Mobilidade Urbana: falta autoridade para planejar

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Um carro para. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. E assim, um minuto se passa. Mais outro minuto também. Logo depois, muitos minutos. A música do carro que costumava me distrair, agora já passa a me incomodar. Mas não adianta buzinar, estamos em Nova Friburgo.

Um carro fechou o cruzamento. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém buzina e muito menos se mexe. Estamos em Nova Friburgo. Nada anda. Nada vai para lá e nem para cá. Nada vem ou desvem. Em meio a um nó cego, só sendo cego para não ver. E todo mundo segue pacientemente esperando.

Um sinal com defeito. Outro também. Logo depois, mais um. Ninguém para ajudar e muito menos para consertar, mas para instalar radares... Estamos em Nova Friburgo. Conseguimos o impossível. Um semáforo que passa 30 segundos aberto e cinco minutos fechado. Carros. Filas e mais trânsito. O sinal abriu, fechou e eu fiquei. Uma, duas, três vezes. Mas não adianta buzinar. Estamos em Nova Friburgo.

Cansado, decido ir a pé. Pessoas andam para cima. Outrora para baixo. Em meio a buracos e carros, disputados os apertados espaços da calçada. Estamos em Nova Friburgo. Uma calçada mal cuidada. Outra modificada ilegalmente pelo morador. Uma cratera aberta pelas concessionárias, de qualquer jeito. Mas, o dia está lindo e reclamar é coisa de gente mala!

Em meio as ruas apertadas, um carro invadiu a calçada. Outro também. Logo depois, mais um. Virou um estacionamento. Estamos em Nova Friburgo. Uma idosa caiu na rua ao pisar em um bueiro solto. Quebrou o braço. Um idoso, atravessando as faixas de pedestres, pisou num buraco e foi de cara no chão. O cadeirante e o cego seguiam intactos, pois nem sabiam por onde começar a atravessar.

Cansado, decidi usar o transporte público. Mas, o ônibus está atrasado. Espero. Um minuto. Dez minutos. Trinta minutos. Estamos em Nova Friburgo. Um range de um lado. O outro, do outro. Com emoção ou sem emoção? Não me perguntaram dessa vez! Caro, quente e cheio. Ora fico a pé, ora de novo preso no trânsito.

Um acidente em Olaria. Outro, em Conselheiro. Logo depois, mais um em Mury. Como tem acidente nessa cidade, não é mesmo? Um envolvendo uma moto. Outro, dois carros. E o último derrubou um poste. Cadê a guarda municipal para ajudar nesse trânsito que dura horas? “Irineu”. Irineu? Se você não sabe, imagina eu...

E o povo anda. E para. Xinga, discute, reclama. E como reclama! São seis horas. São dez horas. São quinze, dezoito, vinte ou até mais. E trânsito não anda de jeito nenhum. As ruas estão cheias. O mundo está cheio demais. De Olaria ao Centro. De Conselheiro ao Centro. Das Braunes ao Centro. Meu Deus, tudo parado!

Não se vai. Não se vem. Não tem volta. Não dá para sair, quem dirá chegar a lugar algum. Tudo parado. E quando tem os famosos eventos que interditam ruas então... Rasgamos o planejamento urbano e as leis de trânsito e dá-se espaço para a lei da sobrevivência: tem a preferência quem tem mais coragem. Que os jogos comecem!

E no Paissandu, tudo segue em paz. “Vez ou outra”, parado. Levando o fluxo para todos os lados da cidade. E o povo segue. Andando devagar. Calmo e sem pressa de ser feliz. Querendo ir. Querendo ficar. Mas ninguém buzina. Estamos em Nova Friburgo. Aqui é diferente!

Tudo parece um problema sem solução. Vai governo. Volta gestão. Trocam-se as peças e tudo parece piorar. Uma rua que era mão, vira contramão, e depois mão, antes de virar novamente contramão. E sabe o que mudou? Ficamos igualmente presos no trânsito, só que agora, confusos, sem saber se podemos entrar na rua ou não.

A mobilidade urbana cada dia está mais cara e cada vez menor. Seja você pedestre, ciclista, motociclista, condutor de carro, caminhoneiro ou usuário do transporte público. Não melhora nada, apenas aumenta a sua contribuição para que um dia, quem sabe, melhore. Ou quem sabe, usa em festa - parece ser uma opção válida.

Mas, do que adianta reclamar? Vai parecer apenas mais um chato que implica com tudo. “Nova Friburgo, ame-a ou deixe-a?”. Posso até dizer que tentei, mas fiquei preso no trânsito de Conselheiro e, sinceramente, desisti. E sabe o que é pior? É quem tem tanta solução boa empregada no Além de nossas Montanhas.

A maior parte das soluções para Nova Friburgo não precisam de pesquisa, mas sim, de gestão e projetos eficientes. As nossas soluções estão a nossa volta. O que falta é autoridade para planejar que Nova Friburgo consiga encontrar novos rumos ao desenvolvimento do transporte de uma cidade que quer crescer.

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