Sem dancinhas: TikTok pode ser banido nos EUA

Lucas Barros

Além das Montanhas

Jovem, advogado criminal, Chevalier na Ordem DeMolay e apaixonado por Nova Friburgo. Além das Montanhas vem para mostrar que nossa cidade não está numa redoma e que somos afetados por tudo a nossa volta.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

As inocentes dancinhas no TikTok cresceram durante a pandemia de 2020 e transcenderam o fenômeno cultural que refletem valores, promove artistas revelação e catalisa tendências. O aplicativo chegou discretamente no Brasil, contudo, tornou-se uma febre entre os jovens e se popularizou entre os adultos.

Muita gente não reparou, mas vivemos um processo de “tiktokização” do mundo. As dancinhas coreografadas – à moda dos axés dos anos 80 e 90 – hoje ditam tendências e são capazes de eleger as músicas mais tocadas no mundo ou no país com um piscar de olhos.

Há quem não goste e ache perda de tempo o que é plenamente respeitável. Contudo, negar como essa rede social tem influenciado as redes sociais, a propaganda, a música, a televisão e a forma como nós vivemos não é uma opção. A rede social chinesa em poucos anos promove mudanças na forma como enxergamos negócios e entretenimento.

De acordo com dados da consultoria alemã Statista, o Brasil possui mais de 82,2 milhões de usuários com 18 anos ou mais na plataforma. Isso coloca o país em terceiro lugar em termos de usuários adultos, atrás apenas dos Estados Unidos (113,3 milhões) e da Indonésia (109,9 milhões).

Fenômeno mundial e cifras milionárias

O TikTok tem se mostrado muito além dos movimentos coreografados, expressando valores e perspectiva de crescimento para empresas e influenciadores. A diversidade de estilos e músicas refletem não apenas os valores culturais e sociais, mas também, muita rentabilidade para quem está se empenhando na plataforma.

A americana Charli D’Amelio, a tiktoker mais famosa do mundo, ganha R$ 90,6 milhões por ano. Os valores pagos à influenciadora refletem o seu gigantesco número de usuários que assistem seus vídeos e interagem com o seu conteúdo postado. O seu salário é comparável a CEOs de empresas como a Starbucks, por exemplo.

A plataforma lançou seu fundo para criadores de conteúdo, inicialmente de R$ 1,1 bilhão nos EUA. Isso proporciona oportunidades de renda a pessoas que gostam não apenas de se divertir nas redes sociais, mas também, que gostam de produzir, criar conteúdo e até tornar-se referência em um assunto.

Influenciadores americanos, brasileiros e de todo o mundo tornam-se parte essencial do negócio, impulsionando o TikTok à números gigantes e que preocupam os americanos. Não à toa, atualmente, 45% das marcas optam por comprar publicidade pelo TikTok, superando redes sociais como o Facebook e Twitter.

Problemas com os americanos

Apesar do sucesso do aplicativo no país, o congresso dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que pode resultar no banimento do TikTok no país. Isso mesmo. Na noite de terça-feira, 23, o Senado americano exigiu que o TikTok se desvincule da ByteDance, empresa proprietária da rede social, atualmente sediada na China.

O aplicativo de compartilhamento de vídeos tem milhões de usuários em todo o mundo, mas enfrenta questionamentos crescentes sobre a segurança dos dados dos usuários e suas ligações com o governo chinês.

A votação no Senado foi realizada com folga: 79 senadores votando a favor e apenas 18 contra. No último sábado, 20, a própria Câmara americana já havia aprovado o texto por uma margem significativa de 360 a 58. O projeto de lei será encaminhado para o presidente Joe Biden, que já sinalizou a aprovação para a medida.

Se a ByteDance não vender as suas ações e operações do TikTok nos EUA, a plataforma será proibida de operar no país, sendo retirada de aplicativos como PlayStore e Apple Store. De acordo com o documento, a empresa tem até um ano para se separar do seu ativo, ou será banida das lojas de aplicativo americanas.

De acordo com o projeto de lei, o novo dono da empresa não poderá ter relação com a empresa chinesa. No caso do TikTok, o aplicativo poderá ser banido nos EUA caso a ByteDance, que é dona da rede social, não encontre um comprador de confiança dos norte-americanos.

Contradições de ambas as partes

"Este projeto de lei protege os americanos, especialmente as crianças, da influência maligna da propaganda chinesa no aplicativo TikTok. Este aplicativo é um balão espião nos telefones dos americanos", declarou o republicano Michael McCaul, do Texas, autor do projeto de lei.

O TikTok já se manifestou publicamente em oposição ao projeto de lei, alegando que ele infringe os direitos garantidos pela Primeira Emenda e a liberdade de expressão. Sim, a mesma lei mencionada no texto de Além das Montanhas de duas semanas atrás, que confere permissão para que passeatas nazistas ou da Klu Klux Klan ocorram nos EUA.

Além disso, as mesmas violações de segurança e de espionagem não são novidades no Senado americano. Em 2018, o presidente-executivo da Meta, Mark Zuckerberg, depôs por mais de cinco horas em uma audiência no Senado americano após o vazamento de 87 milhões de pessoas pela Cambridge Analytica. A Meta, por sua vez, não esconde que coleta os dados de usuários.

Por sua vez, os EUA não é o único governo que proíbe determinadas redes sociais e aplicativos. Na China, aplicativos como WhatsApp, Twitter (agora, X), Instagram, Facebook e sites de notícias internacionais são proibidos no território chinês, seguindo critérios rigorosíssimos dispostos na lei.

A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China tem gerado inúmeras polêmicas e controvérsias em todo o mundo, em especial no que diz respeito a essas proibições. A questão envolve não apenas a segurança cibernética, mas também interesses políticos e comerciais, estabelecendo uma verdadeira guerra-fria entre os países.

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