Um sábado de alegria e transtornos

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

quarta-feira, 31 de março de 2021

O último sábado, 27, foi um dia de alegria e de transtornos para aqueles friburguenses com idades entre 70 e 75 anos. Alegria por receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19, uma proteção a mais contra a doença que assola o planeta; transtornos pela demora de quase cinco horas, sob um sol causticante. Mesmo em se tratando de um drive thru, os idosos tiveram de suportar um calor forte para um final de verão e uma temperatura de 40 graus dentro dos carros, pois em via pública não existe sombra. Não fosse o ar condicionado dos veículos, muitos teriam tido intermação e desidratação.

Na realidade, excluindo o pessoal de saúde que foi nota dez no trato com o público, atendendo a todos com gentileza e educação, a prefeitura deixou muito a desejar. Eu cheguei, na fila de carros para a vacinação no posto de vistoria do Detran, com minha esposa e uma vizinha, as 9h45 e já havia veículos parados na altura da fábrica Haga. Não havia nenhuma orientação por parte dos agentes de trânsito da Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana, nem guardas municipais postados nas transversais da avenida que margeia o rio Bengalas, a Hans Gaiser, evitando que pessoas mal educadas, incivilizadas, de um barbarismo típico da idade média furassem a fila, sem o menor pudor. Aliás, é um grande problema essa mistura de raças que formou o povo brasileiro, que nessas horas mostra seu caráter.

A desculpa de que os guardas municipais estavam prestando serviço nas barreiras sanitárias, para impedir que pessoas de municípios vizinhos viessem para Friburgo, não é válida. Eles são bem numerosos e na hora de distribuir multas aos magotes, surgem como enxame, menos em frente a padaria Super Pão, no Paissandu, onde motoristas em filas duplas e triplas não são admoestados. Se tivessem solicitado ajuda à PM, tenho certeza de que o comandante da do 11ºBPM jamais negaria sua colaboração. Ainda mais, que nas barreiras sanitárias a presença de PMs é mais do que necessária, pois sempre aparecem motoristas que querem forçar a barra e um guarda municipal não tem as prerrogativas de um militar.

Houve, ao meu ver, um erro de logística uma vez que no Country Clube tiveram acesso moradores do Cônego, Cascatinha, Olaria e do centro da cidade. Se tivessem colocado um posto de vacinação no Ciep de Olaria ou no antigo Sase, talvez as filas tivessem sido menores.

Claro que o esforço valeu a pena, mas a sede, a fome e o desgaste físico de pessoas com 70 ou mais anos foram intensos. Como muitas pessoas não tinham carteira de vacinação, foi um trabalho a mais para o pessoal da saúde, cuja necessidade de preenchê-la na hora, tornava o serviço mais lento. Creio, que no dia 14 de abril, data da segunda dose, teremos mais agilidade, pois bastará apresentar o documento.

É preciso que nossas autoridades atentem para o fato de que à medida que as faixas etárias diminuem, maior será o número de pessoas a serem imunizadas e mais azeitada deverá estar a logística. Seria bom também uma campanha maciça para tentar conscientizar a população de que civilidade é bom e não mata. Claro que com a velha máxima de que cachorro velho não aprende truque novo, vai ser difícil, mas como água mole em pedra dura tanto bate até que fura, não custa tentar.  

Para felicidade geral da nação, minha esposa já está no quarto dia de pós-vacinação e não virou jacaré, nem a nossa vizinha.

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