Apesar de sermos um país de terceiro mundo, número de vacinados está em alta

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Segundo o jornal Estado de São Paulo, até o último domingo, 7, o Brasil tinha 8,2 milhões de pessoas vacinadas. Esse número tende a se acelerar com a compra dos produtos da Pfizer e da Johnson & Johnson, pelo Ministério da Saúde. Por outro lado, a França, país de primeiro mundo, patina nas informações contraditórias e está a passo de cágado em relação a Israel e Inglaterra. No sábado passado, 6, seu primeiro ministro Jean Castex anunciou que o país quer chegar aos dez milhões de franceses imunizados até meados de abril. Por outro lado, seu presidente Emmanuel Macron, em dezembro havia falado numa projeção de 14 milhões entre fevereiro e o início da primavera, que no hemisfério norte se dá em meados de março. Uma diferença considerável.

Portanto, para um país de terceiro mundo, como muitos consideram o Brasil, não estamos tão mal assim, pois pelo andar da carruagem, em abril teremos ultrapassado a cifra de dez milhões de brasileiros vacinados, pois além da produção local pela Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Butantã, outras estão sendo adquiridas. Sem falar que nosso país também está testando vários imunizantes, que serão importantes para a revacinação, já que até agora não se tem ideia de quanto tempo dura a imunização, após a aplicação da segunda dose.

Ao contrário da mídia facciosa que temos entre nós, reconheço que o nosso número de imunizados atual é de 3,84% da população e que os números revelados por Jean Castex representa, numa população estimada de 70 milhões,  10% do total. Aqui o que vale são números absolutos e não relativos. Aliás, a mídia comprometida sempre usa, em relação ao nosso total de mortos pela pandemia, números relativos, pois esses nos colocariam como o segundo país que mais teve óbitos pela Covid-19. Essa não é a realidade quando eles são avaliados, como é o correto, por um milhão de habitantes. Nesse caso, estaríamos em 23º lugar.

Temos, também, outro problema muito sério, não bastasse a pandemia. O STF perdeu a noção do seu papel constitucional e começa a legislar em assuntos exclusivos do Poder Executivo. Aliás, se o presidente, seja ele quem for, extrapola de suas atividades, é o Poder Legislativo que tem competência para atuar. Mas, como ele muitas vezes se torna omisso, da chance a que pessoas cuja atuação deveria ser apenas no âmbito do Judiciário, se metam aonde não devem. Quando o fazem é um desastre. Vide a anulação das sentenças de Luís Inácio da Silva, proferidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, na Lava Jato, assinada por Luís Edson Fachin. Com essa canetada, ele enterrou uma das maiores operações de combate à corrupção já realizadas no Brasil.

Como já dizia Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”. Ou: “A justiça pode irritar-se porque é precária. A verdade não se impacienta, porque é eterna.”

Na realidade, o que está por trás de tudo isso, é retaliar, tirar a autoridade do presidente da República, visando seu enfraquecimento com vistas às eleições presidenciais de 2020. O que irrita mais esses senhores é que a popularidade de um político muitas vezes aumenta, quando as críticas são acirradas. Se deixassem o chefe do Executivo respirar, talvez ele tivesse menos força.

Basta lembrar que Luís Inácio foi eleito, reeleito e ainda fez o seu sucessor, mesmo recebendo críticas constantes de seus adversários. Só caiu em desgraça, quando a operação Lava Jato começou a revelar as barbaridades financeiras dos governos petistas. Bolsonaro está em evidência diuturnamente, pois a mídia comprometida não lhe dá tréguas, isso tem um efeito contrário aquele desejado e, se continuarem nessa toada, acabam por reelegê-lo, para desespero de muitos. É o famoso efeito bumerangue.

Nosso grande problema está na falta de um objetivo comum, que é livrar a população dos efeitos da pandemia ou, pelo menos, diminuir o sofrimento de muitos. Se nossas autoridades se unissem para atuarem em conjunto, talvez nossos números fossem mais promissores, mas o que mais se vê são farpas disparadas para todos os lados, colocando o inimigo comum em segundo plano. Os interesses pessoais, sejam quais forem, falam mais alto.

Não é fácil perder entes queridos, principalmente quando na flor da idade, como temos visto todos os dias.

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