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Nós e a Física

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Acho que sou uma pessoa corajosa por ter resolvido ler dois livros de Física, “Einstein: verdadeiras e mentiras”, escrito por Waldon Volpiceli Alves, e “Universo numa casca de noz”, por Stephen Hawking. Como tenho o pensamento voltado para a literatura e busco fundamentos nas Ciências Humanas, como a Filosofia, Psicologia, História, dentre outras, tenho encontrado na Física outras explicações para os fenômenos da natureza e fatos da vida.

Acho que sou uma pessoa corajosa por ter resolvido ler dois livros de Física, “Einstein: verdadeiras e mentiras”, escrito por Waldon Volpiceli Alves, e “Universo numa casca de noz”, por Stephen Hawking. Como tenho o pensamento voltado para a literatura e busco fundamentos nas Ciências Humanas, como a Filosofia, Psicologia, História, dentre outras, tenho encontrado na Física outras explicações para os fenômenos da natureza e fatos da vida. Saindo das Ciências Humanas, em que o homem recebe tratamento “vip”, pelas demais ciências, como a Física e a Química, não recebemos tamanhos privilégios; apenas fazemos parte da natureza.

Ao ler esses livros voltei aos tempos escolares e me deparei com questões que na época me intrigaram e, depois, caíram no esquecimento. Estamos nos movendo em intensa velocidade, decorrente dos movimentos de rotação e translação, além de girarmos com a Via Láctea, nossa galáxia, que se desloca, também, em altíssima velocidade, juntamente com todas as galáxias. É incrível pensar que ao estarmos sentados às margens de um lago a contemplar suas águas plácidas, estamos percorrendo com rapidez impensável o espaço cósmico; somos passageiros de um voo espacial.

Nosso pensamento deve ganhar amplitude para que possamos considerar a complexidade do universo a que a existência no homem na Terra está submetida. Ah, o nosso Planeta Azul, cheio de vida, água e minerais, o mais vivo do Sistema Solar, é regido pelas leis da Física.

Outra questão refletida por mim é o tempo-espaço. O tempo e o espaço são indissociáveis; todo evento ocorre nessa dimensão e, também, é determinado por quatro coordenadas definidas pelas circunstâncias. Não tenho condições de me aprofundar, mas, de um modo geral, a Física nos ajuda a compreender os acontecimentos. Um acidente automobilístico, por exemplo, ocorre num espaço, numa fração de minutos e possui fatores determinantes. Dá até para brincar com tudo o que acontece. Ontem mesmo fui jantar para comemorar meu aniversário de casamento e identifiquei quatro motivos que me fizeram considerar o momento especial: o ambiente aconchegante, bom atendimento, comida saborosa e estar feliz.

Esse modo de pensar é essencial para observarmos os fatos da vida. O sociólogo Max Weber, jurista e economista alemão, considerado um dos fundadores da Sociologia, considerou que a cada momento a realidade deve ser interpretada a partir de diferentes pontos de vista. Ou seja, todo evento tem causas, que geram consequências, que se constituem em novas causas. Em nosso Planeta tudo é mutante, variável e ninguém é dono da verdade.

Mais uma contribuição da Física me encanta: os corpos se atraem. Caso surja algo entre dois corpos, a força total sobre eles é aumentada pela presença de um terceiro. Assim, as forças em torno desses corpos geram influências mútuas. Trazendo isso para o dia a dia, tudo nos atrai e atraímos todas as coisas, pessoas e circunstâncias; somos um ponto dinâmico de energias. E a ideia de o trabalho de equipe ser a soma dos empreendimentos individuais é um princípio da Física.

“Assim caminha a humanidade”: de passo a passo, de embate a embate, entre acertos e erros, vamos superando nossos conflitos, enfrentando os desafios da natureza, superando limites, buscando melhores condições de vida e de sobrevivência, criando arte para expressar suas emoções.

Lendo Física, compreendendo melhor a vida e escrevendo literatura.

 

* Este texto recebeu orientação de Simone M. M. Lopes, professora de física e autora do livro-jogo “A Chave do Enigma”.

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Fluxos da vida

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ao ler o livro de contos “Café com broa: histórias de um mascate”, escrito com beleza literária por Tânia Theophilo, encontrei interessantes metáforas. Por que o passado não volta? Quem não guarda essa vontade nos segredos dos sonhos? A vida é cheia de sutilezas não percebidas a olhos vistos.

Ao ler o livro de contos “Café com broa: histórias de um mascate”, escrito com beleza literária por Tânia Theophilo, encontrei interessantes metáforas. Por que o passado não volta? Quem não guarda essa vontade nos segredos dos sonhos? A vida é cheia de sutilezas não percebidas a olhos vistos.

No conto, “A blusa e o homem do rio”, a personagem, uma jovem bonita e corpulenta, lavadeira de margem de rio, profissão que herdou da mãe, deixa uma camisa masculina, que ganhara de um mascate, cair de suas mãos e ser levada pelas águas. Tempos depois ela revê a camisa num homem alto e belo, de olhos e pele negra, a quem se entrega sem incertezas. De um modo metafórico e delicado, Tânia nos mostra que o fluxo do destino é como o movimento das ondas do mar: o que as águas levam, trazem de volta, mas com cores e formas diferentes.

Volta e meia me recordo do dia em que acordei com seis anos, querendo ser mulher. Na época não tinha noção do ser mulher, apenas admirava a postura, os saltos de sapato alto, coisas assim do jeito feminino. Naquele despertar queria sê-la num passe de mágica, sem passar por todos os processos e etapas do crescimento. Não sei por que motivos guardei aquela vontade até hoje, mais de 60 anos depois. E, agora, de modo diferente, ou melhor, atualizado, penso em quantos dias ainda tenho para viver e como vou vivê-los.

Continuo a escrever a linha do tempo com imensa vontade de prolongar meus jovens anos para eternizar minha existência, mesmo sabendo que a finitude é regra geral. Aos seis anos queria conquistar o adolescer, o amadurecer. Hoje quero viver meu futuro com vitalidade e experiência que os 70 anos me deram.

Somos como as lavadeiras das margens de rio: sempre deixamos as roupas escapulirem das nossas mãos, fazendo com que o destino cuide delas e nos traga de outras maneiras. Tive pessoas que tanto amei e se afastaram por causas diversas, mas foram substituídas por outras a quem dediquei afetos profundos. Dei para meus filhos o que recebi da minha mãe, dos meus tios e avós. Papai viajou cedo para o universo, mas foi substituído por homens doces, que me acolheram como filha, sobrinha e neta. Eis que fui generosamente embalada pelo destino que não permitiu que o desamparo da figura paterna me deixasse piores hiatos.

Os lugares onde morei e tive de deixar foram substituídos por outras moradias das quais cuidei com amor. Há 50 anos durmo na mesma cama, apesar de ter trocado de colchão algumas vezes. Ainda não precisei dela me desfazer, porém sei que quando isso acontecer vou me revirar bastante antes de dormir. Por sorte, escrevo este texto, fazendo uma suave terapia de desapego.

O grande aprendizado de que precisamos ter, talvez mais importante até que um curso universitário denso, é não ficar desapaixonado pela vida ante as ausências das pequenas e grandes coisas. Muito menos deixar que o medo de perder seja um escudo que nos impeça de experimentar com plenitude o que o destino nos apresenta.

Finalizo o texto cantarolando “Como uma onda”, gravada por Lulu Santos, que diz que “nada do que foi será do jeito que já foi um dia, pois tudo passa, sempre passará”. Assim como as roupas que o rio leva, os velhos colchões e os acertos e descaminhos em nossas vidas. 

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A reconstrução da vida a partir da traição

terça-feira, 05 de novembro de 2024

Estou lendo “Todas as suas perfeições”, de Colleen Hoover, que aborda um delicado e tocante assunto: a reconstrução da vida depois de uma pessoa ser traída pelo companheiro. Certa vez, conheci um casal, pessoas com quem gostávamos de estar, um exemplo de vida a dois. Jorge e Adélia, cujos nomes são fictícios, expressavam felicidade em seus semblantes. Conversando com uma amiga em comum, soube que antes de se conhecerem e ficarem juntos, descobriram que ambos eram traídos (a mulher de Jorge era amante do marido Adélia).

Estou lendo “Todas as suas perfeições”, de Colleen Hoover, que aborda um delicado e tocante assunto: a reconstrução da vida depois de uma pessoa ser traída pelo companheiro. Certa vez, conheci um casal, pessoas com quem gostávamos de estar, um exemplo de vida a dois. Jorge e Adélia, cujos nomes são fictícios, expressavam felicidade em seus semblantes. Conversando com uma amiga em comum, soube que antes de se conhecerem e ficarem juntos, descobriram que ambos eram traídos (a mulher de Jorge era amante do marido Adélia). Quando souberam eles se solidarizaram e compartilharam a dor, fazendo nascer profundo afeto e, a partir desse sentimento, reconstruíram a vida. Casaram-se e tiveram dois filhos.

O belíssimo filme “Destinos Cruzados”, obra do romancista americano Warren Adler, adaptado para o cinema e dirigido por Sydney Pollack, com Harisson Ford e Kristin Scott Thomas, aborda a traição de um homem e de uma mulher e do romance que nasce entre os respectivos cônjuges traídos, que experimentaram juntos a dor e a raiva decorrentes.

Trair é uma decisão pessoal. Quem trai engana e quebra um compromisso. Os motivos são particulares, e não me cabe julgar. Mas o que me traz ao tema é a pessoa que sofre a traição, aquela que padece com a quebra de fidelidade e lealdade do parceiro.  Os impactos na vida de uma pessoa traída podem variar desde um estado de tensão emocional a crises de raiva, da ansiedade ao transtorno do estresse pós-traumático, das dores emocionais à depressão. As reações podem ser diversas e em intensidade diferentes, muitas vezes violentas. Quem vive uma traição pode sofrer um dos piores sentimentos que alguém pode ter.

A traição transforma a vida; os dias não mais serão como antes, mesmo para aqueles que buscam na indiferença o melhor conforto. As dores podem se enraizar na vida a ponto de atrapalhar ou impedir a construção de projetos pessoais ou de novos relacionamentos. O recomeço da caminhada necessita desapegos e determinação para deixar no passado um colar de mágoas.

Enfim, a literatura pode salvar, ao menos amenizar, quando aborda temas delicados como esse. É bom presenciar, através da leitura, as experiências sofridas pelos personagens, bem como as maneiras como convivem com as reviravoltas do destino.

Ah, meu amigo leitor, a vida nos desafia todos os dias de diferentes maneiras e não nos poupa sofrimentos. Mas a gente está neste planeta para aprender a superá-los, não é verdade?

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O voo de Antônio Cícero

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Semana passada o poeta Antônio Cícero, com dignidade e determinação, voou para a eternidade. Com admiração pela sua vida e obra, dedico-lhe esta coluna como um modo de GUARDAR a beleza dos seus poemas, que inspiram tantas pessoas, não só as que escrevem, mas aquelas que vivem com ternura e buscam a sabedoria em cada momento dos seus dias.

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Semana passada o poeta Antônio Cícero, com dignidade e determinação, voou para a eternidade. Com admiração pela sua vida e obra, dedico-lhe esta coluna como um modo de GUARDAR a beleza dos seus poemas, que inspiram tantas pessoas, não só as que escrevem, mas aquelas que vivem com ternura e buscam a sabedoria em cada momento dos seus dias.

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Adeus, Antônio Cícero! Adeus meu poeta a quem GUARDO ao ler e reverenciar suas poéticas palavras, tão bem escolhidas e escritas. Permito que suas doces ideias abracem as minhas que, timidamente, querem lançar voo sobre a folha de papel, o maior desafio para o escritor, e conquistar espaços sem finitudes.

Despeço-me de você com alegria e orgulho por tê-lo conhecido, inclusive pessoalmente, por passear descontraidamente sobre sua obra, por trazê-la aos modos como experimento meus dias, meus momentos. Por vê-lo acenar com simplicidade nos horizontes do meu imaginário. Por planar e dançar sobre seus pensamentos cheios de criatividade, singeleza e atualidade.

A ternura com que costurou cada um dos seus versos me mostra que a vida tem a lindeza de quem a toca com firmeza. Em sua poesia não vejo nem vencedores nem perdedores, mas encontro pessoas que buscam o encontro consigo mesmas.

Até mais ver, Antônio Cícero, vou lhe GUARDAR em toda minha infinitude, não em livros ou cadernos fechados, mas em meus pensamentos fluidos e esperançosos.

 

GUARDAR

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.

Em um cofre não se guarda coisa alguma.

Em um cofre perde-se a coisa à vista.

Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por

admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.

Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por

ela, isto é, estar por ela ou ser por ela.

Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro

do que um pássaro sem voos.

Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,

por isso se declara e declama um poema:

para guardá-lo;

Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:

Guarde o que quer que guarde um poema:

Por isso o lance do poema:

Por guardar o que se quer guardar.

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Quero me encontrar com Deus!

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Eita, que livro instigante!  Ao ler os contos de Eliane França, reunidos no livro “Sobre o dorso das fêmeas”, Editora Penalux, 2021, fiquei tocada. Parece que uma bandeja de perguntas passou pela minha frente, oferecendo não sei lá quantas questões, me fazendo pensar tanto que embalaram meu sono e me trouxeram sonhos agitados.

Eita, que livro instigante!  Ao ler os contos de Eliane França, reunidos no livro “Sobre o dorso das fêmeas”, Editora Penalux, 2021, fiquei tocada. Parece que uma bandeja de perguntas passou pela minha frente, oferecendo não sei lá quantas questões, me fazendo pensar tanto que embalaram meu sono e me trouxeram sonhos agitados.

Num dos contos, a “Experiência”, a personagem, viúva e idosa, sentada numa cadeira, esperando os filhos para um almoço, vê Deus. As frases vão tecendo o momento, misturando o contato do Divino com a expectativa da chegada da família, o seu momento existencial, o cheiro da comida. Suas desesperanças e solidão, os filhos, a nora pérfida, a roupa apertada pelos quilos a mais. Tudo se junta, porém nada se compara com a grandeza de ver Deus.

Com maestria, Eliane França, pergunta à personagem, de certo para nós, os leitores: Como Ele é. Sem interrogação, exclamação ou outra pontuação, ela termina o texto, deixando-nos de boca aberta, com a questão caindo pelos lábios.

Lido no Clube de Leitura Vivências, em grupo, organizado por Márcia Lobosco, o livro causou reboliços; ficou todo mundo intrigado. Quando o encontro acabou, a pergunta cresceu em mim. Quando era criança, via Deus nos quadros e nas imagens das igrejas, uma figura grande e forte, que até me causava medo e inquietude. Curiosa, fui criando diferentes imagens em função do que me diziam e daquilo que via. Tinha a certeza, apenas, que Ele era uma entidade a quem tínhamos de respeitar e conversar nas orações antes de dormir. Até que, certa vez, escrevendo esta coluna, tive a convicção de que se olhasse para a natureza encontraria Deus. Suspirei fundo, aliviada.

Ao ler Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, tive a noção de que a religião é uma forma de compreendermos a vida em sua plenitude e finitude porque temos um grande enigma que nos ronda com justeza absoluta: vamos morrer! Terminar, acabar, desaparecer. Esse fato me encrenca, me assola e desassossega. Gostaria de ser eterna. Mas sou humana. Vou findar.

Sem cuidados ou pudor, o texto apresenta a desafiadora pergunta na última frase do conto. A autora é daquelas que olha para o leitor e determina: você decide o que vai acontecer. Como a literatura nos oferece sabedoria e nos salva em cada texto, conceder ao leitor tal direito é um modo de nos amadurecer para a vida, posto que temos que decidir de instante a instante.

Como é Deus. A pergunta persiste mesmo sem sinal de interrogação. Gosto de rezar o Pai Nosso, de olhar para o céu e ver a força do universo, de me deitar e me entregar ao sono. De olhar para minha filha. E escutar a voz da minha mãe. De ver a natureza. De ter amigos. De escutar o latido dos meus cachorros. De dar milho aos passarinhos.  De saber que todos estão vivos. Será Deus isso tudo?

Meus pensamentos encontram afinidade com o poema de Leandro Gomes de Barros (1865-1918), poeta de literatura de cordel brasileiro, considerado por Carlos Drummond de Andrade o “Rei da Poesia do Sertão”.

Se eu conversasse com Deus

Iria lhe perguntar

Por que é que sofremos tanto

Quando viemos para cá?

Que dívida é essa

Que a gente tem que morrer para pagar?

 

Perguntaria também

Como é que Ele é feito

Que não dorme, que não come

E assim vive satisfeito

Por que foi que Ele não fez

A gente do mesmo jeito?

 

Por que existem uns felizes

E outros que sofrem tanto?

Nascemos do mesmo jeito,

Moramos no mesmo canto.

Quem foi temperar o choro

E acabou salgando o pranto?

 

Agora, mais do que nunca, quero me encontrar com Deus.

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Responsabilidade e lazer: o dilema do adolescente

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Shakespeare dá a solução para quem quer namorar e precisa estudar.  “Trabalhos de Amor Perdidos” é uma comédia romântica, uma obra moderna, pertinente ao que acontece hoje com os jovens que vão fazer provas ou prestar concursos e precisam se dedicar aos estudos, mas são surpreendidos pelo amor. E... o tempo passa. No século XVI, quando “Trabalhos de Amor Perdidos” foi escrito pelo dramaturgo Shakespeare, esse dilema já existia.

Shakespeare dá a solução para quem quer namorar e precisa estudar.  “Trabalhos de Amor Perdidos” é uma comédia romântica, uma obra moderna, pertinente ao que acontece hoje com os jovens que vão fazer provas ou prestar concursos e precisam se dedicar aos estudos, mas são surpreendidos pelo amor. E... o tempo passa. No século XVI, quando “Trabalhos de Amor Perdidos” foi escrito pelo dramaturgo Shakespeare, esse dilema já existia.

Faz mais de vinte anos que conheci o texto. Na época, estava envolvida com o teatro, fazendo adaptações de textos literários em prosa para o palco, estilo dramatúrgico. O texto de Shakespeare é uma graça. O rei de Navarra decide cultivar o espírito e o conhecimento. Para tal, convoca três lordes para acompanhá-lo e, juntos, determinam três anos de jejum, abstinência sexual e muito estudo. Quem fosse flagrado com uma mulher seria acusado de traição e sofreria severas humilhações. Mas, por força do destino, a princesa da França, acompanhada por suas três damas de companhia, chega ao palácio para pleitear uma região para seu velho e acamado pai. Encantados com as moças, o Rei de Navarra e seus lordes se arrependem dos juramentos, mas não podem desrespeitá-los. O conflito, então, está armado!

Qual o adolescente que não se vê diante das responsabilidades escolares e da vontade de se entregar à liberdade para passear, namorar, conversar? Enfim, acaba mergulhado nesse dilema bastante sofrido. Inclusive, para todos que o acompanham.

Na época em que meus filhos estudavam era uma negociação infinita. Uma vez, minha filha, já em fase final de colégio, levava as amigas para estudar em casa. E, meu filho, no início da faculdade, fazia o mesmo. Eram quatro num quarto, quatro num outro e uma movimentação contínua no corredor. Bons e inesquecíveis momentos.

Mas não é apenas com os adolescentes que isso acontece. Com os adultos também. Só não em situações de estudo, mas de trabalho, compromissos familiares, financeiros etc. Estamos, volta e meia, divididos entre situações de lazer e de responsabilidade. De certo, esses dilemas nos amadurecem desde a infância quando temos de aprender a distinguir os momentos. É interessante observar que cada pessoa que participa dessa situação tem um envolvimento diferente; o adolescente, os pais, os professores, os amigos. Cada qual tem pontos de vista, necessidades e atitudes próprias. É inteligente fazer o trânsito entre essas posições, até para compreender melhor aquele que sofre o dilema, dado que cada um vive numa época distinta, com cultura e valores específicos.

Com certeza, uma questão se impõe: é necessário equacionar o lazer com a responsabilidade, uma equação que vai sendo amadurecida e internalizada com a experiência adquirida ao longo dos anos. Equalizar esses lados é um dos modos de cuidar da saúde mental, física e emocional; é o caminho do meio. Nem tender para um lado, nem para o outro. Ambos são importantes para o bem-viver.

Shakespeare encontra uma saída para a questão. Na divertida comédia, o bardo inglês, depois de tantos contratempos e embates, engrandece o amor, honra o compromisso dos rapazes e faz com que as moças os aguardem.

Ih, está me dando vontade de trazer o texto para os tempos atuais. Quem sabe começar por uma conversa entre um professor com seus alunos? Quem sabe... 

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Os escritores de Nova Friburgo

terça-feira, 08 de outubro de 2024

O nome da nossa cidade significa “Nova Cidade Livre!”

É na liberdade que os escritores gostam de viver, lugar onde a responsabilidade de exercer o livre-arbítrio é regra essencial, a vida tem mais vida, as emoções se misturam na flor da pele. Onde o resgate e o recomeçar se fazem presentes no dia a dia.

O nome da nossa cidade significa “Nova Cidade Livre!”

É na liberdade que os escritores gostam de viver, lugar onde a responsabilidade de exercer o livre-arbítrio é regra essencial, a vida tem mais vida, as emoções se misturam na flor da pele. Onde o resgate e o recomeçar se fazem presentes no dia a dia.

Sim. O espírito do friburguense é alimentado pelo sentido da liberdade. Povo alegre, festeiro, que gosta do seu lugar e faz questão de expressar seus sentimentos. Portanto, escreve. Escreve prosa, poesia, crônica, ensaios e outros estilos literários. As pessoas que aqui nasceram ou residem ou conquistaram a cidadania são levadas pelos cursos das palavras, tal qual as águas que descem das suas lindas montanhas. Aliás, aqui a natureza é inspiradora: os ares da Mata Atlântica que ventilam na cidade fazem nascer ideias criativas.

Hoje, Nova Friburgo traz histórias para seu quotidiano que aquecem os escritores, como a de Machado de Assis, que andando pelas ruas da cidade e arredores, sentiu-se iluminado a escrever “Memória Póstumas de Brás Cubas”! Aqui Rui Barbosa discursou. Poetas que foram iluminados pelas aragens friburguenses, como Casimiro de Abreu, Carlos Drummond de Andrade, Julio Salusse, dentre tantos.

No mês de setembro foi lançada a coletânea “Juntas & Diversas: Crônicas e Ensaios Sobre o Tempo”, pela editora In Media Res, em parceira com o Instituto Leituras, organizado por Márcia Lobosco. A coletânea reúne 11 crônicas e 6 ensaios. Li cuidadosamente os textos e cheguei à conclusão de que as autoras estão capacitadas para ganhar um espaço maior no âmbito da literatura. O tempo é um tema complexo e de delicada abordagem. Para começar, o conceito tempo foi criado pelo homem a partir da necessidade que sentiu, desde os tempos babilônicos, para se situar e se organizar. Mas o tempo, meu amigo, não existe.

É um conceito que pode receber várias abordagens, como a filosófica, a física, a psicológica. Inclusive a geológica. Cada área do conhecimento estuda o tempo a partir de um ponto de vista. As autoras da coletânea tiveram esmero e competência literária para criarem seus textos; cada uma escreveu o tema de um modo, ora partindo da própria experiência, ora buscando referências teóricas, ora relatando experiências de outros.

Quando acabei de ler, fiquei sensibilizada com as ideias apresentadas, principalmente as que se referiram aos parentes mais longevos, como a experiência que tiveram com o envelhecer, as relações de troca e a grandiosidade do afeto. Outras narrativas também me tocaram, como o sentir o próprio envelhecimento, a inexorabilidade da passagem do tempo. E o presente? Imprensado entre o passado e o futuro, o agora se torna passado com rapidez estonteante e fica imperceptível.

Os friburguenses estão cada dia mais ávidos para transpor para seus textos a profusão de suas ideias. E, posso dizer, escrever faz bem a quem escreve porque é uma libertação. É um bota-fora.

Salve os escritores Nova Friburgo!

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Ao cheiro e ao gosto do café

terça-feira, 08 de outubro de 2024

A vida é cheia de coincidências. Por que não será entre colunistas de jornal? Faz uns dias que senti uma emoção prazerosa ao fazer o café da manhã. Na maioria das vezes o faço de modo automático, quase de olhos fechados. Mas naquela manhã ensolarada, escutando os passarinhos e os cachorros da vizinhança a latir, senti uma sensação diferente. Parece que preparava algo para uma visita nobre e de cerimônia. Este alguém era eu. Talvez porque estivesse me sentido majestosa diante daquele dia, não mais do que uma data comum carregada de simplicidade.

A vida é cheia de coincidências. Por que não será entre colunistas de jornal? Faz uns dias que senti uma emoção prazerosa ao fazer o café da manhã. Na maioria das vezes o faço de modo automático, quase de olhos fechados. Mas naquela manhã ensolarada, escutando os passarinhos e os cachorros da vizinhança a latir, senti uma sensação diferente. Parece que preparava algo para uma visita nobre e de cerimônia. Este alguém era eu. Talvez porque estivesse me sentido majestosa diante daquele dia, não mais do que uma data comum carregada de simplicidade.

Depois que coloquei o café no filtro e medi a quantidade de água numa chaleira de ágata branca que uso exclusivamente para esta finalidade, comecei a derramar um filete de água sobre o pó e a mexer com uma pequena espátula de madeira que, também, apenas a uso no preparo do café. O cheiro forte do café foi adentrando em mim como um convidado de honra. A cada inspiração, o aroma entranhava nas minhas células que despertavam de uma noite de sono. Naqueles instantes, tudo parou; o mundo era apenas eu fazendo o café da manhã. A felicidade, então, com um jeito alegre, foi se chegando a cada mexida que dava no coador de café, fazendo com que a vontade de cantar se aproximasse improvisada. Uma fome atrevida se movimentou no meu estômago, querendo degustar aquele café com torradas e queijo fresco.

Para minha surpresa, antes de iniciar a construção deste texto, li a coluna “Escrevivendo” do meu amigo e colunista deste jornal, Robério José Canto, em que abordou o café da manhã sob outro ponto de vista. Logo pensei ser uma persistência repetir o tema. Assim, tomada de dúvidas, passei uma mensagem ao Robério e trocamos ideias a respeito. Mas ele, como sempre, me estimulou a escrevê-la. Então decidi ir em frente. Aprendi, nos tempos de universidade, que todos os temas possuem inúmeros pontos de vista a serem explorados. Eu vou explorar a ideia do prazer em fazê-lo e degustá-lo como um culto ou um ritual. Como um momento nobre que não tem hora nem lugar.

Fazer o café é o mesmo que preparar um brinde à vida. Sempre fumegante, é um modo de nos aquecer em todos os sentidos. Há momentos em que a gente precisa, quando sozinhos, saldar o instante e, quando acompanhados, compartilhá-lo. Já ouvi dizer que o melhor da festa é a preparação. Com o café acontece o mesmo, desde a escolha do pó. Ora pois sim, são tantas as qualidades a serem observadas que vão desde a pureza do pó e a credibilidade do fabricante, até a data de fabricação e embalagem preservada.

O café é um bom companheiro e um ótimo ouvinte daquele que sente necessidade de refletir sobre os fatos da vida. Ah, meu amigo leitor, já pensou nas situações que podem ser resolvidas ao cheiro e ao gosto do café? Além de ser um momento propício para trocar ideias e debater uma questão mais delicada. Melhor ainda é continuar uma conversa degustando o café, sentindo o seu gosto único tomar conta da boca, tornando aquele momento inesquecível. Como também o sabor do café pode amenizar os ânimos e ser um bom motivo para pausar o trabalho.

Robério gosta de tomar café com os amigos à tarde. O assunto literário sempre vem se enroscando nas conversas, desde livros, autores e situações vivenciadas. Assunto é que nunca falta, um vai puxando o outro sem deixar a hora passar. Aí, o café sempre confirma a proposição: a literatura faz amigos.

Gosto de escrever de manhã, tomando café. Parece que a rotina matinal me faz nascer ideias e facilita a fluidez narrativa. Tenho a impressão de que o café convida os personagens a sentarem ao meu lado e a se mostrarem. Faz com que os temas dancem com a fumaça que sai da xícara. É um momento cheio de magia.

Que tal, amigo leitor, vamos, num desses entardeceres, tomar café com broa de milho?

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A inteligência dos seres vivos

terça-feira, 24 de setembro de 2024

No livro do escritor e artista visual londrino James Bridle, “Maneiras de ser – animais, plantas, máquinas: a busca por uma inteligência planetária”, o autor expõe estudos científicos que investigam a vida na Terra, bem como a sua relação com a tecnologia. Essa obra tem me sensibilizado de tal forma que reconheço a importância de trazê-la nesta coluna para colaborar com os modos como nós, os humanos, reconhecemos a interconexão entre todos os seres e as máquinas.

No livro do escritor e artista visual londrino James Bridle, “Maneiras de ser – animais, plantas, máquinas: a busca por uma inteligência planetária”, o autor expõe estudos científicos que investigam a vida na Terra, bem como a sua relação com a tecnologia. Essa obra tem me sensibilizado de tal forma que reconheço a importância de trazê-la nesta coluna para colaborar com os modos como nós, os humanos, reconhecemos a interconexão entre todos os seres e as máquinas.

Um tema que sempre me interessou foi a inteligência. Sou pedagoga, e estudei esse conceito sob vários pontos de vista. Segundo Jean Piaget, biólogo e psicólogo suíço, considerado um dos mais importantes estudiosos dos processos de construção do conhecimento, a inteligência humana é dinâmica e decorre da elaboração do pensamento que vai se estruturando e organizando no cérebro continuamente. O pensamento é construído naturalmente através de experiências, sujeitas às culturas social e familiar, abraçadas pela história individual, além de mobilizadas pela afetividade e vontades pessoais. Enfim, a inteligência é a expressão do viver.

Para refletir a respeito da inteligência dos seres vivos, é preciso considerar e reconhecer que as plantas, os animais e outros indivíduos, como as bactérias e fungos, possuem características próprias e mundos essencialmente distintos do nosso. Aristóteles (384-322 a.C.) classificou os seres vivos, dividindo-os em dois grupos: os animais e as plantas. Com a evolução do conhecimento científico novas categorias foram acrescentadas. Atualmente estima-se que os reinos animal e vegetal possuem milhões de espécies relacionadas no mundo.

Os seres vivos de cada espécie possuem um tipo de inteligência. Nós, os humanos, não podemos ter a pretensão de acreditar que a nossa inteligência tenha supremacia sobre a de outros seres! Sim, a nossa capacidade cognitiva só nos permite abordar o mundo sob nossas possibilidades.

A inteligência se manifesta através do pensamento e da ação. É generativa na medida em que permite que o indivíduo de qualquer espécie seja capaz de produzir, reagir, interagir, contribuir e criar. A inteligência é relacional posto que a capacidade cognitiva pode ser observada como, onde, quando e sob quais condições é praticada. É uma forma de estar no mundo. Não é uma capacidade que deva ser testada, mas reconhecida a partir das formas múltiplas em que é expressada.

A cada dia a ciência desvenda os mistérios da natureza e nos mostra a maravilha das múltiplas formas de vida e seus os processos de adaptação, que revelam a presença da inteligência como recurso magnífico de sobrevivência. Vocês já observaram a perfeição com que os passarinhos fazem seus ninhos com galhos, gravetos, musgos e até com restos de embalagem? Quantas vidas uma árvore pode abrigar e alimentar? Ou melhor, quantas vidas buscam nas árvores um abrigo? Quem já parou para pensar no comportamento das raízes das plantas em busca de sais minerais e água?

As plantas são os sustentáculos do mundo!

A aviação estuda o voo dos pássaros para aprimorar a tecnologia aeronáutica. A Inteligência Artificial pode ser fundamental na proteção das espécies animais e vegetais, como está sendo utilizada pelo Instituto Baleia Jubarte para ajudar na preservação desses animais em processo de extinção.

Estamos cercados de vidas inteligentes, qualificadas a interagir com o meio ambiente, com seres da mesma e de outras espécies. Todas as formas de vida estão enredadas na biosfera, a comunidade dos humanos, animais, vegetais e micro-organismos que vivem na terra e nas pedras, nos rios, oceanos e mares, no gelo e nos ventos.

Não podemos esquecer que nosso Planeta tem vida farta, porém é único em nosso sistema solar. Por que colocar fogo nas matas? Por que desmatar? Por que descuidar do lixo? Por que admirar e cuidar dos bens materiais e pouco ou nada se importar com a poluição dos mares e rios?

Por quê?!

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A espiritualidade dos animais

terça-feira, 17 de setembro de 2024

O Brasil, em chamas, está perdendo as cores das matas, do sol e das riquezas naturais. Tem ganhado as cores do fogo e da fuligem, das dores dos animais e dos agricultores. Os tons do espanto dos brasileiros porque sabem que, apesar da seca, os incêndios, em grande maioria, têm sido provocados pela perversidade criminosa e pelo descuido de quem o faz.

O Brasil, em chamas, está perdendo as cores das matas, do sol e das riquezas naturais. Tem ganhado as cores do fogo e da fuligem, das dores dos animais e dos agricultores. Os tons do espanto dos brasileiros porque sabem que, apesar da seca, os incêndios, em grande maioria, têm sido provocados pela perversidade criminosa e pelo descuido de quem o faz.

Tenho me sensibilizado imensamente com os animais queimados e feridos à própria sorte. As minhas células reagem à miséria do amor que esses brasileiros têm pela terra onde vivem, diferentemente dos animais que respeitam o próprio habitat e não o destroem.

Com a compaixão e a ternura que sinto pela vida do nosso país vou prosseguindo a leitura sobre as relações entre o homem, a natureza e a máquina, expostas no livro “Maneiras de ser: a busca de uma inteligência planetária”, de James Bridle. Leio, algumas vezes, relendo páginas, parágrafos e frases, parando para aprofundar meu saber sobre a ecologia.  Li com emoção a descrição que o autor faz do trabalho de pesquisa da primatóloga Bárbara Smuts, realizada no Quênia e na Tanzânia, durante um período de mais de 25 anos, quando estudou o comportamento dos babuínos que viviam livres. Durante seu trabalho ela percebeu um tipo de experiência e sensibilidade no comportamento desses animais que não conseguiu classificá-las cientificamente.

Em suas caminhadas, sem motivo óbvio, sozinhos ou em grupos, os babuínos paravam e permaneciam sentados por meia hora em completo silêncio olhando para algum lugar. Inclusive os mais jovens, geralmente mais agitados e turbulentos, ficavam em contemplação tranquila. A seguir, sem qualquer razão, eles se levantavam e prosseguiam. Bárbara Smuts, depois de observá-los e refletir a respeito, considerou aquele comportamento uma experiência de meditação e prática espiritual. 

Ao ler, me lembrei da minha cachorra, que, com frequência, senta-se e fica por um tempo imóvel, olhando para o jardim. As observações da pesquisadora me fizeram ampliar, ainda mais, a certeza de que os animais estabelecem uma relação profunda com os seres da natureza e com Deus. Acredito que, ao estar nesse estado de contemplação, o animal encontra um modo de orar e ter contato com a mais pura energia universal. A espiritualidade guarda a vitalidade que alimenta o amor pelos outros e por si, além de significados éticos que protegem a vida. É um sentimento esperançoso que fundamenta a vontade de viver.

E diante dos incêndios criminosos em nossas matas que destroem a vida dos vegetais e animais, colocando em risco a saúde ecológica do país, chego à conclusão que atear fogo é um ato suicida. Quem tem a intenção de destruir a terra onde vive, desloca para a natureza a vontade de se matar. 

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