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1º turno das eleições de 2022 foi um ponto de interrogação
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Dia 2 de outubro de 2022 uma data para ficar marcada como um grande ponto de interrogação. Ao contrário do que o presidente do STF apregoava aos quatro ventos, a eleição transcorreu na mais tranquila ordem, sem nenhuma ameaça à democracia. Aliás, a democracia só é ameaçada na visão dos membros do STF e do TSE.
Os problemas pontuais que ocorreram, são normais em qualquer eleição. E olha que apesar do grande número de abstenção, cerca de 20% de eleitores deixaram de comparecer às urnas, o afluxo de pessoas foi muito grande. No bairro onde moro, o Cônego, com as urnas concentradas no GPH (Grupo de Promoção Humana) e na Escola Municipal Miguel Bitencourt, o estacionamento se concentrou na Praça de Sant´Ana e arredores e houve muito congestionamento pelo grande número de veículos em circulação. Há muito tempo não via tanta gente nas ruas.
Outro ponto que chamou a atenção foi o grande número de senadores do PL e partidos coligados eleitos, levando a uma renovação de 28% no Senado Federal. Na Câmara dos Deputados, o PL partido escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para disputar a reeleição, teve um crescimento significativo neste ano, ampliando a presença do chamado "centrão" no Congresso Nacional, e será a maior bancada da Câmara pela primeira vez na história da legenda, com 99 deputados eleitos.
Mas, o mais importante é a pusilanimidade de nossos institutos de pesquisas, verdadeiros pinóquios no cenário nacional. Mal intencionados, como o Datafolha e o IPMEC, deveriam ser fechados em nome do decoro e da credibilidade dos verdadeiros institutos que se propõe a divulgar a estatística das possibilidades eleitorais de cada candidato. Na realidade, deveriam prestar contas à população, pois chegaram a apregoar a vitória de Luís Inácio ainda no primeiro turno e cravavam diferenças de mais de 18% de votos entre ele e Bolsonaro. Uma verdadeira orgia estatística. Em São Paulo, o poste Fernando Haddad estava sempre na frente de Tarcísio de Freitas; no entanto, no final da apuração, para governador, em São Paulo a verdade veio à tona com o ex-ministro da Infraestrutura com 45,2% e o ex-prefeito de São Paulo com 35,70% dos votos válidos. Quer queira quer não queira podem induzir negativamente o eleitor.
Aliás, os candidatos simpatizantes do atual presidente se saíram muito bem nas urnas como Teresa Cristina, ex-ministra da Agricultura eleita senadora pelo Mato Grosso do Sul, com 60,25% dos votos, deixando Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, na época da pandemia do coronavírus, com ínfimos 15,2%. O Astronauta Marcos Pontes (PL) foi eleito senador pelo Estado de São Paulo. No final da apuração, ele teve 49,68% dos votos. Pontes é o atual suplente do senador Giordano (MDB-SP) e até março era ministro da Ciência e Tecnologia de Jair Bolsonaro. Elegeram-se ainda para o Senado Magno Malta (PL-ES), Damares Alves, ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (Republicanos-DF), Hamilton Mourão, vice-presidente do país (Republicanos-RS) e Cleitinho (PSC-MG). Sem falar em Romeu Zema, reeleito governador de Minas Gerais que teve 6.094.136 milhões de votos, ou 56,18%, contra 35,08% de Kalil.
Por isso, apesar da diferença entre os dois principais postulantes ao Palácio do Planalto, Luís Inácio com 48,43% dos votos válidos e Jair Bolsonaro com 43,20%, fica no ar um ponto de interrogação. Pelo desempenho dos candidatos da situação nas urnas, esperava-se uma performance melhor do atual presidente da República. Por exemplo Lula (PT) venceu em Minas Gerais e obteve 48,29% dos votos registrados para presidente da República no estado (5.802.571) no 1º turno. O candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), obteve 43,60% desses votos (5.239.264). Se Romeu Zema teve 56,18% dos votos válidos e eleitor de Zema, em princípio, não vota em Luís Inácio, é uma disparidade importante e que dá no que pensar.
Vamos para o segundo turno e que o nível dos debates entre os dois candidatos seja o mais elevado possível para que o eleitor tenha condições de escolher com convicção e tenha certeza de que seu voto foi o mais acertado. Na realidade, apesar de chegar em segundo lugar no primeiro turno, a performance de Bolsonaro foi acima das expectativas, segundo os “institutos de pesquisa”.
Max Wolosker
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