O intestino é o nosso segundo cérebro, por isso é tão importante o que comemos. Foi o que li e concluí de uma entrevista com uma nutricionista especialista no efeito que os alimentos causam, inclusive, depressão e ansiedade. Contrariando os estudos, chocolate e queijos me causam imensa felicidade. Mas sim, eu acredito na força da tese de que somos aquilo que nos alimentamos. Mas sim, sou um indisciplinado.
Notícias de Nova Friburgo e Região Serrana
Wanderson Nogueira
Palavreando
Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.
Sou filho das Diretas Já. Nasci em meio àquela luta por democracia, liberdade, tolerância. Quando o verde amarelo pertencia aos brasileiros e não a um grupo que se autointitulou proprietário da pátria, como se o modo deles fosse o único de ser patriota. A bandeira brasileira é dos brasileiros, de todos os brasileiros. Não há escolhidos para serem melhores do que os outros, ou donos uns dos outros. Pedaços de Brasil podem até ter donos, mas o Brasil é de todos os brasileiros.
A necessidade de mudar existe há tempos, mas é a urgência que nos faz agir. Sabemos que as coisas não vão bem, no entanto nos acomodamos até que algo imperioso ocorre e torna urgente a nossa mudança de comportamento. É a urgência - mais do que a necessidade - que muda atitudes.
São dias estranhos. A Monte Líbano que estaria lotada - vazia. Cada cantinho do bom furdunço - idem. O Bolero sem o costumeiro formigueiro de gente, tal qual os bares de Olaria e Conselheiro. A festa de gente não se faz, porque gente não pode se ver, tocar, se reunir.
Quando eu era criança, lembro que confundia o dia do seu aniversário. Meu parâmetro era o aniversário de Nova Friburgo. Adorava desfilar com a escola no 16 de maio. Tinha toda aquela preparação e ansiedade. Minha confusão era se o seu aniversário era antes ou depois. Com o passar do tempo, firmei na memória o dia 17 de maio como sendo o dia de seu nascimento.
A Baía de Guanabara já tem alguns pontos com águas claras. A cinza São Paulo está com o ar mais puro. Em alguns grandes centros, já se pode observar melhor as estrelas no céu. Os moradores deste planeta, continuam habitando-o. O que mudou é a relação dos moradores com os lugares em que vivem. Por obrigatoriedade, é verdade. Será possível viver com menos? Será ilusão poluir menos? Podemos mudar nosso comportamento no futuro em que estivermos liberados para ir às ruas?
Nossa casa é tão bonita. Desatentos no dia a dia, talvez não percebamos como bela é a nossa casa. A desatenção não é proposital, eu sei. O enredo que foi criado para nós é de correria para sustentar um contínuo crescimento econômico exigido pelos pouquíssimos reitores dessa história. Eu não conheço nenhum deles e você também não deve conhecer, pessoalmente, nenhum deles. Não estou falando do seu avô que tem uma indústria ou do seu primo que tem uma loja de calçados. Tampouco, estou falando daquele conhecido que tem algumas ações na Bolsa ou da sua mãe que tem um restaurante.
Em frente a tela branca do computador... As palavras me escapolem e não interrompem esses hiatos... Entre meus pensamentos e minhas mãos, entre minhas mãos e o teclado, entre o teclado e as placas do computador, entre as placas do computador e o monitor. Logo serão hiatos também o meu e-mail para o e-mail do editor, do editor para o copydesk, entre o copydesk e o diagramador e finalmente entre o jornal e o leitor. É um efeito dominó.
Esses dias de pandemia
Nos vacinam de empatia,
Pois só a empatia pode nos salvar.
Mesmo quando a pandemia passar
(e há de passar),
Nos sobrará a empatia,
Para a empatia imperar.
Empatia pelo dia a dia,
Já que passamos por cada dia
Sem glorificar:
O irmão,
O aperto de mão,
O coração noutro coração,
O prazer de trabalhar.
Saudade. Estou com uma saudade daquelas de tanta gente. Gente que nem sabe ou poderia imaginar que estou com saudade delas. Saudade tipo do Léo, do Marquinho, do Reginaldo, dos camaradas lá do Bar América. Da Rivana, a maravilhosa da Rivana. Saudade da Ana Paula no Willa, da Kátia do Casarão. Saudade da menina que me atende lá no Baião e também do senhor que trabalha naquela pastelaria que me fugiu o nome agora. Saudade do tanto de gente que cumprimento na Alberto Braune. Saudade daquela senhorinha, das tantas senhorinhas que pedem informação na fila do banco. Saudade do cotidiano.