Blog de maxwolosker_18841

O Brasil não é para principiantes

quarta-feira, 20 de abril de 2022

O Brasil mais parece o “samba do afrodescendente ensandecido” que antes da instalação do “politicamente correto”, era chamado de “Samba do Crioulo Doido”, obra do magistral Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Digo isso porque somos o único país do mundo em que o carnaval vai ocorrer após a Semana Santa. Pelo calendário católico cristão, a quaresma é o período de 40 dias após a festa pagã do carnaval, que termina no Domingo de Páscoa, ápice da Semana Santa.

O Brasil mais parece o “samba do afrodescendente ensandecido” que antes da instalação do “politicamente correto”, era chamado de “Samba do Crioulo Doido”, obra do magistral Sérgio Porto, mais conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Digo isso porque somos o único país do mundo em que o carnaval vai ocorrer após a Semana Santa. Pelo calendário católico cristão, a quaresma é o período de 40 dias após a festa pagã do carnaval, que termina no Domingo de Páscoa, ápice da Semana Santa.

 Como na Terra de Cabral os acontecimentos mais marcantes acontecem em São Paulo ou no Rio de Janeiro, e como os desfiles das escolas de samba do grupo especial, nesses estados, serão nesta sexta-feira, 22, e no sábado 23, somado aos pontos facultativos de hoje, 20, e sexta feira, 22, decretados pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro e a prefeitura da capital, teremos os quatro dias de festejos momescos no mês de abril, depois do Domingo de Páscoa.

Claro que algo está por detrás dessa aberração, uma vez que simples desfiles de escolas de samba não deveriam acarretar tamanho disparate. Dizem as más línguas que essa é uma exigência de milicianos e traficantes do Rio de Janeiro, desde que o comando das escolas saiu das mãos dos bicheiros e foi repousar em outras plagas. Pelo sim pelo não, é muito estranho que tanto o governador do Estado como o prefeito carioca aceitem pressões de quem quer que seja, principalmente, quando o país está saindo de uma grave crise financeira. Afinal, foram dois anos em que a economia mundial como um todo e a brasileira, em especial, foi afetada pela pandemia da Covid-19 e a salvação passa pela recuperação dos dias e horas perdidas e não por um aumento da ociosidade.

É falso dizer que o povo assim exigiu, pois, pesquisas feitas com relação ao adiamento dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro em decorrência da pandemia de Covid-19, não foi aprovado pelos fluminenses, segundo pesquisa Datafolha; de acordo com o levantamento, 69% dos entrevistados são contra a realização da festa agora em abril, enquanto 26% são a favor. Indiferentes são 4%, e 1% não soube opinar. Já sobre os blocos de rua, quando se perguntou aos entrevistados se participariam dos desfiles, 89% disseram que não pretendem participar, enquanto 10% disseram que devem ir curtir a folia nas ruas. Apenas 1% não soube responder. O Datafolha ouviu 1.218 pessoas, com 16 anos ou mais, entre os últimos dias 5 e 7 em 30 municípios fluminenses. A margem de erro é de três pontos percentuais.

O que salta aos olhos, nessa pesquisa, é que as pessoas ouvidas se mostram muito mais conscientes do que os responsáveis pelos destinos do estado e da cidade do Rio de Janeiro. Sem falar que se por um lado a pandemia está sob controle, sendo classificada agora como endemia, os casos não acabaram. Não se pode prever qual será o resultado da aglomeração de pessoas nas arquibancadas do sambódromo, em que a fiscalização para uso de máscaras será impossível.

Dois anos de “fique em casa”, de restrições ao ir e vir, realmente mexeram com a cabeça das pessoas, tanto é assim que os consultórios de psiquiatras e psicólogos nunca foram tão procurados. No entanto, a distensão tem de ser gradativa, sob o risco de vermos um retorno a enfermarias e UTIs cheios de contaminados pelo vírus da Covid-19. A volta à normalidade é algo que todos queremos e nos alegra muito, mas temos de ter sempre em mente de que todo cuidado é pouco.           

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Uma Páscoa marcada pela carestia

quarta-feira, 13 de abril de 2022

A Páscoa é um momento importante para os cristãos (aqueles que acreditam em Cristo). Morto numa sexta feira, segundo as escrituras, Jesus ressuscitou no terceiro dia (um domingo) e é esse seu novo despertar que é comemorado no Domingo de Páscoa, uma celebração que se origina da palavra em latim Pascha, que deriva do hebraico Pessach / Pesach, que significa “a passagem”. Essa “passagem” está descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito.

A Páscoa é um momento importante para os cristãos (aqueles que acreditam em Cristo). Morto numa sexta feira, segundo as escrituras, Jesus ressuscitou no terceiro dia (um domingo) e é esse seu novo despertar que é comemorado no Domingo de Páscoa, uma celebração que se origina da palavra em latim Pascha, que deriva do hebraico Pessach / Pesach, que significa “a passagem”. Essa “passagem” está descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito. A Páscoa era celebrada pelos judeus para comemorar a liberdade conquistada pelo seu povo.

Já no Novo Testamento, a Páscoa é a celebração da passagem da morte para a vida, através da ressurreição de Jesus Cristo. A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul). De qualquer maneira existe similaridade entre ambos os significados, pois “passagem” pode significar ir de um estágio para outro, como de um estado inanimado para um de vida plena.

O que explica a associação entre os símbolos do ovo e do coelho com a celebração da Páscoa, a crença na ressurreição de Jesus Cristo? Há controvérsias e diferentes versões circulam entre os religiosos.

Uma dessas versões, que tem sido disseminada ao longo dos séculos é a de que Maria Madalena teria ido antes do amanhecer de domingo ao sepulcro de Jesus de Nazaré, levando consigo material para ungir o corpo dele. Ao chegar ao local, teria visto a sepultura entreaberta com um coelho nas proximidades; ele teria ficado preso no túmulo aberto na rocha e seria o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição de Jesus. O ovo, por sua vez, é um símbolo de vida e renascimento. Povos da antiguidade, como os romanos, propagavam a ideia de que o universo teria a sugestiva forma oval. Na Idade Média, houve quem acreditasse que o mundo teria surgido dentro da casca de um ovo. ( https://www.bbc.com/portuguese/geral).

Ao longo dos anos, dar de presente, sobretudo para as crianças, um ovo de Páscoa, virou tradição no mundo inteiro, pelo menos entre aquele que professam o cristianismo. Mas, de uns tempos para cá, no Brasil, os preços dos ovos de chocolate têm aumentado muito até chegar aos dias de hoje, quando ele se tornou um verdadeiro assalto. Aqueles de tamanho médio, não saem por menos de R$ 50, nas melhores casas do ramo. Se levarmos em consideração que ano passado o preço girava em torno de R$ 30, teremos um aumento de quase 100% em alguns casos. Claro, talvez fábricas e comerciantes estejam querendo tirar o pé do lodo, depois de amargarem dois anos de incertezas, com a Covid 19. Mas, tudo tem um limite.

Para fugir dessa carestia só nos resta ou apelar para os ovos artesanais, muitas vezes mais saborosos e com preço mais acessível, ou para as caixas de bombons, em média, seis vezes mais baratas. Aqui, entra a criatividade do brasileiro, pois o chocolate apenas muda de formato e com sabores variados. As famosas brincadeiras de caça ao tesouro (um ovo de Páscoa) seriam substituídas pela caça à caixa de bombons.

Abrindo um parênteses no assunto, assustador está, também, o preço do queijo minas curado, que nos supermercados, pelo menos do Cônego, estão sendo vendidos em média a R$ 50. Um absurdo, daí ser preferível substituí-lo por requeijão ou queijo prato ou muçarela (essa é a forma registrada no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, apesar da consagrada forma “mussarela”) fatiada que será comprado na quantidade desejada.

Aliás, o Brasil é um país desmemoriado, pois aqui o preço dos combustíveis sobe em função da variação do dólar e do barril de petróleo. No entanto, mesmo que eles diminuam, como é o caso atual, esquecem de abater a percentagem de queda, nas bombas dos postos de gasolina. O mesmo se dá com o botijão de gás.

Como, para felicidade geral, o brasileiro é muito criativo, muitos farão em casa os próprios ovos, para alegria da garotada, ou recorrerão aos ovos artesanais, ou confeccionarão uma embalagem em formato de um ovo e colocarão dentro uma caixa de bombons. Mas, muitos pensarão ser essa comemoração apenas uma vez por ano e que vale a pena qualquer sacrifício. De qualquer maneira, a alegria de crianças e adultos, estará garantida, pois o doce sabor do chocolate estará presente.

Uma feliz Páscoa para todos.

 

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A federação está contente, um dos seus escolhidos é o campeão

quarta-feira, 06 de abril de 2022

Com o título ganho no último sábado, 2, o Fluminense tirou o sonho do Flamengo de se tornar tetra campeão do Estado do Rio de Janeiro. Com os títulos de 1932, 1933, 1934 e 1935 esta primazia pertence ao Botafogo, o que vai continuar assim, por muito tempo mais. Nos dias de hoje é muito difícil um clube se manter no topo, por quatro anos seguidos, em campeonatos tão competitivos como os de hoje. O Fluminense tem também um tetracampeonato, em 1906, 1907, 1908 e 1909, mas da época do amadorismo, no Estado.

Com o título ganho no último sábado, 2, o Fluminense tirou o sonho do Flamengo de se tornar tetra campeão do Estado do Rio de Janeiro. Com os títulos de 1932, 1933, 1934 e 1935 esta primazia pertence ao Botafogo, o que vai continuar assim, por muito tempo mais. Nos dias de hoje é muito difícil um clube se manter no topo, por quatro anos seguidos, em campeonatos tão competitivos como os de hoje. O Fluminense tem também um tetracampeonato, em 1906, 1907, 1908 e 1909, mas da época do amadorismo, no Estado.

Que o Fluminense tem méritos, ninguém duvida, mas as cartas já estavam marcadas desde o início do certame, para que Flamengo e Fluminense fossem os finalistas. Afinal das contas, o futebol de hoje em dia é feito de números e sendo a final um Fla X Flu, a percentagem que entraria nos cofres da federação estaria garantida. Mesmo que o campeonato seja deficitário, os dois jogos das finais compensariam os prejuízos ao longo da competição, se é que os cartolas da entidade máxima do futebol do Rio de Janeiro tenham prejuízo. É a mesma situação de quando uma firma entra em falência, pois quem vai falir é a firma, jamais o dono ou donos.

É claro que o tricolor mereceu esse título, pois dos 32 pontos disputados na Taça Guanabara, o tricolor das Laranjeiras conquistou 28, dois a mais que seu rival Flamengo, com 26. No turno final, dos 12 pontos em disputa, ganhou nove ficando à frente do vice por três pontos. Por falar em vice, o rubro negro da Gávea está se especializando em chegar em segundo lugar. De dezembro do ano passado até o último fim de semana, foram cinco vices campeonatos, a saber em 2021 vice da Libertadores e do Brasileirão, em 2022 vice da Super Copa, da Taça Guanabara e do Carioca. Na atualidade, tem mais vices do que seu rival Vasco da Gama.

O que entristece e torna o campeonato do Rio de Janeiro ridículo e sem credibilidade é que muitos jogos são “arranjados” nos bastidores, fazendo com que o público se afaste da maioria deles, todos deficitários. Só os clássicos, em função da rivalidade presente, escapam do vermelho. Os jogos entre os times pequenos, verdadeiros participantes e, nada mais, são acompanhados por menos de 200 “testemunhas”. São times montados para disputar o campeonato do estado e garantir os votos para que os dirigentes da federação se perpetuem no poder. Num tempo já distante os clubes grandes, que detêm o maior número de campeonatos, o Flamengo levantou a taça por 37 vezes, o Fluminense por 32, Vasco da Gama foi campeão em 24 ocasiões e o Botafogo em 21 tinham um percentual no total de votos na entidade máxima, do futebol do Rio.

Como eram eles que mandavam, espertamente, um dirigente o famoso Caixa D´água (Eduardo Viana), em 2006 mudou as regras e a atual, regida pela Lei Pelé, determina que a diferença entre os pesos dos votos dentro das federações não tenha uma proporção maior que seis para um. Na Ferj, por exemplo, a divisão é a seguinte: seis votos para times de série A, quatro para times de série B, dois para times de série C e um para os demais times amadores e ligas. Ou seja, o poder dos grandes foi diluído e até times amadores e ligas, muitas vezes fantasmas, influem na eleição do dirigente máximo da entidade. E haja promessas por debaixo dos panos.

Em São Paulo, onde impera um profissionalismo mais arejado, o nível do campeonato paulista é muito maior, os times do interior são melhor estruturados e mais fortes e cumprem de maneira mais atuante o papel de formar jogadores para os times da capital e o Santos, da cidade de Santos. Para se ter um exemplo, o Guarani de Campinas já foi campeão do Brasileiro e o Bragantino, de Bragança Paulista, atual Red Bull primeiro time a se tornar SAF (Sociedade Anônima Futebol), no Brasil foi vice-campeão da Copa Sul Americana, do ano passado.

Como já disse, nada tira os méritos do Fluminense, campeão do Estado do Rio de Janeiro, versão 2022; não é um plantel milionário como o do Flamengo, mas muito bem treinado pelo experiente Abel Braga, curiosamente o técnico campeão do último título estadual do pó de arroz, em 2012, quando, também, levantou a taça do Brasileiro.

Parabéns ao Fluminense e que ao longo dos próximos 12 meses, lute para uma melhoria acentuada do combalido futebol do Estado do Rio de Janeiro.

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Mais uma vez o Botafogo é prejudicado acintosamente

quarta-feira, 30 de março de 2022

Alguém precisa informar a John Textor, investidor que comprou a SAF Botafogo (Sociedade Anônima Futebol Botafogo), que no combalido esporte bretão do Estado do Rio de Janeiro, não basta comprar jogadores, é preciso comprar sopradores de apito e a própria Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), para se ter alguma chance de ser campeão desse campeonatinho falido.

Alguém precisa informar a John Textor, investidor que comprou a SAF Botafogo (Sociedade Anônima Futebol Botafogo), que no combalido esporte bretão do Estado do Rio de Janeiro, não basta comprar jogadores, é preciso comprar sopradores de apito e a própria Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), para se ter alguma chance de ser campeão desse campeonatinho falido.

No último fim de semana, durante um almoço com meus colegas da faculdade de medicina, comentei que no jogo Botafogo x Fluminense, se o Fogão estivesse vencendo por dois gols de diferença, resultado que colocaria o time da estrela solitária na final contra o Flamengo, o juizeco do clássico entraria em cena. Não deu outra coisa, com o tempo regulamentar esgotado, ele inventou uma falta para o Fluminense que resultou no gol do tricolor. Deixou o jogo seguir e, imediatamente, marcou uma falta frontal a favor do Botafogo. Deve ter sido avisado pela alta direção da federação, pois encerrou o jogo antes da cobrança dessa penalidade. Pensou: e se acontecesse outro gol do Botafogo, o que arrebentaria com o esquema já, previamente, arranjado de ter um Fla X Flu, na finalíssima.

No primeiro jogo da semifinal, apesar de ter sido derrotado, o Botafogo já tinha jogado melhor e também foi prejudicado, ao não ter um pênalti claro ignorado pelo árbitro e acobertado pelo VAR cuja sigla deve significar “vigília a favor do roubo”. No jogo de domingo passado, o time da estrela solitária foi muito melhor em campo, prova disso que teve dois outros gols anulados, por impedimento. A favor do Fogão, o VAR não erra nunca. O técnico do pó de arroz já era vaiado pelos torcedores, vaia essa que aumentou após o segundo gol. Saiu envergonhado do campo, pois só com a ajuda extra campo, chegou a final.

Aliás, de bobo John Textor não tem nada, pois após o final da partida, disse que ano que vem o time da estrela solitária vai disputar o campeonato do Rio com o time B. Vai manter o time A em treinamento para a Copa do Brasil, o Brasileirão e um dos campeonatos da Conmebol (Confederação Sul Americana de Futebol), a Libertadores ou a Sul Americana. Não vale mais a pena expor o time principal ao ridículo de um campeonato deficitário e sem atrativos.

Mas, temos de ver sempre o lado bom das coisas. Afinal, o novo treinador do Botafogo, o português Luís Castro chegou hoje ao Brasil e poderá iniciar o seu trabalho, com dez dias de treinamento, ainda mais que são seis os novos contratados, muitos vindo da Europa e da Ásia, que chegaram com status de titulares. Vai ter de correr contra o tempo, pois a estreia será contra o Corinthians, em São Paulo. Aliás, ele foi eliminado hoje, das finais do campeonato paulista, esse um torneio muito mais interessante e com um nível técnico muito melhor, além de mais rentável.

Portanto, quando o Brasileirão começar todos os novos jogadores estarão regularizados e em condições de entrarem em campo, o que não aconteceria se tivéssemos chegado as finais do atual torneio que serão disputadas nesta quarta-feira, 30,  e no domingo que vem, 3 de abril.

De qualquer maneira, os jogadores e comissão técnica atual estão de parabéns, pois o time, em campo, nos dois últimos jogos honraram a camisa preta e branca do glorioso e se não foram adiante, deve-se aos acontecimentos extra campo já citados e que jogam lama num dos campeonatos que já foi um dos mais charmosos do país. É uma pena, mas cada povo tem aquilo que merece e para o que contribui.

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O preço da gasolina no Brasil

quarta-feira, 23 de março de 2022

Desde 2016, durante o governo do presidente Michel Temer, o valor cobrado pelos combustíveis no Brasil, seguiu o chamado “preços por paridade internacional” (PPI). De acordo com esse modelo, as refinarias da estatal vendem para as distribuidoras os derivados do petróleo como diesel, gasolina e gás liquefeito a um preço mais ou menos equivalente ao do mercado internacional. Isso porque o preço desses combustíveis acaba sendo definido pela cotação do barril de petróleo e pelo câmbio do dólar.

Desde 2016, durante o governo do presidente Michel Temer, o valor cobrado pelos combustíveis no Brasil, seguiu o chamado “preços por paridade internacional” (PPI). De acordo com esse modelo, as refinarias da estatal vendem para as distribuidoras os derivados do petróleo como diesel, gasolina e gás liquefeito a um preço mais ou menos equivalente ao do mercado internacional. Isso porque o preço desses combustíveis acaba sendo definido pela cotação do barril de petróleo e pelo câmbio do dólar. Assim, estamos atrelados ao valor desses dois referenciais e temos uma gasolina, hoje, sendo vendida, em média, a R$ 8, o litro.

Na Europa, o sistema funciona da mesma maneira, mas como existe uma paridade entre o valor do dólar e do euro, o referencial passa a ser o preço do petróleo internacional. O diferencial, e aí está o nó da questão é que lá, os aumentos são subsequentes, mas quando o barril de petróleo cai de preço, a diminuição do combustível é automática. Assim, se num dia o preço da gasolina está em 1,30 euros, no dia seguinte pode estar em 1,28 ou 1,32 euros dependendo do valor do chamado ouro negro. Esses preços são baseados na última viagem que fiz à França, em 2019. Aqui, quando há aumento do preço internacional do petróleo o preço da gasolina e derivados sobe, mas quando se dá o contrário, o reajuste para baixo inexiste.

Numa entrevista ao canal de televisão Jovem Pan, no Programa Pingo nos Is, o presidente da Petrobras, general Silva e Luna, disse que uma mudança na política de preços dos combustíveis adotados pela empresa, seria como mudar a lei da gravidade. Por ser uma companhia de capital aberto, ela precisa competir com outras empresas. Ele afirmou que depois de um processo de recuperação, em função do estrago nas finanças da empresa, provocados pelos sucessivos governos do PT, a Petrobras voltou a gerar lucros para o governo.

Segundo ele, o que se pode fazer para solucionar a alta dos preços, é o Governo Federal, como maior acionista, utilizar os royalties que recebe, para instituir políticas públicas. Outra solução seria a criação de um fundo, que ficaria a cargo do Congresso Nacional, tipo um subsídio, para minimizar esses aumentos, quando o petróleo e o dólar estivessem muito elevados.

O governo está com um pepino na mão, pois após dois anos de problemas econômicos em função da pandemia, sobrevém a guerra da Ucrânia, que é mais um complicador, em termos de estabilização econômica do país. E o que é pior, como a maior parte do transporte de cargas, no Brasil, está nas rodas do caminhão, e esse é movido a óleo diesel, qualquer aumento no combustível repercute no preço das mercadorias, o que aumenta a inflação.

Sendo a empresa de petróleo uma estatal de capital aberto, onde existem acionistas que empregam capital, visando lucro, tem que se de levar em conta, que o número de acionistas é muito menor do que o número de pessoas atingidas pelo preço dos combustíveis. Assim, seria de se esperar que esses acionistas em momentos pontuais, tivessem seus lucros diminuídos. Afinal, se em contrapartida houvesse um substancial declínio na venda desses combustíveis, por diminuição de consumo, esses lucros também seriam diminuídos. Uma mão lava a outra e no fim todos sairiam no lucro. Ou seja, seria justo que o sacrifício, em momentos de crise, deveria ser dividido por todos.

Não podemos esquecer, também, que na realidade, a Petrobras recebe apenas R$ 2,30 por litro (esse é o valor da gasolina, na refinaria, dito pelo general Silva e Luna). O restante são encargos, o pior deles o IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados. Recentemente o Congresso votou uma lei que equaliza, em todo Brasil, o valor do IPI, e num valor bem mais baixo que o atual. Aliás, seu custo é que nem o “samba do afro-brasileiro ensandecido” (anteriormente conhecido como samba do crioulo doido), pois gera preços muito disparatados, como no Acre em que o litro da gasolina custa o equivalente a R$ 11. Isso, certamente, vai contribuir para uma diminuição no preço dos combustíveis.

No entanto, governadores insatisfeitos com a perda de receita estadual, já pensam em recorrer ao STF, para que mais uma vez, esse se intrometa em assuntos que não lhe dizem respeito. Seria mais uma afronta à autonomia dos três poderes, caso a consulta seja aceita e o IPI volte aos valores iniciais.

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Carta ao Pai

quarta-feira, 16 de março de 2022

No último dia 8 os colegas ginasianos da turma de 1965, do Colégio São Bento, perderam seu grande amigo Alfredo Guarischi, uma das referências da cirurgia oncológica no Rio de janeiro e, sem modéstia, no Brasil. Compartilho nesta coluna uma mensagem escrita por sua filha, também médica, Jéssica Guarischi, uma emocionante despedida do pai.

No último dia 8 os colegas ginasianos da turma de 1965, do Colégio São Bento, perderam seu grande amigo Alfredo Guarischi, uma das referências da cirurgia oncológica no Rio de janeiro e, sem modéstia, no Brasil. Compartilho nesta coluna uma mensagem escrita por sua filha, também médica, Jéssica Guarischi, uma emocionante despedida do pai.

“Tudo começou com um caderno que resolvi comprar, escolhi a capa do Super-homem, pois sempre foi e será a maneira como te vejo. Queria escrever a jornada de sua internação contando todos os seus momentos de superação e de alguma maneira conversar com você através dele. Não esperava que o último capítulo seria escrito por mim. Ele estava ali, para você ler, reler e quem sabe, publicar um livro. Sempre achei que haveria mais um capítulo da sua história. Continuo acreditando porque nada se encerra por aqui.

Quem diria que você, nascido na Ribeira (Ilha do Governador, no Rio) em 23 de setembro de 1950 iria alcançar voos tão altos quanto a figura mítica de Ícaro. Como bom aluno do São Bento, sempre dedicado e com um livro na mão, começou sua vida médica na UFRJ, lá é sua casa onde até hoje permanece como professor voluntário pela gratidão de anos de conhecimento adquiridos. No primeiro dia de aula foi todo de branco com jaleco de manga curta recebendo o apelido de pipoqueiro.

Quantos residentes acolheu na sua equipe cirúrgica, recém-formados, mas que você viu o potencial e o mesmo brilho no olhar que sempre carregou. Foi rigoroso, mas incondicionalmente generoso; foram muitos que aprenderam e sofreram com você. Pai, professores temos muitos, mestres somente alguns. Considere-se um MESTRE.

Seguiu aprendendo e evoluindo em tantos outros hospitais, Moncorvo Filho, Souza Aguiar onde descobriu sua paixão pelo trauma, Hospital da Lagoa, Miguel Couto, Inca onde fundou um serviço. Dos particulares: São Lucas, Pro cardíaco, Samaritano, Hospital do Câncer e Rede D’or se consagrou e foi abraçado pela rede levando um dos seus maiores projetos: capacitar profissionais para lidar com adversidades, entender o que são não conformidades, identificar o erro e mostrar que o verdadeiro trabalho depende de uma EQUIPE multidisciplinar, cada profissional é importante no ato de cuidar do paciente. Como você já me falou “Filha, o paciente tem a cara de quem o cuida“.

No trabalho na polícia, você desaguou seu espirito de combate que adquiriu nos anos de trauma, mas foi além: você humanizou as relações.  Participou da invasão do Complexo do Alemão e ali você virou um combatente. “Ninguém fica para trás” e “Força e honra“ lemas que aprendeu com eles e aplicava na sua vida.

Na escrita, encontrou a voz que muitas vezes estava engasgada em sua garganta. Aprendemos muito com seus textos; quando solicitadas, eu e Simone fazíamos as revisões com carinho, porque sempre entendemos que aquilo também era uma maneira de permitir o aprendizado dos demais. Pai você é um artista.

Sua capacidade de humanizar questões tão sensíveis vai além de sua habilidade técnica. A maneira que sempre tratou seus pacientes, suas consultas duravam três, às vezes quatro horas. Sempre saindo do atendimento sabendo e conhecendo-os a fundo.  Nome da mãe, nome do pai, suas angústias e frustrações, seus anseios e principalmente seus medos. Pai, saiba que isso é um dom: o dom de ouvir.

Você pode ter certeza que muitos daqueles viraram seus amigos. Você resgatou famílias despedaçadas, trouxe acolhimento e cuidou de cada membro que também estava sofrendo pelo ente querido. Você sempre me falou: “Não existe o melhor médico do mundo, o que existe é o melhor médico para aquele paciente”, “Você não está tratando uma doença, você está tratando uma pessoa que tem família, lembre-se disso” e “Nunca tire a esperança de um paciente. Ali você tira a sua vida“.

Você conferia de maneira xiita cada exame, prescrições, ligava para patologistas para discutir os casos, corria para o hospital de madrugada para reavaliar pacientes de maneira canina. Pai, isso é compromisso.

Quando resolvi ser médica a primeira frase que me disse foi: “Medicina é compromisso, não quero médico medíocre na família”. Tenho tantas lembranças com você, você não imagina...

Em 2019 quando eu era R1 (Residência 1), no Dia dos Pais, estava de plantão. Sabia que não poderia estar contigo, mas lá foi você até o Pedro Ernesto, me acompanhar na visita aos MEUS pacientes e celebrar o SEU dia. Não me esqueço da frase: “Esse foi o melhor dia dos pais que tive”. Pai, foi através de pequenos exemplos seus que aprendi o que é amar o que fazemos. Inquieto, incansável, briguento e por muitos, incompreendido, mas sempre ético, firme, honesto.  Todas as brigas se tornaram pequenas depois que conheci e reconheci quem era o Dr. ALFREDO GUARISCHI, o meu PAI. Você me ensinou que vencer é nunca desistir. Vencer é lutar.

E você lutou, lutou muito pelos seus valores, pela sua ética, pelos pacientes, pela sua felicidade em ser médico e pela sua vida. A cavalaria branca entrou pela porta da frente deu tudo de si, o impossível foi feito. Pai, você foi tratado pelos melhores, por aqueles que ESCOLHEU com carinho e sobretudo DIGNIDADE. Hoje, eu perdi meu grande mestre, professor, meu amigo, meu amado pai. Você deixará um vazio e dor em todos aqueles que tocou a vida e alma. Sua perda é irreparável. Seguirei COM SEU LEGADO honrando sua trajetória e ancestralidade. EU SOU UMA GUARISCHI.

Me acompanhe, voe e voe alto , nos acompanhe aqui. Meu Guerreiro, vá e vença. EU TE AMO PAPAI”. Por sua eterna samurai Jessica Guarischi.

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A luta de David contra Golias

quarta-feira, 09 de março de 2022

A história do mundo está cheia de lutas entre David contra Golias e nem sempre se tem o final bíblico de um gigante sair derrotado. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um absurdo, levando-se em conta a desproporção de forças entre os dois países e os motivos que levaram o país vermelho a invadir sua ex-colônia. Sim, porque quando existia a antiga URSS (união das repúblicas socialistas soviéticas), a Ucrânia pertencia ao grupo dos países da, então, cortina de ferro.

A história do mundo está cheia de lutas entre David contra Golias e nem sempre se tem o final bíblico de um gigante sair derrotado. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um absurdo, levando-se em conta a desproporção de forças entre os dois países e os motivos que levaram o país vermelho a invadir sua ex-colônia. Sim, porque quando existia a antiga URSS (união das repúblicas socialistas soviéticas), a Ucrânia pertencia ao grupo dos países da, então, cortina de ferro. Aliás, tenho alguma ligação com esse país, pois meu avô paterno nasceu na Polônia, na parte que era dominada pela Rússia, na cidade de Lviv. No século 19, Catarina, imperatriz russa, tinha dividido a Polônia em três partes; uma pertencia à Rússia, a outra ao ex-império Austro Húngaro e uma parte à Prússia, atual Alemanha.

A desculpa para a atual invasão é o fato do governo ucraniano estar tentando se aliar à OTAN (Tratado de Aliança do Atlântico Norte), criado após o término da segunda grande guerra. Se os ucranianos já fizessem parte da OTAN, os russos não declarariam a guerra, pois reza o tratado que se um país membro for invadido, os outros partem em seu socorro. No entanto, o ódio dos russos contra o povo ucraniano é antigo. Na época do sanguinário Stalin, para acabar com o país, ele decretou um cerco, o Holodomor, ou Fome-Terror, ou mesmo Grande Fome, que foi uma crise generalizada de fome que atingiu a Ucrânia durante o regime comunista soviético liderado desde 1922 por Joseph Stalin (1878-1953). O nome vem das palavras em ucraniano "holod" (fome) e "mor" (praga ou morte).

Alguns historiadores, como Timothy Snyder, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que fez uma extensa pesquisa na Ucrânia, estimam o número de mortos em cerca de 3,3 milhões. Outros dizem que o número foi muito maior. Qualquer que ele seja é um trauma que deixou uma ferida profunda e duradoura nessa nação de 44 milhões de habitantes. Daí a disposição do povo de defender seu país com unhas e dentes; mesmo com a desproporcional disposição de forças entre os dois países, os ucranianos vão vender caro a sua vida e lutarão até a última gota de sangue. Por isso, todo o trabalho envolvido na defesa da capital; o entendimento é que se essa cair, o país voltará a ser um satélite russo. Tanto isso é verdade, que um cessar fogo, para a criação de um corredor humanitário que permita a saída dos civis, só será permitido pelo invasor, se a população ucraniana for ou para a Belarus (outro país que voltou para a influência dos comunistas) ou para a própria Rússia.

Fora as riquezas de seu subsolo, a Ucrânia representa, no momento, um tampão entre as forças da OTAN (papel esse ocupado anteriormente pela Polônia) e a Rússia, daí ser um ponto estratégico e forçar o presidente russo Putin a colocar em risco toda a paz mundial. Creio não haver dúvidas de que se o país vermelho se sentira acuado, não hesitará em lançar mão de seu arsenal nuclear, o que desencadearia uma guerra nuclear com todas as suas nefastas consequências.

O povo russo é mau, o que é comprovado por uma ação, cuja intenção principal, é destruir um povo e seu país, abrindo portas para uma ocupação total do inimigo, com a anexação de usinas nucleares, reservas de petróleo, e o que de mais for importante. Aqui, os fins justificam os meios doa a quem doer. Portanto, até a Batalha de Kiev, muitas atrocidades serão vistas ao vivo e as cores, pelas reportagens televisivas do mundo inteiro. Ávida por parar com o prato cheio que dominou a mídia, nos últimos dois anos, a pandemia da Covid, ela encontrou nessa guerra um novo pote de mel.

E pensar que é nesse regime vermelho, cor de sangue, que uns idiotas das terras tupiniquins sonham em ver implantado por aqui. Um ditador, com um poder extraordinário, mantido por magnatas que se aproveitam desse poderio e vivem nababescamente. Mas, o estrangulamento econômico que o ocidente tenta impor aos russos, pode ter algum efeito caso esses magnatas vislumbrem uma perda importante de ganhos. O rublo, moeda russa, já se desvalorizou cerca de 30% e a população começa a sentir os efeitos de um desabastecimento, o que pode impopularizar Putin.

Até agora, infelizmente, o que parece é que o ocidente se curvou ao poderio russo.

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É preciso profissionalizar algumas secretarias

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

É preciso que as administrações municipais profissionalizem seus indicados para cargos comissionados, para que decisões tomadas, impactando a vida de muitas pessoas, não seja uma complicação a mais. Quando o assunto é trânsito, então, a situação é mais delicada por ter consequências sérias, em caso de acidentes. Podemos citar como exemplo a Rua Pastor Meyer, atrás do restaurante Esquina Dois, no Paissandu, e que já teve o seu sentido alterado várias vezes, confundindo muito a cabeça de motoristas e pedestres.

É preciso que as administrações municipais profissionalizem seus indicados para cargos comissionados, para que decisões tomadas, impactando a vida de muitas pessoas, não seja uma complicação a mais. Quando o assunto é trânsito, então, a situação é mais delicada por ter consequências sérias, em caso de acidentes. Podemos citar como exemplo a Rua Pastor Meyer, atrás do restaurante Esquina Dois, no Paissandu, e que já teve o seu sentido alterado várias vezes, confundindo muito a cabeça de motoristas e pedestres.

Acho que o responsável pela Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) acorda e pensa: se os carros ao invés de seguirem em frente, dobrarem à direita da Igreja Luterana, será melhor para desafogar o trânsito do Paissandu. Meses depois chega à conclusão que não é bem assim e inverte o sentido da rua novamente voltando ao que era antes. O problema é que a circulação de veículos pelo Paissandu é muito mais complexa do que se pensa.

No bairro Cônego aconteceu a mesma coisa, agravado pelo interesse de prefeitos anteriores, na construção de um condomínio com 50 casas, o César Guinle, que é um desafio à lógica. Destaca-se que a famosa proteção ambiental que é exigida nesse tipo de empreendimento, foi uma piada de mau gosto, acobertada pelo órgão responsável para salvaguarda do meio ambiente. Em seguida, para facilitar o acesso dos moradores, alteraram a mão de duas ruas, a Presidente Kennedy que de mão dupla passou a ter o trânsito em direção à Via Expressa e a Clóvis Bevilaqua que passou a receber o fluxo de carros que entram no bairro, passando pelo Pavilhão das Artes.

A coisa se complica porque quem vem pela Clóvis Bevilaqua pode seguir três direções, uma à direita indo para a Praça de Sant´Anna, à esquerda para a Rua Barão de Lucena ou, em frente, para a Rua D.João VI. Como a placa de “Pare” da Rua D.João VI foi substituída pela placa do triângulo vermelho, que muita gente desconhece o significado e que é para alertar que a preferencial não é a sua, a circulação nessas vias passou a ser de risco, com possibilidade de colisões. Ainda mais que uma casa de esquina, com o seu muro, impede a visão de quem trafega pela Clóvis Beviláqua e tem de dobrar à esquerda.

Sem falar o poste de luz que, no meio da curva, ficou fora do calçamento. Se as mãos dessa via e a da Kennedy fossem invertidas, como era antigamente, seria muito menos perigoso. Mas, a entrada e saída dos moradores dessas 50 casas seria “prejudicada”.

O mesmo aconteceu na saída do edifício Garagem, na Rua Professor Menezes Vanderley, no Centro. Por causa de um colégio nessa rua, inverteram a sua mão e obrigaram seus moradores a acessarem a Avenida Comte Bittencourt, que margeia o Rio Bengalas, e dar uma volta muito grande, se quiserem passar para o outro lado do rio, ou seguirem em direção à Avenida Alberto Braune. Todos têm de retornar pela Rua Dante Laginestra virar à direita na praça e seguir pela avenida principal da cidade ou dobrar na Rua Augusto Cardoso. Na hora do rush, esse trajeto é complicado.

Trânsito é uma coisa séria, tanto é assim que as administrações passadas nunca deram solução para o grande nó dessa cidade que é a Praça Marcílio Dias. Claro que ao aumentar a sua dimensão que passou de um pequeno quadrado para um grande círculo, o prefeito Heródoto Bento de Melo deve ter se preocupado com o fator paisagismo, jamais com a futura expansão da cidade e seu trânsito. Mas, quadrada ou redonda, a circulação continuaria a ser o caos nosso de todo dia.

Nova Friburgo em 50 anos viu sua população aumentar cerca de duas vezes e meia, passando de 80 mil habitantes para os quase 200 mil de hoje. E, ao que me lembre a única obra de porte concluída nesse meio século foi a Via Expressa, iniciada no mandato do ex-prefeito Alencar Pires Barroso e concluída por Paulo Azevedo. Nosso material rodante triplicou e as nossas vias são as mesmas de sempre. É preciso, com urgência, repensar o trânsito da cidade, mas com pessoas que entendam do riscado.

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Oito dias em Bonito, um pedaço do paraíso no Brasil

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Na semana passada, mais precisamente no dia 7, foi meu aniversário e aproveitei para celebrar a nova idade com uma viagem. Mesmo com a variante Ômicron comendo solta e a velha mídia com seu filão inesgotável, o que não falta é a publicação diária do número de novos casos e do aumento da mortalidade.

Na semana passada, mais precisamente no dia 7, foi meu aniversário e aproveitei para celebrar a nova idade com uma viagem. Mesmo com a variante Ômicron comendo solta e a velha mídia com seu filão inesgotável, o que não falta é a publicação diária do número de novos casos e do aumento da mortalidade. Mesmo assim, para não endoidar e tendo em mente que as medidas preventivas são indispensáveis (uso de máscara, higienização constante das mãos com água e sabão ou com álcool gel, evitar ambientes fechados e manter distância de pelo menos um metro e meio da pessoa que esteja na nossa frente), me dei de presente oito dias em Bonito, no Mato Grosso do Sul, local que ainda não conhecia. Na realidade bonito é um adjetivo pequeno para chamar esse pedaço de paraíso perdido no Brasil.

Para quem gosta de curtir caminhadas, banhos de rio, lagoa ou cachoeiras, ou seja, curtir a natureza, Bonito é uma excelente pedida. Só que aqui estamos falando de água doce, mas se você gosta de mar, outro paraíso perdido no Brasil é a ilha de Fernando de Noronha. Também um passeio inesquecível. Prepare o bolso, pois ambos são caros, porém vale a pena, principalmente se deixarmos em casa computadores, tabletes e qualquer coisa que nos mantenha conectados, exceto o celular e, somente, para uma urgência.

Pode-se chegar ao destino de duas maneiras, um voo do Rio até São Paulo, de São Paulo até Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul. De lá até o nosso destino são quatro horas e meia de ônibus ou carro, numa estrada muito boa. A outra alternativa é um voo direto de Campinas ou São Paulo para Bonito. O único problema é que esses voos não são diários. Mas, é bem menos cansativo. Por exemplo, na nossa volta foram 11 horas de viagem incluindo o tempo gasto no avião, na espera em aeroportos e no retorno para Friburgo.

A cidade tem (números de 2021) 22.421 habitantes e é uma estância turística, além de ter uma agropecuária em expansão. Por isso, reúne vários hotéis, pousadas e resorts, sendo que esses tem o inconveniente de ficarem distantes do centro da cidade. O que eu fiquei, o Zagaia, dista quatro quilômetros da Praça da Liberdade, que é a principal de Bonito. Como municípios com menos de 30 mil habitantes não tem Uber, para ir ao centro, só de táxi. Vários restaurantes, cujo cardápio principal é o peixe, com destaque para o pintado, o dourado, a tilápia e o tambaqui. Muito apreciada é a sopa de piranha, servida no restaurante Casa do João, próximo à praça; dizem os locais que ali se come melhor do que na Casa do Peixe, em Campo Grande e que já tem mais de 40 anos de fundada. Essa eu conheço, pois almocei ali pouco depois da sua fundação. É uma ótima pedida para quem pernoita na capital do estado.

Vale a pena pegar o táxi e conhecer a cidade, o comércio é bem variado. A loja (DiBonito Cachaça) que vende cachaça produzida no local e com sabores da região é uma boa pedida. Outra visita que vale a pena é a Casa do Vidro, especializada em objetos de vidro, o mais interessante, reciclados. São lustres, copos, jarros, vasos, abajures etc.

Por fim, os passeios de Bonito que, segundo um dos guias locais, são aproximadamente 60, eu listei os dez melhores, dos quais fiz três, a saber: Gruta do Lago Azul, em que se desce 280 degraus e chega-se a um lago de águas azul turquesa. Essa coloração e transparência da água acontecem devido à ação de minerais, principalmente o calcário no fundo do lago e da incidência do sol iluminando o interior dela; Gruta de São Mateus que curiosamente é em cima da montanha, mas de uma exuberância sem igual, no que diz respeito a estalactites e estalagmites. Estalactites são formações pontiagudas que partem do teto e estalagmites são as formações pontiagudas que partem do solo. Elas são espeleotemas, isto é, se formam através do gotejamento de água pelas fendas das paredes das cavernas de rocha calcária. E também a Fazenda Mimosa, na serra da Bodoquena, com trilhas e nove cachoeiras, todas aptas ao banho.

Tem ainda o Recanto Ecológico Rio da Prata, em que se vê o fundo do rio com uma variedade de peixes; Rota Ibirá Pe, com seu passeio de caiaque pelo Rio Formoso; Parque Ecológico Rio Formoso; Lagoa Misteriosa nome popular de uma caverna alagada com cerca de 220 metros de profundidade e onde também se pratica mergulhos com snorkel; Cachoeiras da Boca da Onça, também com trilha na serra da Bodoquena e o passeio em quadriciclo no Pantanal. Em todos, vemos uma diversidade de pássaros e peixes, além de macacos, jacarés e mosquitos. Por isso, repelente é um acompanhante indispensável.

Bonito vale a pena ser visitado.

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Presidente da República não comparece a depoimento na Polícia Federal

quarta-feira, 02 de fevereiro de 2022

Na última sexta feira, 28 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro foi intimado por Alexandre de Moraes, um dos 11 componentes do STF, a comparecer na sede da Polícia Federal, em Brasília, para depor sobre o vazamento dos resultados de um inquérito do ataque hacker contra computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); esse inquérito estava sob sigilo de justiça. Os documentos foram divulgados pelo presidente, em agosto de 2021, pelas redes sociais.

Na última sexta feira, 28 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro foi intimado por Alexandre de Moraes, um dos 11 componentes do STF, a comparecer na sede da Polícia Federal, em Brasília, para depor sobre o vazamento dos resultados de um inquérito do ataque hacker contra computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); esse inquérito estava sob sigilo de justiça. Os documentos foram divulgados pelo presidente, em agosto de 2021, pelas redes sociais. Ele não compareceu a tal intimação, mas foi respaldado por um recurso de anulação da oitiva, interposto pela AGU (Advocacia Geral da União).

O que parece é que Alexandre de Moraes está querendo aparecer, além de caracterizar abuso de autoridade, na tentativa de desmoralizar o chefe da nação, expondo-o ao constrangimento de ser fotografado ao entrar na sede da PF. Bastaria a permissão para que tal inquisição fosse feita por escrito, para que todo esse imbróglio fosse cessado. Mas aí, a vontade de denegrir Bolsonaro não teria o mesmo impacto. Aliás, a Constituição Brasileira de 1988 diz no seu artigo 5° e no inciso 63: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

Reza no código penal brasileiro em seu artigo 186: Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela lei 10.792, de 1º/12/2003)

Vejamos agora as opiniões de alguns advogados sobre o assunto: O professor de Direto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Georges Abboud explicou, na sexta-feira, 28, em entrevista à CNN, que o presidente Jair Bolsonaro (PL), não cometeu crime ao se recusar a prestar depoimento à PF. O plenário do Supremo em 2018 considerou o interrogatório um direito da defesa, no caso, um direito do acusado ou do investigado. Se ele se recusa a prestar um depoimento, tecnicamente, o STF não pode usar do poder coercitivo do estado para que ele vá lá'”, explica Abboud. “Nesse cenário, se a pessoa se recusa a exercer um direito, tecnicamente ela não comete um crime”.

No Poder 360, Eduardo Ubaldo Barbosa, especialista em Direito Constitucional, diz que o não comparecimento não representa descumprimento de decisão judicial, já que o presidente pode recorrer contra a ordem de Moraes. “Há a informação de que ele recorrerá. Ainda que o agravo ao Pleno do STF não tenha efeito suspensivo, Bolsonaro está atacando a decisão pelas vias recursais. É do jogo. Judicialmente, sim, ele pode faltar, ainda que politicamente seja péssimo”. Ainda no Poder 360 a criminalista Mariana Madeira disse: “Eu entendo que o presidente, por figurar como investigado no inquérito em questão, não é obrigado a depor ou comparecer ao ato. Acredito que o não comparecimento hoje resultará nessa interpretação”.

A constitucionalista Vera Chemim concordou. Ela explica, no entanto, que há consequências “excepcionalíssimas” que podem levar à condução coercitiva do presidente.  Para ela, a previsão não deve ser aplicada ao caso de Bolsonaro.

Na realidade, essa pinimba entre Moraes e Bolsonaro remonta ao início do mandato presidencial, quando a indicação de Alexandre Ramagen para diretor da PF foi vetada por Alexandre, que mais uma vez desconheceu à Constituição Federal que reza ser tal indicação uma prerrogativa do presidente da República. Tivesse Bolsonaro mantido a nomeação, teria dado um basta na empáfia de Alexandre de Moraes.

Isso é tão verdadeiro que o ex-presidente da República, Michel Temer, afirmou em entrevista ao Jornal da Record, em 29/04/2020, que o presidente Jair Bolsonaro tem garantido pela Constituição, o direito de nomear o diretor da Polícia Federal, ou qualquer cargo público federal.

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