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Leão XIV – Unidade na diversidade

terça-feira, 01 de julho de 2025

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Presentes na celebração, como é tradição, também estava uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui este gesto fraterno enviando, por sua vez, um representante para a Festa de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja de Constantinopla.

 

Comunhão eclesial: unidade na diversidade

Em sua homilia, o Papa Leão XIV recordou que os santos Pedro e Paulo são “irmãos na fé, colunas da Igreja e patronos da diocese e da cidade de Roma”. Refletindo sobre o testemunho dos Apóstolos, o Pontífice destacou, em primeiro lugar, a importância da comunhão eclesial. A liturgia desta solenidade, observou, apresenta Pedro e Paulo unidos no mesmo destino: o martírio, que os associou definitivamente a Cristo. Na primeira leitura, Pedro aparece preso, aguardando a execução; na segunda, Paulo, também encarcerado, se despede, ciente de que seu sangue será oferecido a Deus. “Ambos dão a vida pela causa do Evangelho”, afirmou o Papa.

No entanto, o Santo Padre ressaltou que essa comunhão não foi fruto de um caminho simples. Pedro e Paulo trilharam percursos muito diferentes, tanto em origem quanto em missão: “Simão, pescador da Galileia, deixou tudo para seguir o Senhor; Saulo, fariseu e perseguidor dos cristãos, foi transformado pelo Cristo ressuscitado.” O Papa recordou ainda que não faltaram tensões entre eles, como o episódio em Antioquia, quando Paulo confrontou Pedro publicamente (cf. Gl 2,11). “Mas isso não impediu que vivessem a “concórdia apostolorum”, uma comunhão viva no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, afirmou.

Citando Santo Agostinho, o Pontífice lembrou: “Temos um só dia para a paixão dos dois Apóstolos. Eles eram dois, mas formavam um só. Embora tenham sofrido em dias diferentes, eram, na verdade, um só.” Leão XIV sublinhou que esta é uma lição fundamental para a Igreja de hoje. A comunhão nasce do Espírito, une na diversidade e constrói pontes: “A Igreja precisa desta fraternidade. Ela é necessária nas relações entre leigos, presbíteros, bispos e o Papa. É essencial também para a vida pastoral, para o diálogo ecumênico e para as relações de amizade com o mundo.” O Papa exortou:“Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros.”

 

Vitalidade da fé: evitar o risco de uma fé cansada

O segundo aspecto destacado pelo Papa foi a vitalidade da fé. Inspirando-se na história dos Apóstolos, Leão XIV alertou contra o risco de uma fé que se torne hábito, mero ritualismo ou repetição de práticas pastorais sem abertura aos desafios do presente:  “O testemunho de Pedro e Paulo nos convida a sair da inércia, a deixar-nos interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros, pelas necessidades das comunidades. Eles buscaram novos caminhos para anunciar o Evangelho.”

O Pontífice colocou no centro de sua reflexão a pergunta de Jesus no Evangelho de Mateus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Segundo ele, assim "como tantas vezes nos alertou o Papa Francisco", esta é a interrogação fundamental que Jesus continua a fazer a cada discípulo e à própria Igreja:

“É importante sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja? Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles que encontramos?”

 

Renovar-se na comunhão e no testemunho

Dirigindo-se especialmente à Igreja de Roma, Leão XIV exortou para que essa seja cada vez mais sinal de unidade e de uma fé viva: “Uma comunidade de discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações humanas.”

Na alegria desta comunhão, o Papa saudou os arcebispos que neste dia receberam o Pálio, sinal da missão pastoral confiada a cada um e da comunhão com o Sucessor de Pedro. Manifestou também sua gratidão aos membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana presentes na celebração, pedindo a Deus o dom da paz para o povo ucraniano. Por fim, saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico enviada por Sua Santidade Bartolomeu, reiterando o compromisso com o caminho ecumênico.

“Fortalecidos pelo testemunho dos Santos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na comunhão. Que sua intercessão acompanhe a Igreja, a cidade de Roma e todo o mundo”, concluiu o Papa.

 

Bênção e imposição dos pálios

Em seguida, o Santo Padre presidiu os ritos da bênção e da imposição dos pálios. Os diáconos retiraram os paramentos que estavam depositados junto ao túmulo de São Pedro e os apresentaram ao Pontífice. O cardeal proto-diácono, Dominique Mamberti, apresentou os novos arcebispos metropolitanos, que então fizeram o juramento de fidelidade ao Papa e à Igreja de Roma. Ao todo, 54 arcebispos metropolitanos — entre eles cinco brasileiros — receberam o pálio das mãos do próprio Papa, que o impôs sobre seus ombros.

Fonte: Vatican News

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Cristo, resposta à fome do homem

terça-feira, 24 de junho de 2025

Queridos irmãos e irmãs, é bom estar com Jesus. Confirma-o o Evangelho proclamado na Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Ele nos conta que as multidões ficavam horas e horas com Jesus, que falava do Reino de Deus e curava os doentes (cf. Lc 9, 11). A compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus, que vem ao mundo para nos salvar. Quando Deus reina, o homem é liberto de todo o mal. No entanto, a hora da prova chega também para aqueles que recebem de Jesus a boa nova.

Queridos irmãos e irmãs, é bom estar com Jesus. Confirma-o o Evangelho proclamado na Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Ele nos conta que as multidões ficavam horas e horas com Jesus, que falava do Reino de Deus e curava os doentes (cf. Lc 9, 11). A compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus, que vem ao mundo para nos salvar. Quando Deus reina, o homem é liberto de todo o mal. No entanto, a hora da prova chega também para aqueles que recebem de Jesus a boa nova. Naquele lugar deserto, onde as multidões ouviram o Mestre, cai a noite e não há nada para comer (cf. v. 12). A fome do povo e o pôr do sol são sinais de um limite que paira sobre o mundo e sobre cada criatura: o dia termina, assim como a vida dos homens. É nesta hora, no tempo da indigência e das sombras, que Jesus permanece entre nós.

Justamente quando o Sol se põe e a fome aumenta, enquanto os próprios apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo surpreende-nos com a sua misericórdia. Ele tem compaixão do povo faminto e convida os seus discípulos a cuidar dele: a fome não é uma necessidade alheia ao anúncio do Reino e ao testemunho da salvação. Pelo contrário, esta fome diz respeito à nossa relação com Deus. Cinco pães e dois peixes, no entanto, não parecem suficientes para alimentar o povo: aparentemente razoáveis, os cálculos dos discípulos evidenciam, em vez disso, a sua falta de fé. Porque, na realidade, com Jesus há tudo o que é necessário para dar força e sentido à nossa vida.

Perante o brado da fome, Ele responde com o sinal da partilha: levanta os olhos, pronuncia a bênção, parte o pão e dá de comer a todos os presentes (cf. v. 16). Os gestos do Senhor não inauguram um complexo ritual mágico, mas testemunham com simplicidade a gratidão para com o Pai, a oração filial de Cristo e a comunhão fraterna que o Espírito Santo sustenta. Para multiplicar os pães e os peixes, Jesus divide os poucos que há, e assim mesmo são suficientes para todos, e ainda sobram. Depois de terem comido – e terem comido até ficarem saciados –, recolheram doze cestos (cf. v. 17).

Esta é a lógica que salva o povo faminto: Jesus age segundo o estilo de Deus, ensinando a fazer o mesmo. Hoje, no lugar das multidões recordadas no Evangelho estão povos inteiros, humilhados pela ganância alheia mais ainda do que pela própria fome. Diante da miséria de muitos, a acumulação de poucos é sinal de uma soberba indiferente, que produz dor e injustiça. Em vez de partilhar, a opulência desperdiça os frutos da terra e do trabalho do homem. Especialmente neste ano jubilar, o exemplo do Senhor continua a ser para nós um critério urgente de ação e serviço: partilhar o pão, para multiplicar a esperança, proclama o advento do Reino de Deus.

Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte. Este é o mistério da fé, que celebramos no sacramento da Eucaristia. Assim como a fome é sinal da nossa radical indigência de vida, assim também partir o pão é sinal do dom divino de salvação.

Caríssimos, Cristo é a resposta de Deus à fome do homem, porque o seu corpo é o pão da vida eterna: tomai todos e comei! O convite de Jesus abrange a nossa experiência quotidiana: para viver, precisamos nos alimentar da vida, tirando-a das plantas e dos animais. No entanto, comer algo morto lembra-nos que, por mais que comamos, também nós morreremos. Porém, quando nos alimentamos de Jesus, pão vivo e verdadeiro, vivemos por Ele. Oferecendo-se totalmente, o Crucificado Ressuscitado entrega-se a nós, que assim descobrimos que fomos feitos para nos alimentarmos de Deus.

A nossa natureza faminta traz o sinal de uma indigência que é saciada pela graça da Eucaristia. Como escreve Santo Agostinho, Cristo é verdadeiramente «panis qui reficit, et non deficit; panis qui sumi potest, consumi non potest» (Sermo 130, 2): um pão que alimenta e não falta; um pão que se pode comer, mas não se esgota. Com efeito, a Eucaristia é a presença verdadeira, real e substancial do Salvador (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1413), que transforma o pão em si mesmo, para nos transformar n’Ele. O Corpus Domini, vivo e vivificante, torna-nos a nós, isto é, a própria Igreja, corpo do Senhor.

Portanto, segundo as palavras do apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 10, 17), o Concílio Vaticano II ensina que «pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo. Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos» (Const. dogm. Lumen Gentium, 3). A procissão desta solenidade é sinal deste caminho. Juntos, pastores e rebanho, alimentamo-nos do Santíssimo Sacramento, adoramo-lo e levamo-lo pelas ruas. Ao fazê-lo, apresentamo-lo ao olhar, à consciência e ao coração das pessoas: ao coração de quem acredita, para que acredite mais firmemente; ao coração de quem não acredita, para que se interrogue sobre a fome que temos na alma e sobre o pão que a pode saciar.

Restaurados pelo alimento que Deus nos dá, levemos Jesus ao coração de todos, porque Jesus a todos envolve na obra da salvação, convidando cada um a participar da sua mesa. Felizes os convidados, que se tornam testemunhas deste amor!

Homilia do Papa Leão XIV, Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo celebrada na Basílica de São João de Latrão, última quinta-feira, 19

Fonte: Vatican News

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Leão XIV: o treinamento diário do amor constrói um mundo novo

terça-feira, 17 de junho de 2025

Na Solenidade da Santíssima Trindade, no último domingo, 15, o Papa Leão XIV presidiu a missa na Basílica de São Pedro para o Jubileu do Esporte, que, segundo ele, é "um meio precioso de formação cristã", pois ensina a colaboração e valoriza a concretude do estar juntos. Ele recordou "a vida simples e luminosa" de Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será canonizado em 7 de setembro, e Paulo VI sobre a contribuição do esporte para trazer paz e esperança a uma sociedade devastada pela guerra. A missa reuniu 6.500 pessoas.

Na Solenidade da Santíssima Trindade, no último domingo, 15, o Papa Leão XIV presidiu a missa na Basílica de São Pedro para o Jubileu do Esporte, que, segundo ele, é "um meio precioso de formação cristã", pois ensina a colaboração e valoriza a concretude do estar juntos. Ele recordou "a vida simples e luminosa" de Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será canonizado em 7 de setembro, e Paulo VI sobre a contribuição do esporte para trazer paz e esperança a uma sociedade devastada pela guerra. A missa reuniu 6.500 pessoas. "Para Santo Agostinho, a Trindade e a sabedoria estão intimamente ligadas. A sabedoria divina se revela na Santíssima Trindade, e a sabedoria sempre nos conduz à verdade", disse o Pontífice no início de sua homilia.

 

O esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino

De acordo com o Papa, "o binômio Trindade-esporte não é usado com muita frequência, mas a associação não é descabida". “Na verdade, toda boa atividade humana traz em si um reflexo da beleza de Deus, e certamente o esporte está entre elas. Afinal, Deus não é estático, nem está fechado em si mesmo. É comunhão, relação viva entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se abre à humanidade e ao mundo. A teologia denomina essa realidade de pericoresis, ou seja, “dança”: uma dança de amor recíproco.”

"A vida brota deste dinamismo divino", disse ainda o Papa. "Fomos criados por um Deus que se compraz e se alegra em dar a existência às suas criaturas e que “brinca”, como nos recordou a primeira leitura. Alguns padres dizem, com ousadia, que há um Deus ludens, que se diverte. Eis a razão pela qual o esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino: porque exige um movimento do eu para o outro, que é certamente exterior, mas também e sobretudo interior. Sem isso, ele se reduz a uma estéril competição de egoísmos", sublinhou.

Leão XIV citou as palavras de São João Paulo II, que foi, como sabemos, um esportista: "O esporte é alegria de viver, de brincar, de festejar, e como tal deve ser valorizado". Segundo o Papa, o esporte leva o atleta a dar-se, a “jogar-se”.

“Trata-se de dar-se aos outros – para o próprio crescimento, para os torcedores, para os entes queridos, para os treinadores, para os colaboradores, para o público, até mesmo para os adversários – e, sendo verdadeiramente um esportista, isso vale além do resultado.”

 

Um meio precioso de formação humana e cristã

A seguir, Leão XIV destacou três aspectos que tornam o esporte, hoje, "um meio precioso de formação humana e cristã".

"Em primeiro lugar, numa sociedade marcada pela solidão, em que o individualismo exagerado deslocou o centro de gravidade do “nós” para o “eu”, fazendo com que o outro fosse ignorado, o esporte – especialmente quando é praticado em conjunto – ensina o valor da colaboração, do caminhar juntos, daquela partilha que, como já dissemos, está no coração da vida de Deus", disse o Papa, reiterando que desse modo, o esporte "pode tornar-se um instrumento importante de recomposição e de encontro: entre os povos, nas comunidades, nos ambientes escolares e profissionais, nas famílias".

"Em segundo lugar, numa sociedade cada vez mais digital, em que as tecnologias, embora aproximando pessoas distantes, muitas vezes afastam aqueles que estão próximos, o esporte valoriza a concretude do estar juntos, o sentido do corpo, do espaço, do esforço, do tempo real", sublinhou. "Assim, contra a tentação de fugir para mundos virtuais, o esporte ajuda a manter um contato saudável com a natureza e com a vida concreta, único lugar onde é possível exercer o amor", enfatizou o Pontífice.

"Em terceiro lugar, numa sociedade competitiva, onde parece que apenas os fortes e os vencedores merecem viver, o esporte também ensina a perder, colocando o homem frente a frente, na arte da derrota, com uma das verdades mais profundas da sua condição: a fragilidade, o limite, a imperfeição", sublinhou Leão XIV. "Isto é importante, porque é a partir da experiência dessa fragilidade que nos abrimos à esperança. O atleta que nunca erra, que nunca perde, não existe. Os campeões não são máquinas infalíveis, mas homens e mulheres que, mesmo derrotados, encontram a coragem para se reerguer", reiterou.

 

O papel do esporte na vida dos santos do nosso tempo

O Papa recordou que "o esporte teve um papel significativo na vida de muitos santos do nosso tempo, tanto como prática pessoal quanto como meio de evangelização". “Pensemos no Beato Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será proclamado santo no próximo dia 7 de setembro. A sua vida, simples e luminosa, recorda-nos que assim como ninguém nasce campeão, ninguém nasce santo. É o treinamento diário do amor que nos aproxima da vitória definitiva e nos torna capazes de trabalhar para construção de um mundo novo.”

 

A Igreja confia aos esportistas uma missão

O Pontífice lembrou São Paulo VI, "que 20 anos após o fim da II Guerra Mundial, recordava aos membros de uma associação esportiva católica o quanto o esporte tinha contribuído para trazer de volta a paz e a esperança a uma sociedade devastada pelas consequências da guerra".

“Queridos esportistas, a Igreja confia a vocês uma missão maravilhosa: ser reflexo do amor de Deus Trino em suas atividades, pelo bem de vocês e pelo bem dos irmãos. Deixem-se envolver com entusiasmo por esta missão: como atletas, como formadores, como sociedade, como grupos, como famílias.” Leão XIV referiu-se à Mãe de Jesus, tão discreta, mas tão cheia de solicitude, de dinamismo, que “corre” para Deus e para os outros, como o Papa Francisco gostava de recordar.

O Papa concluiu, convidando a pedir a Maria que "acompanhe as nossas iniciativas e os nossos esforços, orientando-os sempre para o melhor, até à vitória definitiva: a da eternidade, o 'campo infinito' onde o jogo não terá fim e a alegria será plena".

 

Fonte: Vatican News

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Sinodalidade é caminho “fora do qual tudo murcha”

terça-feira, 10 de junho de 2025

 

“Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos. ‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência. É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo”, disse o Papa Leão XIV.

Jubileu 2025, Vigília de Pentecostes com os movimentos eclesiais, as associações e as novas comunidades: o Papa, na véspera de completar um mês da sua eleição para a cátedra de Pedro, destacou o tema da sinodalidade.

 

Caminho para reconhecer a dívida e o tesouro

 

“Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos. ‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência. É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo”, disse o Papa Leão XIV.

Jubileu 2025, Vigília de Pentecostes com os movimentos eclesiais, as associações e as novas comunidades: o Papa, na véspera de completar um mês da sua eleição para a cátedra de Pedro, destacou o tema da sinodalidade.

 

Caminho para reconhecer a dívida e o tesouro

Com a força do Espírito Santo, no último sábado, 7, o Santo Padre afirmou que sinodalidade é o nome eclesial para a consciência de que Deus criou o mundo para estarmos juntos.

“Deus criou o mundo para que pudéssemos estar juntos. ‘Sinodalidade’ é o nome eclesial desta consciência. É o caminho que exige que cada um reconheça a sua dívida e o seu tesouro, sentindo-se parte de um todo, fora do qual tudo murcha, mesmo o mais original dos carismas”, afirmou o Papa. Em sua homilia, Leão XIV lembrou o “Espírito criador” invocado no cântico da Vigília. O Espírito Santo que é “o protagonista silencioso” da missão de Jesus.

“Nesta vigília de Pentecostes, estamos profundamente envolvidos na proximidade de Deus, pelo seu Espírito que une as nossas histórias com a de Jesus. Isto é, estamos envolvidos nas coisas novas que Deus faz, para que a sua vontade de vida se realize e prevaleça sobre os desejos de morte”, disse.  No Pentecostes há um “Espírito de unidade” que envolve “Maria, os apóstolos, as discípulas e os discípulos”.

“No Pentecostes, Maria, os Apóstolos, as discípulas e os discípulos que estavam com eles foram investidos de um Espírito de unidade, que enraizou para sempre as suas diversidades no único Senhor Jesus Cristo. Não muitas missões, mas uma única missão. Não introvertidos e conflituosos, mas extrovertidos e luminosos. Esta Praça de S. Pedro, que é como um abraço aberto e acolhedor, expressa de modo magnífico a comunhão da Igreja, vivida por cada um de vós nas diversas experiências associativas e comunitárias, muitas das quais representam frutos do Concílio Vaticano II, sublinhou.

 

Com o Espírito um povo em movimento

O Papa Leão recordou a tarde da sua eleição, em 8 de maio, quando olhou para a multidão na Praça de S. Pedro e sentiu a emoção de ver o povo de Deus ali reunido. “Lembrei-me da palavra ‘sinodalidade’, que expressa muito bem o modo como o Espírito molda a Igreja”, revelou o Papa.

"Na tarde da minha eleição, olhando com emoção para o povo de Deus aqui reunido, lembrei-me da palavra ‘sinodalidade’, que expressa muito bem o modo como o Espírito molda a Igreja. Nessa palavra, ressoa o syn – o “com” – que constitui o segredo da vida de Deus. Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e Espírito Santo – e é Deus conosco. Ao mesmo tempo, sinodalidade recorda-nos o caminho – odós – porque onde está o Espírito, há movimento, há caminho. Somos um povo em caminho”, declarou o Santo Padre.

Um povo que caminha em conjunto, mas “num mundo dilacerado e sem paz”, lembrou o Papa. Mas é aí que o Espírito Santo nos educa verdadeiramente a caminhar juntos. O Santo Padre lançou o desafio de não sermos predadores, mas peregrinos “harmonizando os nossos passos com os passos dos outros”.

“Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os passos dos outros. Não consumindo o mundo com voracidade, mas cultivando e cuidando dele, como nos ensina a Encíclica ‘Laudato Si’”, salientou o Santo Padre. Precisamente, citando o texto da Encíclica “Laudato Sí”, o Papa Leão afirmou que a “história toma forma somente na modalidade do reunir-se, do viver juntos”.

“O Espírito de Jesus muda o mundo porque muda os corações”, referiu o Papa acrescentando que o Espírito Santo “inspira, realmente, aquela dimensão contemplativa da vida que rejeita a autoafirmação, a murmuração, o espírito de contenda, o domínio das consciências e dos recursos”. O Santo Padre apontou ainda que a liberdade está onde está o “Espírito do Senhor”. “Onde isso acontece há alegria e esperança”, afirmou.

O Papa Leão assinalou que promover a evangelização é percorrer o caminho das bem-aventuranças, “uma estrada que percorremos juntos”, “famintos e sedentos de justiça, pobres de espírito, misericordiosos, mansos, puros de coração, construtores da paz”, disse o Papa. Na conclusão da sua reflexão na Vigília de Pentecostes, o Papa reforçou a importância sinodal da obediência ao Espírito como certeza de futuro.

“Os desafios que a humanidade enfrenta serão menos assustadores, o futuro menos sombrio e o discernimento menos difícil, se juntos obedecermos ao Espírito Santo!”, concluiu o Santo Padre.

 

Fazer redes para não sermos solitários

Na manhã de domingo, 8, o Papa Leão XIV celebrou Missa na Praça de S. Pedro e lembrou que o Espírito Santo abre fronteiras dentro de nós para que orientemos a nossa vida para o amor. Para que a presença de Deus desfaça a nossa dureza de coração, o nosso fechamento, egoísmo e “medos que nos bloqueiam”. Em suma, o Espírito Santo desafia o nosso individualismo para que não sejamos “viajantes perdidos e solitários”.

“O Espírito Santo vem para desafiar, em nós, o risco de uma vida que se atrofia, sugada pelo individualismo. É triste observar como num mundo onde se multiplicam as oportunidades de socialização, corremos o risco de ser paradoxalmente mais solitários, sempre conectados, mas incapazes de ‘fazer redes’, sempre imersos na multidão, mas permanecendo viajantes perdidos e solitários”, declarou o Papa.

Na sua homilia, o Santo Padre lembrou que o Espírito Santo “alarga as fronteiras” das relações, abrindo à fraternidade, que “é um critério decisivo também para a Igreja”. Para que não haja divisões, mas diálogo e acolhimento na diversidade.

“O Espírito alarga as fronteiras das nossas relações com os outros e nos abre à alegria da fraternidade. E esse é um critério decisivo também para a Igreja: só somos verdadeiramente a Igreja do Ressuscitado e discípulos de Pentecostes se entre nós não houver fronteiras nem divisões, se na Igreja soubermos dialogar e acolher-nos mutuamente, integrando as nossas diversidades, e se, como Igreja, nos tornarmos um espaço acolhedor e hospitaleiro para todos”, afirmou o Papa.

Recordemos que sobre o processo sinodal que está em fase de aplicação, foi publicada uma carta no último dia 15 de março pela Secretaria Geral do Sínodo, aprovada pelo Papa Francisco, que propõe um “processo de consolidação do caminho já percorrido” entre 2021 e 2024. Um documento, que vem no seguimento da publicação das conclusões do Sínodo em outubro de 2024 e que propõe um trabalho a iniciar em 2025 nas igrejas locais e com uma conclusão em Assembleia Eclesial em Roma em 2028.

Laudetur Iesus Christus.

Fonte: Vatican News

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Papa Leão XIV: caminhar com as famílias e ajudá-las a encontrar a fé

terça-feira, 03 de junho de 2025

Numa mensagem enviada a um seminário promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Leão XIV convida as pessoas a se tornarem “pescadores de famílias” a fim de oferecer-lhes um encontro com a ternura de Deus: a graça do matrimônio deve ser testemunhada àqueles que escolhem a convivência, lembrando-lhes que a vida cristã é uma experiência de encontro e não apenas um conjunto rigoroso de preceitos a serem respeitados. (Mariangela Jaguraba - Vatican News)

Numa mensagem enviada a um seminário promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, Leão XIV convida as pessoas a se tornarem “pescadores de famílias” a fim de oferecer-lhes um encontro com a ternura de Deus: a graça do matrimônio deve ser testemunhada àqueles que escolhem a convivência, lembrando-lhes que a vida cristã é uma experiência de encontro e não apenas um conjunto rigoroso de preceitos a serem respeitados. (Mariangela Jaguraba - Vatican News)

O Papa Leão XIV enviou uma mensagem aos participantes do seminário intitulado "Evangelizar com as famílias de hoje e de amanhã. Desafios eclesiológicos e pastorais", que teve início, nesta segunda-feira, 2, na sede do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, organizador do evento, situada no bairro Trastevere, em Roma. O encontro prossegue até esta terça-feira, 3.

Um evento promovido logo após o Jubileu das Famílias, das Crianças, dos Avós e dos Idosos em que um grupo de especialistas reflete sobre um tema que "expressa bem a preocupação maternal da Igreja com as famílias cristãs presentes em todo o mundo: membros vivos do Corpo Místico de Cristo e o primeiro núcleo eclesial ao qual o Senhor confia a transmissão da fé e do Evangelho, especialmente às novas gerações" escreve o Papa. "A profunda questão do infinito, inscrita no coração de cada homem, confere aos pais e mães de família a tarefa de conscientizar seus filhos sobre a Paternidade de Deus", ressalta Leão XIV, "segundo o que escreveu Santo Agostinho" nas Confissões: “Assim como em Ti temos a fonte da vida, assim também na Tua luz veremos a luz”.

Busca pela espiritualidade

De acordo com o Papa, "o nosso tempo é marcado por uma crescente busca pela espiritualidade, especialmente entre os jovens, que desejam relações autênticas e mestres de vida. Por isso, é importante que a comunidade cristã saiba lançar um olhar distante, tornando-se guardiã, diante dos desafios do mundo, do anseio de fé que habita o coração de cada um".

Segundo Leão XIV, "é particularmente urgente, neste esforço, dedicar especial atenção às famílias que, por vários motivos, estão espiritualmente mais distantes: aquelas que não se sentem envolvidas, que dizem não estar interessadas, ou que se sentem excluídas dos percursos comuns, mas que, no entanto, gostariam de ser de alguma forma parte de uma comunidade, na qual crescer e com a qual caminhar". "Quantas pessoas, hoje, ignoram o convite para encontrar Deus", ressalta.

Modelos ilusórios de vida

"Infelizmente, diante dessa necessidade, uma “privatização” cada vez mais difundida da fé impede, muitas vezes, esses irmãos e irmãs de conhecer a riqueza e os dons da Igreja, lugar de graça, fraternidade e amor", escreve ainda o Papa, ressaltando que "muitos acabam se apoiando em falsos apoios que, não suportando o peso de suas necessidades mais profundas, os fazem deslizar novamente, distanciando-os de Deus e fazendo-os naufragar num mar de solicitações mundanas".

Entre eles, encontram-se pais e mães, crianças, jovens e adolescentes, por vezes alienados por modelos ilusórios de vida, onde não há espaço para a fé, para cuja difusão contribui, em grande medida, o uso distorcido de meios potencialmente bons em si mesmos, como as redes sociais, mas nocivos quando transformados em veículos de mensagens enganosas.

Segundo o Papa, "o que move a Igreja em seu esforço pastoral e missionário é o desejo de ir 'pescar' esta humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte através do encontro com Cristo".

Compreender a beleza da vocação ao amor

A seguir, o Pontífice ressalta que os jovens que hoje "escolhem a convivência em vez do matrimônio cristão", talvez "precisem de alguém que lhes mostre de maneira concreta e compreensível, sobretudo com o exemplo de vida, o que é o dom da graça sacramental e qual a força que dela provém". Alguém "que os ajude a compreender “a beleza e a grandeza da vocação ao amor e ao serviço da vida” que Deus concede aos esposos".

Leão XIV recorda que "muitos pais, na educação dos filhos na fé, precisam de comunidades que os apoiem na criação de condições para que possam encontrar Jesus (lugares onde se realiza a comunhão de amor que encontra a sua fonte última no próprio Deus)". "A fé é, primeiramente, uma resposta a um olhar de amor, e o maior erro que podemos cometer como cristãos é, nas palavras de Santo Agostinho, “pretender que a graça de Cristo consista no seu exemplo e não no dom da sua pessoa".

Quantas vezes, num passado talvez não tão distante, esquecemos esta verdade e apresentamos a vida cristã principalmente como um conjunto de preceitos a serem respeitados, substituindo a experiência maravilhosa do encontro com Jesus, Deus que se doa a nós, por uma religião moralista, pesada, pouco atraente e, de certa forma, inviável na concretude da vida quotidiana.

Tornando-se "pescadores de famílias"

Segundo o Papa, "neste contexto, cabe antes de tudo aos bispos, lançar a rede ao mar, tornando-se “pescadores de famílias”. Os leigos são chamados a se comprometerem nesta missão, tornando-se, junto com os ministros ordenados, “pescadores” de casais, de jovens, crianças, mulheres e homens de todas as idades e condições, para que todos possam encontrar Aquele que é o único que pode salvar. De fato, cada um de nós, no Batismo, é constituído Sacerdote, Rei e Profeta para os irmãos, e se torna “pedra viva” para a construção do edifício de Deus".

Leão XIV convida a entender como "caminhar com essas famílias e como ajudá-las a encontrar a fé, tornando-se “pescadores” de outras famílias", famílias "feridas de muitas maneiras", a "se abrir, quando necessário, a novos critérios de avaliação e a diferentes modos de agir, porque cada geração é diferente da outra e apresenta os seus desafios, sonhos e interrogações". "Mas, em meio a tantas mudanças, Jesus Cristo permanece “o mesmo ontem, hoje e sempre”. Portanto, se queremos ajudar as famílias a viverem caminhos alegres de comunhão e a serem sementes de fé umas para as outras, é necessário que, antes de tudo, cultivemos e renovemos a nossa identidade de fiéis", conclui o Papa.

Fonte: Vatican News

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Dez anos de “Laudato Si”: a urgente atualidade dos apelos pelo cuidado da casa comum

terça-feira, 27 de maio de 2025

Há uma década o Papa Francisco presenteava o mundo com a carta encíclica Laudato Si’, um documento que se tornou referência moral, espiritual e ambiental para líderes, instituições e cidadãos preocupados com o futuro do planeta. Promulgada em 24 de maio de 2015, a Encíclica permanece atual e necessária, como afirma o arcebispo de Belo Horizonte-MG, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em recente artigo que reforça a urgência dos apelos lançados pelo pontífice.

Há uma década o Papa Francisco presenteava o mundo com a carta encíclica Laudato Si’, um documento que se tornou referência moral, espiritual e ambiental para líderes, instituições e cidadãos preocupados com o futuro do planeta. Promulgada em 24 de maio de 2015, a Encíclica permanece atual e necessária, como afirma o arcebispo de Belo Horizonte-MG, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, em recente artigo que reforça a urgência dos apelos lançados pelo pontífice.

Intitulada “Sobre o cuidado da casa comum”Laudato Si’ é uma exortação ao compromisso ético e coletivo com a ecologia integral – um conceito que transcende a visão ambientalista tradicional ao conectar questões ambientais, sociais, econômicas e espirituais. “Apesar de promessas e acordos, ainda prevalece o interesse por lucros egoístas”, alerta Dom Walmor, destacando a resistência de governos e setores econômicos em adotar mudanças profundas nos modelos de produção e consumo.

Segundo o arcebispo, a encíclica se manteve viva nesses dez anos por insistir na conversão ecológica e na responsabilidade cidadã. “O cuidado com a criação deve ser uma atuação de cada pessoa e todas as instituições. É também uma interpelação à prática da fé”, reforça. Para ele, a negação da crise ecológica por parte de grupos poderosos é acompanhada por uma confiança cega nas soluções meramente técnicas, desconsiderando as dimensões éticas e espirituais do problema.

Entre os desafios apontados está a necessidade de um longo e contínuo processo educativo, ainda travado por interesses corporativos e visões limitadas. Dom Walmor cita, como exemplo, o projeto Junho Verde, iniciativa de motivação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que enfrenta dificuldades para ganhar força apesar de seu potencial transformador. O objetivo da campanha é mobilizar a sociedade para repensar estilos de vida e práticas econômicas em consonância com os valores da Laudato Si’.

O arcebispo também critica a incoerência de muitos cristãos que, embora celebrem a beleza da criação divina, não repudiam práticas destrutivas como o extrativismo predatório. “A omissão diante da urgência ambiental ameaça o bem comum e nos afasta do desenvolvimento humano sustentável”, afirma. Para ele, a ecologia integral propõe uma nova lógica de vida e de organização social que corrige desigualdades, discriminações e exclusões.

A mensagem da encíclica, segundo Dom Walmor, não se limita a uma convocação ambiental, mas representa um chamado à fraternidade universal. “O meio ambiente é um bem coletivo, responsabilidade de todos, e a propriedade privada deve cumprir sua função social”, relembra, ecoando os princípios sociais da Igreja.

Ao celebrar os dez anos da Laudato Si’, o arcebispo propõe um novo ciclo de reflexão e ação, com foco na educação ambiental e na formação de consciências críticas. “Só assim poderemos trilhar um caminho mais sustentável, justo e solidário”, conclui.

Fonte CNBB

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Leão XIV inicia seu ministério

terça-feira, 20 de maio de 2025

“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria”, disse Leão XIV na missa de início do seu pontificado. O Santo Padre expressou o desejo de uma Igreja unida, que seja fermento para um mundo reconciliado. E se emocionou ao receber o Anel do Pescador.

“Esta é a hora do amor!”

“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria”, disse Leão XIV na missa de início do seu pontificado. O Santo Padre expressou o desejo de uma Igreja unida, que seja fermento para um mundo reconciliado. E se emocionou ao receber o Anel do Pescador.

“Esta é a hora do amor!”

O Papa Leão XIV presidiu à Santa Missa de início do seu ministério petrino numa Praça São Pedro lotada de fiéis e autoridades civis e religiosas. Antes da cerimônia, o Pontífice passou de papamóvel, pela primeira vez, por entre as 200 mil pessoas que se aglomeraram também na “Via della Conciliazione”, que dá acesso à Praça.

A solene cerimônia teve início dentro da Basílica Vaticana, em oração diante do túmulo do Apóstolo São Pedro, junto com os patriarcas das Igrejas Orientais. De lá, o Evangeliário, o Pálio e o Anel do Pescador foram levados em procissão para o altar no adro da Praça São Pedro, enquanto o coro entoava a ladainha de todos os santos.

Após a proclamação do Evangelho, três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) aproximaram-se de Leão XIV para o momento das insígnias episcopais “petrinas”: o card. Mario Zenari impôs-lhe o Pálio e o card. Luis Antonio Tagle entregou-lhe o Anel do Pescador, num dos momentos mais tocantes da missa, com o Papa contendo a emoção.

A cerimônia prosseguiu com o rito simbólico de “obediência”, prestado ao Papa por 12 representantes de todas as categorias do Povo de Deus, provenientes de várias partes do mundo, entre eles, o cardeal brasileiro Jaime Spengler. Na sequência, o Pontífice pronunciou a sua homilia.

"Fui escolhido sem qualquer mérito"

Leão XIV saudou a todos “com o coração cheio de gratidão” e uma das frases mais célebres de Santo Agostinho: «Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós» (Confissões, 1,1.1). O Santo Padre recordou os últimos dias, vividos de maneira intensa com a morte do Papa Francisco, “que nos deixou «como ovelhas sem pastor»”.

À luz da ressurreição, enfrentamos este momento e o Colégio Cardinalício reuniu-se para o Conclave para eleger o novo sucessor de Pedro, “chamado a guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.

“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família.”

Nunca ceder à tentação de ser um líder solitário e acima dos outros Leão XIV ressaltou as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro: amor e unidade. Jesus recebeu do Pai a missão de “pescar” a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Esta missão permanece ainda hoje, de lançar sempre e novamente a rede e navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus.

Essa tarefa é possível porque Pedro experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. A Pedro, portanto, é confiada a tarefa de «amar mais» e dar a sua vida pelo rebanho.

“O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas se trata sempre e apenas de amar como fez Jesus.”

Para isso, Pedro e seus sucessores devem apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas pelo contrário, deve servir a fé dos irmãos, caminhando com eles.

“Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado.”

Olhar para Cristo!

No nosso tempo, acrescentou o Santo Padre, ainda vemos demasiada discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres.

“E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhem para Cristo! Aproximem-se Dele! Acolham a sua Palavra que ilumina e consola! Escutem a sua proposta de amor para se tornar a sua única família. No único Cristo somos um.”

Este é o espírito missionário que deve nos animar, acrescentou Leão XIV, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo. “Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor!”, concluiu o Papa, exortando a construir uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo e anuncia a Palavra.

“Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros.”

Fonte: Vatican News

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Cristo vive! Francisco vive!

terça-feira, 13 de maio de 2025

Um homem da estatura do Papa do amor aos pobres, da brandura e perfume do servo humilde como o Cristo, não morre. Não se esfumaça no rasteiro ritmo da mundanidade passageira. Sua presença marcante e autêntica é um timbre luminoso para além da morte.

Um homem da estatura do Papa do amor aos pobres, da brandura e perfume do servo humilde como o Cristo, não morre. Não se esfumaça no rasteiro ritmo da mundanidade passageira. Sua presença marcante e autêntica é um timbre luminoso para além da morte. Seu sorriso é um portal permanente para uma Igreja ressuscitada na sua origem fundacional: o abraço misericordioso de Jesus, acolhendo a todos com o carinho dialogal, com o olhar paternal, o acompanhamento fraterno e a integração e reintegração amorosa de todos os descartados, marginalizados, injustiçados e desfigurados pela destruição de sua dignidade. Francisco vive!

Mergulhado na Páscoa do próprio Redentor, doou-se até o fim, entregando as últimas energias que lhe restavam, consciente da importância de sua presença como Pastor maior, na coerência com tudo que sempre ensinou e viveu: a proximidade. O calor do encontro pessoal, expressão do Deus feito homem para estar perto de nós, ouvindo-nos, compreendendo-nos, iluminando-nos, doando-se até a morte, na cruz do último gesto quase sem fôlego, fazendo do fim o novo começo pascal - a mensagem inequívoca do amor fecundo. O amor mais forte do que a morte.

Num luto silencioso e respeitoso de sua partida, de sua Páscoa definitiva, mergulhada na Páscoa do Cristo Ressuscitado, na segunda da oitava da Ressurreição do Senhor, Francisco revive em sua Igreja exuberante em comunhão, organização e espiritualidade missionária a prover o seu funeral e sepultamento, a planejar sua despedida dentre nós, mas também a continuidade do seu legado solidário e amoroso, nas congregações gerais dos cardeais, partilhando e discernindo a identidade do novo Papa diante das exigências do nosso tempo e os desafios do mundo atual, para uma missão pastoral mais eficaz e frutuosa.

Num testemunho de oração, unidade, fé e dedicação em todos os momentos, a Igreja na sua beleza de tradição simbólica litúrgica, espiritual e pastoral, atraiu o mundo inteiro para o seu coração, a Cátedra garantidora de sua perpetuidade forte e fiel, na graça do Cristo que disse ao apóstolo Pedro: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. E as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus. O que ligares na terra será ligado nos céus. O que desligares na terra, será desligado nos céus." (Mateus 16,18s). O sucessor de Pedro, eleito por seus irmãos cardeais que, iluminados pelo Espírito Santo, escolhem para o imenso rebanho o Vigário de Cristo. 

A tradição e o progresso aliados, como deve ser, no equilíbrio de uma rica realidade, o simbólico comunional existencial, histórico. A tradição sem progresso é uma bitolação que se autoestrangula na autorreferencialidade, fadada ao isolamento, à estagnação e à incomunicabilidade. Está no bojo da tradição a sua permanência e transmissão no progresso comunicativo, mantendo a essência de sua mensagem, a substância do significado, inculturando os meios e linguagens. O progresso sem a tradição também é um processo sem rosto, inautêntico, o sofisma de um filho sem pai, que nega suas raízes, inexiste simplesmente. Cai num relativismo sem nexo nem horizontes, desfigurador da identidade, fadado ao niilismo, ao vazio de sentido.

Assim, a multidão de milhares em torno da Praça da Basílica de São Pedro, voltados atentos para um símbolo tradicional, uma chaminé montada no teto da Capela Sistina, onde acontece o conclave, multiplicada em milhões, certamente bilhões, pela mais progressista e avançada tecnologia dos  satélites, internet, computadores, televisores, celulares de todo o mundo, não para ver a fumaça preta ou branca, mas o que ela significa: aguardar e esperar  juntos , numa expressão coletiva de fé cristã, religiosa ou pelo menos de um sentimento de união  e boa vontade na busca pela paz, pela justiça, pela fraternidade universal, um Bom Pastor, um líder, um homem que congregue as nações nesta construção de pontes, de diálogo, de encontros verdadeiramente humanos, na preservação da Casa comum, na defesa da vida e da dignidade humana, na superação das guerras e dos conflitos, das injustiças e miséria, na prática do amor fraterno e da solidariedade entre os povos, no exercício do perdão, do acolhimento e da aproximação de todos do amor libertador e salvador de Deus.

Tudo o que Francisco expressou, pregou, escreveu e realizou, vivendo, até o último suspiro, a simplicidade e humildade de Cristo, um imenso amor ao próximo, aberto a todos, como o coração misericordioso de Jesus, num abraço universal, sem condenar, nem excluir, dialogando com todos, das ciências e culturas,  das realidades políticas, sociais e econômicas, das outras denominações cristãs e religiões, com todas as pessoas mesmo sem definição de fé, em todos os cantos do mundo, abrindo caminhos e possibilidades pastorais, com evangelização abrangente de uma Igreja em saída e indissociável por essência da promoção humana e da caridade social.

E a fumaça branca saiu, no segundo dia de votações no conclave. A alegria coletiva no calor da espera comum, repleta de oração, emoção, gratidão a Deus, preocupação com os rumos da Igreja, acalentada pela confiança e certeza de que é o Senhor que conduz e dirige a Sua Messe. E a resposta veio dos céus, a par de todas as listas, apostas e avaliações das racionalizações humanas, às quais a Sabedoria eterna não se aprisiona, nem poderia.  HABEMUS PAPAM! O anúncio de um grande gáudio pelo Cardeal Protodiácono da sacada da Basílica. O Cardeal Robert Francis Prevost , denominado agora Leão XIV, o novo Pastor e Guia de toda a Igreja para a glória de Deus e salvação e paz entre os homens. Tem no seu lema a unidade de todos em Cristo.

Relembra Leão XIII, o grande impulsionador da Doutrina Social da Igreja, com a encíclica Rerum Novarum (1891) que defendia e estruturava os direitos dos trabalhadores, operários das fábricas, contra a exploração do capitalismo industrial selvagem e desumano (liberalismo), rejeitando também o comunismo (coletivismo) que queria igualar todos por baixo, pela miséria, suprimindo direitos e que se apresentava como solução. Com isto acena, com certeza, dizendo para a polarização atual, não muito diferente, entre capitalismo egoísta explorador e comunismo reducionista e cerceador, que a Igreja não abençoa e nem segue nenhuma das duas ideologias desfiguradoras da dignidade humana. Mas tem a sua própria Doutrina e Magistério social, fundamentados na Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, no Direito e na Justiça natural e social, à luz do Evangelho de Cristo, que promove a pessoa na sua liberdade, responsabilidade, consciência e protagonismo de sua própria vida, na busca do bem comum, na partilha justa dos bens da natureza e  da renda, numa construção comum de uma sociedade de paz e desenvolvimento do homem todo e de todos os homens e povos, rumo à salvação eterna. Nisto, com toda a certeza, vai concentrar os esforços na unidade da Igreja, iluminado e fortalecido pela graça de Deus. No essencial, unidade; no não essencial, liberdade e em tudo a caridade, conforme a inspiração do grande teólogo, Doutor da Graça, Santo Agostinho.

Ecoam em Leão XIV os gestos, o olhar acolhedores de Francisco, a simplicidade e ternura no silêncio, no sorriso e nos gestos de comunicação próxima e fraterna. O afeto e comoção de comunhão e sensibilidade. E a serenidade e firmeza de quem sabe para o que foi chamado, o que já pautava o Papa anterior, como também outros papas. Tudo expresso na sua primeira apresentação e palavra em frente á multidão da praça e do mundo e que já expusemos. Um norte americano de nascimento, mas de experiência latino americana na pastoral com os mais pobres como missionário, padre e bispo no Peru, com cidadania também peruana. Um religioso agostiniano que tem a maturidade de um Provincial, Pastor geral dos confrades , numa experiência universal.

Um cardeal, membro de diversos dicastérios da Cúria Romana, colaborador direto do Papa Francisco, ultimamente como Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, com um conhecimento e visão vastos dos trabalhos de serviço á Igreja mundial , no espírito de sinodalidade resgatado e implementado pelo Papa Francisco como método e estilo essencialmente eclesial.. Por tudo, glória a Deus, graças a Deus!

Cristo vive, ressuscitado em Sua Igreja! Pedro vive falando a todo o mundo a mensagem da salvação! Francisco vive!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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O último presente do Francisco a Gaza

terça-feira, 06 de maio de 2025

O saudoso pontífice, Papa Francisco, que fez sua páscoa eterna no último dia 21 de abril, pediu que seu papamóvel fosse transformado em uma clínica para atendimento de emergência às crianças da Faixa de Gaza. A Cáritas Jerusalém: "Não é apenas um veículo, mas a proximidade do Papa com os mais vulneráveis"

O saudoso pontífice, Papa Francisco, que fez sua páscoa eterna no último dia 21 de abril, pediu que seu papamóvel fosse transformado em uma clínica para atendimento de emergência às crianças da Faixa de Gaza. A Cáritas Jerusalém: "Não é apenas um veículo, mas a proximidade do Papa com os mais vulneráveis"

O legado de paz do Papa Francisco continua a reluzir em meio a um mundo repleto de conflitos. A proximidade que ele demonstrou aos mais vulneráveis durante sua missão terrena continua a irradiar também após sua morte, e esta última surpresa não é exceção: seu papamóvel, o mesmo veículo com o qual ele saudou e se aproximou de milhões de fiéis em todo o mundo, está sendo transformado em uma unidade móvel de saúde para as crianças de Gaza.

Um último desejo

Foi seu último desejo para as pessoas às quais demonstrou tanta solidariedade ao longo de seu Pontificado, especialmente nos últimos anos. E em seus últimos meses de vida, o Papa confiou a iniciativa à Cáritas Jerusalém, procurando assim responder à terrível crise humanitária na Faixa de Gaza, onde quase um milhão de crianças está deslocada.

Em meio a uma guerra devastadora, infraestruturas em colapso, um sistema de saúde debilitado e a falta de instrução, as crianças são as primeiras a pagar o preço, com a fome, infecções e outras condições de saúde precárias colocando suas vidas em risco.

O Papa Francisco costumava dizer que "crianças não são números. São rostos. Nomes. Histórias. E cada uma delas é sagrada". E com este último presente, suas palavras se tornaram ação.

No papamóvel foram instalados equipamentos para diagnósticos, exames e tratamento de patologias, incluindo testes rápidos de infecção, instrumentos para diagnosticar enfermidades, vacinas, kits de sutura e outros suprimentos vitais. Também contará com médicos e profissionais de saúde e – assim que o acesso humanitário à Faixa de Gaza for restabelecido – chegará às crianças nos ângulos mais isolados de Gaza.

Em um comunicado à imprensa, Peter Brune, secretário-geral da Cáritas Suécia, escreveu que "com o veículo, poderemos chegar às crianças que hoje não têm acesso a cuidados de saúde, às crianças feridas e desnutridas". "Esta é uma intervenção concreta e que salva vidas em um momento em que o sistema de saúde de Gaza entrou em colapso quase total", acrescentou.

Um convite para não esquecer

Cáritas Jerusalém, que há tempos atende comunidades em Gaza em condições difíceis, está liderando os esforços em campo. Com mais de 100 agentes engajados na prestação de cuidados de saúde, a organização agora está operando a partir do legado de compaixão e força do Papa, levando sua bênção final ao povo de Gaza. "Este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade de Sua Santidade aos mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise", disse Anton Asfar, secretário-geral da Cáritas Jerusalém.

O veículo parece ter sido cuidadosamente adaptado às necessidades dos mais necessitados. Mas "não é apenas um veículo", concluiu Brune. "É uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças de Gaza." E é também um convite: para que o resto do mundo também se lembre delas.

Fonte: Vaticans News

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Conclave: a eleição do novo papa

terça-feira, 29 de abril de 2025

“Extra omnes”. A histórica fórmula em latim que marca o início do fechamento à chave da Capela Sistina será pronunciada pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias na próxima quarta-feira, 7, de maio. Esse será o dia de início do conclave. A data foi definida na manhã desta segunda-feira, 28, pelos cerca de 180 cardeais presentes (pouco mais de 100 eleitores) reunidos na quinta Congregação Geral no Vaticano.

“Extra omnes”. A histórica fórmula em latim que marca o início do fechamento à chave da Capela Sistina será pronunciada pelo mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias na próxima quarta-feira, 7, de maio. Esse será o dia de início do conclave. A data foi definida na manhã desta segunda-feira, 28, pelos cerca de 180 cardeais presentes (pouco mais de 100 eleitores) reunidos na quinta Congregação Geral no Vaticano.

“Extra omnes”, portanto. “Fora todos” aqueles que não são admitidos na reunião dos cardeais convocados para eleger o próximo Pontífice da Igreja universal. Os purpurados eleitores, com menos de 80 anos de idade, ficarão isolados do resto do mundo dentro da Capela Sistina até a fumaça branca e o “Habemus Papam”, a outra famosa fórmula latina pronunciada da Loggia delle Benedizioni pelo cardeal protodiácono para anunciar ao mundo a escolha do novo Papa.

Não há previsão de conclusão, naturalmente, e entre os próprios cardeais eleitores há aqueles que esperam um Conclave curto, considerando também o Jubileu em andamento, e aqueles que, ao contrário, preveem tempos mais longos para permitir que os cardeais “se conheçam melhor”, tendo Francisco, em seus dez consistórios, agregado ao Colégio Cardinalício purpurados de todos os cantos do globo.

As normas da Universi Dominici Gregis

O cronograma para o início do Conclave é estabelecido pelas normas da constituição apostólica de João Paulo II, Universi Dominici Gregis, atualizada por Bento XVI com o Motu Proprio de 11 de junho de 2007 e com a mais recente de 22 de fevereiro de 2013. De acordo com a Constituição, o Conclave – do latim cum clave, que significa fechado à chave – começa entre o 15º e o 20º dia após a morte do Papa, depois dos Novendiali, os nove dias de celebrações em sufrágio do Pontífice falecido. Mais detalhadamente, a partir do momento em que a Sé Apostólica é legitimamente vacante, os cardeais eleitores presentes devem esperar 15 dias completos pelos ausentes, até um máximo de 20 dias, se houver motivos sérios. O Motu Proprio Normas nonnullas, além disso, dá ao Colégio de Cardeais a faculdade de antecipar o início do Conclave se todos os eleitores estiverem presentes.

Cardeais das partes mais distantes do mundo ainda são esperados em Roma nestes dias. Na Cidade Eterna, eles serão hospedados na Casa Santa Marta, a Domus do Vaticano onde Francisco decidiu morar, renunciando ao apartamento papal.

A missa “pro eligendo Pontifice” e a procissão para a Sistina

Na manhã da próxima quarta-feira, 7 de maio, todos concelebrarão a solene missa “pro eligendo Pontifice”, a celebração eucarística presidida pelo decano do Colégio Cardinalício, que convidará os irmãos a se dirigirem à Sistina à tarde com estas palavras: “toda a Igreja, unida a nós na oração, invoca constantemente a graça do Espírito Santo, para que seja eleito por nós um digno Pastor de todo o rebanho de Cristo”.

Dali, então, a evocativa procissão até a Capela Sistina, dentro da qual os cardeais entoarão o hino Veni, creator Spiritus e farão o juramento. Será necessária uma maioria qualificada de dois terços para eleger o Papa. Haverá quatro votações por dia, duas pela manhã e duas à tarde, e após a 33ª ou 34ª votação, no entanto, haverá um segundo turno direto e obrigatório entre os dois cardeais que receberam mais votos na última votação. Mesmo nesse caso, no entanto, sempre será necessária uma maioria de dois terços. Os dois cardeais restantes não poderão participar ativamente da votação. Se os votos para um candidato atingirem dois terços dos eleitores, a eleição do Papa será canonicamente válida.

Fonte: CNBB

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