Nova Friburgo perde sua identidade de futuro

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Os mais saudosos moradores desta linda cidade, envolta das mais belas montanhas do Estado do Rio de Janeiro certamente me entenderão: “Nova Friburgo, apesar do seu charme, de sua tranquilidade e de suas belezas naturais, já foi um lugar melhor para vivermos e em especial, para os nossos jovens começarem a vida”.

Nos anos 70 e 80, a nossa cidade viveu sua época de ouro. O auge do luxo estava próximo aos hotéis da Avenida Alberto Braune, que contava com a presença em peso de grandes artistas que vinham passar os fins de semana por aqui. Atores, cantores, diretores de novelas e jogadores de futebol construíram sítios, casas, família e aconchego no frescor de nossas montanhas.

Os jovens da época, apesar do Brasil viver momentos difíceis, tinham em nossa cidade o seu primeiro emprego sem que precisassem fazer muito esforço. As empresas eram muitas: Rendas Arp, fábricas Ypu e Sinimbu, as empresas de metal mecânico, e as confecções que davam o seu ponta pé inicial.

O custo de vida não era tão caro e morar em Nova Friburgo era barato. Até as próprias empresas construíam gigantescos condomínios, com comércios planejados, ao longo de toda cidade para que todos os seus funcionários tivessem uma melhor qualidade de vida dentro dos seus enclaves urbanos.

A verdade é que os anos se passaram e o mundo nunca mudou tanto nesses últimos 20 anos. Os jovens adultos de agora, nasceram com o uso do disquete, cresceram com as fitas VHS, os CDs, DVDs... amadureceram com os pen drives e os cartões de memória e hoje, ingressam no mercado de trabalho no grande ‘boom’ da internet.

Em contrapartida, Nova Friburgo, olhando por um ponto de vista mais saudoso, parece não ter evoluído tanto assim e podemos dizer, que não vivemos em mais nada a nossa época de ouro. As grandes fábricas, do dia para a noite, fecharam as portas. O turismo mudou. As lojas da saudosa Avenida Alberto Braune trocaram o seu público, acompanhando o ritmo da cidade, que aos poucos foi empobrecendo.

As inúmeras casas de festa da época sumiram, junto com todas as outras que surgiram depois. E assim, a nossa juventude, aventureira, percebeu que as montanhas do Caledônia somente eram uma fronteira física que nos impedia a vista do além. E por meio da RJ-116, sumiram das vistas para estudar... e nunca mais voltaram.

E quando voltam, além dos gigantescos supermercados que são construídos do dia para a noite, das lojas que mudam de lugar o tempo todo e do mato que anda melhor capinado, percebem que, mesmo com o passar dos anos, Nova Friburgo parece não ter mudado nada. E o que mais nos dói é admitir que de fato não mudou.

Será que as montanhas são um grande impeditivo para as fábricas que aqui estavam? Mas Petrópolis cresceu tanto nesses tempos... a serra de São José dos Pinhais no Paraná, com 250 mil habitantes tornou-se o terceiro maior polo automotivo do Brasil... Gramado, no Rio Grande do Sul, com apenas 36 mil habitantes tornou-se um dos destinos mais visitados de todo o país sem ter as belezas naturais que nós temos...

Nossa cidade não tem gerado empregos. Mesmo que possuamos um vasto polo universitário nacional, não conseguimos prender a nossa própria juventude pela falta de oportunidade e de perspectiva de dias melhores. E o friburguense, que cresceu andando pela Alberto Braune e sonhando com um lugar melhor, agora vive em outro lugar, à trabalho e com família.

E não estou falando nem do que foram viver na nossa capital, que infelizmente, possui um índice gigantesco de criminalidade e insegurança. Falo dos que desbravaram os muitos municípios do país e hoje, não veem uma alternativa sequer de voltar a viver cercado pelas montanhas de nossa cidade.

A verdade é que enquanto nós friburguenses não soubermos aonde queremos chegar, nunca saberemos qual caminho precisaremos trilhar. Deixemos de nos contentar com o imediatismo que com dois ou três meses cai no esquecimento. Comecemos a pensar no futuro, para que Nova Friburgo, não continue, cada dia mais, perdendo a própria identidade.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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