Blog de roberiocanto_18846

Aos filhos, no Dia dos Pais

terça-feira, 08 de agosto de 2023

Finalmente conseguira superar os obstáculos que por tanto tempo haviam impedido aquele abraço tão longamente planejado. 

Finalmente conseguira superar os obstáculos que por tanto tempo haviam impedido aquele abraço tão longamente planejado. 

Começo confessando que a narrativa original não é minha. Ouso reproduzi-la porque acho que pode ser uma leitura interessante, sobretudo para os filhos no Dia dos Pais, e porque tenho certeza de que seu autor nunca virá a saber da apropriação indébita que fiz do que ele escreveu e que, se por milagre viesse a saber, não me processaria. Afinal, há tantos filmes, livros e músicas sobre Jesus e não há notícia de que ele tenha condenado alguém por assim se aproveitar de sua história. Além do mais, eu li isso há tanto tempo que nem me lembro onde. Vou contar como melhor puder, esperando não distorcer demais o texto original.

Um homem importante, vamos chamá-lo João, ainda jovem se afastara do pai, a quem chamaremos Antônio. Há muitos anos eles não se viam. Um dia, Antônio escreveu ao filho, manifestando o desejo de vê-lo e de reatar a convivência perdida. Convidava-o a visitá-lo, e sugeria que ele levasse a família consigo. João achou boa a ideia e combinou com a esposa que dentro de um mês iriam à cidade onde morava aquele homem tão próximo na genealogia, mas agora distante no espaço e sobretudo no tempo. Na data prevista, contudo, o time da escola onde a filha estudava tinha um jogo importante, e ela era líder de torcida. Não houve jeito senão adiar a viagem.

Nova visita foi planejada, para dois meses depois. Nesse meio tempo, João enviou algum dinheiro para Antônio, que retribuiu mandando pequenos presentes para os netos. Dessa vez a visita estava certa, tudo cuidadosamente previsto. Mas eis que, quando se aproximava o dia da partida, o patrão precisou ausentar-se do trabalho por algum tempo, e João assumiu temporariamente o lugar do chefe na direção da firma.  Assim, pela segunda vez, a viagem não pôde ser realizada.

Também a mulher queria que a visita se concretizasse e escreveu ao sogro, confirmando o reencontro, agora com menos de um mês de espera e enviando-lhe um delicado presente. Ansioso e emocionado, Antônio ficou aguardando a família. Mas antes que ela aparecesse, um ataque cardíaco o atingiu. Informado pelo hospital, João falou por telefone com o pai. "Eu estou bem, filho. Não se apresse". E João não se apressou.

Chegou o Natal, João novamente enviou dinheiro para “o Velho", e recebeu em troca presentes para todos da família. A nora ganhou uma joia que havia pertencido à falecida sogra. Novamente pai e filho se falaram por telefone, e combinaram se reunir em breve. Mas sempre algum acontecimento inesperado e importante para João e sua família impedia que o encontro se realizasse: uma cirurgia da esposa, a celebração do Dia das Mães, o frio excessivo.

Os meses foram passando e sempre os imprevistos acontecendo. Até que um dia João realizou a viagem, embora sozinho e às pressas. Finalmente conseguira superar os obstáculos que por tanto tempo haviam impedido aquele abraço tão longamente planejado. 

E verdadeiramente tanto se apressou que chegou ainda a tempo de assistir ao sepultamento do pai.

"Por que eu não vim antes?", se perguntava chorando. Mas ele, melhor do que ninguém, sabia a resposta.

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Qual a sua graça?

terça-feira, 25 de julho de 2023

Em 1984, o Instituto Félix Pacheco registrava a existência de quatro Placidina Maria de Jesus e duas Minervina de Silva Lima

Em 1984, o Instituto Félix Pacheco registrava a existência de quatro Placidina Maria de Jesus e duas Minervina de Silva Lima

Eu leio tudo que me cai nas mãos, até bula de remédio, que é uma das coisas mais perigosas que um ser humano pode ler (desconfio que bula de remédio mata “mais que bala de revórver,” como diria Adoniran Barbosa). Tenho, um predecessor ilustre: Dom Quixote de La Mancha, que, às tantas de sua sábia loucura, declarou: “Eu sou amigo de ler até os papéis esfarrapados da rua”. Foi levado por esse antigo vício que li “A graça de cada um - nomes e sobrenomes do mundo inteiro”, de Alberto Stoeckicht, editado em 1984. Não que esse tenha literalmente caído em minhas mãos, ou que eu o tenha encontrado esfarrapado na rua. Na verdade, apanhei-o numa dessas bancas em que pessoas deixam livros para serem levados por quem se interessar.  Antigamente, quando se queria saber o nome de alguém, perguntava-se: “Qual a sua graça?” A pergunta saiu de moda, mas a graça do trocadilho do título despertou meu interesse.

Então, é com base no livro de Stoeckicht que vou levar essa conversa adiante. Ele explica, por exemplo, que originariamente cada pessoa tinha só um nome, se tanto. João era João e estava resolvido, ninguém o confundia com outra pessoa. À medida que a sociedade foi ficando mais complexa, maiores os agrupamentos humanos, começou a existir mais de um João no mesmo local. Surgiu a necessidade de distinguir um João do outro. E aí vieram os sobrenomes, geralmente pelo acréscimo do nome do pai, ou de uma partícula que significasse “filho de”. É o caso de SON inglês (Dickson, Jackson), de EZ espanhol (Perez, Ramirez) e do ES português (Fernandes, Rodrigues).

Mas isso ainda não resolvia completamente a questão. Nos Estados Unidos, por exemplo, é dobrar uma esquina e dar de cara com Smith, Williams, Johnson, Taylor ou Miller. Para distinguir um John Taylor de outro, surgiu o nome do meio. João Luís Oliveira é um, João Antônio Oliveira é outro. Mas a homonímia persiste. Segundo Stoeckicht, mesmo nomes excêntricos às vezes se repetem. Em 1984, o Instituto Félix Pacheco registrava a existência de quatro Placidina Maria de Jesus e duas Minervina de Silva Lima. O então ministro Hélio Beltrão fez um levantamento e concluiu que, entre os dez nomes mais comuns entre nós, nove terminavam em Silva, o que o levou a concluir que nosso país deveria chamar-se Brasil da Silva.

E a homonímia continuou causando problemas. Tem até casos de pessoas enterradas por engano, como aconteceu com dois Carlos Alberto Ferreira, que deram entrada no IML do Rio em dias seguidos. Um era branco e outro, preto; um morto por afogamento; outro, por choque elétrico; um tinha 19 anos e o outro, 13. O branco já tinha sido reconhecido pela mãe (que depois se justificou: “Me disseram que uma pessoa que morre carbonizada fica preta”). Nada disso impediu que um fosse levado no lugar do outro.

O livro fala da origem e significação de nomes em diversas línguas, de nomes que se originam de profissões (Ferreira), de animais (Coelho), de pontos geográficos (Lombardo), de pessoas famosas do passado (Washington), de referências religiosas (dos Anjos). Não faltam excentricidades, como o do pai que insistiu em batizar o filho como Caule, explicando que essa tinha sido a melhor opção entre os outros nomes que lhe haviam ocorrido, ou seja: Jungo, Prisma e U Surian. Também não faltam coisas que são quase um xingamento (Abrilina Caçapava), ou são puramente escatológicos: (Constipation, Merdine, Urine). Sem falar nas invencionices brasileiras (Outhydes, Onovercina).

E mais não direi, porque o livro tem 125 páginas, eu pouco mais de uma lauda. Por outro lado, não convém abusar da paciência do leitor, que talvez para conseguir chegar até aqui tenha sido obrigado a xingar todos os nomes feios que conhece. Aí não tem mais graça!

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Histórias dos outros

terça-feira, 11 de julho de 2023

“Pior do que isso eu não sei fazer!”

“Pior do que isso eu não sei fazer!”

Uma é a do escritor Otto Lara Rezende. Estava ele datilografando sua matéria para o jornal, quando um contínuo entrou na sala. Ao ver que Otto não estava copiando, mas tirando as palavras da própria cabeça, o rapaz exclamou admirado: “O senhor tem redação própria?!” Tanto Otto era capaz de redação própria que entre seus admiradores estava Nélson Rodrigues, que até o transformava em título ou personagem de suas obras, como em “Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária”. Às vezes Otto ficava tão chateado com as “homenagens” que confessou ter vacilado entre o homicídio e a indiferença.  “Mas como o homicídio é punido pelo código penal, optei pela indiferença”, declarou. Apesar desses desentendimentos, foram amigos e mútuos admiradores até o fim da vida.

A outra é contada por Álvaro Ottoni de Menezes, autor de sucessos da literatura infantojuvenil, como “A árvore que fugiu do quintal”. Álvaro era o redator em algum órgão do governo, no qual trabalhava também Vicente, flamenguista doente e semianalfabeto por nascimento e formação, para quem, falar “a gente somos” era o fino do português. Pela cara com que Vicente chegava na repartição, era possível saber o resultado do jogo do Flamengo no dia anterior.

Após um domingo em que o rubro-negro goleou o adversário, assim que Vicente chegou com a bandeja de café, Álvaro, querendo fazer humor às custas do colega, perguntou: “E aí, Vicente, o pessoal gostaram do jogo?” Vicente fez a maior cara de espanto e retrucou: “Me admiro o senhor, um homem de estudo, que tem redação própria, que escreve documentos, falar o “o pessoal gostaram, professor!” Álvaro quase caiu da cadeira, ao ver a desastrosa consequência de sua brincadeira. Muito envergonhado, já ia pedir desculpas, quando Vicente acrescentou: “O pessoal não gostaram, professor. O pessoal adoraram!”

O terceiro caso atribui-se a Antônio Maria, cronista e compositor, autor entre outras belezas de “Manhã de Carnaval”. Encarregado de escrever uma notícia para o jornal, entregou seu texto, que foi recusado sobre o argumento de que era muito sofisticado para o leitor comum. Pediram-lhe que simplificasse a redação. Antônio Maria fez uma segunda tentativa, mais uma vez considerada muito difícil. Ele então voltou com uma terceira versão, jogou-a sobre a mesa e declarou: “Pior do que isso eu não sei fazer!”

Ter redação própria, eis uma raridade, porque não se trata apenas de não copiar, mas de evitar escrever o que já tenha sido escrito milhões de vezes, ainda que por outras palavras. Li certa vez a diferença entre texto com autor e sem leitor e, ao contrário, texto com leitor e sem autor.

O primeiro é aquele que, por sua originalidade, novidade e às vezes complexidade, exige do leitor algum esforço de compreensão e aí, preguiçosos que somos, preferimos não ler. Ou seja: saiu de uma cabeça pensante, mas pouca gente se dispõe a pensar para entendê-lo. O segundo, ao contrário, não passa de um apanhado de ideias que estão soltas no ar, que de alguma forma todo mundo já leu ou ouviu, e que o escritor alinhava sem gastar muita massa cinzenta, e que por isso mesmo pouco ou nenhum esforço mental exige para ser assimilado. Assim se explica o porquê de muitas obras de grande valor serem evitadas, e o sucesso de tanto romance medíocre, de tanta poesia de má qualidade, de tanta música vulgar.

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Sem desperdício

terça-feira, 27 de junho de 2023

Cada cômodo é um brechó enlouquecido

Cada cômodo é um brechó enlouquecido

Outro dia li que a prefeitura do Rio recebe centenas de reclamações contra guardadores. A princípio pensei que fossem contra os chamados guardadores de carros, que não guardam nada, mas são assim chamados e acatados. Começaram conhecidos como flanelinhas, por causa do pedaço de pano que usavam para esfregar os vidros dos carros em troca de uma gorjeta, mais ou menos espontânea. Aos poucos foram se profissionalizando, e hoje melhor seria que os intitulássemos “os donos do pedaço”. Privatizaram as ruas, cada trecho tem seu titular que, com ares de quem comanda o tráfego e a cidade, indica onde o motorista pode passar ou parar. Mostra a guia pintada de amarelo e faz sinal para que o carro seja estacionado ali mesmo, com a explicação mais suscinta e definitiva possível: o polegar levantado, como quem diz: “Deixa comigo, aqui mando eu”.

Mas não era de guardadores de carros que a notícia falava. As reclamações ─ certamente de vizinhos ─ são contra pessoas que guardam em casa tudo quanto podem, todo tipo de velharia, porcaria e inutilidade. Já tem inclusive diaristas especializadas no que denominam “limpeza do bem”, ou coisa parecida. São experts em jogar lixo fora, às vezes enfrentando a cara amarrada, quando não as lágrimas da dona da casa. Parênteses para explicar que digo “donas da casa”, e não “donos”, porque os imóveis a serem desentupidos geralmente são capitaneados por mulheres que, como se sabe, desde Adão e Eva são mais afetivas e mais apegadas às coisas do lar.

Tem de tudo para todos os gostos. Cada cômodo é um brechó enlouquecido. Panelas sem cabo e sem tampa (e eventualmente sem fundo); pé esquerdo de chinelo sem o seu companheiro de andanças; cadeiras sem assento; livros com acentos usados em 1940; vidros de remédios vazios, uma boneca sem cabeça e outra tão suja que é quase impossível descobrir onde ficam os braços e onde ficam os pés. Sem falar na foto de Carlos Gardel, que ninguém sabe como foi parar ali.

Numa das casas visitadas a “limpadora do bem” encontrou dezenas de caixas de papelão, de todos os tamanhos e formatos. “Eu tive que almoçar no corredor, porque as caixas ocupavam as mesas, cadeiras e sofás. Até para usar o vaso sanitário era preciso antes tirar algumas caixas do caminho”.  A explicação da moradora, mutatis mutandis, foi a mesma de todos (bem, a tal esquesitice não é exclusividade feminina) os guardadores. Acham que em algum momento futuro vão necessitar daquilo que agora é tido como inútil. Uma delas confessou que diversas vezes enfiou tudo em sacos para pôr no lixo, mas depois ficou com medo de precisar de alguma coisa do que ia jogar fora.  Desfez o saco e de novo entulhou armários e gavetas, embaixo da cama e em cima do guarda-roupas, para alegria das baratas e desespero do marido e dos filhos.

A prefeitura carioca garante que oferece, além da remoção do entulho, assistência psicológica aos guardadores, para que, assim orientados, parem de guardar. Ainda se guardassem dinheiro! Mas, mesmo que tivessem dinheiro, onde achariam espaço em casa para guardá-lo?

É um distúrbio psicológico, sem dúvida. Mas também nós, que não guardamos panelas furadas, se não nos cuidarmos, aos poucos vamos estocando velhos ressentimentos, mágoas injustificadas, ideias pregadas na mente e despregadas da realidade, conceitos e preconceitos do tempo do onça, medos que vieram lá da infância e que nunca conseguimos jogar na lixeira do esquecimento. Felizmente existem faxineiras do bem inclusive para esses casos, e pode ser que uma delas esteja bem ao nosso lado. Diz o ditado que cabeça vazia é oficina do diabo. Pior ainda é a cabeça cheia de porcarias: aí mesmo é que o diabo deita e rola.

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Ganhar para não fazer nada

quarta-feira, 14 de junho de 2023

Morimoto adianta que não faz sexo, não carrega peso, não discute

Estava escrito no mural: “O trabalho enobrece o homem”. Alguém, mais realista, ou mais pessimista, corrigiu por cima: “emagrece”. São duas maneiras de se encarar a questão, cada uma delas deve ter algum fundamento, que pouca coisa neste mundo ─ provavelmente nada neste mundo ─ é absolutamente preto ou branco (basta olhar a cara dos brasileiros!).

Morimoto adianta que não faz sexo, não carrega peso, não discute

Estava escrito no mural: “O trabalho enobrece o homem”. Alguém, mais realista, ou mais pessimista, corrigiu por cima: “emagrece”. São duas maneiras de se encarar a questão, cada uma delas deve ter algum fundamento, que pouca coisa neste mundo ─ provavelmente nada neste mundo ─ é absolutamente preto ou branco (basta olhar a cara dos brasileiros!).

Não sei se o leitor acha que o trabalho enobrece ou emagrece. No geral, ele enriquece alguns poucos e deixa a grande maioria a contar os centavos para pagar as contas no fim do mês. Muitos são os que conseguem apenas (se tanto!) pagar a conta (no singular), porque não é fácil acertar tudo de uma tacada só: numa vez paga-se a luz, na outra paga-se a água, na outra compra-se o gás, e assim vai-se levando a vida, até que chegue a morte ou coisa parecida, como dizia o cantor Belchior.

Há trabalhos que, além de pouco reconhecidos, são pesados e mal pagos. Cansa! Quem não gostaria de encontrar uma moleza, um desses empregos em que, em câmaras e palácios, servidores do povo, de terno e gravata, tribunas e assessores e cafezinhos, definem quando e quanto trabalharão, quando e quanto receberão pelo trabalho que fizerem ou mesmo que não fizerem?

Mas em matéria de ganhar dinheiro sem fazer força, ninguém supera o cidadão japonês Shoji Morimoto. Ele mesmo define sua ocupação profissional como “comer, beber e dar respostas simples”. Qual é a mágica que esse sábio nipônico faz para viver bem, sustentar mulher e filho, sem fazer nada? Segundo a Agência Reuters de Notícias, Morimoto se oferece para acompanhar. E daí? Não tem daí nenhum. Sua função é apenas acompanhar pessoas que se disponham a lhe pagar R$ 367,00 para tê-lo ao lado delas por um dia.

Morimoto adianta que não faz sexo, não carrega peso, não discute. Apenas acompanha. Não é muito, mas não lhe faltam fregueses, e ele costuma fazer ao menos dois acompanhamentos por dia. Pode ser que essa profissão seja uma particularidade de países como o Japão, que, tendo gente demais, acaba fazendo com que muitos vivam na solidão. E aí, achar alguém que aceite andar conosco, sem perguntar aonde vamos ou o que vamos fazer, sem dar opinião contra ou a favor de qualquer coisa, é uma bênção dos céus. Quer você chore, quer você dance, quer simplesmente você sente num banco de praça e fique jogando milho aos pombos, o acompanhante está ao seu lado, solidário e inútil.

Como sabe o douto leitor, trabalho vem do latim tripalium, e designava um instrumento de três pontas usado para imobilizar animais a serem ferrados. Como os escravos eram considerados pouco mais ou pouco menos do que os animais, para castigá-los ou fazê-los trabalhar, passou-se a usar o tripalium. Daí que tripalium e trabalho logo tornaram-se sinônimos. É mais ou menos isso, talvez eu tenha distorcido um pouco, não me levem a mal nem me levem a sério.

Um filósofo concluiu que “todo trabalho supõe tendência para um fim e esforço”. Shoji Morimoto descobriu um meio de atingir um fim sem fazer esforço. Realmente, temos que reconhecer a superior inteligência nipônica, que até sem fazer nada consegue ganhar dinheiro.

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Delícias da culinária internacional

terça-feira, 30 de maio de 2023

No Laos, o mais apreciado é o rato à milanesa

No Laos, o mais apreciado é o rato à milanesa

Tem gosto pra tudo neste mundo, inclusive em se tratando de alimentação. Sem irmos muito longe, aqui mesmo no Brasil tem uns pratos que devem revirar o estômago dos estrangeiros, só de ouvir o nome. Imagine o rei da Inglaterra indo almoçar no Itamaraty e ser informado de que o prato do dia é a nossa famosa buchada, que se constitui das seguintes delícias: rins, fígado e vísceras, tudo cozido em uma bolsa feita com o estômago de bode, que, aliás, é o fornecedor involuntário de todos os ingredientes. É de fazer Sua Majestade renunciar ao trono e, no entanto, no Nordeste do Brasil é considerado um manjar digno dos reis e dos deuses.

Imaginemos agora que o chef de alguns dos restaurantes de nossa cidade esteja querendo oferecer aos seus clientes algumas novidades culinárias. A fim de poupar-lhe o esforço de viajar a terras longínquas para conhecer as delícias locais, descrevo aqui algumas das iguarias mais apreciadas fora do Brasil, segundo a internet.

Comecemos com um prato muito popular na Escócia. Lá eles cozinham uma bolota feita com o pulmão, o estômago, o fígado e o coração de uma inocente ovelhinha. Servem com nabo e purê de batata. O que salva é que o caldo é obtido com a adição de uísque. Os escoceses lambem os beiços. Já a Itália, para quem pensa que lá como cá tudo acaba em pizza, tem um delicioso queijo cujo processo de fabricação é, para dizer o mínimo, originalíssimo. O dito queijo é recheado com larvas, as quais serenamente se hospedam nos buracos deixados no produto justamente para que elas ali se acomodem. Então, quando as moscas nascem, o queijo está no ponto para ser consumido. Uma delícia! (Ou um nojo, as opiniões variam).

Se o nosso chef quiser copiar uma receita do Camboja, poderá fazer um prato que certamente encherá seu estabelecimento de fregueses e triplicará a venda de cerveja. Trata-se um petisco feito com a saborosa carne de aranha, dividindo-se a preferência dos gourmets entre as tarântulas e as caranguejeiras. Por prudência, retiram-se os pelos das bichinhas, que é onde o veneno se concentra. No mais, é só acrescentar sal, açúcar, pimenta e alho. Umas cachacinhas antes e outras depois devem ir muito bem.

Para quem aprecia uma boa carne, o Camboja oferece também o churrasco de crocodilo. Só que lá não tem esse negócio de perder tempo com grelha e carvão. A posta é colocada na mesa ainda crua, e o comensal é que vai passando-a numa chapa quente até atingir o ponto que lhe agrade. Talvez seja uma forma que eles acharam de se vingar da falta de cerimônia com que os crocodilos também devoram carne humana.

No Laos, o mais apreciado é o rato à milanesa. Se der bobeira, nem Mickey Mouse escapa. Carne muito versátil, pode ser servida cozida ou assada, e o bicho pode vir inteiro ou em pedaços. Para que nem o rabo se perca, usam-se palitinhos para pescar as fatias. E pensar que em Nova York o prefeito nomeou uma comissária, com salário de 64 mil dólares anuais, para comandar uma equipe de caça às ratazanas (um desperdício de dinheiro e de comida!). Milhões delas habitam os subterrâneos da cidade, mas frequentemente sobem à superfície para ver como andam as coisas nas casas, restaurantes, hospitais, lugares onde, aliás, costumam ser muito mal recebidas.  

Especialmente apreciado nas Filipinas é o ovo de pato. Ora, dirá você, isso até eu como. A diferença é que lá come-se o ovo fecundado, ou seja, com o embrião do patinho ainda lá dentro. É uma maneira de consumir carne, clara e gema de uma só garfada. Também não faltam lugares onde os insetos constituem umas das refeições prediletas. Fritos, assados, bem temperadinhos, não há quem resista a um bom prato de besouro, abelha, gafanhoto (João Batista era fã), cupins, moscas, cigarras e – para os paladares mais refinados – baratas!

Creio que já dei bastantes sugestões. Caso sua esposa pretenda arriscar uma dessas delícias para o almoço do próximo domingo, meu conselho, amigo, é que você vá almoçar no pé sujo mais próximo.

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Teófilo, Maria, Conceição

terça-feira, 16 de maio de 2023

Melhor seria se houvesse uma lei proibindo os filhos de escreverem sobre suas mães

Melhor seria se houvesse uma lei proibindo os filhos de escreverem sobre suas mães

Escrevo em jornais há tantos anos que não sei como não conheci Gutenberg pessoalmente. Deve ter sido por pouco. Nesse tempo todo, nem que seja por acaso ou por descuido, há de ter acontecido que eu tenha escrito alguma coisa que se aproveite. Mas também, por ignorância, desinformação ou incompetência, eu certamente disse muitas palavras, frases, textos inteiros de que os leitores mereciam ter sido poupados (e assim me admirariam não pelo que escrevi, mas pelo que deixei de escrever). Mas também entre escritores ─ mesmo os grandes e famosos ─ houve quem abominasse obras que tinha posto no mundo. Veja o que disseram Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão sobre “Os Mistérios da Estrada de Sintra”, que haviam perpetrado a quatro mãos: “O que pensamos hoje do romance que escrevemos há quatorze anos? ─ louvores a Deus! ─ que ele é execrável, e nenhum de nós, quer como romancista, quer como crítico, deseja ao seu pior inimigo um livro igual”. E assim justificaram a sua publicação: “Consentimo-lo porque entendemos que nenhum trabalhador deve envergonhar-se do seu trabalho”.

Ainda bem que os leitores em geral têm a gentileza de ficar calados quando não gostam, e de se manifestarem quando acontece o contrário.  Assim, de vez em quando recebo uma mensagem, um comentário, às vezes até um elogio. Lembro, por exemplo, de uma senhora que me parou na rua para dizer que tinha se emocionado até as lágrimas com uma de minhas crônicas. Eram lembranças de meu avô e logo ficou claro para mim que o mérito era dele, e não meu. Ela o havia conhecido e estimado e, ao ler sobre ele, reviveu um passado em que, jovem, fora vizinha de Seu Teófilo Chardelli, um senhor trabalhador, sério e educado. Mas eu não deixei de me considerar ao menos um pouco merecedor daquelas lágrimas, pois foram minhas palavras que colocaram meu avô novamente diante dela, tantos anos depois de ele ter ido para o céu, onde também, com toda certeza, conquistou muitos admiradores, que não era sem razão que ele se chamava Teófilo: amigo de Deus.

Falar de meu avô desperta em mim a vontade de falar também de duas mulheres que habitaram minha vida e até hoje habitam minha memória e meu coração. Minha avó, Maria Maturo Chardelli, nascera na Itália, se criara no Brasil e guardava em si o que de melhor podia haver nessa mistura de temperamentos ítalo-brasileiros. Tanto eu quanto meus irmãos e irmãs, quando pequenos, vivíamos mais na casa dela do que na nossa. E mesmo depois de adulto continuei indo lá com frequência, era um dos meus programas habituais das tardes de sábado. Ela me conhecia desde o dia do meu nascimento, portanto, desde antes que eu mesmo me conhecesse. No entanto, ainda que me tivesse visto há poucos dias, me recebia como se há anos não pusesse os olhos em mim.

A outra, Dona Conceição Chardelli Canto. Até evito falar ou escrever sobre ela, porque mesmo que escrevesse outra Bíblia não poderia dar sequer uma ideia da mãe que ela foi, a um só tempo tão humilde e tão dedicada. Era o coração da família. Coração que se sacrificou inteiramente pelos filhos e nunca achou que tinha feito qualquer sacrifício por eles. Não é possível voltar ao passado, a vida não tem segunda via. Mas eu, se pudesse voltar, era só para fazer de novo alguma coisa com que eu a tenha deixado feliz e pedir perdão a ela pelas muitas coisas que fiz ou que deixei de fazer e que a magoaram.

Mas o que eu acho mesmo é que ninguém devia escrever sobre a própria mãe, porque, por melhor que o faça, sempre vai ficar devendo muito, vai ficar sempre muito aquém do que queria e devia dizer. Melhor seria se houvesse uma lei proibindo os filhos de escreverem sobre suas mães, porque, eles, por mais que as elogiem, as reduzem.

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Em busca da beleza perdida

terça-feira, 02 de maio de 2023

Nas crianças, aí mesmo é que a beleza chega a ser um exagero de Deus

Um outrora famoso humorista brasileiro, já nas últimas curvas da estrada que leva aos noventa anos (e depois leva sabe-se lá para onde) submeteu-se àquela reforma eufemisticamente conhecida como harmonização facial. Não sei bem que cara ele tinha antes, mas pelas fotos que vi, não acredito que a reforma tenha harmonizado grandes coisas. Pode ser que agora ele esteja de fato um pouco mais bonito, até porque pior do que estava era difícil ficar.

Nas crianças, aí mesmo é que a beleza chega a ser um exagero de Deus

Um outrora famoso humorista brasileiro, já nas últimas curvas da estrada que leva aos noventa anos (e depois leva sabe-se lá para onde) submeteu-se àquela reforma eufemisticamente conhecida como harmonização facial. Não sei bem que cara ele tinha antes, mas pelas fotos que vi, não acredito que a reforma tenha harmonizado grandes coisas. Pode ser que agora ele esteja de fato um pouco mais bonito, até porque pior do que estava era difícil ficar.

Na minha humilíssima opinião, ele chegou a uma idade em que melhor faria se começasse a harmonizar a alma para aquela longa viagem sem volta do que insistir em impressionar os outros com seus últimos encantos. Não que eu seja contra a beleza. Muito pelo contrário. Nas mulheres, a beleza é o colírio do mundo e mesmo nos homens ela não faz nenhum mal às vistas. Quando pousa na natureza ou nas crianças, aí mesmo é que a beleza chega a ser um exagero de Deus. As feias não me levem a mal, mas não há como não concordar com Vinícius de Moraes: “A beleza é fundamental”. Apesar de que, segundo afirma um etílico ditado, “Não existe mulher feia, você é que bebeu pouco”, ou, ainda segundo outro anexim (que palavra antiga!), “Quem ama o feio bonito lhe parece”.

Mas o que surpreende no caso desse senhor (se é que alguma coisa ainda nos pode surpreender neste mundo de espantos em que ora vivemos) é essa obsessão por uma cara bonita, numa idade em que ela pouco ou nada pode acrescentar à felicidade da pessoa, e nada mais a justifica, salvo o caso de o sujeito ser tão horroroso que assuste as criancinhas. Como o caso daquele homem que, acusado de ser feio além da conta, prometeu matar-se caso lhe mostrassem alguém que, por se assemelhar a ele, o convencesse da própria feiura.

Muitos monstrengos foram trazidos à sua presença, mas nenhum deles lhe causou grande impressão. Assim foi por vários anos, até o dia em que apareceu um forasteiro que era a perfeita mistura do Corcunda de Notre Dame com Frankenstein. Ao deparar-se enfim com alguém que o enfrentava no quesito horrorosidade, deu-se por vencido: “Se eu sou tão feio quanto ele, mereço morrer”, e cumpriu a promessa. Bastou esse simples gesto de humildade para que o mundo imediatamente ficasse um pouco mais bonito.

Grande é a vaidade humana. Está lá no Eclesiastes: “Vaidade de vaidades. É tudo vaidade”. Cada um de nós tem a sua, e a mais grave talvez seja justamente alguém achar-se uma pessoa sem vaidade.  É bom e louvável que procuremos ser em tudo um pouco melhor a cada dia, mas também é bom nos aceitarmos como somos, porque Sancho Pança, que era ingênuo, mas não era idiota, já dizia ao seu mestre Dom Quixote que “Cada qual é como Deus o fez, e muitas vezes ainda pior”.

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Noite de autógrafos

terça-feira, 18 de abril de 2023

─ Olha lá! Olha lá! Será que é ele mesmo, Astrênio?

─ É ele sim, Dalvinéia! Ele já tá até rascunhando as dedicatórias!

─ Ainda bem que a gente chegou na frente... Meio cedo, mas também assim a gente evita a filona que vai ter daqui a pouco.

─ É, esse prédio tem entrada, porta e escada pra tudo quanto é lado. Se a gente não chega cedo, ia mais era se perder. Capaz que nem chegasse a tempo.

─ Ainda bem que a gente comprou o livro antes. Vamos lá, aproveita que ele tá sozinho.

─ Com licença... Boa noite, professor. A gente já trouxe o livro, professor.

─ Olha lá! Olha lá! Será que é ele mesmo, Astrênio?

─ É ele sim, Dalvinéia! Ele já tá até rascunhando as dedicatórias!

─ Ainda bem que a gente chegou na frente... Meio cedo, mas também assim a gente evita a filona que vai ter daqui a pouco.

─ É, esse prédio tem entrada, porta e escada pra tudo quanto é lado. Se a gente não chega cedo, ia mais era se perder. Capaz que nem chegasse a tempo.

─ Ainda bem que a gente comprou o livro antes. Vamos lá, aproveita que ele tá sozinho.

─ Com licença... Boa noite, professor. A gente já trouxe o livro, professor.

─ O livro? Ah, já sei...

─ A gente queria, professor, que o senhor fizesse uma dedicatória bonita... Nós somos seus fãs de carteirinha.

─ Ah, sim! Pois então...

─ Nada de modéstia, professor. O senhor acredita que minha cunhada Marilice engravidou lendo seu livro “Como ser feliz no casamento apesar do marido”? Deu certinho! Antes da página quarenta ela já tava de barriga!

─ Astrênio, fala pra ele daquele teu amigo! Bebia que nem gambá, vivia mais apertado que piolho em pente fino. Ele leu a obra-prima “O problema não é beber, é ficar bêbado”. Não parou de beber, mas agora anda numa alegria que até irrita a gente.

─ Pra falar a verdade, a gente ainda não leu nenhum livro seu, professor. Vamos começar com esse aqui: “Nem mesmo no céu tudo são flores”. Estamos sendo sinceros. O senhor não acha que todo mundo deve ser sincero?

─ Achar eu acho, só que...

─ Tem uns críticos analfabetos por aí que dizem que isso tudo é alto-ajuda de má qualidade, que o senhor é o rei do lugar-comum, mas eu e a Dalvinéia achamos que o senhor tinha mais era que estar na Academia, no lugar do tal Carlos Drummond de Andrade, que ninguém sabe quem é.

─ Daqui a pouco chega a multidão, então a gente veio cedo pra ter essa conversa de coração com o senhor, é ou não é, Astrênio?

─ É... De coração. Professor, faz aí a dedicatória. “Para Dalvinéia e Astrênio. Que a vida lhes seja leve como uma pétala de flor soprada pelo vento suave”. Ficou bonito, não ficou?

─ Ficou, mas eu preferia...

─ Hi, professor, não precisa esquentar cabeça! Essa dedicatória eu e a Dalvinéia gastamos quase um caderno inteiro, merece ser escrita.

─ Bem, não me custa nada, no entanto... Eu gostaria...

─ Outro dia vi o senhor na televisão. Quer dizer, ver, não vi, o senhor já tava saindo de costa, mas só o “boa noite” que o senhor deu já foi uma lição de vida.

─ Professor, o senhor não sabe a luta que foi chegar aqui na frente dos outros... Esse prédio tem não sei quantas entradas. Escreve aí e assina, professor.

─ Bem, já que vocês insistem. Lá vai: Para Dalvinéia e Astrênio. Que a vida lhes seja leve como uma pétala de flor soprada pelo vento suave. João Raimundo Mosteiro.

─ Ué! Que história é essa de Mosteiro, professor Antônio Félix Carranca?

─ Mosteiro sou eu. O Carranca está lançando um livro no outro lado do prédio, terceiro andar, sala 3001.

─ Cara... Caramba! Por que não falou logo que não era o escritor! A gente aqui gastando tempo e saliva... Vai ver que o verdadeiro Carranca até já foi embora...

─ Eu tentei falar... Vai lá e pede a ele para assinar embaixo. Aliás, quem geralmente assina por ele é a secretária. Vai lá que, se o Carranca já foi embora, a secretária assina pra vocês. É tudo a mesma coisa. Boa Noite. E que a vida lhes seja leve... etc. e tal.

─ Cada picareta que a gente encontra, hem, Dalvinéia? Um professorzinho qualquer, se fazendo passar por escritor. Picareta!

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Aniversário do jornal

sexta-feira, 07 de abril de 2023

A cada texto meu na coluna Escrevivendo, constato que tanto as pessoas mais cultas, que têm o hábito de leitura, quanto as de modesta escolaridade, tomam conhecimento do que publiquei. Um comentário, uma palavra, às vezes apenas um gesto, e eu me certifico de que ali está um leitor de A VOZ DA SERRA.

E essa é apenas uma das formas pelas quais percebo a repercussão que o jornal alcança nos diferentes estratos da sociedade friburguense, e como grande parte da população nele se baseia para saber o que está acontecendo, para clarear as ideias, para formar opinião.

A cada texto meu na coluna Escrevivendo, constato que tanto as pessoas mais cultas, que têm o hábito de leitura, quanto as de modesta escolaridade, tomam conhecimento do que publiquei. Um comentário, uma palavra, às vezes apenas um gesto, e eu me certifico de que ali está um leitor de A VOZ DA SERRA.

E essa é apenas uma das formas pelas quais percebo a repercussão que o jornal alcança nos diferentes estratos da sociedade friburguense, e como grande parte da população nele se baseia para saber o que está acontecendo, para clarear as ideias, para formar opinião.

Isso certamente se deve à credibilidade do jornal, credibilidade que é uma tradição de 78 anos. A apuração dos fatos, a opinião equilibrada, a variedade de assuntos, a coerência entre o que opina e o que informa, a qualidade gráfica, são algumas das razões que levam os leitores a lerem e a confiarem em AVS.

Neste dia 7 de abril, em que por feliz coincidência se comemora o Dia do Jornalista, A VOZ DA SERRA mais uma vez se faz ouvir, respeitar e admirar. A todos que, ao longo desses anos o conduziram e a todos que atualmente o põe nas bancas, a minha homenagem e os meus aplausos.

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