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O amor vivido e comunicado na família

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Celebramos com toda a Igreja nestes dias a Semana Nacional da Família, aberta no ultimo domingo, 11, com a homenagem aos queridos pais. Nunca é demais falar sobre a família, sua importância, riqueza, beleza, valores, sua fundação divina. Comunicar a família, o alicerce de toda a sociedade, a escola primeira e permanente das virtudes humanas e cristãs, o santuário da vida e do amor, a Igreja doméstica...

Celebramos com toda a Igreja nestes dias a Semana Nacional da Família, aberta no ultimo domingo, 11, com a homenagem aos queridos pais. Nunca é demais falar sobre a família, sua importância, riqueza, beleza, valores, sua fundação divina. Comunicar a família, o alicerce de toda a sociedade, a escola primeira e permanente das virtudes humanas e cristãs, o santuário da vida e do amor, a Igreja doméstica... sempre será a nossa missão, preservando a identidade da própria pessoa humana e de toda a humanidade, cooperando para a realização do projeto de Deus da criação e sustentação da união sagrada da família rumo à plenitude da santificação na comunhão celeste.

No quarto capítulo da Exortação Apostólica Amoris Laetitia (nn 89-164), o Papa Francisco reflete sobre o amor verdadeiro no matrimônio. Partindo do texto de 1Cor 13, apresenta suas atitudes essenciais: paciência, serviço, cura da inveja, humildade, amabilidade, desprendimento, conciliação, perdão, alegria, desculpa, confiança, espera, suportação. Fala, em seguida, sobre o crescer na caridade conjugal, num "amor santificado, enriquecido e iluminado pela graça do Sacramento do Matrimônio".

"O Espírito que o Senhor infunde dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou" (n.120). "O Matrimônio é o ícone do Amor de Deus por nós" (n. 121). Insiste que o amor entre os esposos deve crescer em Cristo, desde o namoro, na valorização do diálogo. É uma união de vida toda e de tudo em comum, com alegria e beleza, num casamento por amor. Amor que se manifesta e cresce, vivenciando as emoções, sinais afetivos basilares - prazer ou sofrimento, alegria ou tristeza, ternura ou receio - pressuposto da atividade psicológica elementar, buscando que se tornem um bem para a família e estejam a serviço da vida em comum, referencial de maturidade e de um amor sobrenatural (nn.123-146).

Em seguida, o Papa refere-se à dimensão erótica do amor, entendendo-a como "dom de Deus que embeleza o “encontro dos esposos". Rejeita a submissão sexual e enfatiza a riqueza do matrimônio e da virgindade e do celibato.

No quinto capítulo (nn163-198), o Papa reflete sobre a fecundidade: "..O amor conjugal não se esgota no interior do próprio casal (...). Os cônjuges, enquanto se doam entre si, doam para além de si mesmos a realidade do filho, reflexo vivo do seu amor, sinal permanente da unidade conjugal e síntese viva e indissociável do ser pai e mae" (n. 165). Aprofunda o sentido do amor dos pais e o lugar que os filhos ocupam na família. E constata: "...desde o início, numerosas crianças são rejeitadas, abandonadas e subtraídas à sua infância e ao seu futuro. Alguns ousam dizer, como que para se justificar que foi um erro tê-las feito vir ao mundo. Isto é vergonhoso! (...)". E questiona: "Que aproveitam as solenes declarações dos direitos do homem e dos direitos da criança, se depois punimos as crianças pelos erros dos adultos".

Ao contrário, o pontífice afirma que "...Os pais ou os membros da família devem fazer todo O possível para aceitá-la (a criança) como dom de Deus e assumir a responsabilidade e carinho” (n. 166). Também frisa a valorização e o amor aos idosos: "... como gostaria de uma Igreja que desafia a cultura do descarte, com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos" (n. 191). Também ressalta a relação entre os irmãos: "uma experiência forte, inestimável, insubstituível" (n.194 ). Destaca o valor da vida e da gravidez. E agradece as mães: "Queridas mães, obrigado. Obrigado por aquilo que sois na família e pelo que dais a Igreja e ao mundo". Incentiva a adoção e ressalta a valorização do corpo.

Em toda a Exortação rebrilha a fundamental teologia do matrimônio, como expressão do Amor infinito e misericordioso de Deus, com profunda sensibilidade pastoral, contemplando os diversos âmbitos da Antropologia e da Psicologia à luz da Revelação Cristã na construção da comunhão familiar.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico diocesano da Pastoral Familiar e Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Papa: as coisas materiais não preenchem a vida, sigamos o caminho da caridade

terça-feira, 06 de agosto de 2024

O Papa Francisco rezou ao meio-dia do último domingo, 4, a oração do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. “Se cada um der aos outros o que tem, com a ajuda de Deus, mesmo com pouco, todos podem ter algo", afirmou.

"As coisas materiais não preenchem a vida: somente o amor pode fazer isso. E para que isso aconteça, o caminho a seguir é o da caridade, que não guarda nada para si, mas compartilha tudo": foi o que disse o Papa, antes do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos neste domingo na Praça São Pedro.

O Papa Francisco rezou ao meio-dia do último domingo, 4, a oração do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro. “Se cada um der aos outros o que tem, com a ajuda de Deus, mesmo com pouco, todos podem ter algo", afirmou.

"As coisas materiais não preenchem a vida: somente o amor pode fazer isso. E para que isso aconteça, o caminho a seguir é o da caridade, que não guarda nada para si, mas compartilha tudo": foi o que disse o Papa, antes do Angelus, diante dos fiéis e peregrinos reunidos neste domingo na Praça São Pedro.

"Hoje, o Evangelho nos fala de Jesus que, depois do milagre dos pães e dos peixes, convida as multidões, que o procuram, a refletir sobre o que aconteceu, para entender seu significado. Eles haviam comido aquele alimento compartilhado e puderam ver como, mesmo com poucos recursos, graças à generosidade e coragem de um jovem, que colocou à disposição dos outros o que ele tinha, todos foram alimentados até a saciedade”.

O sinal era claro, destacou o Papa: “se cada um der aos outros o que tem, com a ajuda de Deus, mesmo com pouco, todos podem ter algo". E, em vez disso, eles não entenderam – completou o Santo Padre: “confundiram Jesus com uma espécie de mágico, e voltaram para procurá-lo, esperando que repetisse o prodígio como se fosse uma magia".

"Eles foram protagonistas de uma experiência para seu caminho, mas não compreenderam o significado dela: sua atenção estava voltada apenas para os pães e peixes, para o alimento material, que acabou imediatamente – continuou o Papa. Eles não perceberam que isso era apenas um instrumento, que o Pai, enquanto saciava a fome deles, lhes revelava algo muito mais importante: o modo de vida que dura para sempre e o sabor do pão que sacia para além da medida".

O verdadeiro pão, em resumo, - disse o Papa - "era e é Jesus, seu Filho amado feito homem, que veio para compartilhar nossa pobreza para nos conduzir, por meio dela, à alegria da plena comunhão com Deus e com nossos irmãos e irmãs, em dom".

"As coisas materiais não preenchem a vida: somente o amor pode preenchê-la. E para que isso aconteça, o caminho a ser seguido é o da caridade que não guarda nada para si, mas compartilha tudo", observou o Santo Padre.

"Isso não acontece também em nossas famílias? Pensemos naqueles pais que lutam a vida inteira para educar bem seus filhos e deixar-lhes algo para o futuro. Como é bonito quando essa mensagem é compreendida, e os filhos são gratos e, por sua vez, tornam-se solidários uns com os outros como irmãos! E como é triste, ao contrário, quando eles brigam por herança, e talvez não se falem por anos", enfatizou.

A mensagem da mamãe e do papai, seu legado mais precioso, não é o dinheiro, - enfatizou o Papa - "mas o amor com o qual eles dão a seus filhos tudo o que têm, assim como Deus faz conosco, e dessa forma eles nos ensinam a amar".

"Vamos nos perguntar, então: qual é a minha relação com as coisas materiais? Eu sou escravo delas ou as uso livremente, como instrumentos para dar e receber amor? Sei dizer "obrigado" a Deus e a meus irmãos e irmãs pelos dons recebidos e compartilhá-los? Francisco concluiu pedindo a Maria, que deu a Jesus toda a sua vida, que nos ensine a fazer de todas as coisas um instrumento de amor.

 

Fonte: Vatican News

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Papa: reconhecer e usufruir os milagres da graça de Deus

terça-feira, 30 de julho de 2024

"Oferecer, dar graças e partilhar", três gestos realizados pelos protagonistas da multiplicação dos pães e dos peixes - narrada no Evangelho de João (cf. Jo 6, 1-15), e que Jesus voltará a repetir na Última Ceia.

O maior milagre

"Oferecer, dar graças e partilhar", três gestos realizados pelos protagonistas da multiplicação dos pães e dos peixes - narrada no Evangelho de João (cf. Jo 6, 1-15), e que Jesus voltará a repetir na Última Ceia.

O maior milagre

 Dirigindo-se as milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, sob uma temperatura de 36°C, Francisco explicou o significado de cada um dos três gestos, a começar por "oferecer", que "é o gesto com o qual reconhecemos ter algo de bom para dar e dizemos o nosso “sim”, mesmo que o que temos seja pouco em relação às necessidades":

Isto é sublinhado, na missa, quando o sacerdote oferece sobre o altar o pão e o vinho, e cada um oferece a si mesmo, a própria vida. É um gesto que pode parecer pouca coisa, se pensarmos nas imensas necessidades da humanidade, precisamente como os cinco pães e os dois peixes diante de uma multidão de milhares de pessoas; mas Deus faz disso a matéria para o milagre, o maior milagre que existe: aquele em que Ele mesmo, Ele mesmo, se torna presente entre nós, para a salvação do mundo.

Oferecer nosso pequeno amor ao Senhor, que o recebe

E o primeiro gesto, leva à compreensão do segundo, dar graças, que significa dizer ao Senhor com humildade, mas também com alegria:

Tudo o que tenho é dom teu Senhor, e para te agradecer só posso devolver-te o que por primeiro me deste, junto com teu Filho Jesus Cristo, acrescentando a isso o que posso, cada um de nós pode acrescentar alguma coisa. O que posso dar ao Senhor? O que o pequeno pode dar ao Senhor? Dar...dizer ao Senhor: "Te amo". Mas nós, pobrezinhos, o nosso amor é tão pequeno, mas dá-lo ao Senhor, o Senhor o recebe.

Viver cada gesto de amor como dom de graça

Por fim, o terceiro gesto, partilhar. "Na missa - explicou o Santo Padre - é a Comunhão, quando juntos nos aproximamos do altar para receber o Corpo e o Sangue de Cristo: fruto do dom de todos, transformado pelo Senhor em alimento para todos":

É um momento belíssimo, o da Comunhão, que nos ensina a viver cada gesto de amor como um dom de graça, tanto para quem a dá como para quem a recebe.

Então, o convite do Papa para nos perguntarmos:

Acredito realmente, pela graça de Deus, de ter algo único para dar aos meus irmãos, ou sinto-me anonimamente “um entre tantos”? Sou protagonista de um bem a ser doado? Sou agradecido ao Senhor pelos dons com os quais Ele continuamente manifesta a mim o seu amor? Vivo a partilha com os outros como um momento de encontro e de enriquecimento recíproco?

Reconhecer os milagres de cada dia

Que a Virgem Maria - disse o Papa, ao concluir – “nos ajude a viver com fé cada Celebração Eucarística e a reconhecer e usufruir todos os dias os «milagres» da graça de Deus.”

Fonte: Vatican News

 

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Papa: "Atentos à ditadura do fazer"

terça-feira, 23 de julho de 2024

Durante a oração mariana do último domingo, 21, o Papa Francisco fez um alerta para a nossa sociedade frequentemente prisioneira da pressa e do ativismo: "somente se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade de fazer, receberemos, no silêncio da adoração, a Graça de Deus".

Durante a oração mariana do último domingo, 21, o Papa Francisco fez um alerta para a nossa sociedade frequentemente prisioneira da pressa e do ativismo: "somente se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade de fazer, receberemos, no silêncio da adoração, a Graça de Deus".

 “Do Evangelho aprendemos que essas duas realidades, descanso e compaixão, estão interligadas: só quando aprendemos a descansar podemos ter compaixão”. Este foi o cerne da reflexão do Papa Francisco na alocução que precedeu a oração do Angelus, deste domingo, para os milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

A liturgia (Mc 6,30-34), introduziu o Papa, narra que os apóstolos, ao retornar da missão, se reuniram ao redor de Jesus e lhe contaram o que haviam feito; então, Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. As pessoas, no entanto, percebem seus movimentos e, quando descem da barca, Jesus encontra a multidão que o esperava, e sentindo compaixão, Ele começa a ensinar.

Não perder de vista o essencial

Francisco sublinhou que, de um lado, temos o convite ao descanso e, de outro, a compaixão pela multidão, e completou, “parecem duas coisas inconciliáveis, mas, na verdade, elas se complementam”:

“Jesus se preocupa com o cansaço dos discípulos. Talvez Ele perceba um perigo que também pode afetar nossas vidas e nosso apostolado, quando, por exemplo, o entusiasmo em realizar a missão, assim como as responsabilidades e as tarefas que nos são confiadas, nos tornam vítimas do ativismo, excessivamente preocupados com as coisas a fazer e com seus resultados.”

Segundo o Papa, tais comportamentos impostos pela sociedade e pelo trabalho nos deixam agitados e assim perdemos de vista o essencial, arriscando esgotar nossas energias e cair no cansaço do corpo e do espírito:

“Este é um alerta importante para nossas vidas, para a nossa sociedade frequentemente prisioneira da pressa, mas também para a Igreja e para o serviço pastoral: devemos estar atentos à 'ditadura do fazer'!”

"Irmãos e irmãs, vamos tomar cuidado com a ditadura do fazer! Isso pode acontecer por necessidade, também nas famílias, quando, por exemplo, o pai, para ganhar o pão, é obrigado a se ausentar para trabalhar, sacrificando assim o tempo que poderia dedicar à família. Muitas vezes ele sai de manhã cedo, quando as crianças ainda estão dormindo, e volta tarde da noite, quando já estão na cama. E isso é uma injustiça social. Nas famílias, o pai e a mãe deveriam ter tempo para compartilhar com os filhos, para cultivar esse amor familiar e não cair na ditadura do fazer. Pensemos no que podemos fazer para ajudar as pessoas que são obrigadas a viver assim."

Um olhar compassivo em direção ao próximo

Ao mesmo tempo, o descanso proposto por Jesus não é uma fuga do mundo, uma retirada para o bem-estar pessoal, recordou o Pontífice, pelo contrário, diante da multidão perdida, Ele sente compaixão: “De fato, é possível ter um olhar compassivo, que consegue perceber as necessidades do outro, somente se o nosso coração não estiver consumido pela ansiedade de fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a Graça de Deus.”

Descansar no Espírito

O Papa então propôs aos fiéis alguns questionamentos para uma reflexão pessoal: “Eu sei parar durante os meus dias? Sei dedicar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou estou sempre tomado pela pressa das tarefas a realizar? Sabemos encontrar um pouco de 'deserto' interior em meio aos ruídos e às atividades de cada dia?"

Que a Virgem Santa nos ajude a “descansar no Espírito” mesmo em meio a todas as atividades cotidianas, e a sermos disponíveis e compassivos com os outros, concluiu o Papa Francisco.

Fonte: Vatican News

 

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O Papa: democracia é resolver "juntos" os problemas de todos

terça-feira, 16 de julho de 2024

Em vista da visita do Papa a Trieste, no último dia 7, para a conclusão da 50ª Semana Social dos Católicos na Itália, o jornal 'Il Piccolo' publicou um texto inédito de Francisco. Trata-se de uma introdução a uma antologia de discursos e mensagens do Papa intitulada "No coração da democracia". O volume, editado pela Livraria Editora Vaticana e pelo "Il Piccolo", é distribuído gratuitamente no domingo como um suplemento do jornal. O livro tem uma introdução do cardeal Matteo Zuppi.

Papa Francisco

Em vista da visita do Papa a Trieste, no último dia 7, para a conclusão da 50ª Semana Social dos Católicos na Itália, o jornal 'Il Piccolo' publicou um texto inédito de Francisco. Trata-se de uma introdução a uma antologia de discursos e mensagens do Papa intitulada "No coração da democracia". O volume, editado pela Livraria Editora Vaticana e pelo "Il Piccolo", é distribuído gratuitamente no domingo como um suplemento do jornal. O livro tem uma introdução do cardeal Matteo Zuppi.

Papa Francisco

É com grande satisfação que uso essas palavras para apresentar este texto que o jornal "Il Piccolo" e a Livraria Editora Vaticana oferecem aos leitores em concomitância com a minha visita a Trieste por ocasião das Semanas Sociais. A minha presença em Trieste, cidade com forte sabor centro-europeu devido à coexistência de diferentes culturas, religiões e etnias, coincide com o evento que a Conferência Episcopal Italiana organiza nesta cidade, as Semanas Sociais dos Católicos na Itália, dedicado este ano ao tema "No coração da democracia. Participar entre história e futuro".

Democracia, como bem sabemos, é um termo que se originou na Grécia antiga para indicar o poder exercido pelo povo por meio de seus representantes. Uma forma de governo que, embora tenha se espalhado globalmente nas últimas décadas, parece estar sofrendo as consequências de uma doença perigosa, o "ceticismo democrático". A dificuldade das democracias em assumir a complexidade do tempo presente - pensemos nos problemas da falta de emprego ou no paradigma tecnocrático avassalador - às vezes parece ceder ao fascínio do populismo. A democracia tem em si um grande e indubitável valor: o de estar "juntos", o fato de o exercício do governo se realizar no contexto de uma comunidade que se confronta livre e secularmente na arte do bem comum, que nada mais é do que um nome diferente para o que chamamos de política.

“Juntos” é sinônimo de “participação”. Padre Lorenzo Milani e suas crianças já sublinharam isso na sua Carta magistral a uma professora: "Aprendi que o problema dos outros é igual ao meu. Sair disso juntos é política, sair sozinho é avareza". Sim, os problemas que enfrentamos pertencem a todos e dizem respeito a todos. O caminho democrático é discutirmos juntos e saber que só juntos esses problemas podem encontrar solução. Porque numa comunidade como a humana não se pode salvar-se sozinho. Nem o axioma de mors tua vita mea se aplica. Pelo contrário. Até a microbiologia nos sugere que o humano está estruturalmente aberto à dimensão da alteridade e do encontro com um “você” que está à nossa frente. O próprio Giuseppe Toniolo, inspirador e fundador das Semanas Sociais, foi um estudioso de economia que compreendeu muito bem os limites do homo oeconomicus, ou seja, daquela visão antropológica baseada no "utilitarismo materialista", como ele o definiu, que atomiza a pessoa, amputando a dimensão relacional.

Eu gostaria de dizer isto, pensando hoje no que significa o “coração” da democracia: juntos é melhor porque sozinho é pior. Juntos é bonito porque sozinho é triste. Juntos, significa que um mais um não é igual a dois, mas sim a três, porque a participação e a cooperação criam o que os economistas chamam de valor adjunto, ou seja, aquele sentido positivo e quase concreto de solidariedade que nasce da partilha e da concretização, por exemplo, no ambiente público, de questões sobre as quais encontrar convergência.

Em última análise, é na palavra “participar” que encontramos o significado autêntico do que é a democracia, do que significa ir ao coração de um sistema democrático. Num regime estatista ou dirigista ninguém participa, todos assistem, passivamente. A democracia, por outro lado, exige participação, a exigência de fazer a própria parte, de arriscar o confronto, de levar seus próprios ideais, as suas razões, para a questão. Arriscar-se. O risco é o terreno fértil onde germina a liberdade. Ao passo que ficar na sacada, parado na janela para ver o que está acontecendo ao nosso redor, não apenas não é eticamente aceitável, mas também, egoisticamente, não é sábio nem conveniente.

São muitas as questões sociais sobre as quais, democraticamente, somos chamados a interagir: pensemos num acolhimento inteligente e criativo, que coopera e integra as pessoas migrantes, um fenômeno que Trieste conhece bem por estar perto da chamada rota dos Balcãs; pensemos no inverno demográfico que afeta agora de forma generalizada toda a Itália e, em particular, algumas regiões; pensemos na escolha de políticas autênticas para a paz, que coloquem em primeiro lugar a arte da negociação e não a escolha do rearmamento. Em resumo, aquele cuidado pelos outros que Jesus nos indica continuamente no Evangelho como a atitude autêntica de ser pessoa.

De Trieste, cidade com vista para o Mar Mediterrâneo, um caldeirão de culturas, religiões e povos diferentes, metáfora da fraternidade humana a que aspiramos nestes tempos ofuscados pela guerra, possa brotar um compromisso mais convicto por uma vida democrática plenamente participativa e voltada para o verdadeiro bem comum.”

 

 

Uma ação concreta diocesana

 

 

No último dia 9, o Fórum Permanente sobre População Adulta em Situação de Rua do Rio de Janeiro esteve em Nova Friburgo onde participou de audiência com Dom Luiz Ricci, bispo da diocese.

O Fórum fez uma retrospectiva de suas ações locais em parceria com a Pastoral do Povo da Rua da diocese para garantir os direitos das pessoas em situação de rua. O Fórum destacou a necessidade de instalação do CIAMP RUA e da reativação do Consea para a efetivação de direitos.

Dom Luiz foi presenteado com uma camisa da Cooperativa Recicla Friburgo, formada por  pessoas com trajetória nas ruas, e manifestou sua satisfação com essa importante iniciativa de inclusão produtiva de grupos vulneráveis. A cooperativa conta com o apoio da Caritas Nova Friburgo, do Fórum e de organizações locais que defendem o desenvolvimento sustentável da cidade serrana.

 *Participe! Juntos somos fortes!*

fpprua.rj@gmail.com

 

Fonte: Vatican News e Diocese de Nova Friburgo

 

 

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Esvaziar-se de si – a base da missão (Mc 6,7-13)

terça-feira, 09 de julho de 2024

    Jesus comunica o seu poder aos apóstolos. Ele manifesta o seu poder, expulsando demônios, curando os doentes. E enfrenta a rejeição e a incredulidade dos que são de sua terra. O Evangelho de São Marcos acentua a humanidade de Jesus e apresenta fortemente a situação de dificuldades em seu ministério. Ele envia os apóstolos em missão. E dá as recomendações nesta mesma linha do seu despojamento. Com o mesmo poder, eles são expostos às mesmas rejeições e incredulidade. A postura é a renúncia de si mesmo, como no seu chamado.

    Jesus comunica o seu poder aos apóstolos. Ele manifesta o seu poder, expulsando demônios, curando os doentes. E enfrenta a rejeição e a incredulidade dos que são de sua terra. O Evangelho de São Marcos acentua a humanidade de Jesus e apresenta fortemente a situação de dificuldades em seu ministério. Ele envia os apóstolos em missão. E dá as recomendações nesta mesma linha do seu despojamento. Com o mesmo poder, eles são expostos às mesmas rejeições e incredulidade. A postura é a renúncia de si mesmo, como no seu chamado. "Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga" (Marcos 8,27-35). Sem este esvaziamento e espírito de pobreza e desapego, não haverá missão.

    O total despojamento (kénosis, em grego) implica numa entrega confiante ao poder de Deus e à Sua paternal Providência. Deus é o Senhor da obra, não nós. Por isso, os envia, dois a dois, para mostrar que a missão é sinodal e partilhada. Ninguém é o dono da evangelização. A missão é comunitária e com uma mensagem definida que é uma Verdade divina que deve ser pregada e não dependente das ideias individuais. Ao mesmo tempo, há a dimensão do apoio e do suporte dos irmãos, recordando os ensinamentos do Mestre e se completando nos dons e carismas.

    A kénosis do Verbo Divino nos ensina o esvaziamento também de nossas garantias, provisões, apegos e estratégias. Em Filipenses 2, vemos o Verbo Divino não se apegando à glória de ser Deus e se fazendo homem - a Encarnação - primeira humilhação.

    Fazendo-se homem, não assumiu nenhuma posição ou status de poder, dominação ou riqueza, para compensar sua "redução" : de Deus onipotente a um homem limitado na natureza humana; de Deus onisciente a um homem preso a uma cultura e aprendizado, ligado a uma família humana; de Deus onipresente e eterno a um homem encerrado num contexto histórico do tempo e do espaço... Ao contrário, assumiu a natureza humana como Pobre, num lugar pobre, Nazaré, numa família pobre e simples - segundo esvaziamento.

    E, ainda, na situação de pobreza e simplicidade, tornou-se o Servo dos homens, priorizando a necessidade do próximo, tratando a todos como irmãos, com o Amor do Pai, afirmando: "O Filho do Homem não veio para ser servido , mas para servir e dar a vida em resgate de muitos" (Mc 10, 45) - terceira kénosis.

E Ele mesmo ensina e repreende aos apóstolos: "Quem quiser ser o primeiro, seja o último e o servo de todos" (Mc 9, 35).  E, por fim, Jesus não se apegou nem mesmo ao dom mais fundamental da existência humana, a própria vida, oferecendo-a por todos nós, pela nossa salvação. "Fez-se obediente até a morte e morte de cruz."( Fil 2,8) - Quarta humilhação.

     Jesus com o seu exemplo se coloca como referência para a missão dos apóstolos. Ele, com o seu testemunho de esvaziamento de si mesmo e de doação total por amor aos mais necessitados espiritual, física e materialmente, no seu serviço humilde e solidário, no seu ardor evangelizador, na relação de total comunhão e confiança com o Pai, na oração e no transbordamento do Amor, se torna parâmetro, modelo para a Igreja Apostólica. "Como o Pai me enviou, eu também vos envio"(Jo 20,21).

   " Recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão. Nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura." "Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas." O despojamento e o espírito peregrino, simbolizados nas sandálias empoeiradas do pregador itinerante. A missão do Reino jamais se acomoda, jamais se instala. Sempre calça as sandálias da itinerância, de cidade em cidade, anunciando incansavelmente a Boa Nova da Salvação, acompanhada do cuidado e da libertação das pessoas: "partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes". A missão do Mestre continua na missão da comunidade apostólica, do discipulado evangelizador e libertador com o mesmo poder de Cristo. Isto mostra que a evangelização tem como sinal testemunhal inseparável a caridade, a solidariedade, o amor ao próximo, na responsabilidade para com o mundo que deve receber a Boa notícia e a graça da Salvação.

    Porém, esta salvação deve ser aceita livremente, não pode ser imposta. Se não for aceita, cabe ao missionário apenas, seguir adiante, "sacudir o pó das sandálias". Significa, analogicamente, o desprendimento do missionário da própria aceitação e êxito, não se coadunando com as mentalidades opostas, relativizando o Evangelho. É ter a consciência da missão cumprida, respeitando o livre arbítrio e seguir em frente, como fez Jesus, não se importando com as rejeições. Isto não significa, contudo, uma atitude de intolerância ou desdém em relação aos outros em suas escolhas que continuarão em nossas orações para que possam ainda, com a misericórdia de Deus, compreender em algum tempo, a Boa Nova e alcançar a redenção.

     A natureza missionária da Igreja está essencialmente ligada a este espírito de pobreza evangélica e liberdade confiante no Senhor providente, na prioridade do Reino de Deus (cf Lc 12,31. O Concílio Vaticano II apresenta claramente esta identidade missionária, especialmente nas Constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes e no Decreto Ad Gentes, em sua responsabilidade com a salvação-libertação do mundo, por amor e com o amor de Deus, dentre outros documentos.

    O Papa Francisco, reafirmando o documento de Aparecida e todo o ensinamento magisterial conciliar e pós-conciliar, nos apresenta sempre a dimensão do discipulado missionário, a Igreja "em saída" como tem insistido em suas palavras. Na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium afirma : "Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm dever de anunciá-lo sem excluir ninguém, não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem compartilha uma alegria, assinala um belo horizonte, oferece um banquete desejável. A Igreja não cresce por proselitismo, mas por atração." E a alegria do Evangelho é missionária porque sempre "tem a dinâmica do êxodo e do dom do sair de si, do caminhar e semear sempre de novo, sempre mais além." Que possamos cada vez mais cumprir este mandato de Cristo, fiéis a esta espiritualidade de despojamento e doação de amor missionários.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico diocesano da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Construir pontes de reconciliação, de inclusão e de fraternidade

terça-feira, 02 de julho de 2024

O Papa Francisco recebeu na manhã da última quinta-feira, 27 de junho, no Vaticano, os participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Em seu discurso, o pontífice afirmou que a CAL é chamada a encorajar todos com a simplicidade e a profundidade de quem confia mais no envio missionário e no serviço do que no mero ativismo. “A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade! Pontes que garantam que ‘caminhar juntos’ não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!”, afirmou Francisco.

O Papa Francisco recebeu na manhã da última quinta-feira, 27 de junho, no Vaticano, os participantes da Assembleia Plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Em seu discurso, o pontífice afirmou que a CAL é chamada a encorajar todos com a simplicidade e a profundidade de quem confia mais no envio missionário e no serviço do que no mero ativismo. “A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade! Pontes que garantam que ‘caminhar juntos’ não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!”, afirmou Francisco.

Em sua fala, Francisco se deteve em três perguntas que os participantes da plenária refletem nos dias de trabalho em Roma: que práticas promover com relação ao desenvolvimento na região “tocando a carne sofredora de Cristo nas pessoas”? Como evangelizar a esfera social, promovendo a fraternidade diante do fenômeno da polarização? Que serviço a CAL deve prestar às conferências episcopais, ao Celam e aos dicastérios da Santa Sé?

Essas perguntas, prosseguiu o Papa, não se referem apenas a questões que a realidade atual exige que sejam abordadas, mas também fazem parte da reforma sinodal que toda a Igreja deve adotar para fazer com que a verdadeira face de Jesus Cristo brilhe mais e melhor.

 

Promover a transformação

Na pauta das reflexões, o documento sobre a reforma da Cúria Romana, constituição Praedicate evangelium, foi citado pelo Papa como orientação para fazer da CAL uma “diaconia” que permita à Igreja na América Latina experimentar a atenção e o afeto pastoral do Sucessor de Pedro. Assim, a Comissão “é chamada a ser um sujeito ativo que promove a transformação necessária que todos nós precisamos, ou seja, ajudar com discrição, prudência e eficácia para garantir que vivamos a sinodalidade – a dimensão dinâmica da comunhão – para caminhar juntos na América Latina, movidos pelo Espírito do Senhor”.

Francisco mencionou as palavras discrição, prudência e eficácia para enfatizar que a CAL não é chamada a substituir nenhum ator na vida eclesial latino-americana. Mas, sim, a encorajar todos eles, com a simplicidade e a profundidade de quem confia mais no envio missionário e no serviço do que no mero ativismo.

Assim fazendo, a CAL deve promover com todos os seus interlocutores, tanto na Santa Sé como no Celam, Ceama, Clar e todos os organismos eclesiais que servem direta ou indiretamente a Igreja na América Latina, um estilo sinodal de pensar, sentir e fazer.

 

Inspiração em São Juan Diego

Nesse aspecto, a CAL e a Igreja na América Latina podem encontrar uma profunda fonte de inspiração em São Juan Diego. Como sabemos, ele era um nativo extremamente modesto e simples. A Virgem não o escolheu por sua erudição, suas habilidades organizacionais ou suas relações com o poder. Pelo contrário, Santa Maria de Guadalupe se comove porque sabe que é pequeno.

Nessas cenas, podemos ver, com simplicidade e profundidade, a sinodalidade e a comunhão simultâneas. O fiel leigo proclama as boas novas, confiando fundamentalmente na dimensão eclesial e sobrenatural de sua missão, e não tanto em sua própria força. Essa é uma bela experiência de conversão sinodal!

O resultado desse exercício sinodal e comunitário não são apenas as rosas que aparecem na frente de todos, não apenas a imagem milagrosa impressa na tilma [manto] do santo, mas também o início de um processo de reconciliação fraterna entre povos inimigos. Um processo que nunca foi perfeito, mas que, sem dúvida, contribuiu para o nascimento de uma nova realidade na América Latina. Em outras palavras, a sinodalidade ad intra produz frutos de fraternidade ad extra.

Esse é o estilo inspirador que a CAL deve promover em toda a região da América Latina e, quando necessário, além de suas fronteiras. Inspirar e não impor. Inspirar, motivar e provocar a liberdade para que cada realidade eclesial e social discirna seu próprio caminho, seguindo também as moções do Espírito, em comunhão com a Igreja universal.

A CAL deve construir pontes de reconciliação, de inclusão, de fraternidade. Pontes que garantam que “caminhar juntos” não seja uma mera expressão retórica, mas uma autêntica experiência pastoral!

Por fim, Francisco recordou que estamos nos aproximando do Jubileu Ordinário em 2025. Depois de citar a bula Spes non confundit disse que está confiante de que todos os membros da CAL participarão ativamente, convidando o povo de Deus a peregrinar e a proclamar a mensagem de esperança que toda a região precisa urgentemente ouvir e redescobrir. “Que Santa Maria de Guadalupe, ‘Mãe do verdadeiro e único Deus, aquele que é o autor da vida’, nos sustente e nos encoraje a perseverar em nosso esforço conjunto para tornar a Igreja uma comunidade cada vez mais no estilo de Jesus. E, por favor, não se esqueçam de orar por mim”.

 

Participações do Brasil

São membros brasileiros da Comissão para a América Latina os cardeais dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador; dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; e dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília. Também o arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB e do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam), dom Jaime Spengler, que participam da assembleia. Outro brasileiro na comissão é o padre Alexandre Awi Mello, que atua como conselheiro da CAL.

O cardeal Orani Tempesta, explicou em suas redes sociais que a CAL foi criada pelo Papa Paulo VI e tem como finalidade contribuir para o relacionamento das igrejas da América Latina, do Celam e com a Santa Sé. “Nesta Plenária estamos discutindo o documento de reforma da Cúria Romana, o Praedicate evangelium, avançando em como podemos trabalhar ainda mais com todas as dificuldades que existem na questão da evangelização, da missão e da pobreza na América Latina”, partilhou.

Fonte: CNBB

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Fênix – renascer das cinzas

terça-feira, 25 de junho de 2024

Quando as trevas parecem prevalecer, brilha a Luz de Cristo, tesouro valiosíssimo transportado no vaso de argila da nossa pobre e medíocre natureza.  Ele como o sol nos toca misteriosamente com sua força suave, nos fortalecendo e fazendo renascer as fibras morrentes de nossa humanidade ressequida. Uma poderosa chama que interiormente nos sustenta: esperança.

Quando as trevas parecem prevalecer, brilha a Luz de Cristo, tesouro valiosíssimo transportado no vaso de argila da nossa pobre e medíocre natureza.  Ele como o sol nos toca misteriosamente com sua força suave, nos fortalecendo e fazendo renascer as fibras morrentes de nossa humanidade ressequida. Uma poderosa chama que interiormente nos sustenta: esperança.

A esperança, uma virtude sobrenatural, teologal, repleta do Esperado, luminosa graça de resiliência amorosa que fez o apóstolo Paulo exclamar: "Tudo posso n'Aquele que me fortalece" ( Filipenses 4,13). O vaso de barro não é a última palavra, de onde vem a desesperança, a desconfiança, a fragilidade e sensação de impotência, a angústia ou desistência covarde e omissa, a insensibilidade ou indiferença. 

Não. A última palavra é do conteúdo, do Poder extraordinário que traz vida à natureza humana cercada de morte, de fora e de dentro. De fora, das opressões, perseguições, injustiças, tentações, destruições e degradações, da lógica da exclusão do mundo. De dentro, da desumanização provocada pela desfiguração do pecado, corrupção e desgaste interior. Mas do Espírito que vem em socorro de nossas fraquezas vem a fortaleza, a unção, a iluminação da Sabedoria Superior, a Vida maior que eleva e renova todas as coisas.

E o apóstolo pergunta com total segurança: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?"... "O que nos separará do Amor de Deus?. "A tribulação ou a angústia, a perseguição ou a fome, a nudez, o perigo, a espada?... E o próprio apóstolo responde: "Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do Amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor" (Romanos 8,31-39).

O mesmo Mestre das nações, na experiência forte de sua conversão afirma: "Por isso, por amor a Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois quando sou fraco, então é que sou forte" (2 Coríntios 12,10). Por que diz isso o grande apóstolo? Porque ele sabe por certeza mística que quando nós nos enchemos de nós mesmos pelas vaidades dos sucessos, do êxito, das conquistas de nossas capacidades, fechamos o espaço para a ação de Deus. Aí fala e age o homem orgulhoso que quase se sente um deus, desprezando a graça e a vontade de Deus.

Já quando nos sentimos fracos e assumimos a nossa fraqueza humildemente, diante das dificuldades e obstáculos, sofrimentos ou oposições, nos entregamos confiantes ao Poder transformador de Deus. Aí Deus fala e age, fortalecendo a nossa frágil e vacilante estrutura, nos enriquecendo com a sua Luz de infinita Sabedoria, na resistência invencível de sua misericordiosa graça. Damos abertura para o Senhor da obra missionária realizar o que é o Seu plano e não insistimos nos nossos projetos pessoais, tantas vezes desencontrados dos desígnios do Salvador e que se desgastam por si mesmos.

Sem Deus, sem estarmos totalmente entregues e enxertados à Videira que é Cristo (cf João 15), não vamos muito longe, nosso gás acaba, nossas forças se extinguem, nossas boas intenções de descoloram e talvez se esgotem com a não correspondência ou as rejeições. Os ramos, se desligados do Senhor, por mais bonitos, viçosos, com belos frutos e flores, em pouco tempo secam, se desencantam, fenecem, perdem a cor e o sabor. Faltarão, com certeza, o frescor, o perfume suave e forte da graça divina, a unção da Vida que brota do Coração Sagrado de Jesus, fonte inesgotável de vigor, amor e alegria, o regozijo de que nos fala São Paulo. Ele é a seiva que nos alimenta, nutre a nossa perseverança, na certeza da fé na vitória do Cristo Ressuscitado.

"Se morremos com Cristo, temos fé que com Ele viveremos" (Romanos 6,8). Morrer para o homem velho do pecado, da maldade, do egoísmo e renascer para o homem novo da graça, da luz, do amor ao próximo, com o amor de Deus (cf Efésios 4,22-24).

Um mito grego cantado pelo poeta Hesíodo, de raízes egípcias como afirma o historiador Heródoto, nos fala de uma ave, a Fênix, que quando velha e cansada ateia fogo sobre o seu próprio ninho e renasce de suas próprias cinzas. Os padres da Igreja, primeiros escritores cristãos, como S. Clemente Romano, Tertuliano e Lactâncio, aproveitaram a sua rica simbologia, associando-a à ideia da imortalidade, no prenúncio da paixão, da Ressurreição de Cristo e do renascimento espiritual, fundamento da mística cristã, os cristãos configurados em Cristo, numa vida nova que jorra para a eternidade, como se apresenta, especialmente, no Novo Testamento: "Eu sou a Ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá; e quem vive e crê em mim, jamais morrerá" (João 11,25-26).

E como podemos ver em mais alguns textos paulinos: "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo!" (2 Coríntios 5,17); Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida" (Romanos 6,4-14). Isto ficou gravado na iconografia cristã primeva - a fênix renascida , símbolo do Cristo Ressuscitado e de sua vida nova.

Uma boa inspiração que nos pode recordar esta nossa missão de sempre recomeçar na fé em Cristo, no enfrentamento de todos os desgastes, de nos entregarmos totalmente confiantes nas mãos do Senhor, renascendo do fogo do seu amor, nos renovando a cada dia, transformando as cinzas dos nossos pecados, limites e fraquezas em uma ave altaneira e forte, chamada ao voo maior da graça, do horizonte de Deus, na elevação da vida dos irmãos. 

 

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico diocesano da Comunicação Institucional

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Semeadores generosos e confiantes no Senhor

terça-feira, 18 de junho de 2024

Ser semeadores generosos e confiantes do Evangelho. Foi a exortação do Santo Padre na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia do último domingo, 16, com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste 11º Domingo do Tempo Comum, que nos falou do Reino de Deus por meio da imagem da semente e nos convidou a refletir particularmente sobre uma atitude importante: a espera confiante.

Ser semeadores generosos e confiantes do Evangelho. Foi a exortação do Santo Padre na alocução que precedeu a oração do Angelus ao meio-dia do último domingo, 16, com milhares de fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro.

Francisco deteve-se sobre o Evangelho deste 11º Domingo do Tempo Comum, que nos falou do Reino de Deus por meio da imagem da semente e nos convidou a refletir particularmente sobre uma atitude importante: a espera confiante.

De fato, na semeadura, por mais que o agricultor espalhe ótima e abundante semente, e por melhor que prepare o solo, as plantas não brotam imediatamente: leva tempo! Mas sob a terra, o milagre já está acontecendo. O Reino de Deus também é assim, observou o Pontífice:

"O Senhor coloca em nós as sementes de sua Palavra e de sua graça e depois, sem nunca deixar de nos acompanhar, espera pacientemente. Ele continua a cuidar de nós, com a confiança de um Pai, mas nos dá tempo, para que as sementes se abram, cresçam e se desenvolvam para dar frutos de boas obras."

Francisco acrescentou que ao fazer isso, o Senhor nos dá um exemplo: também nos ensina a semear com confiança o Evangelho onde quer que estejamos e depois esperar que a semente lançada cresça e dê frutos em nós e nos outros, sem desanimar e sem deixar de apoiar e ajudar uns aos outros, mesmo quando, apesar de nossos esforços, nos parece não ver resultados imediatos. "Na verdade, muitas vezes, mesmo entre nós, além das aparências, o milagre já está em andamento e, no devido tempo, produzirá frutos abundantes!"

Concluindo, o Santo Padre propôs algumas interpelações para nossa reflexão pessoal: "Semeio com confiança a Palavra de Deus nos ambientes em que vivo? Sou paciente na espera ou fico desanimado porque não vejo os resultados imediatamente? E sou capaz de confiar tudo serenamente ao Senhor, enquanto faço o melhor que posso para proclamar o Evangelho?"

Por fim, confiou à Virgem Maria, que acolheu e fez crescer dentro de si a semente da Palavra, que nos ajude a sermos semeadores generosos e confiantes do Evangelho.

Fonte: Vatican News

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São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil

terça-feira, 11 de junho de 2024

José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em Tenerife, Ilha do Arquipélago das Canárias, Espanha. Era um dos 12 filhos de João López de Anchieta e de Mência Diaz de Clavijo y Llarena. Foi batizado em 7 abril de 1534, na Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, atual Catedral de San Cristóbal de La Laguna, de onde seu pai era prefeito.

José de Anchieta nasceu no dia 19 de março de 1534, em Tenerife, Ilha do Arquipélago das Canárias, Espanha. Era um dos 12 filhos de João López de Anchieta e de Mência Diaz de Clavijo y Llarena. Foi batizado em 7 abril de 1534, na Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, atual Catedral de San Cristóbal de La Laguna, de onde seu pai era prefeito.

José viveu com a família até os 14 anos de idade, quando se mudou para Coimbra, Portugal, para estudar filosofia no Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra. Ali, em 1º de maio de 1551, entrou como noviço da Companhia de Jesus. Mas, pouco tempo depois, foi acometido por uma tuberculose óssea, que lhe causou uma escoliose. Como último recurso, os médicos aconselharam-lhe a partir para o Brasil, onde o clima era mais saudável.

 

Missão no Brasil

Em 1553, ao chegar às terras brasileiras, José de Anchieta começou a trabalhar como catequista dos indígenas. Além disso, desempenhou outras funções: professor, músico, enfermeiro, sapateiro, taumaturgo, construtor e conselheiro espiritual. Aprendeu a língua tupi, tornando-se verdadeiro mestre: compôs a "Arte de gramática” da língua mais falada na costa do Novo Mundo.

Em janeiro de 1554, José de Anchieta participou da inauguração do Colégio de São Paulo de Piratininga, hoje “Páteo do Collégio”, onde teve origem a cidade de São Paulo.

Em 1566, José de Anchieta foi ordenado sacerdote, em Salvador da Bahia. Após três anos, fundou o povoado de Reritiba, atual cidade Anchieta, no Espírito Santo. Em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu até 1585. Em 1595, retirou-se para Reritiba, onde permaneceu até à sua morte, que ocorreu em 9 de junho de 1597, aos 63 anos de idade.

 

Poema à Virgem

Em 1563, com o apoio dos franceses, a tribo dos Tamoios rebelou-se contra a colonização portuguesa. Padre José de Anchieta e Padre Manuel da Nóbrega, chefe da primeira Missão Jesuíta no Brasil, foram à aldeia de Iperoig - atual cidade de Ubatuba, litoral norte de São Paulo – como mediadores da revolta. Anchieta ofereceu-se como refém, enquanto Manuel da Nóbrega pôs a negociar a paz.

Durante o cativeiro, que durou cinco meses, o jesuíta dedicou a Nossa Senhora seu mais lindo poema: o “Poema à Virgem”, cujos versos foram escritos na areia.

 

Canonização

A canonização do “Apóstolo do Brasil” ocorreu 417 anos depois da sua morte, no dia 24 de abril de 2014, pelo Papa Francisco, em Roma. Em um documento dos Postuladores da Causa de Canonização, de 488 páginas, registram-se 5.350 histórias de pessoas, que alcançaram graças, por intercessão de São José de Anchieta.

 

Oração a São José de Anchieta

São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil,

Poeta da Virgem Maria intercede por nós, hoje e sempre.

Dá-nos a disponibilidade de servir a Jesus,

como tu o serviste nos mais pobres e necessitados.

Protege-nos de todos os males do corpo e da alma.

E, se for vontade de Deus, alcança-nos a graça, que te pedimos.

São José de Anchieta, rogai por nós!

 

Fonte: Vatican News

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