Blog de maxwolosker_18841

A federação está contente, um dos seus escolhidos é o campeão

quarta-feira, 06 de abril de 2022

Com o título ganho no último sábado, 2, o Fluminense tirou o sonho do Flamengo de se tornar tetra campeão do Estado do Rio de Janeiro. Com os títulos de 1932, 1933, 1934 e 1935 esta primazia pertence ao Botafogo, o que vai continuar assim, por muito tempo mais. Nos dias de hoje é muito difícil um clube se manter no topo, por quatro anos seguidos, em campeonatos tão competitivos como os de hoje. O Fluminense tem também um tetracampeonato, em 1906, 1907, 1908 e 1909, mas da época do amadorismo, no Estado.

Com o título ganho no último sábado, 2, o Fluminense tirou o sonho do Flamengo de se tornar tetra campeão do Estado do Rio de Janeiro. Com os títulos de 1932, 1933, 1934 e 1935 esta primazia pertence ao Botafogo, o que vai continuar assim, por muito tempo mais. Nos dias de hoje é muito difícil um clube se manter no topo, por quatro anos seguidos, em campeonatos tão competitivos como os de hoje. O Fluminense tem também um tetracampeonato, em 1906, 1907, 1908 e 1909, mas da época do amadorismo, no Estado.

Que o Fluminense tem méritos, ninguém duvida, mas as cartas já estavam marcadas desde o início do certame, para que Flamengo e Fluminense fossem os finalistas. Afinal das contas, o futebol de hoje em dia é feito de números e sendo a final um Fla X Flu, a percentagem que entraria nos cofres da federação estaria garantida. Mesmo que o campeonato seja deficitário, os dois jogos das finais compensariam os prejuízos ao longo da competição, se é que os cartolas da entidade máxima do futebol do Rio de Janeiro tenham prejuízo. É a mesma situação de quando uma firma entra em falência, pois quem vai falir é a firma, jamais o dono ou donos.

É claro que o tricolor mereceu esse título, pois dos 32 pontos disputados na Taça Guanabara, o tricolor das Laranjeiras conquistou 28, dois a mais que seu rival Flamengo, com 26. No turno final, dos 12 pontos em disputa, ganhou nove ficando à frente do vice por três pontos. Por falar em vice, o rubro negro da Gávea está se especializando em chegar em segundo lugar. De dezembro do ano passado até o último fim de semana, foram cinco vices campeonatos, a saber em 2021 vice da Libertadores e do Brasileirão, em 2022 vice da Super Copa, da Taça Guanabara e do Carioca. Na atualidade, tem mais vices do que seu rival Vasco da Gama.

O que entristece e torna o campeonato do Rio de Janeiro ridículo e sem credibilidade é que muitos jogos são “arranjados” nos bastidores, fazendo com que o público se afaste da maioria deles, todos deficitários. Só os clássicos, em função da rivalidade presente, escapam do vermelho. Os jogos entre os times pequenos, verdadeiros participantes e, nada mais, são acompanhados por menos de 200 “testemunhas”. São times montados para disputar o campeonato do estado e garantir os votos para que os dirigentes da federação se perpetuem no poder. Num tempo já distante os clubes grandes, que detêm o maior número de campeonatos, o Flamengo levantou a taça por 37 vezes, o Fluminense por 32, Vasco da Gama foi campeão em 24 ocasiões e o Botafogo em 21 tinham um percentual no total de votos na entidade máxima, do futebol do Rio.

Como eram eles que mandavam, espertamente, um dirigente o famoso Caixa D´água (Eduardo Viana), em 2006 mudou as regras e a atual, regida pela Lei Pelé, determina que a diferença entre os pesos dos votos dentro das federações não tenha uma proporção maior que seis para um. Na Ferj, por exemplo, a divisão é a seguinte: seis votos para times de série A, quatro para times de série B, dois para times de série C e um para os demais times amadores e ligas. Ou seja, o poder dos grandes foi diluído e até times amadores e ligas, muitas vezes fantasmas, influem na eleição do dirigente máximo da entidade. E haja promessas por debaixo dos panos.

Em São Paulo, onde impera um profissionalismo mais arejado, o nível do campeonato paulista é muito maior, os times do interior são melhor estruturados e mais fortes e cumprem de maneira mais atuante o papel de formar jogadores para os times da capital e o Santos, da cidade de Santos. Para se ter um exemplo, o Guarani de Campinas já foi campeão do Brasileiro e o Bragantino, de Bragança Paulista, atual Red Bull primeiro time a se tornar SAF (Sociedade Anônima Futebol), no Brasil foi vice-campeão da Copa Sul Americana, do ano passado.

Como já disse, nada tira os méritos do Fluminense, campeão do Estado do Rio de Janeiro, versão 2022; não é um plantel milionário como o do Flamengo, mas muito bem treinado pelo experiente Abel Braga, curiosamente o técnico campeão do último título estadual do pó de arroz, em 2012, quando, também, levantou a taça do Brasileiro.

Parabéns ao Fluminense e que ao longo dos próximos 12 meses, lute para uma melhoria acentuada do combalido futebol do Estado do Rio de Janeiro.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Mais uma vez o Botafogo é prejudicado acintosamente

quarta-feira, 30 de março de 2022

Alguém precisa informar a John Textor, investidor que comprou a SAF Botafogo (Sociedade Anônima Futebol Botafogo), que no combalido esporte bretão do Estado do Rio de Janeiro, não basta comprar jogadores, é preciso comprar sopradores de apito e a própria Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), para se ter alguma chance de ser campeão desse campeonatinho falido.

Alguém precisa informar a John Textor, investidor que comprou a SAF Botafogo (Sociedade Anônima Futebol Botafogo), que no combalido esporte bretão do Estado do Rio de Janeiro, não basta comprar jogadores, é preciso comprar sopradores de apito e a própria Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro), para se ter alguma chance de ser campeão desse campeonatinho falido.

No último fim de semana, durante um almoço com meus colegas da faculdade de medicina, comentei que no jogo Botafogo x Fluminense, se o Fogão estivesse vencendo por dois gols de diferença, resultado que colocaria o time da estrela solitária na final contra o Flamengo, o juizeco do clássico entraria em cena. Não deu outra coisa, com o tempo regulamentar esgotado, ele inventou uma falta para o Fluminense que resultou no gol do tricolor. Deixou o jogo seguir e, imediatamente, marcou uma falta frontal a favor do Botafogo. Deve ter sido avisado pela alta direção da federação, pois encerrou o jogo antes da cobrança dessa penalidade. Pensou: e se acontecesse outro gol do Botafogo, o que arrebentaria com o esquema já, previamente, arranjado de ter um Fla X Flu, na finalíssima.

No primeiro jogo da semifinal, apesar de ter sido derrotado, o Botafogo já tinha jogado melhor e também foi prejudicado, ao não ter um pênalti claro ignorado pelo árbitro e acobertado pelo VAR cuja sigla deve significar “vigília a favor do roubo”. No jogo de domingo passado, o time da estrela solitária foi muito melhor em campo, prova disso que teve dois outros gols anulados, por impedimento. A favor do Fogão, o VAR não erra nunca. O técnico do pó de arroz já era vaiado pelos torcedores, vaia essa que aumentou após o segundo gol. Saiu envergonhado do campo, pois só com a ajuda extra campo, chegou a final.

Aliás, de bobo John Textor não tem nada, pois após o final da partida, disse que ano que vem o time da estrela solitária vai disputar o campeonato do Rio com o time B. Vai manter o time A em treinamento para a Copa do Brasil, o Brasileirão e um dos campeonatos da Conmebol (Confederação Sul Americana de Futebol), a Libertadores ou a Sul Americana. Não vale mais a pena expor o time principal ao ridículo de um campeonato deficitário e sem atrativos.

Mas, temos de ver sempre o lado bom das coisas. Afinal, o novo treinador do Botafogo, o português Luís Castro chegou hoje ao Brasil e poderá iniciar o seu trabalho, com dez dias de treinamento, ainda mais que são seis os novos contratados, muitos vindo da Europa e da Ásia, que chegaram com status de titulares. Vai ter de correr contra o tempo, pois a estreia será contra o Corinthians, em São Paulo. Aliás, ele foi eliminado hoje, das finais do campeonato paulista, esse um torneio muito mais interessante e com um nível técnico muito melhor, além de mais rentável.

Portanto, quando o Brasileirão começar todos os novos jogadores estarão regularizados e em condições de entrarem em campo, o que não aconteceria se tivéssemos chegado as finais do atual torneio que serão disputadas nesta quarta-feira, 30,  e no domingo que vem, 3 de abril.

De qualquer maneira, os jogadores e comissão técnica atual estão de parabéns, pois o time, em campo, nos dois últimos jogos honraram a camisa preta e branca do glorioso e se não foram adiante, deve-se aos acontecimentos extra campo já citados e que jogam lama num dos campeonatos que já foi um dos mais charmosos do país. É uma pena, mas cada povo tem aquilo que merece e para o que contribui.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

O preço da gasolina no Brasil

quarta-feira, 23 de março de 2022

Desde 2016, durante o governo do presidente Michel Temer, o valor cobrado pelos combustíveis no Brasil, seguiu o chamado “preços por paridade internacional” (PPI). De acordo com esse modelo, as refinarias da estatal vendem para as distribuidoras os derivados do petróleo como diesel, gasolina e gás liquefeito a um preço mais ou menos equivalente ao do mercado internacional. Isso porque o preço desses combustíveis acaba sendo definido pela cotação do barril de petróleo e pelo câmbio do dólar.

Desde 2016, durante o governo do presidente Michel Temer, o valor cobrado pelos combustíveis no Brasil, seguiu o chamado “preços por paridade internacional” (PPI). De acordo com esse modelo, as refinarias da estatal vendem para as distribuidoras os derivados do petróleo como diesel, gasolina e gás liquefeito a um preço mais ou menos equivalente ao do mercado internacional. Isso porque o preço desses combustíveis acaba sendo definido pela cotação do barril de petróleo e pelo câmbio do dólar. Assim, estamos atrelados ao valor desses dois referenciais e temos uma gasolina, hoje, sendo vendida, em média, a R$ 8, o litro.

Na Europa, o sistema funciona da mesma maneira, mas como existe uma paridade entre o valor do dólar e do euro, o referencial passa a ser o preço do petróleo internacional. O diferencial, e aí está o nó da questão é que lá, os aumentos são subsequentes, mas quando o barril de petróleo cai de preço, a diminuição do combustível é automática. Assim, se num dia o preço da gasolina está em 1,30 euros, no dia seguinte pode estar em 1,28 ou 1,32 euros dependendo do valor do chamado ouro negro. Esses preços são baseados na última viagem que fiz à França, em 2019. Aqui, quando há aumento do preço internacional do petróleo o preço da gasolina e derivados sobe, mas quando se dá o contrário, o reajuste para baixo inexiste.

Numa entrevista ao canal de televisão Jovem Pan, no Programa Pingo nos Is, o presidente da Petrobras, general Silva e Luna, disse que uma mudança na política de preços dos combustíveis adotados pela empresa, seria como mudar a lei da gravidade. Por ser uma companhia de capital aberto, ela precisa competir com outras empresas. Ele afirmou que depois de um processo de recuperação, em função do estrago nas finanças da empresa, provocados pelos sucessivos governos do PT, a Petrobras voltou a gerar lucros para o governo.

Segundo ele, o que se pode fazer para solucionar a alta dos preços, é o Governo Federal, como maior acionista, utilizar os royalties que recebe, para instituir políticas públicas. Outra solução seria a criação de um fundo, que ficaria a cargo do Congresso Nacional, tipo um subsídio, para minimizar esses aumentos, quando o petróleo e o dólar estivessem muito elevados.

O governo está com um pepino na mão, pois após dois anos de problemas econômicos em função da pandemia, sobrevém a guerra da Ucrânia, que é mais um complicador, em termos de estabilização econômica do país. E o que é pior, como a maior parte do transporte de cargas, no Brasil, está nas rodas do caminhão, e esse é movido a óleo diesel, qualquer aumento no combustível repercute no preço das mercadorias, o que aumenta a inflação.

Sendo a empresa de petróleo uma estatal de capital aberto, onde existem acionistas que empregam capital, visando lucro, tem que se de levar em conta, que o número de acionistas é muito menor do que o número de pessoas atingidas pelo preço dos combustíveis. Assim, seria de se esperar que esses acionistas em momentos pontuais, tivessem seus lucros diminuídos. Afinal, se em contrapartida houvesse um substancial declínio na venda desses combustíveis, por diminuição de consumo, esses lucros também seriam diminuídos. Uma mão lava a outra e no fim todos sairiam no lucro. Ou seja, seria justo que o sacrifício, em momentos de crise, deveria ser dividido por todos.

Não podemos esquecer, também, que na realidade, a Petrobras recebe apenas R$ 2,30 por litro (esse é o valor da gasolina, na refinaria, dito pelo general Silva e Luna). O restante são encargos, o pior deles o IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados. Recentemente o Congresso votou uma lei que equaliza, em todo Brasil, o valor do IPI, e num valor bem mais baixo que o atual. Aliás, seu custo é que nem o “samba do afro-brasileiro ensandecido” (anteriormente conhecido como samba do crioulo doido), pois gera preços muito disparatados, como no Acre em que o litro da gasolina custa o equivalente a R$ 11. Isso, certamente, vai contribuir para uma diminuição no preço dos combustíveis.

No entanto, governadores insatisfeitos com a perda de receita estadual, já pensam em recorrer ao STF, para que mais uma vez, esse se intrometa em assuntos que não lhe dizem respeito. Seria mais uma afronta à autonomia dos três poderes, caso a consulta seja aceita e o IPI volte aos valores iniciais.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Carta ao Pai

quarta-feira, 16 de março de 2022

No último dia 8 os colegas ginasianos da turma de 1965, do Colégio São Bento, perderam seu grande amigo Alfredo Guarischi, uma das referências da cirurgia oncológica no Rio de janeiro e, sem modéstia, no Brasil. Compartilho nesta coluna uma mensagem escrita por sua filha, também médica, Jéssica Guarischi, uma emocionante despedida do pai.

No último dia 8 os colegas ginasianos da turma de 1965, do Colégio São Bento, perderam seu grande amigo Alfredo Guarischi, uma das referências da cirurgia oncológica no Rio de janeiro e, sem modéstia, no Brasil. Compartilho nesta coluna uma mensagem escrita por sua filha, também médica, Jéssica Guarischi, uma emocionante despedida do pai.

“Tudo começou com um caderno que resolvi comprar, escolhi a capa do Super-homem, pois sempre foi e será a maneira como te vejo. Queria escrever a jornada de sua internação contando todos os seus momentos de superação e de alguma maneira conversar com você através dele. Não esperava que o último capítulo seria escrito por mim. Ele estava ali, para você ler, reler e quem sabe, publicar um livro. Sempre achei que haveria mais um capítulo da sua história. Continuo acreditando porque nada se encerra por aqui.

Quem diria que você, nascido na Ribeira (Ilha do Governador, no Rio) em 23 de setembro de 1950 iria alcançar voos tão altos quanto a figura mítica de Ícaro. Como bom aluno do São Bento, sempre dedicado e com um livro na mão, começou sua vida médica na UFRJ, lá é sua casa onde até hoje permanece como professor voluntário pela gratidão de anos de conhecimento adquiridos. No primeiro dia de aula foi todo de branco com jaleco de manga curta recebendo o apelido de pipoqueiro.

Quantos residentes acolheu na sua equipe cirúrgica, recém-formados, mas que você viu o potencial e o mesmo brilho no olhar que sempre carregou. Foi rigoroso, mas incondicionalmente generoso; foram muitos que aprenderam e sofreram com você. Pai, professores temos muitos, mestres somente alguns. Considere-se um MESTRE.

Seguiu aprendendo e evoluindo em tantos outros hospitais, Moncorvo Filho, Souza Aguiar onde descobriu sua paixão pelo trauma, Hospital da Lagoa, Miguel Couto, Inca onde fundou um serviço. Dos particulares: São Lucas, Pro cardíaco, Samaritano, Hospital do Câncer e Rede D’or se consagrou e foi abraçado pela rede levando um dos seus maiores projetos: capacitar profissionais para lidar com adversidades, entender o que são não conformidades, identificar o erro e mostrar que o verdadeiro trabalho depende de uma EQUIPE multidisciplinar, cada profissional é importante no ato de cuidar do paciente. Como você já me falou “Filha, o paciente tem a cara de quem o cuida“.

No trabalho na polícia, você desaguou seu espirito de combate que adquiriu nos anos de trauma, mas foi além: você humanizou as relações.  Participou da invasão do Complexo do Alemão e ali você virou um combatente. “Ninguém fica para trás” e “Força e honra“ lemas que aprendeu com eles e aplicava na sua vida.

Na escrita, encontrou a voz que muitas vezes estava engasgada em sua garganta. Aprendemos muito com seus textos; quando solicitadas, eu e Simone fazíamos as revisões com carinho, porque sempre entendemos que aquilo também era uma maneira de permitir o aprendizado dos demais. Pai você é um artista.

Sua capacidade de humanizar questões tão sensíveis vai além de sua habilidade técnica. A maneira que sempre tratou seus pacientes, suas consultas duravam três, às vezes quatro horas. Sempre saindo do atendimento sabendo e conhecendo-os a fundo.  Nome da mãe, nome do pai, suas angústias e frustrações, seus anseios e principalmente seus medos. Pai, saiba que isso é um dom: o dom de ouvir.

Você pode ter certeza que muitos daqueles viraram seus amigos. Você resgatou famílias despedaçadas, trouxe acolhimento e cuidou de cada membro que também estava sofrendo pelo ente querido. Você sempre me falou: “Não existe o melhor médico do mundo, o que existe é o melhor médico para aquele paciente”, “Você não está tratando uma doença, você está tratando uma pessoa que tem família, lembre-se disso” e “Nunca tire a esperança de um paciente. Ali você tira a sua vida“.

Você conferia de maneira xiita cada exame, prescrições, ligava para patologistas para discutir os casos, corria para o hospital de madrugada para reavaliar pacientes de maneira canina. Pai, isso é compromisso.

Quando resolvi ser médica a primeira frase que me disse foi: “Medicina é compromisso, não quero médico medíocre na família”. Tenho tantas lembranças com você, você não imagina...

Em 2019 quando eu era R1 (Residência 1), no Dia dos Pais, estava de plantão. Sabia que não poderia estar contigo, mas lá foi você até o Pedro Ernesto, me acompanhar na visita aos MEUS pacientes e celebrar o SEU dia. Não me esqueço da frase: “Esse foi o melhor dia dos pais que tive”. Pai, foi através de pequenos exemplos seus que aprendi o que é amar o que fazemos. Inquieto, incansável, briguento e por muitos, incompreendido, mas sempre ético, firme, honesto.  Todas as brigas se tornaram pequenas depois que conheci e reconheci quem era o Dr. ALFREDO GUARISCHI, o meu PAI. Você me ensinou que vencer é nunca desistir. Vencer é lutar.

E você lutou, lutou muito pelos seus valores, pela sua ética, pelos pacientes, pela sua felicidade em ser médico e pela sua vida. A cavalaria branca entrou pela porta da frente deu tudo de si, o impossível foi feito. Pai, você foi tratado pelos melhores, por aqueles que ESCOLHEU com carinho e sobretudo DIGNIDADE. Hoje, eu perdi meu grande mestre, professor, meu amigo, meu amado pai. Você deixará um vazio e dor em todos aqueles que tocou a vida e alma. Sua perda é irreparável. Seguirei COM SEU LEGADO honrando sua trajetória e ancestralidade. EU SOU UMA GUARISCHI.

Me acompanhe, voe e voe alto , nos acompanhe aqui. Meu Guerreiro, vá e vença. EU TE AMO PAPAI”. Por sua eterna samurai Jessica Guarischi.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

A luta de David contra Golias

quarta-feira, 09 de março de 2022

A história do mundo está cheia de lutas entre David contra Golias e nem sempre se tem o final bíblico de um gigante sair derrotado. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um absurdo, levando-se em conta a desproporção de forças entre os dois países e os motivos que levaram o país vermelho a invadir sua ex-colônia. Sim, porque quando existia a antiga URSS (união das repúblicas socialistas soviéticas), a Ucrânia pertencia ao grupo dos países da, então, cortina de ferro.

A história do mundo está cheia de lutas entre David contra Golias e nem sempre se tem o final bíblico de um gigante sair derrotado. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é um absurdo, levando-se em conta a desproporção de forças entre os dois países e os motivos que levaram o país vermelho a invadir sua ex-colônia. Sim, porque quando existia a antiga URSS (união das repúblicas socialistas soviéticas), a Ucrânia pertencia ao grupo dos países da, então, cortina de ferro. Aliás, tenho alguma ligação com esse país, pois meu avô paterno nasceu na Polônia, na parte que era dominada pela Rússia, na cidade de Lviv. No século 19, Catarina, imperatriz russa, tinha dividido a Polônia em três partes; uma pertencia à Rússia, a outra ao ex-império Austro Húngaro e uma parte à Prússia, atual Alemanha.

A desculpa para a atual invasão é o fato do governo ucraniano estar tentando se aliar à OTAN (Tratado de Aliança do Atlântico Norte), criado após o término da segunda grande guerra. Se os ucranianos já fizessem parte da OTAN, os russos não declarariam a guerra, pois reza o tratado que se um país membro for invadido, os outros partem em seu socorro. No entanto, o ódio dos russos contra o povo ucraniano é antigo. Na época do sanguinário Stalin, para acabar com o país, ele decretou um cerco, o Holodomor, ou Fome-Terror, ou mesmo Grande Fome, que foi uma crise generalizada de fome que atingiu a Ucrânia durante o regime comunista soviético liderado desde 1922 por Joseph Stalin (1878-1953). O nome vem das palavras em ucraniano "holod" (fome) e "mor" (praga ou morte).

Alguns historiadores, como Timothy Snyder, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, que fez uma extensa pesquisa na Ucrânia, estimam o número de mortos em cerca de 3,3 milhões. Outros dizem que o número foi muito maior. Qualquer que ele seja é um trauma que deixou uma ferida profunda e duradoura nessa nação de 44 milhões de habitantes. Daí a disposição do povo de defender seu país com unhas e dentes; mesmo com a desproporcional disposição de forças entre os dois países, os ucranianos vão vender caro a sua vida e lutarão até a última gota de sangue. Por isso, todo o trabalho envolvido na defesa da capital; o entendimento é que se essa cair, o país voltará a ser um satélite russo. Tanto isso é verdade, que um cessar fogo, para a criação de um corredor humanitário que permita a saída dos civis, só será permitido pelo invasor, se a população ucraniana for ou para a Belarus (outro país que voltou para a influência dos comunistas) ou para a própria Rússia.

Fora as riquezas de seu subsolo, a Ucrânia representa, no momento, um tampão entre as forças da OTAN (papel esse ocupado anteriormente pela Polônia) e a Rússia, daí ser um ponto estratégico e forçar o presidente russo Putin a colocar em risco toda a paz mundial. Creio não haver dúvidas de que se o país vermelho se sentira acuado, não hesitará em lançar mão de seu arsenal nuclear, o que desencadearia uma guerra nuclear com todas as suas nefastas consequências.

O povo russo é mau, o que é comprovado por uma ação, cuja intenção principal, é destruir um povo e seu país, abrindo portas para uma ocupação total do inimigo, com a anexação de usinas nucleares, reservas de petróleo, e o que de mais for importante. Aqui, os fins justificam os meios doa a quem doer. Portanto, até a Batalha de Kiev, muitas atrocidades serão vistas ao vivo e as cores, pelas reportagens televisivas do mundo inteiro. Ávida por parar com o prato cheio que dominou a mídia, nos últimos dois anos, a pandemia da Covid, ela encontrou nessa guerra um novo pote de mel.

E pensar que é nesse regime vermelho, cor de sangue, que uns idiotas das terras tupiniquins sonham em ver implantado por aqui. Um ditador, com um poder extraordinário, mantido por magnatas que se aproveitam desse poderio e vivem nababescamente. Mas, o estrangulamento econômico que o ocidente tenta impor aos russos, pode ter algum efeito caso esses magnatas vislumbrem uma perda importante de ganhos. O rublo, moeda russa, já se desvalorizou cerca de 30% e a população começa a sentir os efeitos de um desabastecimento, o que pode impopularizar Putin.

Até agora, infelizmente, o que parece é que o ocidente se curvou ao poderio russo.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

É preciso profissionalizar algumas secretarias

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

É preciso que as administrações municipais profissionalizem seus indicados para cargos comissionados, para que decisões tomadas, impactando a vida de muitas pessoas, não seja uma complicação a mais. Quando o assunto é trânsito, então, a situação é mais delicada por ter consequências sérias, em caso de acidentes. Podemos citar como exemplo a Rua Pastor Meyer, atrás do restaurante Esquina Dois, no Paissandu, e que já teve o seu sentido alterado várias vezes, confundindo muito a cabeça de motoristas e pedestres.

É preciso que as administrações municipais profissionalizem seus indicados para cargos comissionados, para que decisões tomadas, impactando a vida de muitas pessoas, não seja uma complicação a mais. Quando o assunto é trânsito, então, a situação é mais delicada por ter consequências sérias, em caso de acidentes. Podemos citar como exemplo a Rua Pastor Meyer, atrás do restaurante Esquina Dois, no Paissandu, e que já teve o seu sentido alterado várias vezes, confundindo muito a cabeça de motoristas e pedestres.

Acho que o responsável pela Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) acorda e pensa: se os carros ao invés de seguirem em frente, dobrarem à direita da Igreja Luterana, será melhor para desafogar o trânsito do Paissandu. Meses depois chega à conclusão que não é bem assim e inverte o sentido da rua novamente voltando ao que era antes. O problema é que a circulação de veículos pelo Paissandu é muito mais complexa do que se pensa.

No bairro Cônego aconteceu a mesma coisa, agravado pelo interesse de prefeitos anteriores, na construção de um condomínio com 50 casas, o César Guinle, que é um desafio à lógica. Destaca-se que a famosa proteção ambiental que é exigida nesse tipo de empreendimento, foi uma piada de mau gosto, acobertada pelo órgão responsável para salvaguarda do meio ambiente. Em seguida, para facilitar o acesso dos moradores, alteraram a mão de duas ruas, a Presidente Kennedy que de mão dupla passou a ter o trânsito em direção à Via Expressa e a Clóvis Bevilaqua que passou a receber o fluxo de carros que entram no bairro, passando pelo Pavilhão das Artes.

A coisa se complica porque quem vem pela Clóvis Bevilaqua pode seguir três direções, uma à direita indo para a Praça de Sant´Anna, à esquerda para a Rua Barão de Lucena ou, em frente, para a Rua D.João VI. Como a placa de “Pare” da Rua D.João VI foi substituída pela placa do triângulo vermelho, que muita gente desconhece o significado e que é para alertar que a preferencial não é a sua, a circulação nessas vias passou a ser de risco, com possibilidade de colisões. Ainda mais que uma casa de esquina, com o seu muro, impede a visão de quem trafega pela Clóvis Beviláqua e tem de dobrar à esquerda.

Sem falar o poste de luz que, no meio da curva, ficou fora do calçamento. Se as mãos dessa via e a da Kennedy fossem invertidas, como era antigamente, seria muito menos perigoso. Mas, a entrada e saída dos moradores dessas 50 casas seria “prejudicada”.

O mesmo aconteceu na saída do edifício Garagem, na Rua Professor Menezes Vanderley, no Centro. Por causa de um colégio nessa rua, inverteram a sua mão e obrigaram seus moradores a acessarem a Avenida Comte Bittencourt, que margeia o Rio Bengalas, e dar uma volta muito grande, se quiserem passar para o outro lado do rio, ou seguirem em direção à Avenida Alberto Braune. Todos têm de retornar pela Rua Dante Laginestra virar à direita na praça e seguir pela avenida principal da cidade ou dobrar na Rua Augusto Cardoso. Na hora do rush, esse trajeto é complicado.

Trânsito é uma coisa séria, tanto é assim que as administrações passadas nunca deram solução para o grande nó dessa cidade que é a Praça Marcílio Dias. Claro que ao aumentar a sua dimensão que passou de um pequeno quadrado para um grande círculo, o prefeito Heródoto Bento de Melo deve ter se preocupado com o fator paisagismo, jamais com a futura expansão da cidade e seu trânsito. Mas, quadrada ou redonda, a circulação continuaria a ser o caos nosso de todo dia.

Nova Friburgo em 50 anos viu sua população aumentar cerca de duas vezes e meia, passando de 80 mil habitantes para os quase 200 mil de hoje. E, ao que me lembre a única obra de porte concluída nesse meio século foi a Via Expressa, iniciada no mandato do ex-prefeito Alencar Pires Barroso e concluída por Paulo Azevedo. Nosso material rodante triplicou e as nossas vias são as mesmas de sempre. É preciso, com urgência, repensar o trânsito da cidade, mas com pessoas que entendam do riscado.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Oito dias em Bonito, um pedaço do paraíso no Brasil

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Na semana passada, mais precisamente no dia 7, foi meu aniversário e aproveitei para celebrar a nova idade com uma viagem. Mesmo com a variante Ômicron comendo solta e a velha mídia com seu filão inesgotável, o que não falta é a publicação diária do número de novos casos e do aumento da mortalidade.

Na semana passada, mais precisamente no dia 7, foi meu aniversário e aproveitei para celebrar a nova idade com uma viagem. Mesmo com a variante Ômicron comendo solta e a velha mídia com seu filão inesgotável, o que não falta é a publicação diária do número de novos casos e do aumento da mortalidade. Mesmo assim, para não endoidar e tendo em mente que as medidas preventivas são indispensáveis (uso de máscara, higienização constante das mãos com água e sabão ou com álcool gel, evitar ambientes fechados e manter distância de pelo menos um metro e meio da pessoa que esteja na nossa frente), me dei de presente oito dias em Bonito, no Mato Grosso do Sul, local que ainda não conhecia. Na realidade bonito é um adjetivo pequeno para chamar esse pedaço de paraíso perdido no Brasil.

Para quem gosta de curtir caminhadas, banhos de rio, lagoa ou cachoeiras, ou seja, curtir a natureza, Bonito é uma excelente pedida. Só que aqui estamos falando de água doce, mas se você gosta de mar, outro paraíso perdido no Brasil é a ilha de Fernando de Noronha. Também um passeio inesquecível. Prepare o bolso, pois ambos são caros, porém vale a pena, principalmente se deixarmos em casa computadores, tabletes e qualquer coisa que nos mantenha conectados, exceto o celular e, somente, para uma urgência.

Pode-se chegar ao destino de duas maneiras, um voo do Rio até São Paulo, de São Paulo até Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul. De lá até o nosso destino são quatro horas e meia de ônibus ou carro, numa estrada muito boa. A outra alternativa é um voo direto de Campinas ou São Paulo para Bonito. O único problema é que esses voos não são diários. Mas, é bem menos cansativo. Por exemplo, na nossa volta foram 11 horas de viagem incluindo o tempo gasto no avião, na espera em aeroportos e no retorno para Friburgo.

A cidade tem (números de 2021) 22.421 habitantes e é uma estância turística, além de ter uma agropecuária em expansão. Por isso, reúne vários hotéis, pousadas e resorts, sendo que esses tem o inconveniente de ficarem distantes do centro da cidade. O que eu fiquei, o Zagaia, dista quatro quilômetros da Praça da Liberdade, que é a principal de Bonito. Como municípios com menos de 30 mil habitantes não tem Uber, para ir ao centro, só de táxi. Vários restaurantes, cujo cardápio principal é o peixe, com destaque para o pintado, o dourado, a tilápia e o tambaqui. Muito apreciada é a sopa de piranha, servida no restaurante Casa do João, próximo à praça; dizem os locais que ali se come melhor do que na Casa do Peixe, em Campo Grande e que já tem mais de 40 anos de fundada. Essa eu conheço, pois almocei ali pouco depois da sua fundação. É uma ótima pedida para quem pernoita na capital do estado.

Vale a pena pegar o táxi e conhecer a cidade, o comércio é bem variado. A loja (DiBonito Cachaça) que vende cachaça produzida no local e com sabores da região é uma boa pedida. Outra visita que vale a pena é a Casa do Vidro, especializada em objetos de vidro, o mais interessante, reciclados. São lustres, copos, jarros, vasos, abajures etc.

Por fim, os passeios de Bonito que, segundo um dos guias locais, são aproximadamente 60, eu listei os dez melhores, dos quais fiz três, a saber: Gruta do Lago Azul, em que se desce 280 degraus e chega-se a um lago de águas azul turquesa. Essa coloração e transparência da água acontecem devido à ação de minerais, principalmente o calcário no fundo do lago e da incidência do sol iluminando o interior dela; Gruta de São Mateus que curiosamente é em cima da montanha, mas de uma exuberância sem igual, no que diz respeito a estalactites e estalagmites. Estalactites são formações pontiagudas que partem do teto e estalagmites são as formações pontiagudas que partem do solo. Elas são espeleotemas, isto é, se formam através do gotejamento de água pelas fendas das paredes das cavernas de rocha calcária. E também a Fazenda Mimosa, na serra da Bodoquena, com trilhas e nove cachoeiras, todas aptas ao banho.

Tem ainda o Recanto Ecológico Rio da Prata, em que se vê o fundo do rio com uma variedade de peixes; Rota Ibirá Pe, com seu passeio de caiaque pelo Rio Formoso; Parque Ecológico Rio Formoso; Lagoa Misteriosa nome popular de uma caverna alagada com cerca de 220 metros de profundidade e onde também se pratica mergulhos com snorkel; Cachoeiras da Boca da Onça, também com trilha na serra da Bodoquena e o passeio em quadriciclo no Pantanal. Em todos, vemos uma diversidade de pássaros e peixes, além de macacos, jacarés e mosquitos. Por isso, repelente é um acompanhante indispensável.

Bonito vale a pena ser visitado.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Presidente da República não comparece a depoimento na Polícia Federal

quarta-feira, 02 de fevereiro de 2022

Na última sexta feira, 28 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro foi intimado por Alexandre de Moraes, um dos 11 componentes do STF, a comparecer na sede da Polícia Federal, em Brasília, para depor sobre o vazamento dos resultados de um inquérito do ataque hacker contra computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); esse inquérito estava sob sigilo de justiça. Os documentos foram divulgados pelo presidente, em agosto de 2021, pelas redes sociais.

Na última sexta feira, 28 de janeiro, o presidente Jair Bolsonaro foi intimado por Alexandre de Moraes, um dos 11 componentes do STF, a comparecer na sede da Polícia Federal, em Brasília, para depor sobre o vazamento dos resultados de um inquérito do ataque hacker contra computadores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); esse inquérito estava sob sigilo de justiça. Os documentos foram divulgados pelo presidente, em agosto de 2021, pelas redes sociais. Ele não compareceu a tal intimação, mas foi respaldado por um recurso de anulação da oitiva, interposto pela AGU (Advocacia Geral da União).

O que parece é que Alexandre de Moraes está querendo aparecer, além de caracterizar abuso de autoridade, na tentativa de desmoralizar o chefe da nação, expondo-o ao constrangimento de ser fotografado ao entrar na sede da PF. Bastaria a permissão para que tal inquisição fosse feita por escrito, para que todo esse imbróglio fosse cessado. Mas aí, a vontade de denegrir Bolsonaro não teria o mesmo impacto. Aliás, a Constituição Brasileira de 1988 diz no seu artigo 5° e no inciso 63: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.

Reza no código penal brasileiro em seu artigo 186: Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela lei 10.792, de 1º/12/2003)

Vejamos agora as opiniões de alguns advogados sobre o assunto: O professor de Direto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Georges Abboud explicou, na sexta-feira, 28, em entrevista à CNN, que o presidente Jair Bolsonaro (PL), não cometeu crime ao se recusar a prestar depoimento à PF. O plenário do Supremo em 2018 considerou o interrogatório um direito da defesa, no caso, um direito do acusado ou do investigado. Se ele se recusa a prestar um depoimento, tecnicamente, o STF não pode usar do poder coercitivo do estado para que ele vá lá'”, explica Abboud. “Nesse cenário, se a pessoa se recusa a exercer um direito, tecnicamente ela não comete um crime”.

No Poder 360, Eduardo Ubaldo Barbosa, especialista em Direito Constitucional, diz que o não comparecimento não representa descumprimento de decisão judicial, já que o presidente pode recorrer contra a ordem de Moraes. “Há a informação de que ele recorrerá. Ainda que o agravo ao Pleno do STF não tenha efeito suspensivo, Bolsonaro está atacando a decisão pelas vias recursais. É do jogo. Judicialmente, sim, ele pode faltar, ainda que politicamente seja péssimo”. Ainda no Poder 360 a criminalista Mariana Madeira disse: “Eu entendo que o presidente, por figurar como investigado no inquérito em questão, não é obrigado a depor ou comparecer ao ato. Acredito que o não comparecimento hoje resultará nessa interpretação”.

A constitucionalista Vera Chemim concordou. Ela explica, no entanto, que há consequências “excepcionalíssimas” que podem levar à condução coercitiva do presidente.  Para ela, a previsão não deve ser aplicada ao caso de Bolsonaro.

Na realidade, essa pinimba entre Moraes e Bolsonaro remonta ao início do mandato presidencial, quando a indicação de Alexandre Ramagen para diretor da PF foi vetada por Alexandre, que mais uma vez desconheceu à Constituição Federal que reza ser tal indicação uma prerrogativa do presidente da República. Tivesse Bolsonaro mantido a nomeação, teria dado um basta na empáfia de Alexandre de Moraes.

Isso é tão verdadeiro que o ex-presidente da República, Michel Temer, afirmou em entrevista ao Jornal da Record, em 29/04/2020, que o presidente Jair Bolsonaro tem garantido pela Constituição, o direito de nomear o diretor da Polícia Federal, ou qualquer cargo público federal.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Variante Ômicron pode ser a despedida da pandemia

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

De acordo com várias publicações e opiniões de infectologistas, a pandemia do coronavírus pode estar chegando ao fim. Lá atrás, no dia 24 de novembro de 1859, foi publicado o livro “A origem das espécies”, do naturalista inglês Charles Darwin, no qual, após 20 anos de trabalho, ele demonstrava como variações em indivíduos de uma espécie poderiam favorecer um maior sucesso evolutivo por meio da seleção natural. Também em 24 de novembro, mas em 2021, uma linhagem até então desconhecida do Sars-CoV-2, causador na Covid-19, foi relatada na África do Sul.

De acordo com várias publicações e opiniões de infectologistas, a pandemia do coronavírus pode estar chegando ao fim. Lá atrás, no dia 24 de novembro de 1859, foi publicado o livro “A origem das espécies”, do naturalista inglês Charles Darwin, no qual, após 20 anos de trabalho, ele demonstrava como variações em indivíduos de uma espécie poderiam favorecer um maior sucesso evolutivo por meio da seleção natural. Também em 24 de novembro, mas em 2021, uma linhagem até então desconhecida do Sars-CoV-2, causador na Covid-19, foi relatada na África do Sul. Nomeada com a letra grega Ômicron, a variante não tem apenas dezenas de mutações na proteína de espícula que fica no envelope viral quando comparada ao primeiro Sars-CoV-2, mas também em muitas proteínas menos famosas escritas no seu genoma de quase 30 mil letras.

Talvez, por isso, apesar da contaminação ser mais rápida, sua evolução é mais curta e, em princípio, os sinais e sintomas mais brandos que a cepa inicial e suas variantes Delta e Gama. Ela pode significar, também, o final da epidemia, o que não significa o fim da Covíd e sim que ela ou se tornará endêmica ou voltará de tempos em tempos. Além do mais, a imunidade propiciada pelas vacinas e mesmo pelas infecções, tem vida curta, o que obrigará as autoridades de saúde a se programarem para uma vacinação anual, como é o caso da vacina contra a gripe.

“No último domingo, 23, o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, disse que é plausível que a variante Ômicron seja o último estágio da pandemia no continente”. “Quando a onda Ômicron diminuir, haverá imunidade global por algumas semanas e meses, seja por causa da vacina ou porque as pessoas terão sido imunizadas pela infecção”. Afirmou ainda “que na África do Sul, onde a variante Ômicron foi detectada pela primeira vez, os novos casos diminuíram nas últimas quatro semanas”.

Na mesma linha, o conselheiro da Casa Branca para pandemias nos Estados Unidos, Anthony Fauci, disse também no último domingo, que pode haver uma reviravolta na situação no país. Ele afirmou que a atual onda de Ômicron estava atingindo um pico nacional e que os casos de coronavírus podem cair para níveis administráveis ​​nos próximos meses. “O que esperamos é que, conforme entrarmos nas próximas semanas ou meses, veremos em todo o país o nível de infecção aumentar abaixo do que chamo de área de controle”, disse Fauci durante entrevista à rede americana ABC.

Isso não significa erradicar o vírus, disse ele, pois as infecções continuarão. “Eles estão lá, mas não vão atrapalhar a sociedade. Esse é o melhor cenário”, garantiu.

Como já disse em outra coluna, quando da epidemia da gripe espanhola, em 1918, o mesmo fenômeno aconteceu; houve um início gradual, que se intensificou e atingiu índices de mortalidade até então nunca vistos e, que com o tempo, foram diminuindo de intensidade até se tornarem esporádicos em 1920, ou seja, dois anos após o seu início. Isso era a comprovação de que a virulência do vírus se atenuou e houve uma imunização natural da população.

É preciso ir com menos sede ao pote, pois ainda estamos longe da bonança. Nas recentes festividades de Natal e Ano Novo, depois de dois anos de confinamento e bombardeamento diuturno da imprensa sobre o tema coronavírus, é compreensível que a sociedade tenha chutado o balde. As festas de Natal e réveillon foram uma constante e as praias do Rio de Janeiro, Região dos Lagos, litoral de São Paulo e diversos balneários da Região Sudeste com gente a sair pelo ladrão. Em Cabo Frio chegou a ter briga, na areia, por um lugar para abrir a barraca de sol.

Apesar de 69,9% da população brasileira já ter sido vacinada com duas doses e 19,4% com reforço (dados do último dia 23, da Our Wold in Data), os cuidados preconizados sempre, pelas autoridades de saúde, não devem ser abandonados, tais como uso de máscara que deve ser trocada a cada quatro horas, higiene das mãos com frequência seja com álcool gel, seja com água e sabão (muito melhor), evitar levar os dedos ao nariz, à boca e aos olhos e manter o distanciamento não frequentando locais cheios e confinados. É bom observar que praia lotada, onde ninguém usa máscara, também não é aconselhável.

Concordo com os que afirmam que está na hora de retomarmos nosso ritmo de vida, mas sem esquecer o velho ditado de que cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Uma polêmica desnecessária

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

O membro do Supremo Tribunal Federal (STF), sr. Edson Fachin, criou uma polêmica desnecessária. Aliás, o substantivo membro foi grafado porque ministro é um cargo do governo indicado pelo presidente da República e que pode ser destituído quando esse bem entender. Como o seu cargo é vitalício, membro do STF é mais do que satisfatório. Não deve, também, ser chamado de vossa excelência, pois sendo um jurista, não deve ter tratamento de juiz. 

O membro do Supremo Tribunal Federal (STF), sr. Edson Fachin, criou uma polêmica desnecessária. Aliás, o substantivo membro foi grafado porque ministro é um cargo do governo indicado pelo presidente da República e que pode ser destituído quando esse bem entender. Como o seu cargo é vitalício, membro do STF é mais do que satisfatório. Não deve, também, ser chamado de vossa excelência, pois sendo um jurista, não deve ter tratamento de juiz. 

Tem coisas que passam despercebidas, mas que persistem a incomodar as pessoas cultas e interessadas no bem estar do Brasil, uma delas é o tal do idioma neutro. Isso porque a Constituição do Brasil, de 1988, no seu introito diz as seguintes palavras: “Constituição Federal de 1988: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil, que em seu artigo 13 diz ser a língua portuguesa o idioma oficial da República Federativa do Brasil.

Recentemente saiu no Consultor Jurídico de novembro de 2021: “Por verificar preliminarmente ofensa à competência privativa da União para legislar sobre diretrizes e bases da educação, o ”ministro” Edson Fachin, do STF, suspendeu a lei do Estado de Rondônia que proíbe a denominada linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições locais de ensino, públicas ou privadas, e em editais de concursos públicos. A decisão liminar foi tomada nos autos de uma ação direta de inconstitucionalidade e será submetida a referendo do plenário”.

Esse ato foi em função de ação impetrada no STF, pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) que sustenta, entre outros pontos, que a lei estadual 5.123/21, a pretexto da defesa do aprendizado da língua portuguesa de acordo com a norma culta e as orientações legais de ensino, apresenta preconceitos e intolerâncias incompatíveis com a ordem democrática e com valores humanos. (https://www.migalhas.com.br/quentes/355086/fachin-suspende-lei-de-ro-que-proibe-linguagem-neutra-em-escolas)

Ao que me consta as Academias de Letras, tanto do Brasil, como a de Portugal, não aprovaram essa aberração que é a linguagem de gênero, aliás, a da França cortou pela raiz essa agressão ao idioma francês, proibindo linguagem neutra nos estabelecimentos de ensino da França. Portanto, não cabe a um membro do STF legislar em causa própria, transgredindo a Carta Magna do país, acintosamente.

Nada contra a autoafirmação do movimento LGBT..., pois a discriminação sempre foi um mal a ser combatido, mas o respeito às pessoas que têm opiniões diferentes têm de ser preservado. Afinal, ser contra ou a favor de coisas que fogem ao status quo vigente, é uma questão de opinião pessoal, que também é respaldada pela Constituição Federal. Não é justo que um idioma seja transfigurado em função da vontade de uma minoria. Na língua portuguesa, até deliberação em contrário, palavras femininas se grafam com “a” e masculinas com “o”, salvo as exceções como mar, sol, nuvem, carruagem, opinião etc. Será que se eu me dirigir a “um membri do STF, por exempli i ministri  Alexandri de Morais, eli vai ficar satisfeiti?”.

Esse papo de linguagem de gênero é muita falta do que fazer e é com desgosto que eu vejo um membro da mais alta corte do país se prestar a um papel como o do sr. Fachin, ao acatar tal petição. Afinal, o seu régio salário deveria ser para tratar de coisas mais sérias, como a defesa intransigente de nossa Constituição, coisa que muitas vezes seus próprios colegas de instituição, transgridem. Exemplos não faltam, mas o mais flagrante foi o de Ricardo Lewandowski ao chancelar a destituição da ex-presidente Dilma Roussef, mas manter seus direitos políticos, apunhalando mortalmente nossa Carta Magna. Como diria Nelson Rodrigues, outros exemplos pululam no cotidiano do Brasil.

Espero que a lucidez, algo que na maioria das vezes falta ao colegiado do STF, ao se reunir para deliberar sobre mais essa transgressão constitucional, coloque a mão na consciência e que aborte mais essa insensatez.

 Aliás, o Brasil não merece a corte suprema que tem.

Publicidade
TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.