O que acontece na Europa não é muito diferente daqui

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 17 de março de 2021

No último domingo, 14, o Brasil superou 9,6 milhões de vacinados contra a Covid-19, o que representa 4,5% da população. Me chamou a atenção, ver no portal de notícias Uol, uma matéria cujo título era “Países da Europa aumentam restrições com terceira onda e atrasos na vacinação”. O engraçado é que a OMS, a ONU e mesmo a imprensa tupiniquim vivem a criticar o governo brasileiro pela sua conduta no enfrentamento da pandemia e, no entanto, no velho mundo já estão, ao que parece na terceira onda, com aumento de novos casos na Itália, Alemanha e França e um número de imunizados pequeno para países com um PIB tão alto.

Mais engraçado ainda é que a comunidade europeia optou pela vacina da AstraZeneca, por ser mais barata e não precisar do armazenamento em baixas temperaturas, como a da Pfizer e a da Moderna. O que aconteceu lá é que a AstraZeneca prometeu entregar um número maior de vacinas e teve de diminuí-lo, em função da queda na produção do diluente do produto. Entre o primeiro e segundo semestres desse ano, essa queda estará na casa de 80 milhões de doses.

Além disso, vários países do bloco estão reclamando da divisão dos lotes a serem entregues aos diversos componentes da comunidade europeia alegando que há que se levar em conta, na hora da distribuição, o número de habitantes de cada nação, para que o processo seja mais justo. Aliás, aqui no Brasil, a divisão das doses entre os estados tem seguido essa diretiva, número de habitantes em condições de serem vacinados e, até agora, não se viu nenhum governador reclamar da quantidade de lotes recebidos.

O mesmo ponto de vista foi defendido pelo governo, ao dar preferência aos produtos CoronaVac e Oxford, em função do preço e da maior facilidade de armazenamento. Mesmo assim, para agilizar o processo de imunização da população, única maneira efetiva de diminuir os casos de internação, seja em UTIs ou enfermarias, o Ministério da Saúde fechou com a Pfizer, Jahnsen e Jahnsen e a russa Sputinik. O Brasil não está medindo esforços para acelerar o processo de vacinação em massa.

Claro está que num país com dimensões continentais e com um orçamento anual muito abaixo do daqueles do chamado primeiro mundo, não temos condições de chegar aos 100 milhões de pessoas imunizadas, como ocorre agora nos Estados Unidos, em tempo tão curto. Israel, com pouco mais de 9.220 milhões de habitantes praticamente já concluiu seu processo e pouco a pouco vai voltando à sua normalidade.

Com relação às medidas preventivas como uso de máscara, lockdowns e a abertura apenas dos serviços essenciais, certo ou errado seguimos o que está sendo feito no resto do mundo. As transgressões que ocorrem aqui se repetem lá também. Uma das explicações para isso é que na realidade, passados mais de um ano, a população não aguenta mais. Há de se notar, no entanto, que o europeu é mais disciplinado do que nós e acatam mais as ordens das autoridades. Mas, jovem é rebelde seja aonde for. É inerente à idade e, dificilmente, vamos encontrar um adulto que não teve seus momentos de rebeldia, quando na flor da idade.

A cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar é a favor do isolamento social, contra o lockdown, contra os medicamentos preventivos citados como a Cloroquina, Azitromicina e Ivermectina e prega, sobretudo, a união nacional, além de clamar em prol da ciência como uma maneira de aprimorar o combate à pandemia. Por razões políticas e de posicionamento deve ser carta fora do baralho.

Aliás, lockdown como o decretado aqui é inconstitucional. Só o presidente da República pode solicitá-lo e, mesmo assim, tem de ser chancelado pelo Congresso Nacional. Gostaria de ouvir a opinião dos 11 membros do STF.

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