2023 acabando. E eu? Como estou?

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Ouço a campainha tocar. “Quem pode ser a essa hora da manhã?”, me pergunto. Vagarosamente e desconfiado, abro a porta e me deparo com um velho de rugas que são como marcas de guerra num rosto apático. “Posso entrar?”, me pergunta 2023. E eu escancaro a porta para dar passagem ao amigo de quase um ano. Ele se senta na mesa de café da manhã, e me questiona: “e aí?”. Contudo, ainda estou muito chateado com 2023. Se bem que, a esta altura do campeonato, só não está chateado com esse fatídico ano quem tirou proveito financeiro, político ou quem torce para o Fluminense. Mas logo respondo: “Estou chateado com você!”

Ele revira os olhos, como se não fosse uma surpresa, com seu olhar cansado e deprimido. “E quem não está?”, pergunta 2023, como se conseguisse ver em sua cabeça, um filme da minha própria vida em cada momento vivido. Ofereço-lhe um copo de água e ele me pede uma dose de Whisky, “pode ser a da mais sem vergonha que tiver”. Sirvo-lhe e fico ali bons minutos olhando para o seu rosto cansado, sem saber por onde começar a desabafar. “Falo sobre minhas mágoas, decepções e arrependimento ou sobre como me sinto agora?”, me pergunto. “Vai ficar quieto e não vai falar nada?”, me pergunta o velho que aquela altura já havia virado a dose da forte bebida como se água fosse.

“Você acha que só você está chateado comigo? Em todos os lugares que eu vou, todos estão chateados comigo. Uns falam sobre a política, outros sobre o STF. Uns falam sobre Flamengo e outros sobre Botafogo. Uns falam sobre como a própria vida foi péssima nos últimos tempos. Eu não pensei que com você seria diferente”. Ele sorri para mim, com um ar de sarcasmo, que contrasta com as olheiras dos mal dormidos. “Afinal, o que adianta jogar em minha cara se muitas das coisas ruins que aconteceram foram consequências das suas escolhas? Umas acertadas, outras equivocadas.”, me diz 2023.

“Mais do que isso, muito do que me aconteceu neste ano e que tenho por ‘injustiça’ foi produto da sua proposta – consciente, racional e emotiva – de se tornar mais vulnerável e expor tudo o que sente. De brigar pelo o que está certo e discutir pelo o que está errado. De se abrir, dizer tuas mágoas e o que te fez sentir vulnerável. Começastes ciclos, terminastes ciclos. Ora acertastes, ora errastes.”, em um tom mais exaltado, esbraveja 2023.

“Se entregar de cabeça sempre, pôr o coração na janela e dizer a quem passa: “Pega que é teu!”. Quem se expõe assim está sujeito a levar uma ou outra bicada. Normal. Quem está na chuva tem que estar disposto a se molhar. Quem não é visto não é lembrado e só apanha quem aparece. O mundo não é nada fácil para os emocionados de plantão como você.”.

“Em todos os momentos, vivemos nossos picos e os nossos vales. Quem está disposto a viver, tem que aprender a ser alegre. Entretanto, também tem que saber conviver com a ansiedade do amanhã e o arrependimento de ontem. Precisamos nos superar a cada dia, felizes ou tristes, amados ou machucados, inteiros ou doloridos...”, com lágrimas nos olhos, desabafa o velho em soluços, dando início a um silêncio constrangedor entre nós.

“De qualquer forma, queria lhe pedir perdão”, diz 2023. Aquilo me deixou surpreso. Perdão?  “É, perdão. Aliás, queria aproveitar e pedir perdão a todos os seus leitores”, responde ele, como se lesse meus pensamentos. E continua: “Perdão para alguns por não ter deixado uma boa impressão. Perdão por ter criado alguns traumas. Não era a intenção. De verdade.”.

Ele tenta se levantar. E pensar que eu estava chateado com o velhinho. Aff. “Até parece! Não tem que pedir perdão por nada, 2023. Tudo o que aconteceu ao longo do ano, de bom e de ruim, me ensinou muito. Sou é grato pela oportunidade de viver neste tempo. E o meu eu do futuro agradecerei totalmente por tudo que passamos em 2023.”, digo.

Além disso, o ano de 2023 nos ensinou a valorizar as pequenas coisas da vida. Com tantas restrições impostas pós pandemia, descobrimos a importância de aproveitar os momentos simples e valorizar as pessoas ao nosso redor. A família e os amigos se tornaram ainda mais preciosos, e aprendemos a valorizar cada encontro, cada abraço, cada conversa e dar a chance de cicatrizar as antigas feridas.

Faça mais, faça melhor! Contribua com projetos que beneficiem sua cidade e sua região. Esteja disposto a sair da zona de conforto, a mudar caminhos e a buscar a felicidade. Lembre-se de que o tempo é agora, hoje! Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje. O futuro se constrói hoje!”, enfatizo, emocionado.

Enquanto uma lágrima escorre parecendo limpar os meus olhos. Me surpreendo.Quando percebo, estou sozinho. “Estou falando sozinho?”, me questiono. Sentado em uma cadeira na mesa de cozinha percebo um copo de Whiskey vazio sendo iluminado pelos fogos que iluminam o céu do novo ano. É...

Que o ano de 2024 seja um período de crescimento, realizações, felicidade e muito amor. Aproveitem o aprendizado do ano anterior e usem-no como base para construir um futuro melhor. Estejamos sempre abertos a novas oportunidades, possibilidades, amores e desafios.

Com determinação, planejamento e um coração cheio de esperança, todos nós estaremos prontos para enfrentar qualquer que seja o próximo ano, sabendo que seu melhor aprendizado será sempre uma ferramenta poderosa para o futuro. Feliz ano novo! Amo todos vocês que acompanharam a coluna nesse ano!

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