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Comunicar a identidade e a missão do cristão fiel leigo II

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Na mesma linha do ensinamento do Concílio Vaticano II e dos papas, colaboram para um aprofundamento da visão da missão inculturada e transformadora dos cristãos fieis leigos, os documentos do Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (Celam), especialmente os textos das Conferências de Medellin, Puebla, Santo Domingo e Aparecida.

Na mesma linha do ensinamento do Concílio Vaticano II e dos papas, colaboram para um aprofundamento da visão da missão inculturada e transformadora dos cristãos fieis leigos, os documentos do Conselho Episcopal Latino-americano e do Caribe (Celam), especialmente os textos das Conferências de Medellin, Puebla, Santo Domingo e Aparecida. Também muito rica e iluminadora a série de documentos da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, nas várias décadas após o Concílio Vaticano II, para a compreensão da conjuntura brasileira, o chão concreto, com todos os seus problemas e qualidades, onde o cristão leigo e leiga deve evangelizar para a libertação integral, a salvação, o resgate da dignidade "do homem todo e de todos os homens " como dizia São Paulo VI, afirmando que não há verdadeira evangelização que não seja promoção humana. E, neste sentido, enfatiza S. João Paulo II, na sua primeira encíclica, Redemptor Hominis : "O Homem é a via da Igreja".

Assim, para que possam responder à sua vocação, os fiéis leigos devem olhar para as atividades da vida cotidiana como uma ocasião de união com Deus e de cumprimento de sua vontade, e também como serviço aos demais homens, levando-os à comunhão com Deus em Cristo ( cf Apostolicam Actuositatem, 4).  São eles "verdadeiros sujeitos eclesiais" (Documento de Aparecida, 497a / Documento 105 da CNBB). Unidos e em comunhão com os ministros ordenados (bispos, presbíteros e diáconos), anunciam e testemunham Jesus, sendo homens e mulheres da Igreja no coração do mundo e mulheres e homens do mundo no coração da Igreja (cf Celam, Documento de Puebla, 786; Documento de Aparecida, 209). "Como consequência do batismo, os fiéis estão inseridos em Cristo e são chamados a viver o tríplice ministério sacerdotal, profético e real" (Celam, Documento de Santo Domingo, 94; cf Lumen Gentium 33.) "Em virtude do Batismo e da Confirmação, somos chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo e entramos na comunhão trinitária da Igreja" (Celam, Documento de Aparecida, 153).

Concluindo, com a riqueza conciliar e do ensinamento dos pontífices e da comunhão dos Bispos, o cristão fiel leigo tem enfim uma definição positiva, advinda de sua incorporação a Cristo pelo batismo e identificação testemunhal pela Crisma, pela igualdade fundamental de sua dignidade de membro eclesial, no exercício do tríplice múnus de santificar, ensinar e pastorear, decorrente da participação a seu modo, do único Sacerdócio de Cristo, no Sacerdócio comum, distinto essencialmente do Sacerdócio ministerial ou hierárquico dos Ministros Ordenados, mas em plena comunhão e cooperação com ele na edificação do Corpo de Cristo, exercendo sua missão específica de salgar e iluminar as realidades do mundo, na vocação universal à santidade, no mandato universal de evangelizar, na espiritualidade da Palavra de Deus e da Eucaristia, "fonte e cume de toda a vida cristã" ( Lumen Gentium 11; Sacrosanctum Concilium 10).

"Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões e nas circunstâncias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo, através de sua própria função e guiados pelo espírito evangélico, e desta forma, manifestarem Cristo aos outros, principalmente com o testemunho da vida e o fulgor da sua fé, esperança e caridade" (Lumen Gentium 31).

"Modelo perfeito desta vida espiritual e apostólica é a bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos. Enquanto levou na terra vida igual à de todos, cheia de cuidados familiares e de trabalhos, estava sempre intimamente associada ao Filho, cooperando de modo absolutamente singular na obra do Salvador." (Apostolicam Actuositatem 4). "Esta Virgem deu em sua vida o exemplo daquele maternal afeto do qual devem estar animados todos os que cooperam na missão apostólica da Igreja para a regeneração dos homens" (Lumen Gentium 65).

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Reflexão sobre o 10º Domingo do Tempo Comum

segunda-feira, 12 de junho de 2023

O Evangelho do último domingo, 11, apresentou-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem exceção. A Palavra de Deus deste 10º Domingo do Tempo Comum repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. A expressão deve ser entendida no sentido de que, para Deus, o essencial não são os atos externos de culto ou as declarações de boas intenções, mas sim uma atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamamento, à sua proposta de salvação. É esse o tema da liturgia deste dia.

O Evangelho do último domingo, 11, apresentou-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem exceção. A Palavra de Deus deste 10º Domingo do Tempo Comum repete, com alguma insistência, que Deus prefere a misericórdia ao sacrifício. A expressão deve ser entendida no sentido de que, para Deus, o essencial não são os atos externos de culto ou as declarações de boas intenções, mas sim uma atitude de adesão verdadeira e coerente ao seu chamamento, à sua proposta de salvação. É esse o tema da liturgia deste dia.

Na primeira leitura, o profeta Oseias põe em causa a sinceridade de uma comunidade que procura controlar e manipular Deus, mas não está verdadeiramente interessada em aderir, com um coração sincero e verdadeiro, à aliança. Os atos externos de culto – ainda que faustosos e magnificentes – não significam nada, se não houver amor (quer o amor a Deus, quer o amor ao próximo – que é a outra face do amor a Deus).

Na segunda leitura, Paulo apresenta aos cristãos (quer aos que vêm do judaísmo e estão preocupados com o estrito cumprimento da Lei de Moisés, quer aos que vêm do paganismo) a única coisa essencial: a fé. A figura de Abraão é exemplar: aquilo que o tornou um modelo para todos não foram as obras que fez, mas a sua adesão total, incondicional e plena a Deus e aos seus projetos.
O Evangelho apresenta-nos uma catequese sobre a resposta que devemos dar ao Deus que chama todos os homens, sem exceção. O exemplo de Mateus sugere que o decisivo, do ponto de vista de Deus, é a resposta pronta ao seu convite para integrar a comunidade do “Reino”.

O relato da vocação de Mateus (vers. 9) não é substancialmente distinto do relato do chamamento de outros discípulos (cf. Mt 4,18-22): em qualquer dos casos fala-se de homens que estão a trabalhar, a quem Jesus chama e que, deixando tudo, seguem Jesus. Os “chamados” não são “super-homens”, seres perfeitos e santos, estranhos ao mundo, pairando acima das nuvens, sem contato com a vida e com os problemas e dramas dos outros homens e mulheres; mas são pessoas normais, que vivem uma vida normal, que trabalham, lutam, riem e choram… No entanto, todos são chamados ao seguimento de Jesus.

O verbo “akolouthéô”, aqui utilizado na forma imperativa, traduz a ação de “ir atrás” e define a atitude de um discípulo que aceita ligar-se a um “mestre”, escutar as suas lições e imitar os seus exemplos de vida… É, portanto, isso que Jesus pede a Mateus. Mateus, sem objeções nem pedidos de esclarecimento, deixa tudo e aceita ser discípulo. A esta adesão ao chamamento de Deus chama-se “fé”.

Deus chama todos os homens sem exceção. Os que se consideram bons e justos, frequentemente acham que não precisam do dom de Deus, pois eles merecem, pelos seus atos, a salvação; mas a verdade é que a salvação é sempre um dom gratuito de Deus, não merecido pelo homem… O que Deus pede ao homem (seja ele bom ou mau, pecador ou santo, justo ou injusto) é que aceite o dom de Deus, escute o chamamento de Jesus e, sem objeções, com total confiança e disponibilidade, aceite o convite para seguir Jesus, para ser seu discípulo e para integrar a comunidade do “Reino”.

Fonte: Vatican News

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Comunicar a identidade e a missão do cristão fiel leigo

segunda-feira, 05 de junho de 2023

Celebramos no último domingo, 4, a solenidade da Santíssima Trindade, a verdade da fé num Deus único em três pessoas distintas, Deus que é comunhão, onde a diferença não significa divisão, o maior exemplo para a união da Igreja em missão, que deve ser um corpo bem integrado, apesar de sua diversidade de ministérios, dons e vocações.

Celebramos no último domingo, 4, a solenidade da Santíssima Trindade, a verdade da fé num Deus único em três pessoas distintas, Deus que é comunhão, onde a diferença não significa divisão, o maior exemplo para a união da Igreja em missão, que deve ser um corpo bem integrado, apesar de sua diversidade de ministérios, dons e vocações. Neste sentido também celebraremos na próxima quinta-feira, 8, outra especial solenidade litúrgica, a de Corpus Christi,  o corpo de Cristo, nosso alimento espiritual, dado a nós na quinta-feira santa, pelo próprio Senhor que transubstanciou o pão no seu corpo e o vinho no seu sangue, para nos fortalecer como Igreja apostólica, como também o seu corpo de comunhão, participação e missão no meio do mundo. 

    Vivemos na nossa Igreja ainda o Ano Vocacional, ressaltando as diversas vocações dentro da comunidade eclesial. E iniciaremos uma reflexão vocacional sobre a vocação dos cristãos fiéis leigos. Recordamos com alegria e gratidão o Ano Nacional do Laicato, organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 2017-2018, com o tema "Cristãos leigos e leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino" e o lema "Sal da Terra e Luz do Mundo" ( Mt 5,13-14). Tinha como objetivo geral:  "Como Igreja, Povo de Deus, celebrar a presença e a organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil, aprofundar a sua identidade, vocação, espiritualidade e missão e testemunhar Jesus Cristo e seu Reino na sociedade". 

Propôe-se, hoje, como na época, o estudo e a prática do Documento 105 da CNBB "Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade", acompanhado dos demais documentos do Magistério Eclesiástico como podemos citar, dentre outros os do Concílio Vaticano II, especialmente a Constituição Dogmática Lumen Gentium (sobre a Igreja) Decreto Apostolicam Actuositatem (sobre o apostolado dos leigos ), a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (sobre a missão da Igreja no mundo) e o Decreto Ad Gentes (sobre a missão), a Evangelii Nuntiandi (sobre a evangelização) de São Paulo VI, a  Christifideles Laici (sobre os cristãos fiéis leigos) de São João Paulo II, além dos ricos ensinamentos de Bento XVI e do Papa Francisco, em particular, a Evangelii Gaudium (sobre a alegria do Evangelho).

Refaz-se, neste contexto, a importância do conhecimento e da revisitação da Doutrina Social da Igreja, desde a Rerum Novarum sobre as coisas novas) de Leão XIII, em 1891, até a Fratelli Tutti (Todos Irmãos) do Papa Francisco. Uma vez que a missão do leigo é salgar e iluminar as realidades terrestres, as culturas, a política, a educação, a comunicação, a economia, dentre outras, para transformar a sociedade em Reino de Deus, pelo anúncio e testemunho do Cristo e de sua ação redentora, é necessário conhecê-las bem, inculturar-se e  discernir, a partir do Evangelho, quais as atitudes e posturas decorrentes da fé, com os princípios e critérios do Magistério Social da Igreja.

   Mas, para que o cristão leigo e leiga exerça esta desafiadora tarefa, deve estar mergulhado na espiritualidade da identificação batismal e crismal com Cristo, numa vida de santidade, de comunhão eucarística, na escuta e serviço da Palavra, de contínua conversão pelo sacramento da penitência e na vivência fiel e missionária de sua vocação familiar e profissional. "A vocação à santidade anda intimamente ligada à missão e a responsabilidade confiada aos fiéis leigos na Igreja e no mundo" (...) "comporta que a vida segundo o Espírito se exprima de forma peculiar na sua inserção nas realidades temporais" (São João Paulo II, Christifideles Laici ,17.

"Aos leigos compete por vocação própria, buscar o Reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus" (Lumen Gentium, 31). São eles "verdadeiros sujeitos eclesiais" (Documento de Aparecida, 497a / Documento 105 da CNBB). São homens e mulheres batizados e crismados, chamados e enviados pelo próprio Jesus, por meio da Igreja, para serem discípulos missionários na comunidade e na sociedade.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Pentecostes

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ressuscitou! Bradam os anjos. Bradam os apóstolos. Exulta a Igreja. Foi o que celebramos com alegria neste tempo pascal e em Pentecostes, no último domingo, 28, no 50º dia após a Ressurreição do Senhor. O Espírito Santo que vem sobre Maria e os apóstolos no cenáculo, em forma de línguas de fogo, após uma forte ventania.

Ressuscitou! Bradam os anjos. Bradam os apóstolos. Exulta a Igreja. Foi o que celebramos com alegria neste tempo pascal e em Pentecostes, no último domingo, 28, no 50º dia após a Ressurreição do Senhor. O Espírito Santo que vem sobre Maria e os apóstolos no cenáculo, em forma de línguas de fogo, após uma forte ventania.

É o fogo de Deus que nos capacita, nos aquece e revigora para a missão. E fazemos a passagem para a coragem, para o Amor que assume a obra da redenção de Cristo em sua continuidade ao ir pregar o Evangelho da Vida a todas as pessoas, em todos os lugares. É a vitória de Cristo sobre o mal e a morte que deve ser anunciada numa renovação de cada homem, de cada realidade social, de cada construção comum da humanidade! O sangue virou triunfo que jorra sem economia do coração do Salvador para libertar todos os irmãos. Cada homem que crê é anjo que descortina o brilhante ouro da vida, o mar de cristal, a Jerusalém celeste. Cada cristão é um vidente estupefato, boquiaberto com a torrente de luz emanada do Cordeiro.

Cada crente é mistério mergulhado na verdade. É profeta entorpecido pela arrastadora consciência, a visão do eterno-agora, do céu-aqui, nas lutas apocalípticas de cada instante, sem nenhuma grande catástrofe a não ser a de não amar, a de não beber da seiva da graça, a Água Viva do Tudo, a moção divino-humana propulsora, redentora. A Igreja reluz esta força maior, com a sabedoria solar do discernimento espiritual como uma bússola a orientar os filhos na rota da felicidade-salvação, para edificar e nutrir a vida humana com tudo aquilo que é o manancial da verdade e da paz que acalma, consola e fortalece a nossa natureza manca e titubeante.

A fortaleza é outro dom do Espírito para empreendermos nossas energias para o lado certo, guiados pela sábia visão e pela ciência, o aprofundamento da Palavra de Deus, iluminados por todo entendimento sobrenatural da inspiração do Senhor. Sem sabedoria, fazemos força para o sentido equivocado e podemos gerar injustiça e violência. Com a sabedoria, mas sem a fortaleza, podemos permanecer uma Igreja fria, teórica, sabendo o sentido, mas sem coragem, nem vontade de seguir o chamado e transformar a realidade em Reino de Deus. Acomodamo-nos na água morna do imobilismo, conformismo que geram hipocrisia. Sabedoria e fortaleza são dons que devem estar na harmonia mística da missão. E é o Espírito quem dá o discernimento, o tom, a dose certa do agir, do procedimento, do tempo e das decisões.

Tudo isso, com a unção da piedade e do amor a Deus, que sustenta a reverência, respeito e a constante estupefação com o sagrado, sem deixar que caia na rotina e no exercício mecânico, funcional, toda a obra mistérica e milagrosa da nossa iluminação-elevação.

O Espírito derramado que nos projeta sem nem mesmo sabermos do todo e do fim. Despojamo-nos de nós mesmos e nos deixamos conduzir.  Apenas iluminados, nos ressuscitamos, encharcados de Cristo, embebidos de seu fulgor. Tornamo-nos transformadores, construtores, desbravadores do impossível, aventureiros entusiasmados da perfeita alegria. No entusiasmo itinerante, como quem nada possui; livres servidores da totalidade, pregadores da caridade, mãos solidárias que se engajam e partilham, na profunda espiritualidade do Amor aos pobres.

Jesus no meio, ressuscitado. Vivo. Todos n'Ele. O Espírito em todos. É sempre Pentecostes!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Celebramos no último domingo, 21, a Ascensão do Senhor e o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, com a mensagem do Papa Francisco com o tema "Falar com o coração - testemunhando a verdade no amor". Apresentamos aqui para dar continuidade à temática alguns pontos de orientação para a nossa comunicação evangelizadora.

Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

1.   Adorar somente a Deus. Jamais a própria matéria ou produção. Amar a Deus sobre todas as coisas, acima da técnica, dos meios, dos planos e das adesões.

Celebramos no último domingo, 21, a Ascensão do Senhor e o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, com a mensagem do Papa Francisco com o tema "Falar com o coração - testemunhando a verdade no amor". Apresentamos aqui para dar continuidade à temática alguns pontos de orientação para a nossa comunicação evangelizadora.

Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

1.   Adorar somente a Deus. Jamais a própria matéria ou produção. Amar a Deus sobre todas as coisas, acima da técnica, dos meios, dos planos e das adesões.

2.  Não usar a palavra, a imagem, ou o conteúdo cristão em vão. A saturação não é comunicação. Banaliza a mensagem e tira o foco do objetivo sagrado e pastoral.

3.  Guardar o tempo certo para Deus, entregando todos os trabalhos à iluminação do Espírito Santo comunicador, antes de qualquer estratégia, planejamento ou ação.

4. Honrar e dignificar sempre a Palavra e a Fonte Divina, o patrimônio da Fé, a Igreja e manter sempre clara a proposta do Reino de Deus, sem ceder às negatividades ou ao pessimismo dos que agem sem a Graça.

5. Não matar as iniciativas das comunidades ou dos agentes de pastorais, impondo os seus modelos preconcebidos. Interagir, dialogar e construir um projeto de comunicação a partir de todos os potenciais, expressões e criatividades.

6. Não adulterar o conteúdo da informação ou da transmissão, somente para agradar, ganhar adeptos ou seguidores. Inculturar a linguagem, sem desfigurar os fundamentos da Fé. Conservar íntegro o sentido interno da Verdade ética e religiosa Revelada, mesmo que isto cause rejeição, oposição ou mesmo perseguição, como fizeram com o Mestre.

7. Não roubar o lugar de Deus na comunicação. Deus é o centro de tudo. Ele deve ser anunciado como o grande Senhor e Salvador. Não fazer uma apresentação personalista e vaidosa do Evangelho, projetando mais a sua imagem do que a de Jesus Cristo.

8. Não mentir a respeito da dignidade humana, dos valores mais profundos morais, espirituais, da realização, santidade e salvação, numa abordagem reducionista ou relativista, manipulando o processo comunicativo apenas para o sucesso midiático, conformando-o com a mentalidade do mundo materialista e egoísta.

9. Não invejar os talentos dos outros. Nem querer destruí-los ou ofuscá-los. Desenvolver os próprios dons, em comunhão com todos, valorizando as capacidades, habilidades e experiências dos irmãos, na construção de um projeto comum, num verdadeiro sistema pastoral de comunicação, usando todos os meios, ferramentas e caminhos culturais para a evangelização.

10. Não associar a comunicação do Reino ao espírito pagão da prosperidade material, da fama etérea do mundo, da autoafirmação institucional ou ambição de êxito social e popularidade. Cultivar a espiritualidade do despojamento, da humildade e serviço, no testemunho da autenticidade, aliando competência e qualidade à simplicidade da proposta amorosa e atraente da doação-cruz de Cristo.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais

terça-feira, 16 de maio de 2023

Em 2023 o Dia Mundial das Comunicações será celebrado em 21 de maio. Como de costume, o Papa Francisco sempre prepara uma mensagem para a data. Neste ano o Pontífice reflete sobre o tema “Falar com o coração - Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Trazemos nesta semana alguns trechos da referida mensagem.

Em 2023 o Dia Mundial das Comunicações será celebrado em 21 de maio. Como de costume, o Papa Francisco sempre prepara uma mensagem para a data. Neste ano o Pontífice reflete sobre o tema “Falar com o coração - Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Trazemos nesta semana alguns trechos da referida mensagem.

Depois de ter refletido, nos anos anteriores, sobre os verbos “ir e ver” e “escutar” como condição necessária para uma boa comunicação, com esta mensagem gostaria de me deter sobre o “falar com o coração”. Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15). Não devemos ter medo de proclamar a verdade. Com efeito, o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê” [1]. Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido.

Para se poder comunicar testemunhando a verdade no amor, é preciso purificar o próprio coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.

Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol de uma comunicação “de coração e braços abertos” não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14).

Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos. Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem.

Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste “falar com o coração” temo-lo em São Francisco de Sales, doutor da Igreja. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, ele foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Dele se pode dizer que as suas “palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis” (Sir 6, 5). Aliás, uma das suas afirmações mais célebres – “o coração fala ao coração” – inspirou gerações de fiéis.

É a partir deste “critério do amor” que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que “somos aquilo que comunicamos”: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade.

Como já tive oportunidade de salientar, “também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros” [4]. De uma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade de uma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs. Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio.

Hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz. Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras de um mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e a cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.

Fonte: www.vatican.va

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Páscoa sempre!

segunda-feira, 08 de maio de 2023

Este é o dia, o tempo que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!

Apesar de todas as sombras e dores, tristezas e lutos da difícil situação da pandemia que nos limitou e fez sofrer, com muitas perdas e desgastes, muitas carências e empobrecimento, mesmo fome e indignidade de tantos irmãos, surge a luz radiante do amor redentor de Jesus, nos renovando na fé, na esperança e na perseverança da doação solidária de fraternidade!  Ele venceu a cruz, todo mal e a morte! Aleluia!!!

Este é o dia, o tempo que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!

Apesar de todas as sombras e dores, tristezas e lutos da difícil situação da pandemia que nos limitou e fez sofrer, com muitas perdas e desgastes, muitas carências e empobrecimento, mesmo fome e indignidade de tantos irmãos, surge a luz radiante do amor redentor de Jesus, nos renovando na fé, na esperança e na perseverança da doação solidária de fraternidade!  Ele venceu a cruz, todo mal e a morte! Aleluia!!!

Ele nos ilumina, fortalece e capacita para toda boa obra e renovação, transformando o nosso nada em tudo, o nosso desânimo em iniciativa de amor, as nossas lágrimas em impulso de superação e graça de libertação!

Percebemos que somos mais fortes juntos, unidos como Igreja, na família, Igreja doméstica, na partilha dos dons, dos recursos, dos conhecimentos, do crer, do carinho amigo e irmão, das orações comunitárias e gestos, mesmo, às vezes, à distância, de modo virtual, mas tudo cheio do sentimento de comunhão e bem querer, de incentivo ao crescimento do outro, nas virtudes humanas e cristãs, na integração de ideias, criatividades, planejamentos, projetos, riquezas que Deus todos os dias nos dá, em sua infinita bondade e generosa providência!

Com isso, vamos avançando sempre neste caminho da graça e da luz da fé, o itinerário da Igreja missionária, comunidade de vida, de amor, de perdão, de evangelização alegre e partilha fraterna! Como crescemos neste período, aprendendo a nos despojar de tanta coisa e de tantos apegos de nosso coração, reformulando nossas rotinas, ações, pensamentos, atitudes, ideias, simplificando alguns caminhos, com certeza, e nos reinventando em tantos aspectos que só nos aproximaram dos irmãos e nos fizeram uma comunidade mais de missão, das casas ao templo, da internet aos corações, dos encontros à necessidade urgente dos que mais ficaram fragilizados.

Sobre toda esta realidade brilhou e brilha a luz pascal do coração salvador de nosso Senhor Jesus Cristo que deu sua vida por nós, com tanta humildade e entrega, oferecendo cada sacrifício pela nossa vitória, pela nossa paz, dando-nos a dignidade de filhos de Deus, pelo Batismo, a unção da graça do seu testemunho pela Crisma, a força do alimento divino do seu corpo e sangue na Eucaristia, a restauração espiritual com sua infinita misericórdia na confissão e pela graça dos outros sacramentos, pela edificação e direção da divinal sabedoria de sua palavra em nossa caminhada de luta pelas estradas do mundo! É a vida que vence a morte, a graça que vence o pecado, a luz que vence as trevas, a presença de Cristo em nós, na nossa alma, nos nossos corações, na nossa missão como sua Igreja feliz peregrina e testemunha da ressurreição!

Desejamos a todos e todas uma vida renovada nesta alegria do Cristo Ressuscitado, neste período pascal de tantos frutos que já podemos colher em nossas famílias, nas paróquias, na messe diocesana e que estamos cultivando e que podemos continuar plantando nesta terra boa da união e do amor de Deus!

Reaviva o dom de Deus que há em ti e lança de novo as redes para a pesca maravilhosa do Senhor! Confia e caminha, ora e trabalha, partilha e ama com o amor de Jesus! Muitos esperam por ti e pela vocação que o Pai te deu, com a iluminação do espírito santo!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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Páscoa – saber perder é saber ganhar!

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Páscoa, no grego paskein, no hebraico, pesah, palavra que significa passagem. Da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, do pecado para a graça, das trevas para a luz! A nossa Igreja celebra o Tempo Pascal, no seu calendário litúrgico, durante sete semanas, culminando no quinquagésimo dia com a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no cenáculo. São cinquenta dias de alegria e aprofundamento desta verdade fundamental da nossa fé cristã - a Ressurreição do Senhor.

Páscoa, no grego paskein, no hebraico, pesah, palavra que significa passagem. Da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, do pecado para a graça, das trevas para a luz! A nossa Igreja celebra o Tempo Pascal, no seu calendário litúrgico, durante sete semanas, culminando no quinquagésimo dia com a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no cenáculo. São cinquenta dias de alegria e aprofundamento desta verdade fundamental da nossa fé cristã - a Ressurreição do Senhor.

Páscoa! Certeza da vitória da vida! Cristo, Deus feito homem nos ensina a amar e a dar a vida pelos irmãos. O seu olhar acolhedor e misericordioso nos transmite do alto da dor e da cruz que o amor é mais forte que a morte, é mais forte que qualquer sofrimento ou obstáculo.  Amar e perdoar. Libertar o coração de todo ressentimento e mágoa, de todo o rancor e ódio, de toda revolta ou sentimento de vingança. Purificar-se. Lavar as vestes e a alma no sangue Redentor do Cordeiro. Entregar-se totalmente nas mãos do Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.”  Como Jesus, saber “perder”. Deixando que disputem sua túnica, o poder, a vaidade, as riquezas, os prazeres.  Poder verdadeiro e definitivo é o de Deus!  Ele te ressuscita, te revigora e te realiza plenamente no sentido hialino de viver.  

O nosso tesouro é Deus e esta feliz vida espiritual que Ele nos dá já aqui no horizonte terrestre. A paz de ser amado e de amar com este sentir do coração de Cristo. Servir ao próximo sem interesse, sem ambiguidades, nem equívocos. É bálsamo para o espírito e alegria eterna multiplicada a cada gesto de bondade, gentileza, fraternidade, generosidade. Doação de si mesmo com total liberdade ao coração dos irmãos, especialmente os que mais precisam. No fim, na maturidade do “terceiro dia”, é o saber ganhar de Jesus, a vitória da luz e da verdade, o esplendor do Bem, que se conquista com a renúncia, o esvaziamento, o sacrifício e o Amor-entrega da sexta-feira da Paixão. Assumir a cruz e transformá-la em luz para nós e para o mundo inteiro. Assim continuaremos a obra da salvação do Senhor.

Nesta mística do esvaziamento (kénosis) de Jesus, vamos aprofundando a nossa missão como Igreja, anunciando, com a luz do Ressuscitado, com a mensagem e testemunho da caridade, da fraternidade, da justiça do Reino de Deus e da cultura da paz, a graça de um novo tempo, a civilização do amor e da promoção da vida, da vitória não pela competição ou destruição do outro, mas pela doação generosa e solidária pelo bem de todos os irmãos. A paz do Cristo Ressuscitado!

   Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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A Igreja da Misericórdia no ensinamento do Papa Francisco

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Neste dia 16 de abril, celebramos como Igreja o segundo domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia, incluído no calendário litúrgico pelo Papa São João Paulo II, motivado pelas visões místicas da santa religiosa polonesa Faustina Kowalska, ao canonizá-la em 30 de abril de 2000, chamada apóstola da misericórdia.

Neste dia 16 de abril, celebramos como Igreja o segundo domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia, incluído no calendário litúrgico pelo Papa São João Paulo II, motivado pelas visões místicas da santa religiosa polonesa Faustina Kowalska, ao canonizá-la em 30 de abril de 2000, chamada apóstola da misericórdia.

Este tema foi profundamente trabalhado também pelo Papa Francisco ao proclamar o Ano Jubilar da Misericórdia, de 8 dezembro de 2015 a 8 de dezembro de 2016. Em toda a sua trajetória de vida e de pensamento, o Papa Francisco tem dado um testemunho vivo do poder da graça e o rosto da misericórdia de Deus. Escreve o seu Magistério com as linhas de sua doação integral e com a Palavra viva do abraço universal a todos com o coração aberto de Cristo. Anunciou recentemente um Ano Jubilar para 2025, como dom especial da graça e da misericórdia de Deus, confiando sua preparação ao Dicastério para a Nova Evangelização.

"A misericórdia de Deus: como é bela esta realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre segura a nossa mão, nos sustenta, levanta e guia”. Afirma o Sucessor de Pedro (A Igreja da Misericórdia - Minha visão para a Igreja, São Paulo, Paralela, 2014). Propõe o itinerário da luz da fé, "pois quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem". Esta luz não brota de nós mesmos, mas do encontro com o Deus vivo que nos revela o seu amor.

Temos que "recomeçar de Cristo". Primeiro, é necessário estar com Cristo, cultivar a familiaridade com Ele, ouvi-Lo, aprender d'Ele. Um caminhar sob a graça, porque o Senhor nos amou, nos salvou, nos perdoou. Segundo, imitar o Mestre, sair de si mesmo para ir ao encontro do outro. Descentralizar-se no verdadeiro dinamismo do amor. "Este é o movimento do próprio Deus! Sem deixar de ser o centro, Deus é sempre dom de si, relação, vida que se comunica". Terceiro, não ter medo de ir com Ele para as periferias geográficas e existenciais.

Estes passos capacitam e fortalecem uma Igreja pobre como Cristo para ser instrumento de Deus na libertação e promoção dos pobres, para ouvir o clamor do irmão mais necessitado e socorrê-lo'. Sempre retorna a antiga pergunta: 'Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo seu irmão com necessidade, lhe fechar o coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?" (1 Jo 3,17). Ou como nos testemunha o apóstolo São Tiago: "Olhai que o salário que não pagastes, aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, está a clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do universo" (Tg 5,4).

Continua Francisco: "A Igreja reconheceu que a exigência de ouvir esse clamor deriva da própria obra libertadora da graça em cada um de nós, pelo que não se trata de uma missão reservada apenas a alguns. A Igreja, guiada pelo Evangelho da Misericórdia e pelo amor ao homem, escuta o clamor pela justiça e deseja responder com todas as suas forças". É o sentido pleno de solidariedade - cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral da pessoa humana. "Significa muito mais do que alguns atos esporádicos de generosidade; supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns".

A Igreja deve ser casa de comunhão que acolhe a todos, casa da harmonia. Enviada para levar o Evangelho a todo o mundo, em sintonia com o Espírito Santo e guiada por Ele, deve comunicar a esperança e a alegria, anunciando com o testemunho da fidelidade a Deus, mesmo nos sofrimentos e perseguições, na simplicidade da santidade cotidiana, promovendo a cultura do encontro contra a cultura reinante do descartável. Deve entregar tudo a Deus, sem reservas, numa atitude missionária, tomando a cruz de cada doação para verdadeiramente evangelizar.

Neste sentir, o profético Papa Francisco diz aos pastores da Igreja que devem ter cheiro das ovelhas, acolhê-las com magnanimidade, caminhar com o rebanho, com a presença forte, humilde, conhecedora e orientadora dos irmãos, na oração, na Palavra de Deus. Sacerdotes para servir. Para levar a unção ao povo. Extensão do coração misericordioso de Cristo Sacerdote a escolher os últimos. "Prefiro mil vezes uma Igreja acidentada, que sofreu um acidente a uma Igreja doente por estar fechada!". Este movimento de permanente saída de si mesmo para acolher e servir, especialmente os mais frágeis, os refugiados, os desamparados, na luta pela proteção dos direitos humanos. Para isso é preciso demolir os ídolos da lógica do poder e da violência, do culto ao deus dinheiro, da lepra do carreirismo, despojando o espírito do mundo, a mundanidade que escraviza e corrompe.

O Vigário de Cristo continua sua reflexão sobre a Igreja da Misericórdia, apresentando-a como a plantadora da cultura do bem, a grandeza de coração, de espírito, nobres ideais, a formação para as virtudes humanas: a lealdade, o respeito, a fidelidade, a responsabilidade, promovendo a dignidade de vida, compromissada com a paz. A exemplo de Maria, a Mãe da evangelização, de sua fé inabalável e obediência peregrina que escuta a Deus, se despoja e diz sim, que decide com confiança e fortaleza, que age com generosidade e total entrega, humilde a serviço do Plano divino da salvação. Com a sua intercessão, a Igreja também avançará no seu itinerário de fé e na sua missão de misericórdia.

Artigo baseado na obra citada, tradução do original “La Chiesa della misericordia, Libreria Editrice Vaticana, 2014”.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Páscoa de 2023

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Hoje proclamamos que Ele, o Senhor da nossa vida, é «a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25) do mundo. É Páscoa, que significa «passagem», porque, em Jesus, realizou-se a passagem decisiva da humanidade, ou seja, a passagem da morte à vida, do pecado à graça, do medo à confiança, da desolação à comunhão. N’Ele, Senhor do tempo e da história, quero, com o coração repleto de alegria, dizer a todos: Feliz Páscoa!

Hoje proclamamos que Ele, o Senhor da nossa vida, é «a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25) do mundo. É Páscoa, que significa «passagem», porque, em Jesus, realizou-se a passagem decisiva da humanidade, ou seja, a passagem da morte à vida, do pecado à graça, do medo à confiança, da desolação à comunhão. N’Ele, Senhor do tempo e da história, quero, com o coração repleto de alegria, dizer a todos: Feliz Páscoa!

Seja ela para cada um de vós, em particular para os doentes e os pobres, os idosos e quantos atravessam momentos de provação e dificuldade, uma passagem da tribulação à consolação. Não estamos sozinhos: Jesus, o Vivente, está conosco para sempre. Alegrem-se a Igreja e o mundo, porque hoje as nossas esperanças já não se quebram contra o muro da morte, mas o Senhor abriu-nos uma ponte para a vida. Sim, irmãos e irmãs! Na Páscoa, mudaram as sortes do mundo, e hoje podemos alegrar-nos de celebrar, por pura graça, o dia mais importante e belo da história.

Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente: como se proclama nas Igrejas do Oriente. O termo verdadeiramente diz-nos que a esperança não é uma ilusão; é verdade! E que, a partir da Páscoa, o caminho da humanidade assinalado pela esperança é percorrido com passo mais rápido. Assim no-lo mostram, com o seu exemplo, as primeiras testemunhas da Ressurreição. Os Evangelhos narram aquela pressa boa com que, no dia de Páscoa, «as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos» (Mt 28, 8). E ainda que Maria de Magdala, «correndo, foi ter com Simão Pedro» (Jo 20, 2); e em seguida João e o próprio Pedro «corriam os dois juntos» (20, 4) para chegar ao lugar onde Jesus estivera sepultado. E ao entardecer daquele dia de Páscoa, depois de terem encontrado o Ressuscitado no caminho para Emaús, os dois discípulos «voltaram imediatamente para Jerusalém» (Lc 24, 33). Em suma, na Páscoa, acelera-se o passo na caminhada que se torna uma corrida, porque a humanidade vê a meta do seu percurso, o sentido do seu destino, Jesus Cristo.

Apressemo-nos, também nós, a crescer num caminho de confiança recíproca: confiança entre as pessoas, entre os povos e as nações. Deixemo-nos surpreender pelo anúncio feliz da Páscoa, pela luz que ilumina as trevas e obscuridades em que demasiadas vezes se encontra envolvido o mundo.

Apressemo-nos a superar os conflitos e as divisões, e a abrir os nossos corações aos mais necessitados. Apressemo-nos a percorrer sendas de paz e fraternidade. Alegremo-nos com os sinais concretos de esperança que nos chegam de tantos países, a começar daqueles que oferecem assistência e hospitalidade a quantos fogem da guerra e da pobreza. Entretanto, ao longo do caminho, há ainda muitas pedras de tropeço, que tornam árduo e fadigoso este apressarmo-nos para o Ressuscitado. Supliquemos-Lhe: Ajudai-nos a correr ao vosso encontro!

Ajudai o amado povo ucraniano no caminho para a paz, e derramai a luz pascal sobre o povo russo. Confortai os feridos e quantos perderam os seus entes queridos por causa da guerra e fazei que os prisioneiros possam voltar sãos e salvos para as suas famílias. Abri os corações de toda a Comunidade Internacional para que se esforcem por fazer cessar esta guerra e todos os conflitos que ensanguentam o mundo. Neste dia confiamo-Vos, Senhor, a cidade de Jerusalém, primeira testemunha da vossa Ressurreição. Sustentai, Senhor, as comunidades cristãs que hoje celebram a Páscoa em circunstâncias particulares, e lembrai-Vos de todos aqueles a quem é impedido professar, livre e publicamente, a sua fé.

Confortai os refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e de toda a forma de escravidão. Inspirai, Senhor, os responsáveis das nações, para que nenhum homem ou mulher seja discriminado e espezinhado na sua dignidade; para que, no pleno respeito dos direitos humanos e da democracia, se curem estas chagas sociais, se procure sempre e só o bem comum dos cidadãos, se garanta a segurança e as condições necessárias para o diálogo e a convivência pacífica.

Irmãos, irmãs, voltemos também nós a encontrar o gosto do caminho, aceleremos o pulsar da esperança, saboreemos a beleza do Céu! Tiremos deste Dia as energias para continuar ao encontro do Bem que não desilude. E, se «o maior pecado – como escreveu um antigo Padre – é não acreditar nas energias da Ressurreição» (Santo Isaac de Nínive, Sermões ascéticos, I, 5), hoje acreditemos! «Sim, temos a certeza: verdadeiramente Cristo ressuscitou» (Sequência). Acreditamos em Vós, Senhor Jesus, acreditamos que convosco renasce a esperança, o caminho continua. Vós, Senhor da vida, encorajai os nossos caminhos e repeti, também a nós, como aos discípulos na noite de Páscoa: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 19.21).

Fonte: https://www.vatican.va

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