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O que você deve saber sobre o câncer de próstata
Max Wolosker
Max Wolosker
Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.
Estamos em pleno Novembro Azul, uma campanha realizada por diversas entidades neste mês e dirigida, em especial, aos homens, para conscientização a respeito de doenças masculinas, com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata.
A próstata é um pequeno órgão, somente encontrado nos homens, situado logo abaixo da bexiga próximo das vias urinárias e genitais. Pode ser acometido por doenças inflamatórias como as prostatites, os adenomas que são um aumento benigno e o câncer, sem dúvida a mais temida delas todas. Ele é raro antes dos 45 anos, porém a sua incidência aumenta com a idade, acometendo 50% dos homens com 80 anos. O fator idade é tão importante que poderíamos afirmar sem errar, que a partir dos 100 anos, todos os indivíduos do sexo masculino têm câncer de próstata.
É previsto o aparecimento, no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, de mais de 65 mil novos casos em 2022, com cerca de 20 mil óbitos. Essa diferença tão marcante se explica porque num número considerável de homens, o tumor é silencioso, como se estivesse adormecido, não causando nenhum mal. Vão morrer por um outro motivo, sem saberem que tinham seu câncer, no entanto, em outros ele se manifesta de maneira agressiva, estendendo-se para outros órgãos e levando à morte em pouco tempo.
Poderíamos afirmar que todo homem já nasce "programado" para ter câncer de próstata, pois todos carregam em seu código genético os chamados oncogêneses, genes que dão a ordem para uma célula crescer e multiplicar-se. Como existem também os genes ditos supressores, têm-se um certo equilíbrio que, no entanto, pode ser rompido por uma série de fatores e a qualquer momento. Além da importância da idade já citada, as dietas ricas em gorduras principalmente as de origem animal, podem aumentar o risco. Assim, o sedentarismo, a falta de exercícios e a obesidade têm a sua parcela de participação.
A hereditariedade também desempenha papel importante, pois em homens cujo avô, pai ou irmão tiveram a doença, o risco é duas a cinco vezes maior do que naqueles que não têm antecedentes. A própria taxa elevada de hormônios masculinos pode aumentar a probabilidade do seu aparecimento, naqueles que já são predispostos.
Como os sintomas são poucos ou nenhum na fase inicial, e levando-se em consideração que quando detectados no início, 90% são curáveis, são muito importantes o diagnóstico e o tratamento precoces. Sintomas tais como diminuição do jato urinário, frequência urinária aumentada ao longo do dia e da noite, dificuldade em esvaziar a bexiga, quando presentes, devem ser valorizados. Na maioria das vezes trata-se de um aumento benigno da glândula, mas podem ser também manifestações precoces de um tumor maligno, que está crescendo rapidamente.
São três os exames principais utilizados para diagnosticar o tumor maligno da próstata. O toque retal, repudiado por muitos homens, é o mais importante pois através dele o urologista pode avaliar o tamanho, consistência e a presença ou não de nódulos, que vão orientar na conduta a seguir.
O PSA (Antígeno Prostático Específico) é dosado através de um exame de sangue e é um marcador específico; seus valores elevados, obrigam uma pesquisa mais acurada, através de uma biópsia. Tumores muito pequenos, que podem não ser percebidos pelo toque retal, certamente darão um PSA elevado. Finalmente, a ultra-sonografia transretal, complementa a tríade de exames e sua importância é a de mostrar o real tamanho da próstata e também possibilitar a sua biópsia, principalmente, no caso de haver nódulos suspeitos.
O tratamento é basicamente cirúrgico naqueles tumores diagnosticados precocemente e restritos à glândula. Nessa cirurgia são retirados a próstata, as vesículas seminais e os gânglios linfáticos da região ilíaca. A chance de cura é de 90%. Ainda segundo os urologistas, para os pacientes que não podem ser operados ou que não querem, pode-se recorrer à radioterapia externa. Nesse caso a chance de cura é menor, cerca de 80%.
Se o tumor é diagnosticado tardiamente ou é muito volumoso, não permitindo a sua retirada, ou se já existem metástases à distância, o tratamento consiste em bloquear a produção do hormônio masculino testosterona que é um fator de crescimento desses tumores. Isso pode ser feito ou com medicamentos ou com a retirada dos testículos. Quando o bloqueio falha, pode-se usar a quimioterapia sistêmica, porém os resultados não são satisfatórios.
Existe ainda um tratamento chamado Braquiterapia que consiste no implante de material radioativo na próstata. Porém ele depende do tamanho da glândula, de não haver cirurgia prévia e não atinge os gânglios ilíacos, se estiverem presentes. A chance de cura é semelhante à da radioterapia externa.
Como todo câncer, o diagnóstico precoce faz a diferença no que diz respeito à cura e à consequente taxa de mortalidade. Assim, quanto mais cedo for descoberto, maior a chance de nos livrarmos do problema. Portanto, previna-se, não deixe de procurar seu urologista se você tem mais de 45 anos.
Max Wolosker
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