Todo profissional precisa ser um influencer digital?

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 22 de março de 2023

Estudos recentes apontam que o Brasil já ultrapassou a marca de 500 mil influenciadores digitais, com no mínimo dez mil seguidores em suas redes sociais. E entre dancinhas e vídeos engraçados, um novo nicho tem ganhado muito destaque: os profissionais, das mais diversas áreas, que dedicam as suas postagens sobre suas profissões.

A verdade é que muitas pessoas acreditam que, para fazer um bom marketing pessoal, é preciso tornar-se um influenciador digital. Por essa razão, médicos, advogados, nutricionistas e profissionais e acumulam mais uma função no dia a dia de trabalho: a de ser seu próprio departamento de marketing, em busca de visibilidade, novos contratantes e clientes.

Mas afinal, usar as plataformas digitais como ferramenta de marketing gera mesmo tanto impacto? Podemos (ou melhor, devemos) fugir dessa tendência?

Novos tempos pós-Covid

Bom, eu te pergunto: ‘Qual é a primeira coisa que você faz ao acordar?’ Não vale falar que é abrir os olhos! Mas, provavelmente, se você usa seu smartphone como despertador, é provável que já aproveite a oportunidade para conferir se você recebeu alguma mensagem durante a noite e se há novidades nas suas redes sociais.

Estamos cada dia mais antenados ao mundo digital e consumindo conteúdos. Arrisco a dizer que tem gente que dorme sem escovar o dente, mas não dorme sem antes checar o Instagram. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Data Folha, 94% dos usuários de internet do país afirmam ter uma conta em sites de relacionamento.

No entanto, a grande maioria das pessoas encara as redes sociais como nada mais do que uma página na internet onde podem ser compartilhados fotos, frases, vídeos, imagens e conversar com outros usuários. Já para outros, tornou-se um meio importante para o crescimento profissional, sob a velha máxima de: “Quem não é visto, não é lembrado”.

Nesse cenário, e especialmente após a pandemia de Covid-19, que impulsionou o consumo online, o empresário e empreendedor, Robson Caetano, somando mais de 45 mil seguidores em suas redes sociais, avalia que estar online é um caminho sem volta para profissionais de praticamente todos os ramos, te dando possibilidade de alcançar muitas pessoas em diferentes lugares de todo o mundo.

“Com os meus conteúdos em redes sociais, pessoas do Maranhão, Amazonas, Colômbia e até Portugal me acompanham, algo que seria fisicamente impossível caso eu ficasse restrito a estar somente num escritório físico. A internet mudou completamente a minha vida e o destino de muitos negócios, durante e após, o momento caótico da pandemia que vivemos. Muita gente continua encarando a internet como um fim, quando na verdade ela é um meio potencializador para o seu resultado final pretendido.”

Bill Gates certo dia disse: “Em alguns anos vão existir dois tipos de empresas: as que fazem negócios na internet e as que estão fora dos negócios.” Nesse passo, muitos negócios e pessoas, tem sentido dificuldades no mercado de trabalho por não terem acompanhado esse rápido crescimento das redes, que para muitos, ainda é um desafio.

Quem não é visto não é lembrado

Algumas pessoas ainda se descontentam por já não parecer mais ser suficiente seus anos de formação, suas centenas de horas de experiência, cursos e certificados. A presença nas redes sociais tem se tornado um fardo para profissionais que se sentem pressionados a ‘dar com a cara nas redes’ e não querem lidar com a exposição.

Para driblar essas armadilhas e pressões pela visibilidade, a psicóloga e neuropsicóloga, Andreza Masuyama, orienta que mesmo com todos os perigos de esgotamento mental nas redes, ela defende que a internet é um caminho possível para o crescimento profissional, desde que seja utilizada com consciência dos limites de cada pessoa.

“Nem todo profissional precisa ser um influenciador, pois cuidar dos perfis nas redes sociais demanda tempo e energia, e é preciso avaliar se a ferramenta será útil para sua carreira profissional. Caso o profissional passe a se cobrar diariamente para fazer mais e melhores postagens, pode-se desenvolver quadros de ansiedade, causando frustrações. Acredito que a internet é um desafio necessário e deve ser enfrentado, quando o profissional tem autonomia e sabe monitorar o tempo em que se fica conectado, e o tempo que se dedica a vida real. Saber usar as redes sociais de forma saudável é fundamental”

A verdade é que não existe uma fórmula exata: nem todo profissional precisa ser um influenciador digital, mas também não precisa deixar de reconhecer os importantes ganhos que podem ser potencializados pela internet. Ser visto e lembrado parece necessário, mas sempre num equilíbrio constante com a ética profissional e acima de tudo com sua saúde mental.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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