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A comemoração do bicentenário da Independência está próxima
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Não importa se alguém é republicano ou monarquista, sim porque o ser é livre, é democrático. Mas, é uma constatação importante o fato de que estamos a pouco mais de três meses do bicentenário da proclamação da Independência do Brasil e não se tem notícia de nenhum preparativo para esse evento que, para mim, é um dos mais importantes de nossa história, só perdendo mesmo para o dia de nosso descobrimento.
O 22 de abril, cujo personagem principal é Pedro Alvares Cabral, marca o início do Brasil como uma terra não desbravada, habitada por pessoas que tinham sua própria cultura, mas estavam atrasadas em relação ao restante do mundo. O continente americano, em 1500, era ainda virgem da presença do homem civilizado e distante do resto do mundo que girava em torno da África, Ásia e da Europa. Portanto, Cabral é o responsável pelo início da civilização europeia naquele que seria o solo brasileiro. Como estou falando de Brasil, não citarei Cristóvão Colombo com a descoberta da América espanhola, em 1492, ou seja, oito anos antes.
De 1500 até 1808, com a chegada da família real portuguesa (um acontecimento iniciado em 29 de novembro de 1807, com o seu desembarque em terras brasileiras ocorrido em 22 de janeiro de 1808, na cidade de Salvador), mudamos muito. Apesar da imensidão continental do nosso país, à medida que o tempo passava, a condição de povo colonizado incomodava os habitantes da época, de norte a sul e de leste a oeste.
Com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 8 de março de 1808, o Brasil começava a mudar seus rumos, pois com o Rei de Portugal instalado em terras brasileiras, muitas mudanças estavam por vir. Era inevitável a melhoria da condição do país, em função desse acontecimento. Já em 18 de fevereiro de 1808 foi fundada a primeira escola de nível superior no Brasil e também a primeira de Medicina no país, denominada, inicialmente, de Escola de Cirurgia da Bahia. Vieram a seguir a Academia Real Militar, o Jardim Botânico, o Arquivo Militar, a Biblioteca Real, a Academia de Belas Artes e a Imprensa Régia.
Mas, o fato mais marcante desse período aconteceu no dia 17 de dezembro de 1815, quando o Brasil foi alçado à condição de "Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves", deixando de ser colônia de Portugal. Com esse ato, os portos brasileiros se abriram para o comércio exterior impulsionando a exportação e importação e, segundo o historiador Sérgio Buarque “a elevação da antiga colônia à dignidade de reino foi, por outro lado, o reconhecimento de uma situação de fato, um ato político no sentido amplo, pois assegurava uma administração tranquila, permitia que se forjassem planos imperialistas na direção do Prata e mesmo se reavivassem sonhos de uma amplitude continental. Havia de prender a Coroa ao Brasil e o Brasil à Monarquia”.
E assim o foi, pois, esse fato histórico é para muitos, o reconhecimento por D. João VI de que a independência da ex-colônia era uma questão de tempo. Nesse intervalo de sete anos muita coisa aconteceu, porque a corte portuguesa queria a volta do Brasil à condição de colônia, sabedora de que uma separação definitiva era inevitável.
Assim, quando em 7 de setembro de 1822 D.Pedro, às margens do ribeirão Ipiranga, próximo da cidade de São Paulo, deu o famoso grito de independência ou morte, o Brasil rompia em definitivo seus laços com Portugal e se tornava um país independente, tendo como imperador D. Pedro I e como imperatriz, D. Leopoldina. Essa data é de suma importância, e deveria ser comemorada com fervor, principalmente seu bicentenário.
Tudo que se passou desde então, o primeiro reinado e o segundo reinado, com D.Pedro II, formaram a base, o alicerce para que em 15 de novembro de 1888, nos tornássemos uma república. Não fosse o ato corajoso de D. Pedro I e, provavelmente, nossa independência aconteceria mais tarde e, com certeza às custas de uma guerra civil, pois os interesses em jogo eram muitos. Tivemos revoltas contra o ato de D. Pedro, pois muitos eram contra a separação de Portugal, mas essas escaramuças tiveram uma dimensão muito menor do que se a independência tivesse ocorrido mais tarde. Ela era inevitável.
Sua importância está no fato de que sem a independência, não haveria a república. Façamos nesse dia uma reverência a D. Pedro I, que com todas as suas idiossincrasias amava a “terra brasilis” e foi um personagem importante na construção de um gigante, como é o Brasil de hoje.
Max Wolosker
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