Precisamos retomar o brilho de sermos friburguenses

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

De férias pelo sul do Brasil, nesta semana ao revisitar minhas memórias de quando vim novamente morar em Nova Friburgo - depois de 12 anos morando em João Pessoa-PB, fiquei pensativo e um pouco incomodado por constatar como a nossa amada cidade se estagnou e parou no tempo.

Quando comparo os mesmos cenários de outrora com os dos dias atuais, através das memórias e das fotos, lembro, talvez, de um comércio ou outro que trocou de lugar. Entretanto, como cidade, é incontestável: nada mudamos significativamente, que realmente nos fizesse olhar para trás e nos orgulharmos de como mudamos os rumos do nosso futuro.

Um dia, já fomos referência. Nossa história nos mostrou que nascemos para brilhar, mas não estamos brilhando. Vivemos em um parque dentro de uma cidade ou numa cidade dentro de um parque? Todo mundo terá uma resposta particular para essa pergunta.

Entretanto, deixando de lado as nossas paixões e favoritismos políticos, honestamente, lhes pergunto: nos últimos 12 anos de gestão da nossa cidade, você é capaz de me dizer uma iniciativa que mudou os rumos da vida dos friburguenses? Creio que a grande maioria das pessoas não tem uma resposta para essa pergunta – o que é triste!

Sem termos um bom parâmetro definido perto de nós, cada vez mais vamos nos acostumando com menos, fazendo com que qualquer coisa seja melhor do que nada. E assim nos contentamos com aquele emprego meia-boca, com um salário mais ou menos, com uma relação sem reciprocidade, com amizades por interesse.

Nos acomodamos em sentarmos no penúltimo lugar na plateia só para ver o show ou mesmo com o que sobra da janta, com as migalhas que alguém deixa cair. E sabe porque a gente se contenta? Porque se acomoda, se apropria daquela zona de conforto e resolve morar nela, esquecendo que merece mais, que pode mais, que consegue mais.

Não me lembro de uma Nova Friburgo que vivesse tanto a sua zona de conforto como atualmente. Onde são feitas apenas as coisas mornas, onde tomamos aquele café meio quente e achamos que está ótimo e que nada melhor poderia estar sendo feito com a nossa vida. Quando na verdade, a vida está acontecendo e nós estamos parados.

A cidade em nada cresceu em oportunidades. Para muitos, o melhor caminho ainda é a saída - seja para estudar, trabalhar ou viver. Junto com os investimentos, se foram as fábricas, levando consigo perspectivas de mudanças de vida e, ano após ano, nos acostumamos a ver mais e mais pessoas indo embora, nos esvaziando em oportunidades.

Você já pensou em sair do seu emprego? E já se perguntou para onde vai depois de sair? Afinal, temos oportunidade de escolher em Nova Friburgo? As opções são exatamente as mesmas, apenas mudando o lugar em que você vai trabalhar, sem melhores condições ou qualquer perspectiva de crescimento na vida. E não pense que para quem empreende também está fácil.

Contudo, será que só merecemos isso? Podemos querer o primeiro lugar, desejar um relacionamento saudável, sonhar com um cargo de presidente, querer ter o corpo dos nossos sonhos. Mas parte importante desse processo, de se entender como cidade, é achar-se merecedor dessas conquistas.

Porém, talvez por estarmos absortos nesse cataclismo o achamos normal, aceitável. Apáticos perceptivamente, seguimos apenas buscando como nos adequarmos ao “status quo”. Afinal, como podemos querer crescer em uma cidade que não cresce em nenhum aspecto?

E sinceramente, não escrevo esse texto com qualquer pretensão política, mas pelo puro desejo que enxergo ser comum à outras pessoas de nossa cidade, englobando toda a pluralidade de etnias, gênero, sexualidade, classe sociais e de idade: o desejo de termos novamente o brilho e o orgulho de morarmos em uma cidade modelo, como um dia já fomos.

É inegável que existiram iniciativas dos poderes Executivo e Legislativo municipais. Umas mais inteligentes, outras menos. Decisões acertadas, outras erradas. Entretanto, a grande verdade é que percebemos nos olhos dos friburguenses, a perda do brilho nos olhos quanto uma mudança expressiva em nossa cidade que atinjam significativamente a nossa vida, além de festas e mais festas.

Infelizmente, nós friburguenses, vivemos a mesma vida de exatamente 12 anos atrás e talvez, até um pouco pior: com menos oportunidades, com mais trânsito, com salários menores, com menos investimentos externos, menos infraestrutura, mais violência e mais insegurança do que seremos no futuro. Esse é o sentimento que paira em Nova Friburgo.

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Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

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