O Espírito Santo, intérprete da Escritura

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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens. Para bem interpretar a  Escritura é preciso, portanto, estar atento àquilo que os autores humanos quiseram realmente afirmar e àquilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles.

Para descobrir a intenção dos autores sagrados, há que levar em conta as condições de sua época e de sua cultura, os gêneros literários em uso naquele tempo, os modos, então correntes, de sentir, falar e narrar. "Pois a verdade é apresentada e expressa de maneiras diferentes nos textos que são, de vários modos, históricos ou proféticos ou poéticos, ou nos demais, de outros gêneros de expressão "(Dei Verbum 12)

Por ser a Sagrada Escritura inspirada, há outro princípio da interpretação correta, não menos importante que a anterior, e sem o qual a Escritura permaneceria "letra morta". A Sagrada Escritura deve também ser lida e interpretada com a ajuda daquele mesmo Espírito em que foi escrita. O Concílio Vaticano II indica três critérios para a interpretação da Escritura conforme o Espírito que a inspirou.

1 - Prestar muita atenção “ao conteúdo e à unidade da Escritura inteira ", pois por mais diferentes que sejam os livros que a compõem, a Escritura é una em razão da unidade do projeto de Deus, do qual Cristo Jesus é o centro e o coração, aberto depois da sua Páscoa.

2 - Ler a Escritura dentro “da Tradição viva da Igreja inteira ". Consoante um adágio dos Padres – “A Sagrada Escritura está escrita mais no coração da Igreja do que nos instrumentos materiais"(S. Hilário de Piiteira, S. Jerônimo, Origines). Com efeito, a Igreja leva, em sua Tradição, a memória viva da Palavra de Deus e é o Espírito Santo que lhe dá a interpretação espiritual da Escritura.

3 - Estar atento à “anagogia da fé " (cf. Em 12,6). Por "anagogia da fé” entende-se a coesão das verdades da fé entre si e no projeto total da Revelação.

Segundo uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido literal e sentido espiritual, sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e anagógico. A concordância profunda entre os quatro sentidos garante toda sua riqueza à leitura viva da Escritura na Igreja.

O sentido literal, significado pelas palavras da Escritura e descoberto pela exegese que segue as regras da correta interpretação. Todos os sentidos devem estar fundados no sentido literal.

O sentido espiritual. Graças à unidade do projeto de Deus, não somente o texto da Escritura, mas também os acontecimentos de que ele fala podem ser sinais.

O sentido alegórico. Podemos adquirir uma compreensão mais profunda dos acontecimentos, reconhecendo a significação deles em Cristo. Assim, a travessia do Mar Vermelho é um sinal da vitória de Cristo e também do Batismo (cf 1 Cor 10,2—11,3).

O sentido moral. Os acontecimentos relatados devem nos conduzir a um justo agora. Eles foram escritos "como advertência para nós," (1 Cor 10,11).

O sentido anagógico. Podemos ver realidades e acontecimentos em sua significação eterna nos conduzindo (em grego "anagoge') à nossa Pátria. Assim, a Igreja na terra é sinal da Jerusalém celeste.

É dever dos exegetas esforçarem-se dentro destas diretrizes, por entender e expor com maior aprofundamento o sentido da Sagrada Escritura, a fim de que, por seu trabalho de certo modo preparatório, amadureça o julgamento da Igreja, pois todas estas coisas que concernem à maneira de interpretar a Escritura , estão sujeitas, em última instância ao juízo da Igreja que exerce o divino ministério e mandato do guardar e interpretar a Palavra de Deus (Dei Verbum 12).

(Fonte: Catecismo da Igreja Católica 109-119)

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