do bem.

Por outro lado, as compras feitas às empresas chinesas e/ou por empresas brasileiras, não eram beneficiadas por este tipo de isenção. Ou seja, quem comprava mercadoria através dos grandes e-commerces estrangeiros, na teoria, já deveria pagar o imposto, algo que não ocorria na prática.

A realidade é que diversos e-commerces estrangeiros buscaram estratégias para driblar a tributação brasileira. De acordo com a Receita Federal, muitas empresas asiáticas têm fracionado os produtos em vários pacotes, e que chegam ao Brasil como se fossem remetidos por uma pessoa física e não, jurídica. Dessa forma, os envios ficam abaixo do limite de isenção (U$ 50) e consequentemente, entram no território sem pagar impostos.

Ainda, de acordo com a Receita Federal, o comércio entre as pessoas físicas dos países é inexpressivo e a medida que visava incentivar o comércio interpessoal, facilitava a fraude generalizada de empresas que faziam o mau uso do beneficio tributário, trazendo prejuízos não somente ao fisco.

Apesar de o governo nunca mencionar o nome das grandes empresas chinesas, nos últimos anos, muitas varejistas estrangeiras, com baixos preços e envio rápido, logo abocanharam uma significativa parte do mercado brasileiro, trazendo uma concorrência desleal às empresas nacionais.
Assim, é importante entender que caso seja aprovado, não se tratará da criação de um novo imposto. Afinal, como já explicado, ele já existe, mas não é efetivo. O objetivo é tornar a fiscalização mais intensa, não havendo mais a distinção entre os envios realizados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas: todos serão igualmente tributados.

Paridade das armas

Para o consumidor brasileiro, a facilidade em comprar os produtos chineses por um baixo custo através do celular, é ótima. Todavia, para o comércio nacional, a disputa por espaço com estes produtos, sem cumprirem todos os mesmos requisitos e pagamentos de taxas ao governo, torna essa concorrência totalmente desleal.
São muitas as obrigações para uma empresa brasileira estar em conformidade com a lei: as verbas trabalhistas, os impostos, alvarás, a certificação de órgãos especiais – como o Inmetro – que atestam a segurança do produto, o cumprimento dos direitos dos consumidores e ambientais, entre muitos outros.
No fim, todas essas obrigações à indústria nacional compõe o valor final do produto: seja na prateleira do mercado, no mostruário de um shopping ou num site de e-commerce. Como competir com esse mercado internacional, que comercializa os seus produtos sem as mesmas exigências e sem pagar tantos impostos?

A realidade é a mesma, para todas para todas as empresas do país - incluindo a nossa região, polo da moda íntima nacional: "não há como competir!". E como consequência, repetidamente, vemos muitas empresas demitindo os seus funcionários e fechando as portas.

Não só as fabricantes brasileiras têm pressionado o governo nos últimos anos a tomar providências por considerarem a concorrência com as empresas estrangeiras como desleal. Em 2017, os EUA implantaram em seu país medidas que tornaram o comércio mais “justo e equitativo”.

No atual momento, a China é o país que mais consome produtos brasileiros, sendo o nosso principal parceiro comercial. As exportações do Brasil para o gigante asiático totalizaram R$ 84,9 bilhões, depois de somarem R$ 87,9 bilhões, em 2021.

Igualmente, a China também se aproximou do nosso país, liderando o comércio de eletrônicos e alavancando-se na venda de vestuário, plásticos e de matéria prima. O comércio entre ambos os países, é extremamente benéfico para economia: mas em patamares saudáveis, para que ambas as partes saiam igualmente beneficiadas.

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A VOZ DA SERRA é passado, presente e futuro

sexta-feira, 07 de abril de 2023

A cena é muito comum em filmes americanos ou em novelas brasileiras e por certo é o retrato de muitas casas brasileiras: uma família reunida em torno da mesa de café da manhã, o pai com o rosto metido entre as páginas do jornal do dia, acompanhando as novidades antes de seguir para o trabalho.

A cena é muito comum em filmes americanos ou em novelas brasileiras e por certo é o retrato de muitas casas brasileiras: uma família reunida em torno da mesa de café da manhã, o pai com o rosto metido entre as páginas do jornal do dia, acompanhando as novidades antes de seguir para o trabalho.

No cotidiano de nossa realidade, vemos todo tipo de gente lendo jornais, seja nos bancos das praças, nos expositores das bancas, nas repartições públicas ou nas salas de espera dos consultórios médicos. Há até os superpoderosos que conseguem até ler as notícias dentro de um ônibus, algo que particularmente, me gera tontura.

Mulheres indo para o trabalho, executivos de paletó, comerciários, pedreiros, estudantes, aposentados, todos virando as páginas, passando os olhos pelas notícias nas seções de esportes, de cultura, do país e especialmente sobre nossa amada Nova Friburgo. E quem não gosta de entender o que se passa pertinho da gente?

Trovas, economia, opiniões e notícias quentes e em primeira mão. Desde a interdição das principais ruas até os escândalos na administração pública. Seja você um leitor habitual ou não, a verdade é que o jornal está sempre presente em nossas vidas, apurando e nos trazendo o que nos conecta a esse mundo: a informação.

Por outro lado, com a crescente modernização da tecnologia, alavancada pelo período devastador da Covid-19, as redações de todo o país e toda a população começaram a se questionar: ‘Afinal, o jornal digital, aquele publicado na internet, vai acabar de fato com o jornal impresso?  Deixariam as novas crianças de ver os pais com um jornal aberto à mesa?

Bom, essa mesma interrogação assombrou as mesmas redações quando inventaram o rádio, os cinejornais e, mais tarde, a televisão. O medo vinha do potencial da informação mais rápida e mais sedutora, com o uso de som, de imagens em movimento aliadas à narração firme de uma notícia já pronta para ser consumida, muitas vezes sem necessidade de reflexão.

A urgência do furo jornalístico se transformou quase num frenesi na era digital: a necessidade de dar a notícia em primeira mão aliou-se à facilidade de ela ser publicada na internet. Telegram, Whatsapp, grupo de notícias do fulano de tal. “Mas afinal, quem escreveu isso? Qual é a fonte? É fato ou é fake?”.

Alguém consegue imaginar o que seria do Brasil sem a presença de um jornalismo sério e independente? A verdade inegável é que o jornal carrega uma luta não somente pela história, mas também, pela própria democracia, possuindo um papel insubstituível na saga brasileira. E acima de tudo, na história de nossa cidade, cobrindo os momentos de luta e os de louvor.

O jornal, se inova, assim como os outros meios de comunicação. A rádio se reinventa pelos podcasts. A televisão, por sua vez, através dos canais de streaming. E o jornal, pela modernização, alcançando você, tanto nas bancas de revistas como pela telinha do seu celular!

O papel do jornal na sociedade é importantíssimo e seu nome deve ser sinônimo de luta e resistência. A VOZ DA SERRA consegue ao mesmo tempo representar o passado histórico dos vários momentos vividos, presenciando 23 presidentes no poder desse país; o presente, com notícias fresquinhas da nossa cidade; e o futuro com a inovação das tecnologias para que a informação chegue até você, leitor! Orgulhe-se, por Nova Friburgo, toda vez que ver a capa destes exemplares.

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O telemarketing insistente

quarta-feira, 05 de abril de 2023

Recebo uma ligação no meu telefone celular pela manhã. Um número desconhecido de São Paulo que me liga religiosamente, todo santo dia. Mas pode ser um cliente? Uma emergência? Um golpe? Não, somente mais uma das muitas ligações vinda de algum call center. Digo educadamente que não quero o serviço e desligo. No mesmo dia, outras cinco empresas me ligam oferecendo seus serviços. Educadamente recuso. No dia seguinte, paz? Não as mesmas empresas voltam a me ligar para me oferecerem os mesmos serviços que eu tinha recusado ontem. Dai-me paciência, meu Deus!!! 

Recebo uma ligação no meu telefone celular pela manhã. Um número desconhecido de São Paulo que me liga religiosamente, todo santo dia. Mas pode ser um cliente? Uma emergência? Um golpe? Não, somente mais uma das muitas ligações vinda de algum call center. Digo educadamente que não quero o serviço e desligo. No mesmo dia, outras cinco empresas me ligam oferecendo seus serviços. Educadamente recuso. No dia seguinte, paz? Não as mesmas empresas voltam a me ligar para me oferecerem os mesmos serviços que eu tinha recusado ontem. Dai-me paciência, meu Deus!!! 

Muitos sãos os problemas da era moderna, mas de fato, um problemão dos smartphones, em especial, são as ligações incômodas de telemarketing. Com uma base de 285 milhões de telefones (mais do que o número de habitantes no país, que são 211 milhões), a aposta de muitas empresas é por meio dos famosos call centers que nos ligam dia e noite.

Se já não bastassem as muitas ligações, as vezes até em horários inconvenientes, agora existem novos métodos que contribuem para o estresse diário: as ligações que desligam do nada e agora, os “robocalls”. Essa nova tecnologia faz a ligação para o seu telefone celular de forma automatizada e muitas vezes, mandam até mensagem SMS para seus telefones e para suas redes sociais.

Fato é que as empresas de call centers vêm extrapolando e muito o limite do bom senso e a pergunta que fica é: o que tem sido feito e o que podemos fazer para evitar esses constrangimentos?

Entrou em vigor há pouco mais de um ano, uma nova norma que obriga as empresas de telemarketing a usarem o prefixo 0303 para todos os números de seus call centers. A finalidade é tentar ajudar os usuários a se identificarem mais facilmente essas ligações e assim, optar em atender ou não, podendo até bloquear o número para não receber mais chamadas.

A nova norma, por sua vez, em nada agradou as empresas de telemarketing. Além disso, as empresas prejudicadas alegam muita regulação, o que pode interferir na renda das empresas e consequentemente, nos custos dos serviços finais.

Por outro lado, as ligações continuam de forma insistente e a grande realidade se mostra um pouco diferente do que foi estabelecido pela lei. De acordo com a Anatel, somente 324 códigos com o prefixo haviam sido cadastrados há 15 dias e dois meses após o vigor da norma, mostra-se pouco cumprida e eficaz.

Difícil não encontrar alguém que não tenha se estressado com as chamadas insistentes dos call centers que por vezes chegam a dez em um só dia. Em 2019, com o objetivo de conter o assédio comercial aos cidadãos, a Anatel criou uma plataforma chamada “Não me Perturbe.

O site, de iniciativa da companhia reguladora de telefonia, promete a suspensão de ligações com pelo menos 40 empresas, do ramo de telecomunicações (telefonia, internet e TV por assinatura) e instituições bancárias, após um mês do cadastro. Na experiência própria deste colunista, relato que o número de contatos indesejados diminuíram, porém, ainda continuam, mesmo após o período de garantia dado pelo site.

Hoje, são mais de dez milhões de linhas telefônicas cadastradas na plataforma. Embora o número pareça alto, não representa uma grande fatia dentro da realidade brasileira. Ao todo, são 285 milhões de linhas existentes em todo o país, portanto, representam somente 3,5% dos telefones brasileiros.

Como bloquear ligações

Para cadastrar seu número a fim de bloquear ligações de bancos, entre no site www.nãomeperturbe.com.br e siga as instruções. A Anatel pune o descumprimento pelas empresas que pode resultar em penalizações e até em multas, contudo alerta, que nenhuma política funciona sem a devida participação do consumidor.

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