Wanderson Nogueira

Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

06/05/2023

Sei que o mundo está ruim, mas esperançar é preciso. Ainda que o futuro nos impeça de fazer o que tem que ser feito agora, de dizer o que tem que ser dito hoje, é louvável pensar em um amanhã mais bonito. 

Isso explica muito de nós. Essa coisa de acordar, se levantar e enfrentar as agruras. Essa coisa de continuar, persistir bem próximo de teimar, mesmo quando o ao redor diz não!

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29/04/2023

Mulher, eu não posso falar por você, mas precisamos falar de você. O que penso saber, mas não sinto, ainda que tente ser empático. Eu não sei se chego a esse patamar, mas de certo jamais saberei o que passa. 

Homem, eu preciso falar com você sobre elas, ainda que não possa falar por elas. Como homem, por mais que tenha relatos, depoimentos, coleção de fatos estarrecedores de crimes praticados contra elas, não vivo na pele o que elas sofrem.

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07/04/2023

Em tempos que assistimos, (muitos até passivamente), autoridades que abusam do egocentrismo em detrimento das instituições, A Voz da Serra — sobrevive.

É sombrio ver uma cidade com tanta história escrita por instituições centenárias, normalizar o desrespeito aos princípios da administração pública, entre os quais, as basilares normas da publicidade e da impessoalidade.

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07/04/2023

Renascer é mais difícil do que recomeçar. Ninguém recomeça do zero. Traz consigo experiências, vivências, coleções de conquistas e fracassos. Sabe o que queima e aquilo que suaviza. Sabe diferenciar os medos que protegem daqueles medos que paralisam. Recomeçar, portanto, é traçar novo começo, mas a partir de algo que foi iniciado e interrompido. É ter percepção das tatuagens e cicatrizes e se fortalecer delas para prosseguir em novas rotas, mas com velhas histórias na bagagem. Recomeçar é pouco arriscado, pois se acredita saber dos riscos e saber dos riscos rouba os potenciais.

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25/03/2023

Deixa a vida surpreender, mesmo que tudo pareça ruim. Até pilha para funcionar precisa de positivo e negativo. Um dia a gente está por cima, outro por baixo e por mais que pareça clichê, essa é uma realidade das nossas travessias pela vida. 

Como dizem os adolescentes: “quem nunca chutou o balde para ir buscar depois”? Às vezes, é preciso chutar o balde mesmo, ainda que todas as previsões indiquem: “vai lá, meu filho, corre e traz o balde de volta”. Tudo a seu tempo. 

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18/03/2023

As águas de março já vão varrendo o verão. As águas do mar apenas me separam de outros continentes. Da Pedra do Arpoador, a cidade mais próxima é Walvis Bay, a quase seis mil quilômetros azuis. Pelo caminho, talvez, ilhotas que não formam um lugarejo, muito menos um país. Toda a vida está no oceano e no céu que há sobre ele. 

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11/03/2023

Estou à procura de achados que ainda não encontrei. Talvez tenha vislumbrado, mas jamais encontrado. Olhar atento, caminho pelas ruas dos dias para no meio da poesia quem sabe… 

O que será percebido? O que me emprestará a interpretação no agora? Porque o que fomos nos trouxe, mas a leitura que vale é a desse ser que vive agora. 

Amanhã? Talvez me avalie adolescente demais, desses que vão no afã da ocasião ou adulto de menos, como os que decidem apenas com o coração.  

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04/03/2023

Eu não tenho talento pra cantar ou para dedilhar violão. Até invejo quem tem. Meu talento é ler pessoas. Escrever sobre elas. Sobre o que sabem e o que não sabem. Sobre o que são na superfície, no esconderijo de suas existências ou mesmo sobre o que invento sobre elas na minha mais fértil imaginação. 

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11/02/2023

Se eu não soubesse o que é o carnaval, se eu já não tivesse te conhecido. Ah, não sei. Talvez, eu teria um conceito diferente do que é alegria, felicidade, essa coisa de se esbanjar, ser entregue, se deixar levar... Pela música, pelos brilhos de tantas cores que nem sei o nome, pelas multidões ou simplesmente pelo bailar da passista quase toda despida. 

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04/02/2023

Por que o tempo passa tão ligeiro quando a felicidade nos visita? Mesmo fazendo morada, a estadia da felicidade sempre parece menor do que deveria ser. Não porque somos um tanto insaciáveis. Vorazes? Não somos tão famintos como o tempo, que nos devora, e, sempre se atreve a abreviar esses momentos em que fabricamos saudades. 

Se pensarmos que estamos fabricando saudades nesses instantes, perdemos a felicidade que nos contagia. Melhor viver intensamente e pensar nisso depois. Pensando, revivemos, mas sem a mesma mágica.

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