Devo alertar aos leitores de que meus dados são colhidos via internet, pois estando confinado em casa, pela orientação da Prefeitura de Nova Friburgo e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, fica difícil obter as informações in loco, ou seja, na Secretaria de Saúde ou nos hospitais. Mas, como vou me basear nas situações de Friburgo e Cabo Frio, onde consigo informações com colegas médicos desses municípios, creio que não estarei tão defasado assim.
Devo alertar aos leitores de que meus dados são colhidos via internet, pois estando confinado em casa, pela orientação da Prefeitura de Nova Friburgo e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, fica difícil obter as informações in loco, ou seja, na Secretaria de Saúde ou nos hospitais. Mas, como vou me basear nas situações de Friburgo e Cabo Frio, onde consigo informações com colegas médicos desses municípios, creio que não estarei tão defasado assim. Daí poder afirmar, sem medo de errar, que nossas autoridades estão se locupletando do medo espalhado pelas redes de televisão, mal intencionadas, para aproveitar desse momento de pandemia e tragédia nacional.
A decretação de estado de emergência em saúde, sancionada pelas prefeituras de Nova Friburgo e Cabo Frio, levando-se em conta a estirpe de nossos políticos soa no mínimo como um alerta de que a gastança poderá ser desproporcional à realidade. Senão vejamos, de acordo com um colega médico, Friburgo tinha até o último domingo, 19, 30 casos diagnosticados positivos, com 44 suspeitos, quatro mortos sob investigação e um óbito confirmado. Havia, também, 32 pessoas em isolamento domiciliar e quatro internados.
Mas, o curioso é que não sabemos o número diário de infectados, pois se os resultados dos exames levam de 15 a 20 dias para chegarem, muitos desses 30 pacientes já se recuperaram e voltaram à vida normal. Além do mais, segundo o que apurei na internet, a “prefeitura parou de divulgar casos descartados”.
Os boletins oficiais da Prefeitura de Nova Friburgo são divulgados nas segundas, quartas e sextas-feiras. Até o boletim da última quarta-feira, 15, o Executivo municipal vinha informando a quantidade de testes para Covid-19 com resultados negativos para a doença. Naquele dia, 107 testes tinham dado negativo para a doença e foram descartados. Entretanto, na sexta-feira, 17, o boletim não trouxe essa informação”. A prefeitura alegou que os dados estariam criando parâmetros comparativos, o que seria negativo no momento em que é preciso o isolamento social.
É raro, mas quando saio de casa e passo pelo Hospital Raul Sertã, o movimento é normal, não se registrando movimentação anormal naquela unidade e colegas que lá trabalham, como plantonistas ou diaristas, não observam aumento do movimento de pessoas, o que seria de se esperar, num momento de pandemia.
Cabo Frio, que também decretou estado de emergência em saúde está até melhor do que nós, pois lá são nove casos confirmados, até o último domingo, 19, com 107 suspeitos, 44 descartados e um óbito. É importante frisar que esses dois municípios têm quase a mesma população, entre 190 e 200 mil habitantes, e que Cabo Frio nos ultrapassou, com uma estimativa atual de 226 mil moradores.
Portanto, o número de infectados é real, mas nada que justifique essas medidas extremas em que o Poder Executivo passa a ter o direito de gastar, sem necessidade de licitação. Aliás, quando essas são feitas, sempre paira dúvidas sobre a veracidade do resultado e se o custo da obra é aquele mesmo, sabemos que o superfaturamento sempre foi a tônica desses procedimentos.
Agora que a imprensa comprometida está fazendo a festa é uma triste constatação. Já repararam que os repórteres da Globo fazem questão de realçar o número de novos infectados e, principalmente, de mortos, mas nenhuma referência sobre o total de doentes recuperados? Na visão deles, ninguém fica curado. O jornal Le Monde publicou, no último sábado, 18, que durante dois dias seguidos, na França, o número de altas tinha sido maior que o de internações, mostrando que a doença estava entrando em sua curva de declínio. E aqui?
Fiquei surpreso com a declaração do presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS) que, ao contrário do que sempre afirmava há até poucos dias, disse que países da África, Ásia e América Latina deveriam rever suas posições, pois muitos trabalhadores são autônomos e o isolamento horizontal comprometeria a renda mensal, trazendo fome para as famílias. Ou seja, virou aliado do presidente Bolsonaro, que sempre defendeu o isolamento vertical.
Mas, qualquer isolamento é inócuo diante da ignorância e irresponsabilidade do povo. Em Teresópolis, pasmem, tem gente alugando máscara a R$ 1, para quem precisa entrar em lojas em que ela seja exigida.
Vale apena reforçar que o presidente Jair Bolsonaro decretou estado de emergência em saúde, no Brasil, no dia 8 de fevereiro. O carnaval começou, oficialmente, em 21 de fevereiro, sem que os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro ou Bahia, em nenhum momento, cogitassem em suspender os festejos momescos, para não comprometer a arrecadação estadual. Fica mais fácil pendurar a conta da pandemia agora nas costas do Governo Federal.
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