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Lute como uma mulher
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
O Dia Internacional da Mulher (8 de março) é uma data muito além de todas as celebrações pelo planeta. É um marco político na história mundial. Isso porque, há apenas 48 anos, a ONU instituiu o dia que simboliza a celebração e a luta pelos avanços femininos na sociedade.
Luta que parece interminável e de fato parece ser eterna... Afinal, ao contrário do que muitos imaginam e berram aos ares, apesar de muitos direitos serem conquistados, a vida das mulheres segue repleta, de dores ocultas e de feridas expostas, tapadas com um pequeno band-aid, em uma ferida repleta de antagonismos.
É ser livre para desbravar o mundo, mas sem a liberdade de se vestir como quiser ou se sentir segura em estar sozinha na rua. É ser corajosa, mas sempre ter medo. É ser detentora da liberdade de se relacionar com quem quiser, que bate de frente ao primeiro assédio vivido nos primeiros anos, antes mesmo da vida adulta.
É ser igual a um homem perante a lei, mas precisar de legislações especiais que lhe protejam dos crimes das múltiplas violações cometidas contra sua honra, seu corpo e sua alma. É ter o superpoder de gerar a vida, mas saber que a cada seis horas, uma vida feminina é tomada... vítima da barbárie do feminicídio.
Por meio do ex-namorado que não aceita a separação e quer se reconciliar de todas as formas possíveis e imagináveis: com violência física, psicológica, patrimonial e até contra ele mesmo, no único intuito de reconstruir algo que já se destruiu. Perguntamos-nos se é possível ‘amar’ e ‘odiar’ ao mesmo tempo, quando na verdade, é apenas mais alguém vendo uma mulher como sua pro-pri-e-da-de.
Como o ex-marido que não se ‘controla’ em ver a vida da ex-esposa seguir em frente e compra uma arma ao ponto de fazer uma “besteira”. Caso isolado? Só se for o de número 3.900: o total de mulheres mortas pelos seus ex-companheiros no ano passado. E que a cada ano, aumenta... Será que a pandemia deu inicio à uma nova epidemia?
Não. A verdade é que agora existe internet e telefones celulares para todos os lados, que compartilham com mais frequência o que sempre existiu no silêncio: a violência latente contra o sexo feminino. Aquela que fere como no caso hipotético, de um ex-parceiro que coloca fogo num colchão, em uma casa de madeira, com duas mulheres amedrontadas trancadas dentro de um banheiro, mas... sem a intenção de matar.
E mesmo com todas as barreiras e dificuldades pelos caminhos tortuosos da vida, ter a capacidade de seguir em frente e lutar. Ser mulher e mudar o mundo! Acordar cedo, pegar um ônibus lotado e ir trabalhar. E no caminho... sofrer mais uma violência. Quase 97% das mulheres já foram vítimas de assédio no transporte público.
Ouvir como desculpa: “Hoje não podemos nem elogiar mais que vamos presos”. Será que é só isso mesmo? Apenas? Não existe nada nesse meio do caminho que transforme uma simples abordagem simpática em uma violência que dói e põe medo no outro?
Em uma pesquisa realizada com mulheres acima de 16 anos, 86% afirma ter sofrido assédio sexual, sejam através de assobios, olhares inconvenientes, comentários de cunho pejorativo, xingamentos, seguidas ou tiveram seus corpos tocados. Quase 70% das entrevistadas relataram ter medo de chegar em casa após anoitecer. Será que todas elas enlouqueceram e não sabem identificar um simples elogio?
Certamente, as mulheres tem algo que só quem é mulher entende. É ter um tipo específico de sensibilidade e olhar – um sexto sentido. É a possibilidade de mesmo sendo uma, ser muitas ao mesmo tempo. Ser mãe de crianças, ser ‘mãe de marido’, ser empresária, ser funcionária, ser dona de casa. Sempre persistindo, lutar e nunca desistindo de ser feliz.
É mudar o mundo da sua forma e da melhor maneira possível, mesmo ocupando poucos espaços de decisão na sociedade. Afinal, hoje, apenas 11 mulheres, dos 81 eleitos, foram escolhidas senadoras nesse país. Ser mulher é uma mistura do desejo de mudar, da perseverança, da mudança e, acima de tudo, de fazer acontecer.
Acreditar que mesmo diante de inúmeras medidas para protegerem as mulheres, dias melhores virão. As medidas de proteção sejam temporárias e a sociedade se educará num mundo em que não mais precisaremos delas. Mas, enquanto isso não acontecer... o dia das mulheres ainda será um marco de muita comemoração e mas sobretudo, de muita luta!
“Lutar feito homem”? Não, eu quero é lutar como as mulheres!
Lucas Barros
Além das Montanhas
Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.
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