Blog de maxwolosker_18841

A ditadura da toga

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Quem manda no Brasil, hoje, é o Supremo Tribunal Federal (STF). Onze membros, em sua maioria, escolhidos por presidentes de conduta duvidosa, a saber: Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio de Melo (Fernando Collor), Gilmar Mendes (Fernando Henrique Cardoso), Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia (Luís Inácio Lula da Silva), Edson Fachin, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso (Dilma Roussef) e Alexandre de Moraes (Michel Temer).

Quem manda no Brasil, hoje, é o Supremo Tribunal Federal (STF). Onze membros, em sua maioria, escolhidos por presidentes de conduta duvidosa, a saber: Celso de Mello (José Sarney), Marco Aurélio de Melo (Fernando Collor), Gilmar Mendes (Fernando Henrique Cardoso), Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Carmem Lúcia (Luís Inácio Lula da Silva), Edson Fachin, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso (Dilma Roussef) e Alexandre de Moraes (Michel Temer).

Com exceção de Sarney e, talvez Fernando Henrique, os outros tiveram problemas com a Justiça, Collor e Dilma cassados, Luís Inácio preso por mais de um ano e em liberdade provisória e, Michel Temer com cinco processos, referentes à operação Lava Jato, sendo que um foi tornado sem efeito pelo presidente do STJ, João Otávio de Noronha. Desses apenas dois foram juízes antes de serem nomeados para a corte suprema do país, Luiz Fux egresso da Justiça comum e Rosa Weber, juíza do trabalho, concursada. Marco Aurélio já foi juiz do trabalho, mas não prestou concurso, foi indicado. Já na coirmã americana, todos são juízes togados, ou seja, prestaram concurso para a magistratura. Isso faz muita diferença, pois advogado não é juiz, nem poderia ser chamado de tal adjetivo. Só no Brasil, existe juiz por nomeação.

O nosso STF até o final do mandato do presidente Michel Temer tinha uma postura mais discreta, não se expondo muito na mídia. Bastou a eleição de Jair Bolsonaro se consumar, para que a conduta mudasse. Na realidade, a maioria deles foi indicada por presidentes com origens socialistas mais de esquerda ou mesmo comunista travestidos de democratas e não aceitaram a instalação de um governo de direita. À medida que as benesses governamentais secaram, com a farta distribuição de dinheiro para sindicatos, UNE, MST entre outros, além das indicações ministeriais passarem a serem técnicas e não por conchavo político, os problemas começaram. De um lado deputados e senadores passaram a vetar ou descaracterizar a maioria dos decretos governamentais, impingindo várias derrotas a Bolsonaro; de outro o STF, contrariando sua função, passou a legislar.

O que vemos hoje é um avolumar de transgressões a constituição, na contramão do dever precípuo do STF que é a sua garantia. Senão vejamos anteriormente, Lewandowski já rasgara nossa carta magna ao afastar a então presidente Dilma, mas manter seus direitos políticos. Em seguida, Marco Aurélio destituiu o, então, presidente do Senado, Renan Calheiros, tornado réu num processo da operação Lava Jato. Teve que voltar atrás, quando sentiu que na votação plena, seria derrotado. Não satisfeito em desrespeitar a constituição, o STF passou a interferir nos outros poderes: Luiz Fux, intrometendo-se na independência do Poder Legislativo, determinou a anulação do julgamento, pela Câmara dos Deputados, do chamado “Pacote anticorrupção”, sob o fundamento de que houve desrespeito formal na tramitação do projeto.

Mais recentemente, Alexandre de Moraes impediu a nomeação de Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal, se metendo no Poder Executivo, pois essa indicação é atribuição do presidente da República. O próprio processo das fake news, de iniciativa de Alexandre, também é inconstitucional, pois no caso de injúria, calúnia ou desrespeito, as delegacias da polícia civil são os locais mais indicados para esse tipo de queixa.

Outra interferência no Poder Executivo foi deixar na mão de governadores ou prefeitos, a deliberação sobre os destinos das medidas a serem tomadas em relação ao combate à pandemia do coronavírus. Abriu-se a comporta para a gastança em determinados estados, com reflexos no atendimento da população. O pior que a ação é de governadores e prefeitos, mas a conta quem paga é o Governo Federal.

O que vemos é um conluio entre os poderes Legislativo e Judiciário para desestabilizar o Poder Executivo. Tanto é assim que, sem entrar no mérito da questão, um deputado do Psol solicitou à corte suprema o confisco do passaporte do até, então, ministro da Educação o que é um disparate. Virou hábito e qualquer medida do presidente tem a interferência do STF, vulgarizando sua imagem já que a discrição deveria ser seu forte. É o contrário da corte americana, cujos membros jamais aparecem em público, para entrevistas ou programas televisivos de entrevistas.

Aliás, o processo das fake news é inconstitucional, pois a carta magna do país referenda a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Somente as ofensas são dignas de processo o que deveria acontecer com aqueles que propagam ser o presidente Bolsonaro um fascista, nazista, homofóbico. Ainda não vi o presidente processar ninguém, mas deveria.

O pior é que contrariando seus princípios, para governar, Bolsonaro vai ter de indicar para determinados ministérios nomes sugeridos por alguns partidos, visando ter maioria na Câmara e no Senado. Se não o fizer, será presa fácil do Congresso Nacional e do STF.

 

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D. Maria Leopoldina

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Na semana passada escrevi que líderes e autoridades do primeiro quarto do século 21 não têm mais o peso e o valor daqueles do passado. Com isso na cabeça, resolvi passar pelo século 20 e aterrissar no século 19, conhecido por guerras, revoluções, inovações e pensamentos que marcaram a humanidade até os dias de hoje. Esse período foi importantíssimo para o Brasil, quando deixamos de ser colônia portuguesa e viramos Reino Unido de Portugal e Algarves. Não demorou muito, exatos 14 anos, e nos tornamos um país independente, a primeira monarquia do continente americano.

Na semana passada escrevi que líderes e autoridades do primeiro quarto do século 21 não têm mais o peso e o valor daqueles do passado. Com isso na cabeça, resolvi passar pelo século 20 e aterrissar no século 19, conhecido por guerras, revoluções, inovações e pensamentos que marcaram a humanidade até os dias de hoje. Esse período foi importantíssimo para o Brasil, quando deixamos de ser colônia portuguesa e viramos Reino Unido de Portugal e Algarves. Não demorou muito, exatos 14 anos, e nos tornamos um país independente, a primeira monarquia do continente americano.

Muitos foram os nomes de importância em nossa história, nesse período, mas vou me deter na figura de D. Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil e das Américas, da qual sou fã incondicional. Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, no palácio de Schonbrunn, em 28 de janeiro de 1797. Era filha do imperador da Aústria, Francisco I e de sua segunda esposa Maria Teresa das Duas Sicílias. Era oriunda de um dos impérios mais importantes da Europa daquela época e teve uma educação esmerada, preparada para reinar, se fosse necessário. Ela baseava-se na crença educacional de "que as crianças deveriam ser desde cedo inspiradas a ter qualidades elevadas, como humanidade, compaixão e desejo de fazer o povo feliz”. Falava seis idiomas, entre eles o português.

Foi essa mulher prendada e culta a escolhida para se casar com Pedro, futuro imperador do Brasil e oriundo de uma corte europeia escrachada, como era a portuguesa. Faço ideia do choque que ela deve ter tido ao conhecer a nobreza portuguesa quando desembarcou, no Rio de Janeiro, em 6 de dezembro de 1817, em especial D. Carlota Joaquina que a detestava. Mas, quem muito ganhou com a sua presença foi o Brasil, pois amante da botânica e da mineralogia, trouxe consigo um mineralogista e seu futuro marido, D. Pedro de Alcântara, tão logo seu casamento foi anunciado, organizou, sob os auspícios da Coroa Austríaca, aquela que viria a ser a principal expedição científica ao interior das desconhecidas (para a ciência) terras brasileiras.

Dizem que D. Maria Leopoldina (ela incorporou o prenome Maria por ser devota da Virgem Maria ou como deferência à corte portuguesa, onde as mulheres tinham o Maria como prenome) não era bonita, mas sua simpatia compensava tudo. No entanto, ela conseguiu se fazer respeitar pelo marido, no que concerne a sua inteligência e perspicácia, a ponto de ser a substituta de D. Pedro, quando esse, já imperador do Brasil, se ausentava da corte em viagens pelo interior.

Com sua educação esmerada ela fazia questão de comer com garfo e faca, quando os hábitos palacianos eram usar as mãos; adotou o Brasil como sua pátria, tanto é assim que não permitia que se falasse outra língua que não o português, em sua presença. Conquistou a todos, principalmente os pobres e os escravos, que ficaram desconsolados quando do seu precoce falecimento. Foi uma verdadeira comoção no Rio de Janeiro e em todo o país, sendo que os escravos soluçavam a perda de “sua mãe”.

Mas, foi no período que antecedeu a independência brasileira que sua presença se fez marcante. O famoso Dia do Fico, em que Pedro decidiu permanecer no Brasil, contrariando as ordens da corte portuguesa, tem o seu dedo. Foi mais abnegada no movimento separatista que o próprio marido, pois este tentava uma conciliação com a futura ex metrópole.

O decreto da independência, assinado em 2 de setembro de 1822, separando o Brasil de Portugal, foi assinado pelo presidente do Conselho de Estado, D. Maria Leopoldina do Brasil, reunido às pressas, face as ameaças portuguesas de voltar o Brasil à condição de colônia. Sua postura, defendendo os interesses brasileiros, é flagrante na carta que escreveu a D. Pedro, naqueles dias conturbados: “É preciso que volte com a maior brevidade. Esteja persuadido de que não é só o amor que me faz desejar mais que nunca sua pronta presença, mas sim as circunstâncias em que se acha o amado Brasil. Só a sua presença, muita energia e rigor podem salvá-lo da ruína”.

Ou seja, enquanto Pedro bradava o famoso “Independência ou morte”, o Brasil já era uma nação independente, sob a batuta de D. Leopoldina. E mais, a bandeira do império é de sua autoria, sendo o verde a cor da casa dos Bragança e o amarelo dos Habsburgo. Nada de mata e ouro, invenção dos republicanos, que tinham de desmistificar tudo que se referia ao império brasileiro, quando da proclamação da República.

A “mãe dos brasileiros” faleceu de septicemia pós-puerperal, no palácio da Quinta da Boa Vista, em 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos de idade, deixando entre seus oito filhos aquele, que viria a ser, na minha opinião, o melhor chefe de estado que esse país já teve, D. Pedro II.

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A decadência dos titulares das nossas instituições

quinta-feira, 11 de junho de 2020

“Após pedir desculpas pela hidroxicloroquina, agora a OMS (Organização Mundial de Saúde) conclui que pacientes com o coronavírus e assintomáticos (a grande maioria) não têm potencial de infectar outras pessoas.

“Após pedir desculpas pela hidroxicloroquina, agora a OMS (Organização Mundial de Saúde) conclui que pacientes com o coronavírus e assintomáticos (a grande maioria) não têm potencial de infectar outras pessoas. Milhões ficaram trancados em casa, perderam seus empregos e afetaram negativamente a economia.” Essas palavras foram ditas pelo presidente  Jair Bolsonaro, mas poderiam ter sido emitidas por qualquer pessoa, ao ser surpreendido com as novas declarações dos três trapalhões da Organização Mundial da Saúde, Maria Von Kerhove diretora dos programas de emergências sanitárias; Tedros Adhanom Ghebreyesus, seu presidente e Michael Ryan, diretor executivo.

Esse posicionamento mostra que o órgão supremo da saúde mundial está mais perdido do que cego em tiroteio, não tem bases científicas para comandar os destinos do mundo numa séria crise de saúde e, na realidade, age de acordo com objetivos não muito claros. Não pode cobrar certas atitudes de seus afiliados se não tem a convicção necessária para sustentar seus argumentos.

Mas, o que vemos nesse primeiro quarto do século 21, é um fenômeno que vem se acentuando com o passar dos tempos. O nível daqueles que detêm postos de comando ou de representação das várias entidades, não têm mais o peso e o valor daqueles do passado. Raríssimas são as exceções, como é o caso da chanceler alemã Ângela Merckel. Com isso assistimos a uma “mediocrização” das instituições, com a consequente banalização de suas atitudes. Pessoas sem preparo para exercerem os cargos que ocupam, colocando em risco a segurança e a vida dos cidadãos.

As economias mundiais sofreram fortes abalos, com seus respectivos PIBs despencando, com todo mundo trancado dentro de casa, sofrendo no caso de americanos e europeus, multas pesadas, se fossem pegos na rua sem um objetivo bem definido; tudo isso por orientação da OMS, pregando que a quarentena horizontal, todos enjaulados, atrasaria o colapso dos hospitais na luta contra a pandemia. Seria a única maneira de garantir vagas em CTIs para todos, pois o ritmo de contágio seria mais lento. Não foi o que se observou nos Estados Unidos, França, Itália, Espanha, Brasil países muito afetados pela pandemia.

Nesse mesmo raciocínio, combateram ativamente o uso da hidroxicloroquina, mesmo com os trabalhos divulgados pelo cientista francês Didier Raoult, do hospital Raymond-Poincaré. Basearam-se no trabalho divulgado pela revista The Lancet, que mostrou ser o fármaco inócuo no tratamento do corona vírus, em função de um estudo levado a cabo em cinco continentes diferentes, com metodologia científica não uniforme.

Quando a Lancet fez o seu mea culpa e reconheceu a nulidade, em termos científicos, daquele estudo, não restou à OMS reconhecer o seu erro e cassar a maldição lançada sobre a cloroquina. Quantas vidas não poderiam ter sido salvas se o tratamento precoce com a “renegada” tivesse sido instituído? A mesma pergunta podemos fazer, após o cândido reconhecimento pela mesma OMS, de que os pacientes assintomáticos não têm o potencial de infectar outras pessoas.

Será que esse pandemônio causado às economias do mundo inteiro era mesmo necessário? A quem interessa esse caos generalizado a nível mundial? Quem a OMS está acobertando? Já foi exaustivamente comentado que a OMS atrasou, em 15 dias, o comunicado do desastre global iniciado na China. O pior é que, posteriormente, a diretora Von Kerhove afirmou que foi mal interpretada, pois o que quis dizer é que não se sabe a real extensão do potencial de contágio dessas pessoas assintomáticas.

Mas, a entidade máxima da saúde mundial não teria chegado a tais disparates se os líderes das potências envolvidas, não tivessem baixado a cabeça para os mandos e desmandos do sr. Tedros e colaboradores. Nesse mês de junho comemorou-se os 76 anos do desembarque das tropas aliadas, na Normandia, em 6 de junho de 1944, talvez uma das maiores operações de guerra dos últimos tempos. Será que os líderes de hoje teriam a determinação, a inteligência e a coragem daquele que estiveram no comando de tal empreendimento? Difícil responder.

Entre nós, basta fazer uma comparação entre os membros do STF e do Congresso Nacional de hoje com os do século passado, para termos consciência de como o nível baixou. Esse rebaixamento não diz respeito somente ao preparo intelectual deles, mas ao posicionamento ético e moral dos mesmos.

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A cada crise, o presidente Bolsonaro aumenta sua credibilidade

quarta-feira, 03 de junho de 2020

Deve ser muito difícil para um presidente da República sofrer achincalhes, ironias e desrespeito diuturnamente. O que seus os adversários não perceberam ainda, é que a cada ataque planejado, ele sai mais fortalecido, vide a manifestação monstro que ocorreu no último domingo, 31 de maio, na capital federal e na Avenida Paulista, em São Paulo. Se fôssemos um país mais sério, uma grande parte das notícias veiculadas pela grande mídia, mereceria ações judiciais para comprovar sua autenticidade.

Deve ser muito difícil para um presidente da República sofrer achincalhes, ironias e desrespeito diuturnamente. O que seus os adversários não perceberam ainda, é que a cada ataque planejado, ele sai mais fortalecido, vide a manifestação monstro que ocorreu no último domingo, 31 de maio, na capital federal e na Avenida Paulista, em São Paulo. Se fôssemos um país mais sério, uma grande parte das notícias veiculadas pela grande mídia, mereceria ações judiciais para comprovar sua autenticidade.

Podemos citar a cinematográfica demissão do ex-ministro Sérgio Moro, gestada para atingir a credibilidade e popularidade do presidente Jair Bolsonaro e que culminou com a destruição total da imagem que Moro construiu durante seu período à frente da operação Lava-Jato. Quando se entendeu o que estava por trás de sua demissão, o presidente saiu mais fortalecido. Na realidade, Moro trabalhava contra seu superior.

No bojo desse imbróglio, o “decano” do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que não esconde de ninguém seu ódio por Bolsonaro, resolveu usar o vídeo da reunião ministerial, citada por Moro, como prova de que o presidente queria interferir na Polícia Federal, (em tempo o verbo interferir tem vários significados como interceder, intervir, pedir, solicitar, advogar, rogar etc). Mais uma vez o tiro saiu pela culatra. Quem assistiu à fita, nada viu que incriminasse o presidente. Viram sim, um propalado defensor da Constituição desrespeitá-la, uma prática que vem se tornando comum entre os membros do STF (vide interferências de Ricardo Levandowsky e Alexandre de Moraes) ao liberá-la sem cortes.

O correto seria dar conhecimento ao público apenas do teor que embasaria a denúncia de Moro. Esqueceu-se de que numa reunião à portas fechadas, fala-se muita coisa na certeza de que ela não cairá no domínio público, é uma verdadeira lavagem de roupa suja. Quantos jornalistas já tiveram problemas, quando não perceberam que antes ou depois de uma entrevista alguém se esquecera de desligar o microfone?

A causa imediata dessa liberação resultou na concorrida participação de apoio da população ao presidente Bolsonaro no último domingo, em Brasília. E, em consequência, a não recriminação ao ministro Weintraub, pois seu desabafo representa a opinião de uma parcela respeitável da população. Deve-se ter em conta que a sugestão de seu afastamento, feita pelo outro membro do STF, Marco Aurélio, não tem o menor cabimento, pois não foi feita em público e sim entre quatro paredes. Se foi tornada pública, é outro problema. Aliás, as pessoas estão esquecendo que vivemos hoje, uma verdadeira ditadura da toga. Vide o sr. Celso de Mello que agora determinou a suspensão do recolhimento do celular de Bolsonaro. Mandam e desmandam a seu bel prazer.

Mas, como cutucar o leão com vara curta pode ter consequências desastradas, Celso de Mello resolveu se superar ao pedir o confisco, para análise, do celular do presidente da República. Não satisfeito solicitou a câmera que filmou a reunião. Deboche por deboche, já que foi solicitado o celular, eu retiraria os chips e entregaria o telefone e a câmera. Mas, reparem que além da interferência de um poder sobre o outro, já que a independência dos três poderes da República é causa pétrea constitucional, a meu ver não tem nenhum cabimento. Ainda mais que o próprio STF proibiu o confisco dos celulares de Adélio Bispo e dos seus advogados de defesa. E o medo de que tais celulares pudessem conter informações sobre o possível mandante do atentado?

Não só o presidente disse que provocaria uma crise institucional, pois não o entregaria como desencadeou a reação imediata do general Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e de outros generais, criticando a medida inconstitucional do STF e, o que é pior, que isso poderia desencadear uma crise de grandes proporções, de caráter imprevisível. Esse episódio, a meu ver, também contribuiu para engrossar o número de participantes da marcha do último domingo, na capital federal.

Os pascácios, como diria Nélson Rodrigues, não entenderam ainda que a perseguição implacável à figura de Bolsonaro só aumenta sua popularidade. Agem como os escorpiões que mordem a própria cauda e provocam sua destruição. O mais grave, é a imagem que fica do Brasil lá fora, quando as fofocas políticas, típicas de comadres, obscurecem o objetivo maior que é o enfrentamento à pandemia que nos assola, hoje relegada a segundo plano. Os embates políticos são mais importantes.

E um alerta aos mais jovens, que não viveram a década de 1960. O clima político que vivenciamos hoje lembra em muito, aquele que antecedeu à intervenção militar de 1964, de triste memória e que ninguém quer que se repita. A democracia é um regime em que vencedores e vencidos têm de conviver em harmonia. A amizade pode ser difícil, mas o cavalheirismo, jamais.

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Ainda sobre a hidroxicloroquina

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Em função de críticas recebidas, ao médico e jornalista que sou, sobre o artigo que publiquei aqui na quarta-feira passada, 20, intitulado “A polêmica sobre usar ou não a cloroquina”, transcrevo abaixo o artigo escrito pelo médico Alfredo Guarischi (membro da Câmara Técnica de Oncologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro – Cremerj; colaborador do Proqualis-ICICT-Fiocruz-MS; organizador do Congresso Safety e do Gerhus), conceituadíssimo na cidade do Rio de Janeiro.

Em função de críticas recebidas, ao médico e jornalista que sou, sobre o artigo que publiquei aqui na quarta-feira passada, 20, intitulado “A polêmica sobre usar ou não a cloroquina”, transcrevo abaixo o artigo escrito pelo médico Alfredo Guarischi (membro da Câmara Técnica de Oncologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro – Cremerj; colaborador do Proqualis-ICICT-Fiocruz-MS; organizador do Congresso Safety e do Gerhus), conceituadíssimo na cidade do Rio de Janeiro. Publicado em (https://cbc.org.br/o-que-nao-foi-publicado-na-the-lancet/) veio em boa hora por causa da referência feita à revista The Lancet, esta semana no jornal da Rede Record.

O que não foi publicado na The Lancet

A cloroquina (CQ) foi sintetizada em 1934, e a hidroxicloroquina (HCQ), em 1950, medicamentos empregados por décadas para tratar malária, lúpus e artrite reumatoide. Seu uso em outras patologias ainda desperta debates acadêmicos nem sempre saudáveis.

Em 22 de maio, Mehra e colaboradores publicaram na revista The Lancet um estudo com mais de 98 mil pacientes com Covid-19 hospitalizados. O desfecho clinico de 96.032 pacientes foi analisado.

Sua conclusão principal foi que os 14 mil pacientes tratados com HCQ ou CQ, quando usadas isoladamente ou associadas a um antibiótico macrolídeo (Azitromicina), redundou na diminuição da sobrevida hospitalar, aumento de arritmias cardíacas, tempo de internação no CTI e uso de ventilador mecânico. O grupo controle, não randomizado, foi de 81mil pacientes que não receberam o tratamento experimental.

Ora bolas, diante de uma conclusão tão enfática, por que comentar o artigo que foi manchete até da grande imprensa, que chegou a publicar que é hora de deixar essas drogas descansarem? Respondo: porque faltaram importantes informações no artigo.

Um grupo de 852 pacientes, por terem feito uso da medicação experimental por mais de 48 horas antes da admissão hospitalar, não teve o desfecho de seu quadro analisado. Esse grupo representou 38% do total dos pacientes excluídos. Se estivessem na análise, aumentaria em 17% o número total de pacientes tratados experimentalmente. Será que o uso por um tempo maior antes da internação teria impacto no desfecho clínico? Por que não publicaram, até em separado, o resultado desse grupo?

No dia seguinte da publicação on-line, escrevi um e-mail para o autor principal, dr. Mehra, solicitando sua ajuda para entender melhor o artigo. Em menos de duas horas, recebi sua resposta: “Ótimas perguntas, mas difíceis de responder, pois esse banco de dados é principalmente relacionado a hospitalização. Desejo-lhe tudo de bom”. Essa observação mostra seu respeito às dúvidas científicas e como está no artigo publicado, os autores reconhecem a necessidade de “confirmação urgente dos ensaios clínicos randomizados”.

Está correto. Sua publicação tem falhas metodológicas, apesar do uso de diversas ferramentas estatísticas para mitigar os problemas relacionados a estudos retrospectivos. Não sabemos a real diferença e qualidade do tratamento médico empregado nos 617 hospitais escolhidos, em seis diferentes continentes, assim como a uniformidade da coleta dos dados. Dados clínicos obtidos de prontuários eletrônicos e com codificações distintas sofrem distorções, mesmo com a utilização de sofisticados filtros estatísticos.

Outro ponto preocupante é que a dose das drogas experimentais (para essa nova doença) utilizada não foi uniforme, e, em média, foi 50% maior do que a utilizada no tratamento das doenças para as quais já estão cientificamente aprovadas.

The Lancet, fundada em 1823, faz parte do seleto grupo de revistas médicas nas quais somente artigos revistos e aprovados por um corpo editorial de especialistas são publicados. Apesar disso tudo erram.

A revista inglesa, referência mundial, demorou 12 anos para reconhecer como fraudulento o estudo publicado que ligava a vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR) com o aparecimento do autismo. Somente em fevereiro de 2010 afirmou que “agora está claro que vários elementos do artigo publicado em 1998 eram incorretos”. Mas o desastre contra a ciência já estava feito. O movimento mundial antivacina cresceu, resultando no ressurgimento de doenças.

Há muitas questões em relação ao tratamento na fase inicial dessa nova e ainda desconhecida doença, que só serão respondidas com estudos científicos. Não sabemos qual o real impacto de medicamentos administrados em sua fase inicial, como o do uso de antivirais caríssimos, que já permitiram lucros enormes aos detentores de suas patentes nas bolsas de valores, ou de fármacos antigos e baratos (HCQ e alguns vermífugos).

Apesar da qualidade profissional dos seus autores e da The Lancet, esse artigo é mais um que deva ser interpretado com ressalvas. Pode estar correto, mas os dados publicados não corroboram a conclusão.

Seria interessante saber como os dados de todos os 96.032 pacientes, hospitalizados no período de 20 de dezembro de 2019 até 14 de abril de 2020, puderam ser revistos e aprovados pelo corpo editorial de especialistas externos e serem publicados em 22 de maio de 2020.

A ciência precisa de metodologia para não falhar; os pesquisadores e as revistas médicas não deveriam ter pressa. Com isso o lucro social seria maior.

 

Foto da galeria
Cuidados para evitar a gripe publicados na imprensa há pouco mais de um século
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A polêmica sobre usar ou não a hidroxicloroquina

quarta-feira, 20 de maio de 2020

É muita leviandade querer atribuir ao presidente da República a imposição do uso da hidroxicloroquina, no tratamento da infecção pela Covid-19. Mas, da mesma maneira que um leigo consulta a opinião de médicos ou vai ao Google, é claro que Jair Bolsonaro tem seus contatos na área médica e deve ter conhecimento da utilidade desse fármaco, como coadjuvante do tratamento da virose chinesa.

É muita leviandade querer atribuir ao presidente da República a imposição do uso da hidroxicloroquina, no tratamento da infecção pela Covid-19. Mas, da mesma maneira que um leigo consulta a opinião de médicos ou vai ao Google, é claro que Jair Bolsonaro tem seus contatos na área médica e deve ter conhecimento da utilidade desse fármaco, como coadjuvante do tratamento da virose chinesa.

Como clínico que sou, sei que ela surgiu no mercado para tratamento e prevenção da malária ou febre terçã. Para essa enfermidade a dose prescrita é de 600 mg no primeiro dia e 300 mg no segundo e terceiro dias, cerca de 25 mg por quilo de peso, num adulto. De acordo com um trabalho publicado pelo Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Fiocruz, “na dose habitual do tratamento de doenças agudas, a cloroquina tem poucos efeitos adversos. A toxicidade aguda pode ocorrer após a ingestão de uma única dose de 1,5-2,0 gramas, ou seja, 2-3 vezes a dose diária de tratamento”.

Ainda, segundo a Fiocruz, “é necessário gerar evidências sobre a segurança e eficácia da cloroquina para tratar pacientes infectados com o SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19. O medicamento deve ser administrado sob estrita supervisão médica em ensaios clínicos e por um tempo curto. É fundamental avaliar cuidadosamente a quem a cloroquina pode ser efetivamente prescrita”. Não foi o que aconteceu nessa terra esquecida por Deus, pois logo que se divulgou os primeiros informes sobre a sua utilidade, ela sumiu das prateleiras das farmácias. Isso obrigou as autoridades a só permitirem sua venda com prescrição médica. Para a Covid-19 a hidroxicloroquina é mais segura e com toxicidade menor.

Num recente debate entre os médicos Marcos Boulos e Paolo Zanotto, ficou claro que mesmo entre os mais entendidos, muitas dúvidas permanecem. Mas, apesar de Boulos dizer que esse vírus não tem tratamento, estudos “in vitro’ mostram a eficácia da cloroquina contra o SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19. Devido a inexistência de medicamentos seguros e efetivos para enfrentar essa doença, ela pode ser uma alternativa terapêutica, pois é um medicamento usado há mais de 70 anos e relativamente seguro. Baseado em que? Estudos “in vitro” mostram que o fosfato de cloroquina pode inibir a replicação de vários coronavírus “in vitro”, numa concentração próxima à alcançada durante o tratamento da malária aguda.

A CQ inibe a replicação do vírus reduzindo a glicosilação terminal dos receptores da enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) na superfície das células Vero E6 e interferindo na ligação dos receptores SARS-CoV e ACE2. Foi o que mostrou Paolo Zanotto, se referindo ao sucesso do tratamento da doença, no hospital da operadora de saúde Prevent Senior, em São Paulo. Ela tem de ser usada do segundo ao quarto dia do aparecimento dos sintomas e manifestações clínicas.

Segundo ele, em três dias já se nota uma diminuição acentuada da atividade viral. Numa outra entrevista, essa no jornal da TV Cultura, ele enfatizou que a partir do quinto dia, quando o paciente passa do estágio de transmissão viral para a inflamatória, quando o pulmão já está com mais de 50% de comprometimento, ela já não tem a mesma ação. Em média, a partir do sétimo dia, caso a infecção se agrave, o paciente vai precisar ser entubado e a eficácia do tratamento é muito baixa. Esse mesmo procedimento foi feito pelo professor Vladimir Zelenka, em Nova Iorque.

Tem protocolos que usam a Azitromicina associada ao sulfato de zinco. Como disse o doutor Boulos, vírus não responde a antibióticos, mas aqui o seu uso é também em função da inibição da replicação viral. Os protocolos variam muito, mas na nota técnica Covid-19 09/2020 – SESA/GS, do SUS, preconiza-se hidroxicloroquina 400 mg de 12 em 12 horas durante o primeiro dia e 400 mg por dia durante quatro dias. Num debate promovido pelo laboratório Sandoz, o geriatra Marcos Valente sugeriu hidroxicloroquina 200mg de 12 em 12 horas, no primeiro dia e 200 mg por dia por mais quatro dias.

Pelo sim pelo não, se numa infelicidade, eu me contaminar, vou querer usar a hidroxicloroquina, juntamente com a Azitromicina e o Sulfato de Zinco. Se tivesse na ativa, desde que meu paciente não tivesse comorbidades que impedissem o uso do medicamento, eu o prescreveria. O importante é salvar uma vida e não se perder em embates políticos, que não vão levar a nada.

A hidroxicloroquina é uma droga barata, o Remdesivir, recém lançado nos Estados Unidos terá um custo de US$ 4.650 por tratamento. Entenderam?

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Presidente do Clube Militar repudia a atitude de Celso de Mello, ministro do STF

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Como membro da mais alta corte do país, José Celso de Mello deveria preservar sua imagem e não se sujeitar a tomar a reprimenda que levou no último dia 7. É surpreendente que no ocaso de uma carreira, tenha atitudes não compatíveis com a sua posição, pois a convocação dos ministros generais, lotados no Palácio do Planalto, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), para depor como testemunhas do ex-juiz Sérgio Moro, no imbróglio de sua demissão, é pura demonstração do querer aparecer.

Como membro da mais alta corte do país, José Celso de Mello deveria preservar sua imagem e não se sujeitar a tomar a reprimenda que levou no último dia 7. É surpreendente que no ocaso de uma carreira, tenha atitudes não compatíveis com a sua posição, pois a convocação dos ministros generais, lotados no Palácio do Planalto, Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), para depor como testemunhas do ex-juiz Sérgio Moro, no imbróglio de sua demissão, é pura demonstração do querer aparecer. Até uma criança sabe que militares foram treinados para cumprir ordens superiores, daí ser totalmente tola e desnecessária a ameaça feita por ele, de conduzir coercitivamente os generais, caso eles se recusassem a comparecer para depor.

Essa atitude levou o general de Divisão, Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar a emitir a seguinte nota: “O Clube Militar repudia enfaticamente o despacho exarado pelo ministro Celso de Mello, do STF, no inquérito que apura denúncias do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública contra o presidente da República”.

“Em primeiro lugar, depreende-se que existe ali quase que uma defesa de tese para alunos universitários. São páginas e mais páginas de ilações e comentários completamente desnecessários, utilizados tão somente para demonstrar seu ódio pelo Governo Federal e pelos militares”.

“Quanto ao despacho em si, "parabéns" ao sr. ministro ao discorrer sobre a publicidade que deve ser dada às investigações, particularmente quando envolve autoridades públicas. Quem sabe essa afirmativa sirva, por exemplo, para tornar públicos alguns inquéritos sigilosos que tramitam no próprio Supremo? Ou aquelas investigações envolvendo os próprios ministros e seus parentes, "amigos" e congressistas?”

“No entanto, a maior falta de habilidade, educação, compostura e bom senso, desejáveis em um ministro de uma Alta Corte, é no tocante à forma como trata todas as testemunhas arroladas para depor, considerá-las como se fossem bandidos da pior espécie. Tal tratamento deveria, sim, por justiça, ser dispensado aos réus de um processo, inclusive àqueles que roubaram nosso país e que andam soltos por aí por leniência dessa própria corte! Estes, sim, merecem ser conduzidos ‘debaixo de vara’.”

“Tratar autoridades de outro poder dessa forma leviana só demonstra o nível de ministros do STF que temos em nosso país. Particularmente no tocante aos nossos generais ministros, a capacidade profissional que demonstraram ao longo de suas carreiras dispensa qualquer defesa, pois nenhum chegou ao topo da carreira militar por indicações políticas e/ou ideológicas, mas tão somente pelo mérito, caracterizado, entre outros atributos, pela dedicação à Pátria.”

“A democracia se caracteriza pela independência e harmonia entre os três poderes e o grande fiscal desse sistema é a população. Assim, quando vemos manifestações, cada vez com maior frequência, contestando a atuação de qualquer um dos poderes da República, não se pode dizer que esses movimentos são antidemocráticos. Podemos, sim, afirmar que existem engrenagens do sistema que estão atuando fora do contexto democrático. O referido despacho do ministro, bem como outras interferências indevidas e omissões entre os Poderes, bem demonstram essa afirmação”. (Gen. Div. Eduardo José Barbosa, presidente do Clube Militar, em 7 de maio de 2020)

Esse general foi muito educado, pois eu teria terminado essa nota como o brilhante advogado Saulo Ramos, em um texto do seu livro “Código da Vida” (2ª edição, 17ª reimpressão, Editora Planeta, 2009, página 179) se referiu a ele. Nesse episódio, Saulo Ramos narra o que se passou no STF, quando o ex-presidente Sarney, teve a sua candidatura a senador, pelo Estado do Amapá, contestada na Justiça e julgada numa sessão plenária da mais alta corte do país. José Celso de Mello, na véspera, lhe garantira que votaria de maneira positiva.

Um dia antes, o jornal A Folha de São Paulo publicou que Sarney teria os votos certos dos ministros e os citou nominalmente, inclusive o de Celso. Ao final da votação o resultado tinha sido dez a um, o único voto contrário sendo o dele. Segundo Saulo, logo após o término da sessão ele recebeu um telefonema de Celso de Mello, justificando o seu voto. E dizia que se o dele fosse decisivo, ele teria feito a favor, mas por ser o último, para desmentir a folha, votou contra. O diálogo que se seguiu foi o seguinte:

“- Espere um pouco. Deixe-me ver se compreendi bem. Você votou contra o Sarney porque a Folha de São Paulo noticiou que você votaria a favor?

-Sim

- E se o Sarney já não houvesse ganhado, quando chegou sua vez de votar, você, nesse caso, votaria a favor dele?

- Exatamente. O senhor entendeu?

- Entendi. Entendi que você é um juiz de m...!

Bati o telefone e nunca mais falei com ele.”

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Nova Friburgo resiste bem à pandemia

quarta-feira, 06 de maio de 2020

Muito se tem falado da pandemia do medo, denominação mais apropriada para a crise do Covid-19, no Brasil. O noticiário gira diuturnamente focado nesse assunto, com a divulgação do número de contaminados num crescente, ênfase no número de mortes, mas sem uma divulgação mais evidente do número de curados. Aliás, a meu ver, esse deveria ser um tópico a ser explorado, pois ele é importante para dar esperanças aos habitantes seja de um país ou de uma cidade.

Muito se tem falado da pandemia do medo, denominação mais apropriada para a crise do Covid-19, no Brasil. O noticiário gira diuturnamente focado nesse assunto, com a divulgação do número de contaminados num crescente, ênfase no número de mortes, mas sem uma divulgação mais evidente do número de curados. Aliás, a meu ver, esse deveria ser um tópico a ser explorado, pois ele é importante para dar esperanças aos habitantes seja de um país ou de uma cidade.

O meu objetivo, hoje, é o de tranquilizar nossa população, pois tenho notado um grau de estresse muito grande no meu círculo de amigos, que provavelmente reflete o que se passa numa grande parcela de moradores de Friburgo.

De acordo com os números que levantei, nas principais cidades serranas, em número de habitantes, ou seja, Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis, aqui nós estamos numa situação bem cômoda. Segundo o boletim expedido pela prefeitura, tínhamos 61 casos confirmados na última sexta feira, 1º, (19 entre os profissionais de saúde), com cinco óbitos. Existiam, ainda, 49 suspeitos dos quais 30 deles em casa, aguardando o resultado dos exames enviados ao laboratório de saúde Noel Nutels, no Rio de Janeiro.

Já em Teresópolis, segundo o boletim da prefeitura da cidade vizinha datado do último dia 3 de maio, existem 199 casos (98 mulheres, 92 homens e nove crianças) com dez internados, sendo cinco em estado grave, dez recuperados e quatro óbitos. Os dados que disponho de Petrópolis são 95 casos com uma morte. Tanto na terra do Cão Sentado, como na cidade imperial, não temos o número de pessoas curadas.

O que se pode concluir dessas informações é que a população de Nova Friburgo está cumprindo bem o seu papel, levando a quarentena a sério e seguindo as medidas propostas pelas autoridades, principalmente quanto à higiene do corpo, das mãos, das roupas e dos objetos que entram nas casas de cada um.

Fiz também um levantamento do número de internações nos hospitais da cidade e, pasmem, ela é muito baixa, corroborando o que foi dito acima. Na última segunda feira, 4, por exemplo, o Hospital Unimed não registrava nenhuma internação; o Raul Sertã, hospital municipal, referência da região, tinha quatro casos em enfermaria e quatro na UTI do Covid; o São Lucas acusava dois pacientes na enfermaria e três na UTI, sendo uma com mais de 15 dias, mas todos sem confirmação laboratorial.

Já no Hospital Serrano encontramos muita dificuldade em obter dados, sendo impossível me comunicar com a diretora médica, mesmo me identificando como colega de profissão. Talvez por ser um hospital que não tem plano próprio de saúde, atendendo indistintamente todos os demais, sujeito a receber pacientes vindos do Rio de Janeiro, já que a capacidade de vagas na capital está no limite, sua direção não queira se expor.

Aliás, se for isso, nada a criticar, pois na Europa, quando a capacidade de leitos se esgotou, na França e na Itália, eles transferiram pacientes para a Alemanha, que os aceitou após constatar que isso não comprometeria o atendimento dos alemães. É a chamada solidariedade que deve existir nesses momentos de angústia.

Mesmo assim tivemos acesso, através das redes sociais, de relatos da chegada de vários infectados que foram internados na UTI, vindos de fora. Se há pacientes na enfermaria, não conseguimos apurar.

Creio que a atitude tomada pelo prefeito Renato Bravo, de estender a quarentena, por mais uma semana, foi de consolidar essa menor disseminação da doença em Friburgo, o que traria mais segurança na hora de reabrir a cidade. Mas, que a população já não aguenta mais é uma constatação.

No entanto, fica aqui sempre o alerta de que todo cuidado é necessário, mantendo-se o uso de máscaras, luvas e álcool gel nas lojas, padarias e supermercados. Além disso, é importante o distanciamento social por mais algum tempo, evitando-se aglomerações em locais fechados e, principalmente, lavar as mãos com água e sabão com frequência e evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos.

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Já foi tarde

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Nosso presidente pode ser grosso, de cultura limitada (segundo ele mesmo), intempestivo, mas burro jamais. Um político com quatro mandatos como deputado federal tem traquejo suficiente para entender as nuances da atividade, jamais vai ser suplantado por um aprendiz, pois na realidade esse é o perfil atual de Sérgio Moro. Que não se enganem aqueles que idolatram Sérgio Moro, pois no episódio de sua saída do Ministério da Justiça, literalmente, ele saiu pela porta dos fundos.

Nosso presidente pode ser grosso, de cultura limitada (segundo ele mesmo), intempestivo, mas burro jamais. Um político com quatro mandatos como deputado federal tem traquejo suficiente para entender as nuances da atividade, jamais vai ser suplantado por um aprendiz, pois na realidade esse é o perfil atual de Sérgio Moro. Que não se enganem aqueles que idolatram Sérgio Moro, pois no episódio de sua saída do Ministério da Justiça, literalmente, ele saiu pela porta dos fundos.

Se o seu objetivo era esse, e hoje sabemos de sua intenção, quando se reuniu com o presidente, na véspera, seu papel de homem teria sido comunicar que estava de saída da pasta. Não, covardemente, convocar uma coletiva de imprensa e, ao vivo e a cores, informar sua saída da pasta da Justiça, sem antes falar mal do seu chefe, inclusive chamando-o de mentiroso. Tanto o ato foi premeditado, cinematográfico, que ao terminar informou à nação estarrecida de que iria para casa escrever sua carta de demissão.

A princípio pensei, como muitos o fizeram, que Bolsonaro tinha dado um tiro no pé. Afinal, Moro, juntamente com o ministro da Economia, Paulo Guedes, eram os ministros da república mais em evidência. Mas, como nesse país temos de dar um tempo para digerir os acontecimentos, pouco a pouco a verdadeira face desse imbróglio começou a vir à tona.

Moro foi um juiz nota dez, apesar de seu egocentrismo exacerbado e de uma arrogância impar, mas como político, sua atuação começou de maneira desastrosa. Sim, porque no momento em que renunciou à magistratura e se tornou ministro, abandonou uma carreira de sucesso e abraçou outra de consequências duvidosas. No Brasil é difícil ser um político de peso, reconhecido. Muitos só o são, depois de ou abandonarem a vida pública ou morrerem.

Como ministro jamais lembrou o magistrado, muito pelo contrário deixou muito a desejar. A insubordinação de governadores e prefeitos; os abusos das polícias militares contra cidadãos, durante a quarentena, nos estados comandados por esses governadores; o não mostrar o seu repúdio contra ofensas de membros do STF à figura do presidente; a indicação para sua pasta de pessoas que comungavam na mesma cartilha de adversários do presidente, como llona Szabó e Giselly Siqueira, esta última, nora de Míriam Leitão, conhecida jornalista que abomina Bolsonaro, não resultaram em nenhuma ação do ministro.  Ou seja, considerou a sua escolha como o degrau para a carreira política, mas jamais comungou com os ideais do presidente.

Tanto é assim, que ao admitir ser candidato à presidência da República pelo PSDB, demonstra simpatia pela Sociedade Fabiana, surgida em Londres, em 1883, que pregava a revolução socialista sem derramamento de sangue, com a inserção sutil e gradual de ideias socialistas na cultura. Difunde a destruição da família como alicerce da sociedade burguesa. Essa é a posição do milionário George Soros, mantenedor da Open Society, que defende o aborto, a identidade de gêneros e o desarmamento da população, ou seja, princípios contrários àquilo que pregava Bolsonaro em sua campanha eleitoral. Ilona Szabó é adepta de Soros.

Mas, a gota d´água de sua demissão foi o afastamento do superintendente da Polícia Federal, Maurício Valeixo, seu indicado pelos princípios de carta branca que o presidente lhe deu, abrindo mão de sua prerrogativa constitucional. A Abin já havia informado o presidente de que Valeixo optara pele declaração de incapacidade mental do esfaqueador de Juiz de Fora, mesmo já tendo elementos que sugerissem um desfecho diferente para tal affaire.

O mesmo se deu com a não criminalização de Grenwald, quando este, através de hackers, expôs conversas telefônicas de ministros de estado e do próprio Moro com Dallagnol, seu adjunto, em Curitiba, o que é crime, numa clara tentativa de desestabilizar o governo. E o que é pior, não fazer nada em defesa do presidente, nas manobras de Dória, Maia, Alcolumbre, FHC e Toffoli, que tramam sua derrubada. Ou seja, na realidade nunca se alinhou ao projeto do presidente de livrar o país da velha política do toma lá da cá, rompendo com a politicagem e corrupção que tanto corroeu o país na época de Fernando Henrique, Luís Inácio, Dilma e Temer.

Eu fui adepto de Sérgio Moro, o magistrado, mas confesso que me decepcionei com o Moro cidadão. Num período tão conturbado, em função da pandemia do coronavírus, sua atitude intempestiva não tem explicação. Estivesse preocupado com o Brasil e não com sua biografia, teria postergado sua demissão que era incontornável. Para um ministro que pouco fez, uma semana ou um mês a mais, não faria a mínima diferença. Mandetta, ao contrário, saiu com dignidade, além de médico é um político calejado.

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Coronabrás, a nova estatal brasileira

terça-feira, 21 de abril de 2020

Devo alertar aos leitores de que meus dados são colhidos via internet, pois estando confinado em casa, pela orientação da Prefeitura de Nova Friburgo e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, fica difícil obter as informações in loco, ou seja, na Secretaria de Saúde ou nos hospitais. Mas, como vou me basear nas situações de Friburgo e Cabo Frio, onde consigo informações com colegas médicos desses municípios, creio que não estarei tão defasado assim.

Devo alertar aos leitores de que meus dados são colhidos via internet, pois estando confinado em casa, pela orientação da Prefeitura de Nova Friburgo e do Governo do Estado do Rio de Janeiro, fica difícil obter as informações in loco, ou seja, na Secretaria de Saúde ou nos hospitais. Mas, como vou me basear nas situações de Friburgo e Cabo Frio, onde consigo informações com colegas médicos desses municípios, creio que não estarei tão defasado assim. Daí poder afirmar, sem medo de errar, que nossas autoridades estão se locupletando do medo espalhado pelas redes de televisão, mal intencionadas, para aproveitar desse momento de pandemia e tragédia nacional.

A decretação de estado de emergência em saúde, sancionada pelas prefeituras de Nova Friburgo e Cabo Frio, levando-se em conta a estirpe de nossos políticos soa no mínimo como um alerta de que a gastança poderá ser desproporcional à realidade. Senão vejamos, de acordo com um colega médico, Friburgo tinha até o último domingo, 19, 30 casos diagnosticados positivos, com 44 suspeitos, quatro mortos sob investigação e um óbito confirmado. Havia, também, 32 pessoas em isolamento domiciliar e quatro internados.

Mas, o curioso é que não sabemos o número diário de infectados, pois se os resultados dos exames levam de 15 a 20 dias para chegarem, muitos desses 30 pacientes já se recuperaram e voltaram à vida normal. Além do mais, segundo o que apurei na internet, a “prefeitura parou de divulgar casos descartados”.

Os boletins oficiais da Prefeitura de Nova Friburgo são divulgados nas segundas, quartas e sextas-feiras. Até o boletim da última quarta-feira, 15, o Executivo municipal vinha informando a quantidade de testes para Covid-19 com resultados negativos para a doença. Naquele dia, 107 testes tinham dado negativo para a doença e foram descartados. Entretanto, na sexta-feira, 17, o boletim não trouxe essa informação”. A prefeitura alegou que os dados estariam criando parâmetros comparativos, o que seria negativo no momento em que é preciso o isolamento social.

É raro, mas quando saio de casa e passo pelo Hospital Raul Sertã, o movimento é normal, não se registrando movimentação anormal naquela unidade e colegas que lá trabalham, como plantonistas ou diaristas, não observam aumento do movimento de pessoas, o que seria de se esperar, num momento de pandemia.

Cabo Frio, que também decretou estado de emergência em saúde está até melhor do que nós, pois lá são nove casos confirmados, até o último domingo, 19, com 107 suspeitos, 44 descartados e um óbito. É importante frisar que esses dois municípios têm quase a mesma população, entre 190 e 200 mil habitantes, e que Cabo Frio nos ultrapassou, com uma estimativa atual de 226 mil moradores.

Portanto, o número de infectados é real, mas nada que justifique essas medidas extremas em que o Poder Executivo passa a ter o direito de gastar, sem necessidade de licitação. Aliás, quando essas são feitas, sempre paira dúvidas sobre a veracidade do resultado e se o custo da obra é aquele mesmo, sabemos que o superfaturamento sempre foi a tônica desses procedimentos.

Agora que a imprensa comprometida está fazendo a festa é uma triste constatação. Já repararam que os repórteres da Globo fazem questão de realçar o número de novos infectados e, principalmente, de mortos, mas nenhuma referência sobre o total de doentes recuperados? Na visão deles, ninguém fica curado. O jornal Le Monde publicou, no último sábado, 18, que durante dois dias seguidos, na França, o número de altas tinha sido maior que o de internações, mostrando que a doença estava entrando em sua curva de declínio. E aqui?

Fiquei surpreso com a declaração do presidente da Organização Mundial de Saúde (OMS) que, ao contrário do que sempre afirmava há até poucos dias, disse que países da África, Ásia e América Latina deveriam rever suas posições, pois muitos trabalhadores são autônomos e o isolamento horizontal comprometeria a renda mensal, trazendo fome para as famílias. Ou seja, virou aliado do presidente Bolsonaro, que sempre defendeu o isolamento vertical.

Mas, qualquer isolamento é inócuo diante da ignorância e irresponsabilidade do povo. Em Teresópolis, pasmem, tem gente alugando máscara a R$ 1, para quem precisa entrar em lojas em que ela seja exigida.

Vale apena reforçar que o presidente Jair Bolsonaro decretou estado de emergência em saúde, no Brasil, no dia 8 de fevereiro. O carnaval começou, oficialmente, em 21 de fevereiro, sem que os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro ou Bahia, em nenhum momento, cogitassem em suspender os festejos momescos, para não comprometer a arrecadação estadual. Fica mais fácil pendurar a conta da pandemia agora nas costas do Governo Federal.

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