O Botafogo vai de mal a pior

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Passada a fase da euforia com a instalação da SAF Botafogo, quando o estado pré-falimentar do clube Botafogo de Futebol e Regatas foi afastada, já que o investidor John Textor assumiu essa dívida, parece que as coisas voltaram à estaca zero. O pomposo nome de Sociedade Anônima Futebol foi substituído por Sociedade Arquitetada do Fracasso. Aliás, a receita é simples. Assume um estrangeiro que não conhece nada do futebol brasileiro, que nem fala a língua do país, contrata-se um técnico estrangeiro, sem nenhuma expressão no futebol europeu, teimoso e presunçoso e que também desconhece a mecânica do futebol nacional e temos a receita ideal para a vaca ir para o brejo. E acreditem, está indo.

A campanha do Botafogo, no atual campeonato brasileiro, é digna dos melhores momentos que o levaram para a Série B por três vezes, rebaixado que foi em 2002, 2014 e 2020. Disputadas 24 rodadas do atual campeonato, num total de 38, o glorioso encontra-se em 14º lugar, com 27 pontos, há dois do primeiro time do Z4 que é o Cuiabá com 25, além do Avaí, Atlético Goianiense e Juventude. Nas últimas cinco rodadas, contando com a que se encerrou na última segunda feira 29, o time da estrela solitária teve duas derrotas para o Corinthians e o Flamengo e três empates para Atlético Goianiense, Juventude e Ceará. Anteriormente, já tinha sido derrotado pelo Avaí, que hoje encontra-se na zona da degola. Ou seja, perdeu pontos para todos os clubes que vão mal na atual edição do Brasileirão.

Infelizmente, John Textor escolheu um técnico totalmente despreparado para treinar uma equipe de ponta no Brasil. Desde que assumiu o comando do Fogão foi incapaz de implantar um esquema de jogo e, o que vemos, é um bando de jogadores correndo atrás da bola, como um típico jogo de pelada, aliás tem jogos de pelada que são muito mais interessantes de se assistir. Não existe aproximação entre as três linhas que compõe uma equipe, defesa, meio do campo e ataque e o Botafogo tem uma das defesas mais vazadas do campeonato, assim como um ataque dos menos operantes. Traduzindo em números, são 22 gols marcados e 29 sofridos, com um saldo negativo de sete. Se já se passaram 24 rodadas isso significa mais de um gol sofrido e menos de um marcado, por rodada.

John Textor declarou que não pretende mudar Luís Castro, pois confia no seu trabalho e que 2022 é esperado ser um ano de transição, para que os frutos comecem a serem colhidos em 2023. Disse ainda que a folha de pagamento atual é de R$ 130 milhões por ano, ou seja, quase R$ 11 milhões por mês. Antes gastássemos menos e tivéssemos um time mais entrosado e melhor treinado, pois bons treinadores não faltam no Brasil. Não nos esqueçamos de Enderson Moreira que tirou o Botafogo da segundona, em 2021, e ainda conquistou o título de campeão daquele torneio. Tivesse ele nas mãos os jogadores atuais, com certeza estaria disputando, pelo menos, uma vaga para a copa Sul Americana.

Montar um time em plena competição é muito difícil, pois os jogadores continuam a serem contratados, a maioria vindo de fora, e em níveis diferentes de preparação. Aliás, como tudo que funciona em equipe, entrosamento só acontece com o tempo e muito treinamento.

Faltam ainda 15 rodadas para o término do atual campeonato, 45 pontos a serem disputados. O problema é que os da ponta como o Palmeiras já somam mais do que isso, pois tem 50 e o Flamengo vem logo atrás com 43. O Botafogo empacou nos 27, será que ainda tem jeito ou vamos amargar mais uma segundona, agora com um plantel mais caro. Ou será que o nosso mecenas abandona o barco antes disso?

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