Blog de lucas_b_barros_29582

Brasileiros estão deixando o país

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Anseio de morar fora do país. Quem nunca teve? Seja num sonho americano com muitos carros na garagem ou até morar na Europa para poder ganhar salário em euros. Para muitos, um desejo de criança, para outros, uma vontade de um futuro melhor, mesmo que carregado de incertezas e desafios.

Anseio de morar fora do país. Quem nunca teve? Seja num sonho americano com muitos carros na garagem ou até morar na Europa para poder ganhar salário em euros. Para muitos, um desejo de criança, para outros, uma vontade de um futuro melhor, mesmo que carregado de incertezas e desafios.

Encontrar brasileiros com moradia no exterior tornou-se algo comum. São muitos os compatriotas que deixaram o feijão com arroz para trás e hoje formam a sua vida fora do país. Uns acabam sendo transferidos para trabalhar, outros vão estudar no exterior e o número de pessoas que sai do Brasil somente cresce.

Em outros lugares, guerras, grandes desastres naturais e catástrofres estão entre os principais geradores do fluxo de imigração pelo planeta. Mas no Brasil, mesmo sem essas crises humanitárias, a taxa de brasileiros que debandam do país é a maior em 11 anos,  como aponta o Itamaraty.

Brasileiros imigrantes no exterior são quase cinco milhões, conforme pesquisas realizadas pelo órgão em 2020. Contudo, nota-se que em comparação com os anos anteriores, houve um verdadeiro ”boom”, um aumento de 20% na debandada de nacionais do país, especialmente a partir de 2018. Em dez anos, um aumento de 36%.

Entre os cinco países com mais brasileiros, temos os Estados Unidos, com 1,7 milhão; Portugal, com 276 mil; o Paraguai, com 240 mil, o Reino Unido com 220 mil e o Japão, com 211 mil. Isso somente falando de números oficiais, afinal, é preciso lembrar que muitos ainda se arriscam em viver ilegalmente no exterior. Mas, será que vale a pena?

Vantagem ou desvantagem?

Não há dúvidas que viajar e morar fora do Brasil traz inúmeras vantagens pessoais e profissionais, mas não podemos achar que é tudo mil maravilhas e ignorar que também existem algumas desvantagens.

Mas antes, precisamos entender o que passa na cabeça dessas pessoas que deixam tudo para trás em busca de uma nova vida. Resumindo em palavras o sentimento de ”esperança e dias melhores”, é o que move os brasileiros, diz Ana Clara Duarte, friburguense, que atualmente reside na Suiça há seis anos.

”Muitas pessoas olham para mim hoje e não enxergam muitos sacrifícios que eu tive que fazer. Imigrar nunca é fácil. A gente sempre vem com uma mentalidade de que as coisas podem dar errado, mas às vezes não temos essa dimensão, que só é capaz de ser compreendida sendo vivida. É uma lição de vida”, diz Ana Clara.

Ainda que dinheiro não compre felicidade, brasileiros sonham com a vida melhor no outro lado do mundo em busca de emprego e qualidade de vida diante do cenário delicado do nosso país. O aumento da criminalidade e a busca pelas oportunidades estão entre os principais argumentos de quem vai embora.

Mas, engana-se quem pensa que tudo é somente alegria. O racismo e a xenofobia são uma realidade vivida por muitos, inclusive por Diego Muniz, carioca, negro e mestrando em Psicologia que relata ter enfrentado situações díficeis nos últimos dez anos, desde que passou a morar em diversos países da Europa.

”Nesse tempo no exterior, já passei por muitas situações que me fizeram duvidar se minha escolha de morar fora se estenderia. Já sofri racismo de servidores públicos de uma agência trabalhista sueca após uma entrevista de emprego. Até no trabalho, os abusos são constantes contra imigrantes. Gravei áudios do que acontecia comigo e descobri que poderia ser processado por gravar alguém no local de trabalho, algo que jamais aconteceria na Justiça brasileira. Hoje, penso em voltar ao Brasil pelo meu emocional”, relata.

‘Imigrar’ e ‘ter vida fácil’ não são sinônimos na realidade de muitos que ousam arriscar. Compatriotas, mesmo que bem instruídos educacionalmente e com bons empregos no Brasil, por vezes, necessitam trabalhar em cargos mais simples e atividades menos visadas pelos nativos para levar o pão de cada dia para casa.

”A grande maioria vai para a batalha e para conseguir um dinheiro e voltar. A realidade, ao contrário do que muitos pensam, é que a vida é cara e muitos sacrificios precisam ser feitos até que consiga se estabilizar. Comecei do zero, não conhecia ninguém e nem falava a língua, mas eu persisti com a cara e com a coragem”, conta Ébano Geraldes, friburguense que reside há 23 anos nos EUA.

Se será vida melhor ou não fora do Brasil, somente a nossa experiência individual poderá dizer nos dizer. Não existe regra. Assim como milhões de brasileiros sonhadores, existem muitas Anas, Diegos e Ébanos que arriscaram, e que relatam uníssonamente em histórias: ”Nunca conseguimos nos sentir em casa”. E do Brasil, restam as lembranças de um nostálgico e profundo sentimento de saudades que preenche tanto quem foi como quem ficou!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Polarização, Intolerância, Radicalismo

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Independentemente de qualquer que seja o lado vencedor das eleições em 2022, todos nós estamos saindo como perdedores. Seja sua opção política A ou B, a única certeza comum é de que vivemos o pleito democrático mais violento no período pós-ditadura.O Brasil nunca viu antes tamanha hostilidade que atinge a todos. Anteriormente, as discussões que se resumiam ao seio dos grupos de WhatsApp familiares transmutaram-se para as ruas, domados pelo ódio que se reproduz em xingamentos, tumultos, casos de preconceito, agressões verbais, física e até homicídios, por todo país.

Independentemente de qualquer que seja o lado vencedor das eleições em 2022, todos nós estamos saindo como perdedores. Seja sua opção política A ou B, a única certeza comum é de que vivemos o pleito democrático mais violento no período pós-ditadura.O Brasil nunca viu antes tamanha hostilidade que atinge a todos. Anteriormente, as discussões que se resumiam ao seio dos grupos de WhatsApp familiares transmutaram-se para as ruas, domados pelo ódio que se reproduz em xingamentos, tumultos, casos de preconceito, agressões verbais, física e até homicídios, por todo país.

A série de violências com repercussão nacional teve início em julho, em Foz do Iguaçu, quando um agente penitenciário federal invadiu a festa de um guarda municipal e o assassinou a tiros, no dia do seu aniversário em frente à família. Não muito distante, uma jovem foi golpeada na cabeça em Angra dos Reis. Depois, um homem esfaqueado dentro de um bar após um cidadão questionar quem do local iria votar no candidato X.

São tempos delicados e tristes. A árdua conquista da democracia se enfraquece dia após dia e estamos colocando em dúvida até a própria liberdade de expressão face tanta banalização da violência. Candidatos presidenciáveis usam colete a prova de bala, populares inflamados e nós cada vez mais indiferentes às pessoas, estampando politica nos rostos alheios com retóricas violentas.

Inclusive, em Nova Friburgo, um caso recente mobilizou clientes após discursos de ódio movidos contra um empresário local. Os casos de violência ocorreram após a manifestação política pacifica do alegre e cativo dono do comércio em suas redes sociais privadas.

Em postagens hostis, perfis conservadores com discursos antidemocráticos ameaçaram e induziram pessoas a não frequentarem mais o local pelo simples fato de condizer com a sua visão politica. Não deu certo! Mas por meio de mensagens, os agressores falsamente atribuíram o local à usuários de drogas e outras palavras de cunho preconceituoso que não condizem em nada com a realidade.

Os nomes do comércio e do comerciante não serão expostos aqui, visto que, segundo ele, o medo ainda paira diante do ocorrido. Contudo, uma pessoa ligada ao estabelecimento, explica: “Estamos com medo de nos expor devido a violência que visivelmente cresceu. Outros empresários me procuraram, em solidariedade, e relataram que até ameaças já receberam. Recebi inclusive listas pelo WhatsApp dividindo comércios entre os que são de ‘esquerda e o de direita' e instigando pessoas a não frequentarem mais. Hoje, vamos trabalhar com receio do que pode acontecer.”

Na reta final do pleito eleitoral, a escalada da violência preocupa e ao meu ver, não deve ser explicada pela existência de uma simples polarização político-partidária. Afinal, posições antagônicas e divergentes são comumente apresentadas em todo embate político – também conhecida como democracia - e nem por isso desencadeiam ações violentas tais como estão ocorrendo recentemente.

Se olharmos para um passado recente, eleições presidenciais já foram decididas por uma pequena diferença de 400 mil votos (duas vezes a população de Nova Friburgo). Ainda que considerássemos um pais dividido, não víamos tamanho clima hostil que oprime. Um relatório da faculdade UniRio retrata que a violência política cresceu 335% em três anos.

O que vemos expresso no Brasil não pode ser descrito como uma mera polarização. Cada dia mais vemos a expressão de uma latente e clara intolerância que atinge todos os níveis da sociedade e de diferentes formas possíveis. Estamos pintando o país em cores, estampando políticos no rosto de pessoas conhecidas, fomentando violência e aumentando a intolerância.

Necessitamos entender que as diferenças compõem a beleza da democracia. É importante que exista não somente o lado A, mas que exista também o B, C, D, e por aí vai. Somos plurais!

Infelizmente, estamparemos marcas e cicatrizes de um presente conturbado, que estarão nos livros de história, e que, NÓS estamos construindo. Violência e democracia, são palavras antagônicas – ou ao menos deveriam ser!

A maior lição que podemos ter é aprendermos a conviver com as diferenças, com o máximo de sabedoria e respeito, afinal, cada pessoa tem a sua história e trajetória que a fez tomar tal decisão. A pluralidade não é uma lei dos homens, mas sim, da humanidade!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Onda de xenofobia

quarta-feira, 05 de outubro de 2022

xenofobia regional é o nome que utilizamos para definir ações que discriminam um pessoa ou um grupo devido a suas identidades culturais. Apesar desse preconceito social ser histórico, ganhou grande relevância no cenário brasileiro, principalmente após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras.

xenofobia regional é o nome que utilizamos para definir ações que discriminam um pessoa ou um grupo devido a suas identidades culturais. Apesar desse preconceito social ser histórico, ganhou grande relevância no cenário brasileiro, principalmente após o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais brasileiras.

Com todas as urnas apuradas e os resultados divulgados de que o candidato A teria passado o candidato B na região, os ataques logo começaram nas redes sociais. Vindos de muitos desconhecidos e muitos conhecidos friburguenses, vi postagens chamando nordestinos de ”vermes” e associando-os à sede, burrice e fome.

Outras postagens associam o Nordeste à pobreza e a miséria. A região aparece como dependente de "assistencialismo", enquanto as demais seriam responsáveis pela produção de riqueza do país. Algumas publicações se referem aos nove estados como "Cuba do Sul" ou Venezuela. Há ainda mensagens que afirmam que os nascidos no Nordeste "não pensam", além de classificá-los como "manipuláveis" e "massa de manobra"...

Nas redes sociais, a palavra “nordestino” está entre as mais comentadas, com pessoas xingando e outras defendendo. E se eu fico incrédulo com isso? Supreendentemente, não. Sou filho de nordestina, meu avós eram retirantes e ainda que eu seja um friburguense nato, morei durante 12 anos em João Pessoa, capital da Paraíba, cidade pela qual eu tenho um carinho incondicional. Já sofri um pouco desse preconceito na pele.

Algumas vezes, pode ser até dificil reconhecermos esse tipo de violência. O preconceito emerge sempre de forma velada e amistosa, que soa sempre como uma grande brincadeira. Vêm-me a lembrança uma vez, indo a uma churrascaria no centro da cidade, e ao adentrar o elevador, uma criança apertou todos os botões do elevador e a mãe dela logo repreendeu: “Você parece um Paraíba que nunca viu um elevador na vida”.

Bom, imagine...foram longos dois minutos dentro daquele elevador, que parava em todo andar. Respira, inspira! Calei-me naquele momento – talvez não devesse, mas achei prudente. Mas refleti comigo: “João Pessoa à época detinha o título da cidade com maior número de construção de prédios e possui o segundo maior arranha-céu de todo território. Como é que essa mulher, morando em Friburgo, em que maior parte da população reside em casas, está falando isso?”.

Aquela situação me trouxe grande indignação. Mas percebi que muita gente desconhece o Nordeste brasileiro ou se recusa a descobrir um pouco mais sobre a região. Além de ser rico culturalmente e sua economia cresce a cada ano que passa, inclusive com muitas cidades de interior superando à nossa região.

A localidade conhecida como “Vale do Silício” brasileiro, que detém grande produção de tecnologia e softwares, é Campina Grande, na Paraíba, também conhecida como a promotora da maior festa de São João do mundo. A época, a cidade com mais carros de luxo por habitante nesse país, era João Pessoa. E ainda que parte das pessoas fale mal, sempre que tem oportunidade, vão passar férias lá... vai entender!

Lá em 2012, eu retornei para Nova Friburgo e aqui moro desde então. E uma coisa que aprendi com a minha pouca experiência de vida: o xenofóbico se julga diferente – superior - e a partir disso ele desenvolve o preconceito contra quem sua mente achar que deve e pelos motivos que achar conveniente e não há nada que mude isso.

O retrato que vemos agora não supreende. As mesmas brincadeiras feitas na roda dos amigos, na mesa da família, que eu presenciei, são externalizadas publicamente nas redes sociais camufladas de uma ”briga por um país melhor”. Mas que ainda sim, exprimem o arcaico preconceito.

Preconceito, que como todos nós sabemos, e se não sabíamos, o momento é agora: crime. Quem se julga diferente na verdade se revela despreparado e inculto e pode ser reprimido pelas garras da justiça e da lei. É o que diz o artigo 1º da Lei de Crimes Raciais: ”Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.” Crime inafiançável e imprescritível.

E mais uma vez reforço e apelo, liberdade de expressão jamais deve ser confundida com liberdade de agressão. O limite é sempre a lei. Associar quem pensa diferente à desinformação é um preconceito enorme e que deve ser combatido todos os dias. Infelizmente, dividiram o país em duas cores, duas pátrias. Mas já diria, um famoso escritor em seus livros: ”O nordestino é antes de tudo, um forte”. E é verdade! Enfrenta todo tipo de dificuldade e ainda assim consegue vencer, sorrir para a vida e ser um povo extremamente amável e hospitaleiro.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Por que ter olhos atentos no Legislativo?

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Você está ligado na eleição? Não?! Pois bem, faltam apenas 10 dias para o primeiro turno das eleições gerais brasileiras que definirão os rumos do país nos próximos quatro, oito, dez, 20, 30 ou até 40 anos.

Você está ligado na eleição? Não?! Pois bem, faltam apenas 10 dias para o primeiro turno das eleições gerais brasileiras que definirão os rumos do país nos próximos quatro, oito, dez, 20, 30 ou até 40 anos.

A velha história de que os parlamentares só votam a criação de datas festivas para o calendário não encontra respaldo na realidade. Se você é daqueles que não se interessa por política, e não gosta de falar do assunto, é preciso entender as regras do jogo antes de jogá-lo. Afinal, sua vida está em questão, e será – com ou sem a sua vontade – interferida, em todos os aspectos possíveis e imagináveis, pelos representantes eleitos.

A realidade é que muitas pessoas estão se digladiando nas redes sociais e nas ruas sobre suas escolhas de candidatos ao Executivo, mas não tem se atentado em escolher com cuidado os representantes para o Legislativo, tratando com desleixo o voto para os deputados federais e estaduais, e também os senadores. É natural e cultural, mas é preciso ficar atento.

É muito comum que vejamos, nessas épocas, os candidatos aos governos executivos, na rua, prometendo: "No meu mandato, vamos fazer isso e criar aquilo" - como se sozinho conseguissem programar muitos projetos. Mas muita gente não sabe que a realidade é diferente: pouca coisa o Executivo consegue fazer sozinho e a aprovação do Legislativo é quase sempre necessária para a realização de muitas pautas.

Outro ponto importante e que poucas pessoas se atentam: existem importantes leis que determinam o orçamento público, indicando quanto e onde (educação, saúde etc) o dinheiro público, vindo dos nossos impostos, vai ser gasto. Ainda que todas essas leis orçamentárias sejam elaboradas pelo presidente ou pelos governadores, elas precisam ser votadas e podem, sem dificuldade, ser modificadas, até que finalmente aprovadas pelos deputados e senadores.

Nossos representantes legislativos, não conseguem somente balizar onde será gasto o dinheiro público (que é “nosso” dinheiro). A fiscalização e a investigação dos trabalhos do Executivo também é um encargo de sua função.  E um dos principais instrumentos à disposição do Legislativo para realizar esse tipo de investigação é a Comissão Parlamentar de Inquérito, a conhecida e temida por muitos chefes de estado: a CPI.

Especialmente quando tratamos das escolhas de deputados, federais ou estaduais, o eleitor tem uma variedade de opções muito maior do que a do Executivo, que sempre temos um ou dois favoritos. Mas tamanha variedade exige também muita responsabilidade na escolha do eleitor. O desleixo com o voto no Legislativo, traz mal orçamentos planejados e muito menos CPI’s eficientes que interferem na sua vida há quilômetros de distância dos espaços de escolha.

Mesmo que você pense em eleger um bom presidente, é essencial ser seletivo com boas pessoas para as Câmaras. O mesmo vale para o âmbito estadual. Vale lembrar que o Estado do Rio de Janeiro conta com um índice assustador de seis ex-governadores presos ou afastados. É sempre necessário entender como funciona a política, e especialmente, as politicagens.

Além disso, é comum ver eleitores votando no “amigo do amigo de um primo distante da sobrinha da tia ou avó de alguém”, algo que funciona quase como um “favor”. É valido? Depende, às vezes é uma boa pessoa e certamente um bom profissional. Mas caso não seja, certamente o “favor” será o mais caro que alguém pode fazer.

Além de jogar por terra sua voz no Congresso, pagará uma conta alta se esse “amigo do amigo de um primo distante da sobrinha da tia ou avó de alguém” for alguém sem posição e que entregue seus valores e conceitos em prol de si mesmo na primeira oportunidade que apareça. Assim como é necessário ter confiança para colocar alguém desconhecido dentro da sua casa, é necessário ter certeza absoluta em boas pessoas para votar.

Precisamos de legisladores que tenham a capacidade de raciocinar para além dos seus currais eleitorais, para que tenhamos representantes capazes olhar para a sociedade, captar necessidades e brigar por direitos nossos que são inegociáveis. O Brasil ideal está muito longe e “sonhar” com essa com essa libertação nos parece um pouco distante agora. Mas toda corrida começa com uma caminhada curta, e isso dependerá do perfil político que cada eleitor vai escolher para o nosso país.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A febre das apostas

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

É bem provável que você, pelo menos uma vez na vida, tenha feito algum tipo de aposta. Envolvendo milhares de apostadores em todo Brasil, os jogos de sorte atraem pelo sonho de ganhar uma grande bolada de dinheiro em uma tacada certeira com baixo investimento.

É bem provável que você, pelo menos uma vez na vida, tenha feito algum tipo de aposta. Envolvendo milhares de apostadores em todo Brasil, os jogos de sorte atraem pelo sonho de ganhar uma grande bolada de dinheiro em uma tacada certeira com baixo investimento.

Não é fácil, afinal, se fosse, todo mundo estava milionário, e estamos longe disso – pelo menos eu. A probabilidade de uma pessoa ser atingida por um raio é 50 vezes maior do que um apostador ganhar na Mega-Sena com um cartão com apenas seis números. Ou seja, se você acredita que pode um dia ganhar na loteria, não se esqueça de sair debaixo das árvores em dias chuvosos.

Há quem faça uma ‘fezinha’ nas loterias regulamentadas da Caixa Econômica Federal, como jogos como: Lotofácil, Quina ou mesmo a conhecida Mega-Sena da Virada. Contudo, diante dessa grande dificuldade em se ganhar na loteria, outros tipos de apostas não regulamentadas no Brasil vem crescendo e tomando força em um mercado que ainda não se encontra regulamentado.

Aos mais antigos, muitos ainda recorrem ao famoso ‘Jogo do Bicho’. Mas, nos dias atuais, ainda que haja a força dessa contravenção, o cenário tem mudado. Não tenho dúvidas de que você já tenha ouvido algo do tipo: “Fulaninho apostou R$ 1 no jogo do time do coração e ganhou R$ 500”.

As apostas no Brasil tem se diversificado. Desde as apostas em cassinos online até as envolvendo partidas esportivas, das duas uma: se não fez, com certeza conhece alguém que adora gastar dinheiro e fazer a 'fezinha'. Ainda mais com a facilitação de fazê-lo online, não faltam opções de empresas especializadas nesse mercado.

As casas de jogos têm faturado cifras milionárias e fomentado ainda mais o mercado que cresce dia após dia. Empresas como estas são responsáveis por um grande bombardeio de anúncios, tanto na televisão como pela internet e até patrocinam de grandes times de futebol do planeta.

No caso das apostas em jogos esportivos, por exemplo, o futebol, os jogos têm vários modelos, não apenas a escolha do time vencedor. Tem apostadores que arriscam acertar os gols no primeiro tempo, os escanteios, número de faltas, o artilheiro, o melhor em campo e quem chega na final. E com isso, as ‘fezinhas’ online se tornaram uma febre no cenário nacional.

Tudo parece muito atrativo, afinal, as chances de apostar num placar esportivo e acertar são muito maiores que na própria Mega-Sena. Apesar de parecer um cenário perfeito para se ganhar dinheiro é preciso ter muita cautela, porque o buraco desse poço é mais embaixo – bem mais fundo do que imaginamos.

Regulamentação branda e falta de pagamentos

Que o esporte é uma paixão nacional todos já sabemos. Seja por meio da prática cotidiana de atividade física ou acompanhando sua modalidade preferida na frente da televisão, o brasileiro é um grande amante do universo esportivo. Contudo, uma outra prática nacional é o famoso ‘jeitinho brasileiro’.

De acordo com o decreto-lei 9.215, de 30 de abril de 1946, é proibido no país todo e qualquer jogo de azar, o que inclui bingos, cassinos e jogatinas do gênero. Evidentemente, a norma assinada há quase 80 anos levou um bom tempo para ser obedecida – mesmo hoje, diversos bingos funcionam clandestinamente. Não é difícil encontrar. Mas no caso de empresas físicas, a fiscalização tende a ser mais rigorosa.

E é aí que reside o jeitinho brasileiro que beneficia essas empresas: o decreto-lei 13.756/2018, assinado pelo ex-presidente Michel Temer, criou uma nova modalidade de apostas a fim de ampliar o entendimento da categoria dentro da lei. As empresas que operam sites que trabalham apostas em ambiente online e estão sediadas em países cuja operação é tida como legal no território nacional.

Contudo, mesmo que existam aplicativos de marcas conhecidas de casas de apostas, oficialmente, não há sites de aposta que operam no Brasil. Ou seja, você está fazendo sua fezinha em países como: Grécia, Inglaterra e até Curaçao - ilha holandesa perto da costa da Venezuela, conhecido como paraíso fiscal.

A problemática é que os relatos de apostadores de que as empresas que não estão pagando têm crescido em sites como “Reclame Aqui”, trazendo prejuízos a muitos clientes. André Pena Furtado, advogado cível e tributário explica que o ideal seria que as casas de apostas mantivessem uma representação administrativa no país, mas a lei ainda é branda e precisa de aprimoramentos.

“Se já é difícil muitas vezes achar um devedor pelo Brasil através dos oficiais de justiça, imagine de uma empresa qualquer do outro lado do mundo. Hoje, processar uma empresa com sede no exterior torna a burocracia maior. Casos frequentes de golpes têm aparecido, especialmente por ser um mercado online e que oferta aplicativos de muitas empresas. O cuidado nesse tipo de situação deve ser redobrado”.

Como já dito em colunas anteriores, os golpes têm crescido e com um mercado de apostas em alta, todo cuidado é pouco, especialmente em se tratando dos negócios online, uma prática ainda não bem regulamentada no Brasil. “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A Família Real Britânica

quinta-feira, 08 de setembro de 2022

Há muito tempo atrás, numa disputa por poder no início da formação dos países-
estados, alguém teve a ideia de limitar fronteiras, levantar um castelo e afirmar que
aquele seria seu reino. Pois bem, o tempo passou e o mundo mudou. Reis e rainhas em
grande parte foram afastadas do comando. Alguns foram assassinados, outros fugiram e
o restante foi perdendo, dia após dia, a sua influência.
Os monarcas, em grande parte do mundo, deixaram de ser o Estado. “Afinal,
por que aquela família é tão especial para ficar no poder e ditar as regras para a vida de

Há muito tempo atrás, numa disputa por poder no início da formação dos países-
estados, alguém teve a ideia de limitar fronteiras, levantar um castelo e afirmar que
aquele seria seu reino. Pois bem, o tempo passou e o mundo mudou. Reis e rainhas em
grande parte foram afastadas do comando. Alguns foram assassinados, outros fugiram e
o restante foi perdendo, dia após dia, a sua influência.
Os monarcas, em grande parte do mundo, deixaram de ser o Estado. “Afinal,
por que aquela família é tão especial para ficar no poder e ditar as regras para a vida de
todos? O que difere o sangue deles do meu? O Estado é o povo, oras! Feito do povo e
para o povo, que elege os seus representantes através de uma democracia” – é o que a
grande maioria diz.
Contudo, em pleno século 21, a monarquia britânica é uma das poucas que se
mantém firme no poder, apesar de que não há muito que se possa fazer acerca de
política.
Atualmente, a rainha ou rei do Reino Unido, não pode dissolver a Câmara dos
Comuns (parlamento do Reino Unido), não sendo nem permitida a sua entrada naquela
sala para que não haja interferência. Embora detenha o poder para proclamar uma
guerra, as últimas vezes os soldados britânicos empunharam suas armas foi pelo voto
parlamentar. E apesar de ter poder de ter veto sob as leis aprovadas pelo parlamento
britânico, a última vez que isso aconteceu foi em 1707.
Em um mundo onde os governos monárquicos são cada vez menores, a
monarquia britânica ainda se mantém firme no trono, e carrega o título de família real
mais popular de todo o planeta. Com o passar dos anos como os “Windsor e seus
antecessores” conseguiram sobreviver?

Unidade entre os povos
Hoje em dia, como uma monarquia constitucional, o poder executivo é liderado
pelo primeira-ministra, Liz Truss. Por esse motivo, algumas pessoas ficam confusas em
entender qual o papel do monarca à frente da monarquia nos dias atuais.
Ao contrário do que muita gente acredita a Elisabeth II era rainha não somente
da Inglaterra, mas também de países como: Escócia, País de Gales e da Irlanda do Norte e com interferência direta em mais 14 outras nações, incluindo países na América
Central. A influência da monarquia britânica não se constituiu hoje, mas ao longo de
séculos e séculos e foi primordial para os rumos da Grã-Bretanha.
O Reino Unido, já foi o país mais poderoso do mundo por muitos anos, e se
firmou o seu legado desde a época das grandes explorações, tanto por terra quando
pelos navios que desbravaram o “desconhecido”. A sua influência, inclusive, foi
decisiva para muitas guerras, como exemplo, a própria 2º Guerra Mundial. A monarquia
representa uma instituição poderosa para os ingleses.
Há questionamentos em cima da família real? Claro, que há, como em toda outra
sociedade organizada. Mas acima de tudo, a monarquia representa a união dos povos do
Reino Unido, especialmente num mundo polarizado e separatista, especialmente. O
poder da monarquia nos últimos anos foi acima de tudo diplomático.
E de uma diplomacia, que não se estende só as terras britânicas, mas em todo
globo. A própria independência brasileira teve o dedo inglês na pressão contra a família
real portuguesa! Em tempos recentes, a rainha Elizabeth II foi primordial no
estreitamento de relações de países que durante muitos anos tiveram relações tensas
como: a Índia, e África do Sul (ambas ex-colônias inglesas), Rússia (decorrente da
segunda guerra mundial) e a Irlanda do Sul (região que não pertence ao reino).
Aos poucos, em épocas de crise, a monarquia foi se modernizando e
aproximando da população, que se espelha como um modelo de valores para os próprios
britânicos. Em tempos de crise e insegurança ainda que haja um primeiro-ministro, a
Rainha ainda sim era uma referência.
E não ganhou somente os corações dos britânicos, mas de todo mundo, pela sua
representatividade. Ainda que manter uma monarquia custe caro, na Grã-Bretanha o
retorno é ainda maior. A ‘marca’ da família real vale entre propriedade, valor agregado
e turismo, cerca de R$138 bilhões.
A morte da monarca Elizabeth II comove a todos, mesmo a quilômetros de
distância. Vemos o falecimento de uma verdadeira líder de poder global e uma divisora
de águas da família britânica, que sem dúvidas, mudou a história do planeta,
especialmente nos rumos da Segunda Guerra Mundial. Será que Charles III superará esse momento de incerteza e dará seguimento ao marcante regime monárquico entre os
britânicos? Só o tempo dirá.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Curiosidades sobre o período eleitoral

quinta-feira, 01 de setembro de 2022

Tão certo, em 2022, quanto a seleção brasileira campeã da Copa do Catar - com um belo gol do Neymar - é que neste ano, os barracos familiares nos grupos de Whatsapp já começaram. Entre troca de figurinhas do álbum da Copa e intrigas intermináveis, o diferencial é se manter-se o mais informado possível nestes tempos polarizados.

Tão certo, em 2022, quanto a seleção brasileira campeã da Copa do Catar - com um belo gol do Neymar - é que neste ano, os barracos familiares nos grupos de Whatsapp já começaram. Entre troca de figurinhas do álbum da Copa e intrigas intermináveis, o diferencial é se manter-se o mais informado possível nestes tempos polarizados.

No próximo de 2 de outubro, cerca de 146 milhões de eleitores e eleitoras estão habilitados para irem às urnas para exercer o direito máximo de uma sociedade democrática: o voto secreto. Desta vez, os pleitos elegerão os representantes federais (presidente, senadores e deputados federais) e estaduais (governador e deputado estadual), escolhas importantes que, nos próximos anos, decidirão pelos rumos do Brasil.

Ainda que tenhamos somente um representante eleito para o cargo de presidente da República, um para governador e outro para o de senador, o Estado do Rio de Janeiro terá em suas mãos o poder de eleger 46 deputados federais dentre os 1.077 candidatos do nosso Estado – lembrando que não é possível votar em candidatos de São Paulo, por exemplo. No âmbito estadual, por sua vez, a concorrência será maior, são 1.626 candidatos para apenas 70 cadeiras disponíveis na Alerj, a Assembleia Legislativa fluminense. 

Outra curiosidade importante é no campo das conquistas. Estas eleições marcam os 90 anos do voto feminino, que hoje representam 53% do total de eleitores por todo país. É importante lembrar, que apesar de maioria em número, as mulheres somente conquistaram esse pleno direito 400 anos depois que os homens começaram a eleger os representantes do Brasil,

Hoje, as mulheres têm seus atos democráticos valendo o mesmo que o deles, sem qualquer diferenciação, e apesar de serem a maioria da população e dos eleitores, as mulheres têm, atualmente, baixa representação no Congresso: são apenas 15% na Câmara dos Deputados e 13% no Senado.

Impedimentos e proibições importantes

Não menos importante que as curiosidades sobre os pleitos, é fundamental entendermos como nós podemos ser afetados pelas regras eleitorais, que a todo tempo, tem atualizações que podem nos impactar.

Aos usuários de redes sociais: é preciso estar atento nesse momento. Desde o último dia 15, o eleitor que fizer uma enquete em suas redes sociais perguntando em quem seus amigos pretendem votar pode ser multado em até R$ 329 mil. Tal punição atinge tanto as páginas de pessoas jurídicas quanto as de pessoas físicas.

Apesar de ter se tornado uma prática febril nas redes sociais, ela está proibida neste período e todo cuidado é pouco. Segundo os Tribunais Eleitorais, as condenações nesse sentido já vêm acontecendo e a fiscalização neste período é ainda mais rígida. A previsão legal está no artigo 23 da resolução 23.600/19 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 De acordo com o TSE, enquete é: “O levantamento de opiniões sem plano amostral, que dependa da participação espontânea da parte interessada, e que não utilize método científico para a sua realização, quando apresentados resultados que possibilitem ao eleitor inferir a ordem dos candidatos na disputa”. Ou seja, caso a pesquisa não esteja registrada e não seja feita da forma da lei, uma mera curiosidade nas suas redes sociais pode te trazer problemas sérios.

Ainda com o foco nas redes sociais, a desinformação eleitoral – conhecida como as fake news - é um dos assuntos mais debatidos pelo TSE, e neste ano, inclui a realização de parcerias com Facebook, Instagram, Twitter, Google, TikTok e WhatsApp, entre outros serviços. O órgão criou canais oficiais nessas plataformas no intuito de evitar a propagação de conteúdos falsos sobre as urnas, o processo eleitoral ou que ridicularizem candidatos.

Ainda que as divergências políticas estejam numa crescente, é sempre essencial lembrar que internet não é terra sem lei. Qualquer crime cometido seja de calúnia (dizer de forma mentirosa que alguém cometeu um crime), injúria (atribuir palavras e qualidades negativas) e difamação, podem surtir efeitos em processos judiciais.

É essencial, o bom senso, e entendermos que liberdade política e a liberdade de expressão não podem jamais se confundir como uma garantia para agressão. Além disso, recentemente, pela segurança dos eleitores no dia do pleito democrático, dado o momento altamente politizado, o TSE proibiu o porte de arma nas sessões eleitorais. Tal medida leva em conta o aumento do número de armas na mão de civis e a consequente falta de fiscalização suficiente.

Divergências políticas à parte, lembremos que vivemos o auge de uma jovem democracia com apenas 28 aninhos de sua plenitude e de seu amadurecimento. Ainda que fosse possível o voto para os cargos legislativos nos 20 anos de ditadura militar, somente após 1984 pudemos escolher um presidente da República - que pode não ser o nosso favorito, mas ainda sim, foi escolhido pelo povo.

'Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo,’ - desde que não seja crime, é claro.” Essa citação de Voltaire com um adendo do ilustre colunista explicita o valor essencial da democracia: a liberdade!

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Desmatamento nos impacta aos poucos

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Hoje, o Brasil derruba mais árvores do que consegue plantar. Não é uma suposição, nem um ‘achismo’, é um fato. O desmatamento na última década arrasou mais de um milhão de hectares de florestas em todo o país, e menos de 70 mil hectares foram devidamente restaurados até hoje.

Hoje, o Brasil derruba mais árvores do que consegue plantar. Não é uma suposição, nem um ‘achismo’, é um fato. O desmatamento na última década arrasou mais de um milhão de hectares de florestas em todo o país, e menos de 70 mil hectares foram devidamente restaurados até hoje.

Agronegócio expansivo, garimpo ilegal, grileiros e extração de madeira irregular apesar de serem os maiores responsáveis por essas grandes tragédias que vem ocorrendo nos últimos 20 anos, não são os maiores beneficiários. Empresas com sede nas grandes cidades, multinacionais e contrabandistas não precisam adentrar as matas para causar estragos.

Para termos ideia, o desmatamento na Amazônia em 2021 foi o pior em dez anos, é o que afirma o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. Os dados apontam que houve um crescimento da devastação em 29% em relação a 2020. E afinal, o que isso muda na minha vida?

Prejuízo nacional

Ainda que as grandes matas estejam a quilômetros de distância da gente, a situação é mais delicada do que parece e para isso, precisamos olhar com calma para a nossa volta e analisarmos de um ponto de vista apolítico.

Um estudo da FAO, afirma que o desmatamento na Amazônia deve gerar um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão por ano para a agricultura brasileira pelas próximas três décadas. Certamente, consigo ver muitos leitores se questionando: “Não devastamos parte das florestas para plantar? Como pode haver prejuízo?”.

A questão é mais delicada do que imaginamos. À exemplo, a nossa bela região: possuímos um índice de chuvas bem alto no verão – até demais.  Mas você sabia que grande parte das chuvas que banham a nossa cidade não são de água evaporada daqui? Pois bem, é verdade...

Atualmente, pesquisas indicam que ao menos 30% das chuvas na região Sul e Sudeste vêm através do que chamamos de “rios voadores”, que são responsáveis diretos para que não precisemos racionar água. Mais que isso, pela viabilidade até da produção de hortaliças e flores na nossa cidade.

Como cerca de 20% da reserva de água doce do planeta está na Amazônia, que possui um clima quente, grande parte da evaporação de água é levada por esses canais aéreos, que formam as correntes de nuvens que passam pelos céus de todo país. E o volume de água transportada por lá é gigantesco.

São cerca de 20 trilhões – não, você não leu errado - de litros de água por dia, mandados para atmosfera e “distribuídos” por todo país. É muita chuva. Para se ter ideia, em situações não comuns, o “rompimento” (a instabilidade atmosférica) em um desses canais, pode ser responsável por chuvas como as que causaram inúmeros estragos em Petrópolis em fevereiro e março deste ano e da tragédia climática de 2011 na Região Serrana. Estamos falando de “canais” responsáveis pelo reabastecimento de 60% da população brasileira.

Os rios voadores tem perdido quantidade de água e consequentemente afetam as chuvas. E não é difícil notar que ano após ano chove menos e o calor bate recordes. Com menos árvores, menos água é “transpirada” para atmosfera e como consequência, menos chuva, que gera seca, crise, aumento no preço dos alimentos. Não é uma matemática difícil de ser feita.

Já é rotina. No inverno, ano após ano, as contas de luz sobem de forma alarmente por conta de que? “Dos baixos níveis de água nos reservatórios”. O mesmo vale para o fornecimento de água, que nos últimos anos, grandes e pequenas cidades têm que racionar – cai água um dia sim e outro não.

E acima de tudo, ainda que devastemos para incentivar a pecuária e ao plantio de soja no país, que são economicamente importantes e ajudam a abaixar os preços – ou deveriam – no país, é preciso lembrar que sem água não temos pecuária e nem plantações. Plantações essas, que são uma das grandes responsáveis pela renda da nossa cidade, que é uma exportadora de legumes, verduras e hortaliças para todo estado.

Hoje, plantar árvores e recuperar florestas, além de ser uma das soluções mais simples e baratas para combater o aquecimento global, podem trazer outro benefício: a geração e a manutenção de empregos. Publicado recentemente na revista científica People and Nature essa iniciativa poderia gerar 2,5 milhões de empregos, só no Brasil, até 2030.

De acordo, com o levantamento feito pela pesquisa, com 350 empresas responsáveis pelo reflorestamento no Brasil, o país empregou 8.200 pessoas para o reflorestamento de uma área de 19 mil hectares. Mesmo sem investimentos, o país hoje consegue gerar até um emprego para a cada dois hectares (área equivalente a dois campos de futebol).

Em longas escalas, seria o suficiente para reduzir em quase 25% a atual taxa de desemprego no país (10,1 milhões de pessoas, segundo o IBGE). O desmatamento desenfreado influencia na vida, desde a conta de luz, passando pelo sustento do agricultor em Campo do Coelho e chegando aos preço dos alimentos. Desmatamento é assunto Além das Montanhas.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Uma doença chamada alcoolismo

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Nada começa do dia para noite, começa-se aos poucos. De cerveja em cerveja, de vodka em vodka, de cachaça em cachaça e esse processo por vezes dura anos. Mas o que era recreativo acabou por virar rotina: todo dia, à noite, na saída do trabalho, que seja. Quando se percebe, bebeu os sete dias da semana e contente, se orgulha. E depois, os 30 dias do mês. E no bambear das nossas vidas, silenciosamente, o prazer vira uma necessidade, um vício. Pois bem, este é o alcoolismo.

Nada começa do dia para noite, começa-se aos poucos. De cerveja em cerveja, de vodka em vodka, de cachaça em cachaça e esse processo por vezes dura anos. Mas o que era recreativo acabou por virar rotina: todo dia, à noite, na saída do trabalho, que seja. Quando se percebe, bebeu os sete dias da semana e contente, se orgulha. E depois, os 30 dias do mês. E no bambear das nossas vidas, silenciosamente, o prazer vira uma necessidade, um vício. Pois bem, este é o alcoolismo.

A primeira fase é a ‘adaptação’: nesse momento, o álcool serve de muleta para facilitar o contato social e diminuir as tristezas e ansiedades da vida. A segunda fase é a ‘tolerância: beber muito, não se embriagar e no outro dia, conseguir facilmente ingerir álcool aos montes sem qualquer problema, mesmo com apagões frequentes do que aconteceu na noite anterior. A terceira fase é a ‘sindrome de abstinência’: nessa situação, a doença já está instalada e o álcool é mais que uma válvula de escape, é necessidade que deteriora o físico, o mental, o social, agrava os tremores, os rostos incham e começa a dependência.

A normalização dessa cultura é perigosa e tem trazido efeitos graves à sociedade. De acordo com o IBGE, em 2019, pelo menos 63% dos estudantes, menores de idade, já tinham tido contato precocemente bebidas etílicas. Fato é, que outras pesquisas são unanimes: quanto mais cedo o contato com o álcool, mais a chance de dependência aumenta, especialmente entre as mulheres.

Foi pelo o que passou Paloma – que terá um nome fictício para preservação de sua identidade – que é alcoólica em recuperação e hoje, trabalha ativamente como membro do Alcoólicos Anônimos, explica que passou por momentos difíceis até ser acolhida pela instituição, a qual tem um amor sem igual.

“A gente aprende a conviver socialmente com a bebida, especialmente dentro de casa. Comecei como tudo mundo: numa sexta-feira, depois em um fim de semana inteiro, depois era todo dia. Eu mesmo não percebia, mas comemorava minhas vitórias com o álcool e afogava minhas tristezas na bebida. De manhã, de tarde e de noite, e o pior de tudo, eu não percebia. Uma vez fui à um médico, disse que bebia todo o dia e ele me disse que eu era alcoólatra: saí de lá chateada por ele ter me chamado assim, mas só mais tarde fui entender que precisava de ajuda”, explicou Paloma.

E como já testemunhou a cantora Rita Lee em algumas de suas entrevistas: “O álcool é a droga mais difícil de todas de se largar”. Compreensível, afinal é uma verdadeira febre social que nunca sai de moda. Está nos estádios de futebol, na pelada com os amigos, nas mesas de entrevistas dos jogadores profissionais para a televisão, nos patrocínios dos eventos, nas praças, nos bares em cada esquina, nas padarias, nas baladas, no after, em casa, no churrasco da família, na propaganda da televisão, estampado na gôndola de promoções do mercado e nas ligações incessantes dos amigos que te incentivam a beber.

“Foram momentos muito difíceis. É você vê sua vida falindo aos poucos, não só materialmente, mas amorosa, social e espiritualmente. No começo, eu não sabia como procurar ajuda, até que há dez anos, encontrei o Alcoólicos Anônimos, onde fui abraçada, consolada, amadrinhada, amparada, incentivada e esclarecida de que a minha doença é incurável, progressiva e até fatal”, conta Paloma.

Hoje, a instituição para reabilitação tem um importante papel social e relevância a nível mundial, sendo responsável pela recuperação de diversas pessoas e pela mudança de vidas. O seu único requisito para ser membro do A.A. é ter o desejo de parar de beber. Não existem taxas ou mensalidades, a instituição é autossuficiente, graças às contribuições voluntárias dos membros.

O A.A de Nova Friburgo nesse domingo, 21, comemora os seus 70 anos em um evento realizado no Sindicato do Têxteis, às 9h, na Rua Augusto Spinelli, 84, Centro. Alcoolismo é uma doença séria e caso você precise de ajuda, não hesite em buscar ajuda. O telefone da instituição é 22 - 99810 2886

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Alta temporada nos programas de trainees

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Ainda que a taxa de desemprego tenha se mantido em níveis altos nos últimos anos, ao que tudo indica, a economia tem voltado a se aquecer aos poucos e esfria o cenário de melancolia que assolava grande parte dos brasileiros. Mas é claro, que nem tudo são rosas e todo cabo de guerra tem seu lado mais fraco.

Ainda que a taxa de desemprego tenha se mantido em níveis altos nos últimos anos, ao que tudo indica, a economia tem voltado a se aquecer aos poucos e esfria o cenário de melancolia que assolava grande parte dos brasileiros. Mas é claro, que nem tudo são rosas e todo cabo de guerra tem seu lado mais fraco.

Hoje, ainda que o grau de empregados aumente no Brasil, o mercado de trabalho ainda persiste em não ceder tantas oportunidades para a juventude que tenta conseguir as suas primeiras oportunidades. Não há dúvidas e os dados são claros: os jovens constituem um dos grupos mais vulneráveis do país.

Para a taxa média de 10% que atinge o desemprego nacional, para os jovens entre 18-24 anos, essa média chega a 27%. Dentre os desocupados, 32% da parcela total. Do montante de subutilizados – os que estão desempregados, trabalham poucas horas ou até desistiram de correr atrás – 42% são parte da juventude.

Muitos fatores ainda dificultam a entrada dos jovens no mercado de trabalho e o principal é a falta de experiência profissional. Afinal, sejamos francos, por que o empregador deixaria de contratar alguém com anos de mercado para contratar alguém que terá que ensinar? Pois bem. Na contramão desse raciocínio, novas oportunidades têm aparecido em grandes empresas.

O que é um trainee

Como o nome sugere, trainee são profissionais em início de carreira que estão num verdadeiro treinamento numa empresa. Geralmente, jovens prestes a se formar ou no máximo com dois anos após a conclusão do curso. Eles são contratados através de programas especiais que buscam encontrar bons profissionais com o objetivo de lapidá-lo, fazê-lo crescer e se desenvolver dentro da empresa.

A ideia do projeto é que com o tempo, esse jovem deixe a função de trainee e assuma cargos de relevância dentro das grandes corporações. Os programas trainee têm sido, nos últimos tempos, a porta de entrada para grande parte das multinacionais da atualidade e os que apresentarem melhores resultados, permanecem. Mas, logo adianto, participar desses programas não é uma tarefa nada fácil.

Inicialmente, os altos salários para o “primeiro” emprego são atrativos e a concorrência é gigantesca. Em um conhecido programa de trainee, com um salário de R$ 7 mil, de uma famosa rede corporativa de bancos, dos 85 mil candidatos apenas 55 foram aprovados e efetivados. Além de uma formação – geralmente em curso superior – o currículo educacional pesa como um diferencial, por isso, caso vá participar, o importante é se preparar com bastante antecedência.

Ana Carolina Petribú, ex-trainee e hoje, coordenadora de canais digitais do Banco Itaú, explica que na época, recém-formada no curso de Engenharia Civil, focou nas empresas que mais se inspirava e que a notícia da aprovação no processo seletivo foi motivo de grande felicidade. Explana também que a trilha da carreira de trainee é um pouco diferente da trilha de carreira de alguém que venha do mercado de trabalho, porque contém alguns treinamentos específicos.

“Normalmente os processos de trainee são muito longos e com pouquíssimas vagas. E isso é proposital. As empresas prezam por selecionar perfis específicos, em especial, os de liderança, para trabalhar em instituições. Hoje, a minha recomendação para quem quer tentar um programa de trainee é: foco, estar atualizado sobre a empresa e sobre o mundo e acima de tudo, ter bem definido os seus objetivos profissionais”, explica Ana Carolina.

Época aquecida

Começou agora, na segunda metade do ano, a alta temporada de seleção para trainees. Em geral, os processos seletivos costumam durar de três a quatro meses, com previsão para início das atividades previstas para o mesmo ano ou em janeiro do ano seguinte, dependendo da vaga. A remuneração média é entre R$ 3 mil e R$ 8 mil por mês.

Um grande diferencial para sua possível aprovação está no seu currículo, afinal, é a sua apresentação no meio de milhares de pessoas. E se você ainda não fez um Linkedin – rede social profissional usada para o meio corporativo – hora de correr atrás e caprichar, mas vamos combinar uma coisa de antemão: sem mentir nas qualificações.

Alguns programas determinam que você faça o trabalho presencial, então, pode ser que você tenha que arrumar as malas caso passe para algum deles. Em contrapartida, oferecem benefícios como: vale alimentação, vale refeição, plano de saúde, pós-graduação, assistência dentística e outros mais, a depender de cada empresa. A expectativa é que 200 empresas lancem programas com novidades nos processos seletivos; no ano passado, foram 184 companhias.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.