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Maria, advento da Graça de Deus

segunda-feira, 04 de dezembro de 2023

Iniciamos no último domingo, 3, um novo ano litúrgico, de celebração da fé da Igreja, do Mistério Salvífico, com o tempo do Advento, preparando as duas vindas do Senhor, a sua consumação da história, na glória final e a seu nascimento como redentor das nossas vidas e corações. E na próxima sexta-feira, 8, celebraremos a Imaculada Conceição de Maria, dia santo de guarda para todos os católicos.

Iniciamos no último domingo, 3, um novo ano litúrgico, de celebração da fé da Igreja, do Mistério Salvífico, com o tempo do Advento, preparando as duas vindas do Senhor, a sua consumação da história, na glória final e a seu nascimento como redentor das nossas vidas e corações. E na próxima sexta-feira, 8, celebraremos a Imaculada Conceição de Maria, dia santo de guarda para todos os católicos. Ninguém melhor que a Mãe do Senhor, discípula fiel do seu filho, preservada de todo pecado em previsão dos méritos de Cristo, para nos conduzir neste itinerário de conversão e preparação do encontro com o Senhor.

Ave Plena de Graça! Com este anúncio o arcanjo Gabriel descortinava um novo cenário místico para toda a História da Salvação! E com o sim da jovem Virgem de Nazaré, o céu e a terra se encontravam num matrimônio libertador. No seu ventre sagrado, o chamado se transformava na encarnação do Verbo, Jesus Cristo, nosso Redentor. Maria era então o próprio advento da glória do Criador no seu plano de restauração de todo o cosmo e da humanidade, de todo horizonte natural e histórico, portal da esperança e da certeza de que o eterno se instaurou no tempo e o divino se humanizou para divinizar o humano. Como no tempo litúrgico do advento, começava a confiante espera e o espírito de entrega ao mistério, na gravidez da fé, como a dócil Mãe na sua resposta humilde e despojada: "Eu sou a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a sua palavra". A forte e perseverante missionária que guardava tudo no silêncio do seu coração, acreditando que se cumpririam todas as promessas do Senhor. Maria, exemplo da espera resiliente e confiante, proativa na serenidade, fiel no serviço cotidiano da construção do Reino.

Toda a Igreja é chamada a seguir Jesus Cristo e o modelo é a sua Mãe que Ele nos deu como nossa Mãe, entregando-a, no alto da cruz, a nós, representados no apóstolo São João: "Filho, eis aí a tua mãe. Mãe, eis aí o teu filho". Ela foi a primeira discípula missionária do seu Filho,  que o concebeu primeiro no coração e só depois no ventre, como afirma Santo Agostinho, porque Ele já era a Palavra, o Verbo divino que ela acolhia como dedicada seguidora dos mandamentos, como filha de Sião, conhecedora das profecias sobre o Messias que nasceria de uma virgem e que se chamaria Emanuel - Deus conosco, conforme Isaías 7,14.

A grande novidade é que ela seria o cumprimento desta boa nova, a simples jovem de uma pequenina e pobre cidade do interior, o humilde que Deus escolhe para confundir e desbaratar o sistema dos que se julgam doutos e dominadores de tudo, centralizadores da relevância. Também esta espiritualidade deve ser seguida por toda a comunidade eclesial missionária: a da simplicidade e do escondimento, referenciando sempre Deus, como centro, Cristo e sua missão, instaurando o seu Reino de justiça e de paz, de verdade e de amor. A espiritualidade da humildade e da fortaleza no Senhor, como a casa sobre a rocha, sabedoria que sabe onde põe a sua fé e o sentido de sua vida e trabalho missionário.

Maria é sempre mais aquela estrela matutina que precede e anuncia o Sol de nossa salvação que é Jesus Cristo, seu filho amado, aquela estrela do mar que guia e orienta a todos nós, navegantes do barco da Igreja e do mundo, indo à frente, na singeleza e força de sinal d'Aquele que é o Senhor, o que nos liberta com seu poder, sua luz radiante de Graça e redenção.

É assim o advento vivo que nos prepara e ensina os caminhos da correspondência livre e amorosa, a total oferta da vida nas mãos de Deus, para servirmos como instrumentos humildes do plano maior da iluminação, do resgate, da promoção, do renascimento e salvação de tantos irmãos, vontade paternal do Senhor.

Caminhemos com Maria, como Maria, nestes tempos e clima espiritual do Advento, preparando a recepção de Jesus nos nossos corações, concentrados no seu amor e sinalização de luz, interiorizados na dimensão do amor ao próximo, no grande significado da doação da cruz que já se faz presente no presépio, no esvaziamento missionário que já se ouve no hino do glória contido e no ensaio do coro dos anjos para a festa natalina, no rebrilho transformador do coração d'Aquele que nascendo na Belém do mundo, quer nascer agora dentro de nós, num novo olhar, num novo sentir, numa revolução do amor fraterno! Recebamos, com fé e caridade, alegria e paz, o maravilhoso Deus que vem até nós para encontrar os frutos do que já semeou, os talentos multiplicados dos dons que nos concedeu, a paz luminosa que dimana da sua própria presença em nosso meio. E digamos, então, com Maria, a Mãe da Igreja: "Marana tha" - "Vem, Senhor Jesus!"

 

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo 

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Clamor pela paz entre os povos

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

“De fato, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava” (Ef 2,14)

Nós, membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos últimos dias 21 a 23, diante do conflito na Terra Santa, e em outras partes do mundo, nos unimos ao Papa Francisco nos seus insistentes apelos pela paz e pela dignidade da pessoa humana.

“De fato, ele é a nossa paz: de dois povos fez um só, em sua carne derrubando o muro da inimizade que os separava” (Ef 2,14)

Nós, membros do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Brasília, nos últimos dias 21 a 23, diante do conflito na Terra Santa, e em outras partes do mundo, nos unimos ao Papa Francisco nos seus insistentes apelos pela paz e pela dignidade da pessoa humana.

O conflito na Terra Santa já causou uma vasta destruição e grande número de mortos, principalmente entre os enfermos, crianças, idosos e mulheres. O isolamento da população está provocando a fome e a sede de cerca de dois milhões de pessoas.

As Nações Unidas indicam que dois bilhões de pessoas viviam em zonas de conflito em 2022, o que representava um quarto da população mundial. Essa triste realidade mostra que “nós entramos na terceira guerra mundial, só que ela é travada em pedaços, em capítulos” (Papa Francisco). Lamentavelmente, a humanidade, ao invés de crescer na direção da justiça social e da paz, segue numa trajetória destrutiva de degradação ambiental, grande desigualdade social e guerras.

Não podemos perder a capacidade de dizer “não” à guerra e à violência nas suas variadas formas e de promover a paz no mundo. Cessem as hostilidades e sejam garantidos o cuidado das pessoas feridas, o trabalho em segurança dos profissionais de saúde e o acesso a água e alimentos. “O processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória das vítimas e abre, passo a passo, para uma esperança comum, mais forte que a vingança” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, n. 226).

A paz só será alcançada mediante o respeito à liberdade, à dignidade e ao futuro dos povos. Reconhecemos, como sinais de esperança, capazes de trazer um alívio às populações na região de conflito, a trégua e a liberação de reféns e prisioneiros, acordadas recentemente, bem como as ações de solidariedade internacional.

Na proximidade da celebração do Advento, do Príncipe da Paz que vem (cf. Is 9,6), conclamamos todas as pessoas de boa vontade e comunidades a serem artífices da paz, e a “perseverar na oração por aqueles que sofrem por causa das guerras em tantas partes do mundo… Por favor, caminhemos avante pela paz, orem pela paz, orem muito pela paz” (Papa Francisco, Audiência Geral de 22 de novembro de 2023). Maria de Nazaré, interceda, junto a seu Filho Jesus, para que a paz reine, em sua amada terra, entre os povos que nela habitam e em todo o mundo.

Fonte: CNBB

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Mensagem do Papa Francisco para o VII Dia Mundial dos Pobres

terça-feira, 21 de novembro de 2023

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria. Podemos questionar-nos: De onde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio de um povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida?

“Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Esta recomendação ajuda-nos a compreender a essência do nosso testemunho. Deter-se no Livro de Tobite, um texto pouco conhecido do Antigo Testamento, eloquente e cheio de sabedoria. Podemos questionar-nos: De onde tira Tobite a coragem e a força interior que lhe permitem servir a Deus no meio de um povo pagão e amar o próximo até ao ponto de pôr em risco a própria vida? Estamos diante de um exemplo extraordinário: Tobite é um marido fiel e um pai carinhoso; foi deportado para longe da sua terra e sofre injustamente; é perseguido pelo rei e pelos vizinhos de casa… Apesar de ânimo tão bom, é posto à prova. Como muitas vezes nos ensina a Sagrada Escritura, Deus não poupa as provações a quem pratica o bem. E porquê? Não o faz para nos humilhar, mas para tornar firme a nossa fé n’Ele.

Tobite, no período da provação, descobre a própria pobreza, que o torna capaz de reconhecer os pobres. É fiel à Lei de Deus e observa os mandamentos, mas para ele isto não basta. A solicitude operosa para com os pobres torna-se-lhe possível, porque experimentou a pobreza na própria pele. Por isso, as palavras que dirige ao filho Tobias constituem a sua verdadeira herança: “Nunca afastes de algum pobre o teu olhar” (Tb 4, 7). Enfim, quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. E notemos bem aquela expressão «de algum pobre», de todo o pobre. Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório.

Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza. Tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar. A realidade virtual sobrepõe-se à vida real, e acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos. Os pobres tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o fastídio e a marginalização. A pressa, companheira diária da vida, impede de parar, socorrer e cuidar do outro. A parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 25-37) não é história do passado; desafia o presente de cada um de nós. Delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão.

Damos graças ao Senhor porque há tantos homens e mulheres que vivem a dedicação aos pobres e excluídos e a partilha com eles; pessoas de todas as idades e condições sociais que praticam a hospitalidade e se empenham junto daqueles que se encontram em situações de marginalização e sofrimento. Não são super-homens, mas “vizinhos de casa” que encontramos cada dia e que, no silêncio, se fazem pobres com os pobres. Não se limitam a dar qualquer coisa: escutam, dialogam, procuram compreender a situação e as suas causas, para dar conselhos adequados e indicações justas. Estão atentos tanto à necessidade material como à espiritual, ou seja, à promoção integral da pessoa. O Reino de Deus torna-se presente e visível neste serviço generoso e gratuito; é realmente como a semente que caiu na boa terra da vida destas pessoas, e dá fruto (cf. Lc 8, 4-15). A gratidão a tantos voluntários deve fazer-se oração para que o seu testemunho possa ser fecundo.

Não posso deixar de fora, em particular, uma forma de mal-estar que aparece cada dia mais evidente e que atinge o mundo juvenil. Quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se “inacabados” e “falidos”. Ajudemo-los a reagir a estas instigações nocivas, para que cada um possa encontrar a estrada que deve seguir para adquirir uma identidade forte e generosa. É fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles.

O Livro de Tobias ensina-nos a ser concretos no nosso agir com e pelos pobres. É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afetadas pela pobreza. Assim «não afastar o olhar do pobre» leva a obter os benefícios da misericórdia, da caridade que dá sentido e valor a toda a vida cristã.

Papa Francisco

Fonte Pascom Brasil

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A sétima edição do “Dia Mundial dos Pobres” será realizada no Vaticano

terça-feira, 14 de novembro de 2023

A sétima edição do “Dia Mundial dos Pobres”, evento tão desejado pelo Papa Francisco, terá início, na manhã de 19 de novembro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, com uma celebração Eucarística, presidida pelo Santo Padre. Logo a seguir, na Sala Paulo VI, o Papa almoçará com os mais necessitados. Em vista deste evento o ambulatório “Mãe de Misericórdia” ampliará a sua obra caritativa durante toda a semana que precede o evento com uma maior assistência gratuita de médicos e enfermeiros.

A sétima edição do “Dia Mundial dos Pobres”, evento tão desejado pelo Papa Francisco, terá início, na manhã de 19 de novembro, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, com uma celebração Eucarística, presidida pelo Santo Padre. Logo a seguir, na Sala Paulo VI, o Papa almoçará com os mais necessitados. Em vista deste evento o ambulatório “Mãe de Misericórdia” ampliará a sua obra caritativa durante toda a semana que precede o evento com uma maior assistência gratuita de médicos e enfermeiros.

“Encorajar a Igreja a ultrapassar seus confins para encontrar a pobreza, nos múltiplos aspectos, existente no mundo de hoje”. Eis o espírito com o qual, por desejo do Papa Francisco, voltará a ser celebrado o “Dia Mundial dos Pobres”, que chegou à sua sétima edição. O evento, que se realizará no domingo, 19 de novembro, começará com uma Santa Missa, presidida pelo Papa, na Basílica vaticana.

 

Fisichella: atenção aos necessitados no caminho jubilar

O lema para este “VII Dia Mundial dos Pobres”, extraído do livro de Tobias, “Não desvie seu olhar dos pobres” (Tb 4,7), foi publicado, como sempre, por ocasião da festa de Santo Antônio de Pádua, 13 de junho. Segundo a tradição, a mensagem para o evento é acompanhada de um subsídio pastoral, em seis línguas.

O arcebispo Rino Fisichella, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, indica este evento como caminho rumo ao Jubileu 2025: “A atenção aos mais necessitados faça com que todos nós nos tornemos peregrinos de esperança, em um mundo que precisa ser iluminado pela luz de Cristo Ressuscitado e da tocha da caridade, que ele acendeu em nossos corações”.

Este ano, o Dia Mundial dos Pobres conta com uma participação direta do Dicastério para o Serviço da Caridade, que vai organizar o almoço para os pobres, que Francisco sempre oferece na Sala Paulo VI, após a celebração Eucarística. O almoço deste ano será oferecido pela rede italiana de Hotéis Hilton.

 

Ambulatório Mãe de Misericórdia oferecerá assistência gratuita aos pobres

A Esmolaria Apostólica, junto com o Ambulatório Mãe de Misericórdia, obra caritativa desejada pelo Papa, que atua sob a Colunata de Bernini, na Praça de São Pedro, dispensa, durante todo o ano, assistência gratuita aos que vivem em situações de indigência pelas ruas de Roma. Na semana que precede o “Dia Mundial dos Pobres”, a instituição prestará assistência aos mais frágeis, todos os dias, de manhã à noite, com a colaboração de cerca de 50 médicos, enfermeiros e voluntários. Os pobres e necessitados receberão, gratuitamente, consultas médicas gerais e especializadas: ultrassonografias, exames de sangue, remédios, vacinas, testes contra a Covid, cardiologia, ortopedia, oftalmologia, odontologia, otorrinolaringologia, reumatologia, cirurgia geral, nefrologia, audiologia, psiquiatria, cirurgia vascular, angiologia, gastroenterologia, ginecologia, podologia.

 

Aumenta sempre o grito de ajuda e solidariedade

O Dicastério para a Evangelização, graças à colaboração do Seguro Unipolsai, continuará a dar outras formas de ajuda às famílias menos favorecidas, através, por exemplo, do pagamento de contas.

Em sua Mensagem, para o Dia Mundial dos Pobres, Francisco recorda: “Todos os dias, estamos engajados na acolhida aos pobres, mas isso não é suficiente. Um rio de pobreza escorre pelas ruas das nossas cidades a ponto de transbordar; o grito dos irmãos e irmãs, que pedem ajuda, apoio e solidariedade aumenta cada vez mais forte. Por isso, no domingo, que precede a festa de Cristo Rei, reunamo-nos, em torno da Mesa eucarística, para recebermos, mais uma vez, o dom e o compromisso de viver a pobreza e servir aos pobres”.

Fonte: Vatican News

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Seu amigo-familiar está vivo! Confie em Deus!

segunda-feira, 06 de novembro de 2023

Celebramos na quinta-feira passada, 2, o Dia de Finados, denominado "Comemoração de todos os fiéis defuntos" e no último domingo, 5,  a "Solenidade de Todos os Santos", os que já adentraram a glória e a felicidade eterna no Reino celeste, junto a Deus. As duas temáticas celebradas se unem no sentido do que deve ser o destino de todos os cristãos, filhos de Deus e pela vontade do Senhor, Criador e Redentor, o fim alcançado de toda a humanidade, sua imagem e semelhança. 

Celebramos na quinta-feira passada, 2, o Dia de Finados, denominado "Comemoração de todos os fiéis defuntos" e no último domingo, 5,  a "Solenidade de Todos os Santos", os que já adentraram a glória e a felicidade eterna no Reino celeste, junto a Deus. As duas temáticas celebradas se unem no sentido do que deve ser o destino de todos os cristãos, filhos de Deus e pela vontade do Senhor, Criador e Redentor, o fim alcançado de toda a humanidade, sua imagem e semelhança. 

O que devemos saber sobre os que partiram? A nossa Igreja Católica, através do seu Magistério, apoiado na Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, responde.

A morte - é um acontecimento natural, consequência de nossa fragilidade corporal, ou efeito das contingências de nossas relações de vida em sociedade, provocado muitas vezes por acidentes, violência, injustiças e pelo pecado de omissão dos que deveriam promover e garantir a vida. Todos nós, em algum momento de nossa existência, teremos esta passagem. Mas não é o fim.

O eu humano não morre, pois é espiritual e o princípio espiritual psicossomático não se desgasta com a matéria. O nosso eu psico-corporal é superior e continua vivo. "As almas dos justos estão nas mãos de Deus e nas as atingem nenhum tormento. Parecem mortos aos olhos dos insensatos...mas estão em paz, ... a esperança deles está cheia de imortalidade" ( Sabedoria, 3, 1-4).

E o que acontece com nossos parentes e amigos?  Eles vão após a morte, espiritualmente para o encontro com Cristo, Deus feito homem, Senhor da Vida. "Não queremos, irmãos que fiquem na ignorância a respeito dos mortos, não se deixem levar pela tristeza, como os outros que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus levará, por meio de Jesus, junto com Ele os que morreram" ( 1 Tessalonicenses 4,13-15). "Eu sou a ressurreição e a vida, Todo aquele que crê em mim, mesmo se morrer, viverá e todo o que vive e crê em mim, jamais morrerá" ( João 11,25-26).

E os nossos familiares e amigos voltarão para este mundo em outros corpos? Ou eles se comunicarão conosco do além? Não. Temos apenas uma única existência nesta terra, como nos diz a Bíblia."Foi determinado que o homem morra uma só vez e logo em seguida venha o juízo" ( Hebreus 9,27). O homem morre uma só vez. Isto quer dizer que tem uma só vida neste mundo. E em seguida vem o nosso encontro com Deus ( o juízo particular) diante do Senhor da vida, quando todas as nossas ações serão avaliadas perante o Amor e a Verdade, diante dos olhos e coração de Cristo. Ninguém tem que voltar para pagar pecados, pois os pecados já foram todos lavados de nossas vidas pela cruz redentora de Jesus Cristo, uma vez por todas, quando morreu por nós.

"Sabeis, igualmente, que Ele se manifestou para tirar os nossos pecados e nele não há pecado"(1 João 3,5. " Ele que se entregou a si mesmo por nós para nos remir de toda maldade e purificar para si um povo todo seu, consagrado às boas obras" (Tito 2,14). Confira também 1 Pedro 1, 9  e Isaías 53,4-5. Por isso, o próprio ladrão que tinha muitos pecados e crimes, no alto da cruz, arrependido, foi perdoado por Jesus que lhe disse "Ainda hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23,43). Alcançou a salvação eterna naquele mesmo dia, sem precisar pagar nada, pois foi totalmente lavado pelo sangue redentor do Senhor da misericórdia.

Nem mesmo os nossos entes queridos que partiram  se comunicarão conosco, pois já estão numa outra dimensão, fora do nosso espaço e  tempo. Como o próprio Cristo ensinou na parábola do rico e do pobre Lázaro ( LUCAS 16, 19-31). Temos, contudo uma comunhão espiritual com aqueles que já estão na comunidade celeste, através da oração e da missa, onde estão unidas a Igreja triunfante na glória e a Igreja militante, peregrina na terra, oferecendo os frutos espirituais da graça de Deus e as indulgências à Igreja que se purifica antes da entrada definitiva para a união com a presença puríssima do Senhor.

E o que é o Céu ou a vida celeste bem-aventurada? Não é um lugar "lá em cima", mas é a união para sempre, no aprofundamento da verdade e do amor com Deus, através do Cristo, Deus feito homem e com os irmãos que "lavaram e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro" ( Apocalipse 7,14), ou seja se santificaram e foram purificados pelo sangue redentor de Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

O que celebramos no dia de Todos os Santos. Este céu começa aqui na terra para quem já tem essa união de amor com Deus e com os irmãos, com tribulações, e só teremos a plena felicidade quando passarmos deste mundo para os Seus braços. Essa união definitiva e feliz é uma estado espiritual de comunhão com o Senhor, na realização e paz eterna. E na comunhão dos santos, quem já alcançou intercede por quem ainda peregrina e luta na terra pela salvação de todos.

E o que é o inferno ou a perdição eterna? Também não é um lugar "lá em baixo", nem experiência física (não há mais físico) mas é a separação eterna do homem com Deus, por própria opção do homem que se coloca contra Deus. Este estado espiritual de negação e afastamento do Senhor que é o sentido profundo e realizador  da Vida já começa também aqui no coração daqueles que se opõem a Deus, que rejeitam a Sua graça até o fim e que é definitivo após a morte, no vazio e frustração eterna, na ausência da felicidade de Deus e já sem as ilusões e "compensações" da terra que já traziam também "o fogo" interior do vazio de Deus e do sofrimento espiritual das consequências do mal.

A possibilidade desta perdição existe, a partir do livre arbítrio do homem. Deus propõe a salvação, não a impõe. Mas se até no último momento alguém se arrepende, Ele o envolve com sua misericórdia infinita e o salva, como fez com o ladrão na cruz. O Magistério da Igreja nunca afirmou, nem genericamente que alguém tenha fechado esta possibilidade desta negação até o fim. Será que alguém conseguiu resistir à misericórdia e à graça de Deus até o final de sua vida? Não sabemos e nem podemos julgar.É competência somente de Deus. Rezamos para que todos se salvem e tenham a adesão ao Senhor, mesmo que seja  na etapa final de suas vidas, no descortinar da Verdade às suas consciências, na última fronteira com o estado eterno.

E o purgatório? Quando morremos ainda carregamos conosco os efeitos dos vícios e infidelidades ao Amor de Deus.

Antes de entrarmos na comunhão com o Senhor puríssimo e santíssimo é necessária uma purificação destas falhas pela força do próprio amor de Deus para que sejamos totalmente santificados. Estas pequenas infidelidades e distrações do caminho não nos tiraram da adoração e seguimento do Senhor.

Por isto já estão direcionados para o céu os que se purificam. É o estado espiritual de sofrimento positivo no sentido de perceber diante do grande Amor e Verdade que é Deus que poderia amá-lO mais, servi-lO melhor com os dons que Ele mesmo concedeu e não ter se desviado por vezes do sentido maior da existência , apegando-se a coisas efêmeras e secundárias da terra.

A Bíblia nos diz que "é um pensamento bom e religioso rezar pelos mortos(...)para que sejam livres de seus pecados " ( 2 Macabeus 12, 43-46). A nossa Igreja ensina a mesma coisa ( confira Catecismo da Igreja Católica n° 1030). E a melhor oração que podemos fazer pelos nossos entes queridos é a Santa Missa, entregando-os à misericórdia do Deus da vida.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo 

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Carta ao Povo de Deus do Sínodo

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Queridas irmãs e irmãos, ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em comunhão com todos. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, questionamentos, e também os vossos receios.

Queridas irmãs e irmãos, ao chegar ao fim dos trabalhos da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, queremos, com todos vós, dar graças a Deus pela bela e rica experiência que tivemos. Vivemos este tempo abençoado em comunhão com todos. Fomos sustentados pelas vossas orações, trazendo conosco as vossas expectativas, questionamentos, e também os vossos receios. Já passaram dois anos desde que, a pedido do Papa Francisco, iniciámos um longo processo de escuta e discernimento, aberto a todo o povo de Deus, sem excluir ninguém, para "caminhar juntos", sob a guia do Espírito Santo, discípulos missionários no seguimento de Jesus Cristo. A sessão que nos reuniu em Roma desde 30 de setembro foi um passo importante neste processo. Em muitos aspectos, foi uma experiência sem precedentes. Pela primeira vez, a convite do Papa Francisco, homens e mulheres foram convidados, em virtude do seu batismo, a sentarem-se à mesma mesa para participarem não só nos debates mas também nas votações desta assembleia do Sínodo dos Bispos. Juntos, na complementaridade das nossas vocações, carismas e ministérios, escutámos intensamente a Palavra de Deus e a experiência dos outros. Utilizando o método do diálogo no Espírito, partilhámos as riquezas e as pobrezas das nossas comunidades em todos os continentes, procurando discernir o que o Espírito Santo quer dizer à Igreja hoje. Assim, experimentámos também a importância de promover intercâmbios mútuos entre a tradição latina e as tradições do Oriente cristão. A participação de delegados fraternos de outras Igrejas e comunidades eclesiais enriqueceu profundamente os nossos debates. A nossa assembleia decorreu no contexto de um mundo em crise, cujas feridas e escandalosas desigualdades ressoaram dolorosamente nos nossos corações e conferiram aos nossos trabalhos uma gravidade peculiar, tanto mais que alguns de nós provinham de países onde a guerra deflagra. Rezamos pelas vítimas da violência assassina, sem esquecer todos aqueles que a miséria e a corrupção atiraram para os perigosos caminhos da migração. Comprometemo-nos a ser solidários e empenhados ao lado das mulheres e dos homens que operam em todo lugar do mundo como artesãos da justiça e da paz. A convite do Santo Padre, demos um importante espaço ao silêncio para favorecer entre nós a escuta respeitosa e o desejo de comunhão no Espírito. Durante a vigília ecumênica de abertura, experimentámos o quanto a sede de unidade cresce na contemplação silenciosa de Cristo crucificado. "A cruz é, de fato, a única cátedra d'Aquele que, dando a sua vida pela salvação do mundo, confiou os seus discípulos ao Pai, para que 'todos sejam um' (Jo 17,21)". Firmemente unidos na esperança que a Sua ressurreição nos dá, confiámos-lhe a nossa Casa comum, onde o clamor da terra e o clamor dos pobres ressoam cada vez com mais urgência: "Laudate Deum! ", recordou o Papa Francisco logo no início dos nossos trabalhos. Dia após dia, sentimos um apelo premente à conversão pastoral e missionária. Com efeito, a vocação da Igreja é anunciar o Evangelho não se centrando em si mesma, mas pondo-se ao serviço do amor infinito com que Deus ama o mundo (cf. Jo 3,16). Quando lhes perguntaram o que esperam da Igreja por ocasião deste Sínodo, alguns sem-abrigo que vivem perto da Praça de S. Pedro responderam: "Amor! ". Este amor deve permanecer sempre o coração ardente da Igreja, o amor trinitário e eucarístico, como recordou o Papa evocando a mensagem de Santa Teresa do Menino Jesus a 15 de outubro, a meio da nossa assembleia. É a "confiança" que nos dá a audácia e a liberdade interior que experimentámos, não hesitando em exprimir livre e humildemente as nossas convergências e as nossas diferenças, os nossos desejos e as nossas interrogações, livre e humildemente. E agora? Gostaríamos que os meses que nos separam da segunda sessão, em outubro de 2024, permitam a todos participar concretamente no dinamismo de comunhão missionária indicado pela palavra "sínodo". Não se trata de uma questão de ideologia, mas de uma experiência enraizada na Tradição Apostólica. Como o Papa reiterou no início deste processo, "Comunhão e missão correm o risco de permanecer termos algo abstratos se não cultivarmos uma práxis eclesial que exprima a concretude da sinodalidade (...), promovendo o envolvimento real de todos e de cada um" (9 de outubro de 2021). Os desafios são muitos, as questões numerosas: o relatório de síntese da primeira sessão esclarecerá os pontos de acordo alcançados, destacará as questões em aberto e indicará a forma de prosseguir os trabalhos. Para progredir no seu discernimento, a Igreja precisa absolutamente de escutar todos, a começar pelos mais pobres. Isto exige, de sua parte, um caminho de conversão, que é também um caminho de louvor: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos" (Lc 10,21)! Trata-se de escutar aqueles que não têm direito à palavra na sociedade ou que se sentem excluídos, mesmo da Igreja. Escutar as pessoas que são vítimas do racismo em todas as suas formas, especialmente, em algumas regiões, os povos indígenas cujas culturas foram desprezadas. Acima de tudo, a Igreja do nosso tempo tem o dever de escutar, em espírito de conversão, aqueles que foram vítimas de abusos cometidos por membros do corpo eclesial e de se empenhar concreta e estruturalmente para que isso não volte a acontecer. A Igreja precisa de escutar os leigos, mulheres e homens, todos chamados à santidade em virtude da sua vocação batismal: o testemunho dos catequistas, que em muitas situações são os primeiros anunciadores do Evangelho; a simplicidade e a vivacidade das crianças, o entusiasmo dos jovens, as suas interrogações e as suas chamadas; os sonhos dos idosos, a sua sabedoria e a sua memória. A Igreja precisa de colocar-se à escuta das famílias, as suas preocupações educativas, o testemunho cristão que oferecem no mundo de hoje. Precisa de acolher as vozes daqueles que desejam se envolver em ministérios leigos ou em órgãos participativos de discernimento e de tomada de decisões. Para progredir no discernimento sinodal, a Igreja tem particular necessidade de recolher ainda mais a palavra e a experiência dos ministros ordenados: os sacerdotes, primeiros colaboradores dos bispos, cujo ministério sacramental é indispensável à vida de todo o corpo; os diáconos, que com o seu ministério significam a solicitude de toda a Igreja ao serviço dos mais vulneráveis. Deve também deixar-se interpelar pela voz profética da vida consagrada, sentinela vigilante dos apelos do Espírito. Precisa ainda de estar atenta a todos aqueles que não partilham a sua fé, mas que procuram a verdade e nos quais o Espírito, que "a todos dá a possibilidade de se associarem a este mistério pascal por um modo só de Deus conhecido" (Gaudium et spes 22), também está presente e atua. "O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e a servir mesmo nas suas contradições, exige da Igreja o reforço das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. É precisamente o caminho da sinodalidade que Deus espera da Igreja do terceiro milénio" (Papa Francisco, 17 de outubro de 2015). Não tenhamos medo de responder a este apelo. A Virgem Maria, a primeira no caminho, nos acompanha em nossa peregrinação. Nas alegrias e nas fadigas, ela mostra-nos o seu Filho que nos convida à confiança. É Ele, Jesus, a nossa única esperança! Cidade do Vaticano, 25 de outubro de 2023

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Papa aos missionários: anúncio deve ser dado sem exclusões e com alegria

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

A mensagem do Papa Francisco para o 97° Dia Mundial das Missões, celebrado em 22 de outubro, se inspira na história dos discípulos de Emaús, narrada por São Lucas no seu Evangelho (cf. 24, 13-35): “Corações ardentes, pés ao caminho”. Francisco observa que “os dois discípulos estavam confusos e desiludidos, mas o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido acendeu neles o entusiasmo para pôr os pés ao caminho rumo a Jerusalém e anunciar que o Senhor tinha verdadeiramente ressuscitado”.

A mensagem do Papa Francisco para o 97° Dia Mundial das Missões, celebrado em 22 de outubro, se inspira na história dos discípulos de Emaús, narrada por São Lucas no seu Evangelho (cf. 24, 13-35): “Corações ardentes, pés ao caminho”. Francisco observa que “os dois discípulos estavam confusos e desiludidos, mas o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido acendeu neles o entusiasmo para pôr os pés ao caminho rumo a Jerusalém e anunciar que o Senhor tinha verdadeiramente ressuscitado”. Em seguida fala sobre a transformação dos discípulos narrada pelo Evangelho, a partir de algumas imagens sugestivas: “corações ardentes pelas Escrituras explicadas por Jesus, olhos abertos para O reconhecer e, como ponto culminante, pés ao caminho. Afirmando em seguida que meditando sobre estes três aspectos, que traçam o itinerário dos discípulos missionários, “podemos renovar o nosso zelo pela evangelização no mundo de hoje”.

O primeiro aspecto: Corações ardentes, “quando nos explicava as Escrituras”. A Palavra de Deus ilumina e transforma o coração na missão, recorda que assim "como no início da vocação dos discípulos, também agora, no momento da frustração, o Senhor toma a iniciativa de Se aproximar dos seus discípulos e caminhar ao lado deles. Na sua grande misericórdia, Ele nunca Se cansa de estar conosco, apesar dos nossos defeitos, dúvidas, fraquezas e não obstante a tristeza e o pessimismo nos reduzam a “homens sem inteligência e lentos de espírito” pessoas de pouca fé. Hoje como então, o Senhor ressuscitado está próximo dos seus discípulos missionários e caminha ao lado deles, sobretudo quando se sentem frustrados, desanimados".

Dirigindo-se aos missionários afirma: “Em Cristo, expresso a minha proximidade a todos os missionários e missionárias do mundo, especialmente àqueles que atravessam um momento difícil: caríssimos, o Senhor ressuscitado está sempre convosco e vê a vossa generosidade e os vossos sacrifícios em prol da missão evangelizadora em lugares distantes. Nem todos os dias da vida são cheios de sol, mas lembremo-nos sempre das palavras do Senhor Jesus aos seus amigos, antes da Paixão: “No mundo, tereis tribulações; mas tende confiança: Eu já venci o mundo!” “Portanto” acrescenta, “deixemo-nos sempre acompanhar pelo Senhor ressuscitado que nos explica o sentido das Escrituras. Deixemos que Ele faça arder o nosso coração, nos ilumine e transforme, para podermos anunciar ao mundo o seu mistério de salvação com a força e a sabedoria que vêm do seu Espírito.

O segundo aspecto: Olhos que "se abriram e O reconheceram" ao partir o pão. Jesus na Eucaristia é ápice e fonte da missão, é “o elemento decisivo que abre os olhos dos discípulos”, continua Francisco, “é a sequência de ações efetuadas por Jesus: tomou o pão, pronunciou a bênção, partiu-o e deu-lho. São gestos comuns de qualquer chefe de família judia, mas, realizados por Jesus Cristo com a graça do Espírito Santo, renovam para os dois comensais o sinal da multiplicação dos pães e sobretudo da Eucaristia, o sacramento do Sacrifício da cruz”. Porém continua, precisamente no momento em que reconhecem Jesus n’Aquele-que-parte-o-pão, “Ele desapareceu da sua presença”. 

“Este fato”, explica, “faz compreender uma realidade essencial da nossa fé: Cristo que parte o pão, torna-Se agora o Pão partido, partilhado com os discípulos e depois consumido por eles. Tornou-Se invisível, porque agora entrou dentro do coração dos discípulos para fazê-los arder ainda mais, impelindo-os a retomar sem demora o seu caminho para comunicar a todos a experiência única do encontro com o Ressuscitado!

Assim, Cristo ressuscitado é Aquele-que-parte-o-pão e, simultaneamente, o Pão-partido-para-nós. E, por conseguinte, cada discípulo missionário é chamado a tornar-se, como Jesus e n’Ele, graças à ação do Espírito Santo, aquele-que-parte-o-pão e aquele-que-é-pão-partido para o mundo”. Concluindo este aspecto recorda aos missionários: “A propósito, é preciso ter presente que, se o simples repartir o pão material com os famintos em nome de Cristo já é um ato cristão missionário, quanto mais o será o repartir o Pão eucarístico, que é o próprio Cristo? Trata-se da ação missionária por excelência, porque a Eucaristia é fonte e ápice da vida e missão da Igreja".

Quanto ao terceiro aspecto destacado na Mensagem aos Missionários: Pés ao caminho, com a alegria de proclamar Cristo Ressuscitado. A eterna juventude de uma Igreja sempre em saída, Francisco recorda: “Depois de abrir os olhos ao reconhecerem Jesus na fração do pão, os discípulos partiram sem demora e voltaram para Jerusalém. Este sair apressado para partilhar com os outros a alegria do encontro com o Senhor, mostra que ‘a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria’”. “Não se pode encontrar verdadeiramente Jesus ressuscitado”, observa, “sem se inflamar no desejo de o contar a todos. Por isso, o primeiro e principal recurso da missão são aqueles que reconheceram Cristo ressuscitado, nas Escrituras e na Eucaristia, e que trazem o seu fogo no coração e a sua luz no olhar. Eles podem testemunhar a vida que não morre jamais, mesmo nas situações mais difíceis e nos momentos mais escuros.

Depois de refletir sobre a imagem de por “os pés ao caminho”, o Papa sugere: “aproveito esta ocasião para reiterar que ‘todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigaç-ão, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível’. A conversão missionária permanece o principal objetivo que nós devemos propor como indivíduos e como comunidade, porque ‘a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja”.

Francisco conclui recordando os aspectos destacados em sua mensagem: “Saiamos também nós, iluminados pelo encontro com o Ressuscitado e animados pelo seu Espírito. Saiamos com corações ardentes, olhos abertos, pés ao caminho, para fazer arder outros corações com a Palavra de Deus, abrir outros olhos para Jesus Eucaristia, e convidar todos a caminharem juntos pelo caminho da paz e da salvação que Deus, em Cristo, deu à humanidade”.

Fonte: Vatican News

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Igreja Sinodal: missão de todos

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

“Uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta, consciente de que 'escutar é mais do que ouvir" (Evangelii Gaudium, 171)

“Uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta, consciente de que 'escutar é mais do que ouvir" (Evangelii Gaudium, 171)

O Concílio Vaticano II já apresenta de forma inovadora a Igreja, resgatando, na verdade a sua sinodalidade original, partindo não de sua hierarquia, mas de sua base, o conjunto do povo de Deus, em que todos gozam de igual dignidade e fundamental igualdade e vocação (Lumen Gentium, 30), estão capacitados a participar ativamente da missão evangelizadora da própria Igreja LG 9 e 10. Recebem um decreto próprio sobre o apostolado dos leigos (Apostolicam Actuositatem) que afirma existir a diversidade de ministérios na Igreja, mas unidade na missão (AA, 2), podendo os leigos e leigas por direito e por dever exercer seus carismas próprios (AA , 3). Essa eclesiologia conciliar é decisiva para a realização de uma Igreja sinodal.

A importância das Igrejas locais pelo significado pastoral da cultura local para a expressão e práticas da fé (Ad Gentes, 22) seja pelas formas e métodos adequados ao apostolado (Christus Dominus, 38), seja pela sua utilização na liturgia, de tal modo que a Igreja local seja realmente sujeito teológico e cultural da evangelização. Daí a necessidade de se aprofundarem as relações de colegialidade episcopal com o papa, a cabeça do colégio com sua autoridade petrina, conforme a revalorização feita pelo próprio Concílio (LG, 21-23). Enquanto membro do colégio episcopal, o bispo deve ter "solicitude pela Igreja universal", em comunhão com o Papa, exercendo de várias formas a corresponsabilidade no pastoreio da Igreja, na missão de ensinar, santificar e reger.

O Papa também retoma a metodologia da Gaudium et Spes, Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II, partindo da vida real, no diálogo com a cultura, a ciência, a experiência histórica: "É salutar prestar atenção à realidade concreta, porque os pedidos e os apelos do Espírito ressoam também nos acontecimentos da história" (Amoris Laetitia,31). Igualmente insiste que se deve considerar a situação real de cada ser humano antes de proferir um juízo moral (EG, 44). Manifesta um profundo respeito à trajetória pessoal de cada fiel, sem lançar sobre ele as normas gerais, sem analisar a capacidade individual de cada pessoa em seu processo de vida, num acompanhamento caso a caso. A vida cristã é vista como um processo (EG, 166), " Um caminho de crescimento no amor" (EG, 161) que deve ser acompanhado e ajudado (EG, 169) dando tempo ao tempo (EG, 171) uma vez que Deus "não exige uma resposta completa, se ainda não percorremos o caminho que a torna possível" ( EG, 153)."É preciso evitar juízos que não levam em consideração a complexidade das diversas situações e é necessário prestar atenção ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa de sua condição" (AL, 296).

Dentro da perspectiva da eclesiologia do povo de Deus, com forte base bíblica enfatizada no Concílio Vaticano II, o Papa ressalta: Por se tratar de um povo incumbido de uma tarefa (EG, 114), "a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja" (EG,15). É uma Igreja "em saída" (EG, 20), sendo que todos os seus membros devem assumi-la pelo fato que todo "batizado, independentemente da própria função da Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização" (EG, 120). A missão pertence sem mais à identidade do cristão (EG, 273). Portanto, sujeito da evangelização é todo o "povo que peregrina para Deus" (EG, 111), sujeito coletivo ativo (EG, 122). Insiste na participação ativa de todos os fiéis em razão do Batismo (EG, 102), sobretudo a contribuição importante das mulheres para a comunidade eclesial (EG, 103).

No processo sinodal, o Papa Francisco valoriza as expressões populares de fé das comunidades: "Na piedade popular o protagonista é o próprio Espírito Santo" ( EG, 122); Há uma "manifestação teologal animada pela ação do Espírito Santo" abordado "com o olhar do Bom Pastor" (EG, 125); "Na piedade popular, por ser fruto do Evangelho inculturado, subjaz uma força ativamente evangelizadora que não podemos subestimar: seria ignorar a obra do Espírito Santo"( EG, 126). Constitui um verdadeiro lugar teológico (EG, 126), no protagonismo dos pobres e simples na sinodalidade da Igreja.

O Papa valoriza sobremaneira a ação do Espírito no povo simples, nos pobres: "têm muito a nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que nos deixemos evangelizar por eles" (EG,198). Apresenta o discernimento comum do caminhar juntos no Espírito: "Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede" (EG, 20). E alerta para o verdadeiro sentido da autoridade - servir a todos na comunidade eclesial missionária: "Não esqueçamos isto jamais! Para os discípulos de Jesus, hoje e sempre, a única autoridade é a autoridade do serviço; o único poder é o poder da cruz".

Repetindo as palavras de Jesus sobre a busca do poder e a opressão dos líderes do mundo, expressa: "Entre vós não deverá ser assim. À luz dessas palavras compreendemos o que significa o serviço hierárquico".  Portanto, "na Igreja, as funções não justificam a superioridade de uns sobre os outros" (EG, 104).

E fala sobre as mentalidades de muitos agentes pastorais que podem se apresentar mais administradores que pastores (EG, 63) satisfeitos "com o pragmatismo cinzento da vida cotidiana da Igreja" (EG, 83), sujeitos a um "mundanismo espiritual" (EG, 93), numa "suposta segurança doutrinal ou disciplinar que dá lugar a um elitismo narcisista e autoritário" (EG, 94), que "se desdobra num funcionalismo empresarial" (EG, 95). Neste contexto, o clericalismo se torna um sério obstáculo para uma Igreja realmente sinodal. Mesmo aquele mais distorcido que tende a contaminar os próprios leigos.

Leiam, para um aprofundamento, o livro de base deste artigo: "Igreja Sinodal". Teologia do Papa Francisco, de Mário França Miranda, Paulinas.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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"Adoção: amor com os laços do coração"

segunda-feira, 09 de outubro de 2023

No último domingo, 8, a Igreja em todo o país encerrou a Semana Nacional da Vida e celebrou o Dia do Nascituro. A iniciativa é da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF). Neste dia, o subsídio Hora da Vida propôs uma reflexão sobre o direito de as crianças nascerem e serem acolhidas em uma família.

No último domingo, 8, a Igreja em todo o país encerrou a Semana Nacional da Vida e celebrou o Dia do Nascituro. A iniciativa é da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF). Neste dia, o subsídio Hora da Vida propôs uma reflexão sobre o direito de as crianças nascerem e serem acolhidas em uma família. Tema relevante na luta contra o aborto, que pode ser descriminalizado com o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 no Supremo Tribunal Federal (STF).

“É um tema que nos faz defender, ainda mais, a vida desde a concepção até o seu fim natural. A adoção, diante da recusa em ter o filho, pode ser uma verdadeira resposta a esta discussão sobre o aborto. Por isso, a Igreja incentiva e propõe a reflexão como forma de proteger essas crianças, que poderão encontrar um lar para ser acolhidos e amados”, comentou padre Rodolfo Pinho, assessor da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Durante os dias da Semana Nacional da Vida, os encontros abordaram a questão de casais que não puderam conceber seus filhos, mas que se abriram à vida ao acolher as crianças que não puderam viver com seus pais. Por outro lado, foi discutida a questão de mulheres que, por vários motivos, são tentadas a abortar ou a abandonar seus filhos e o papel dos fiéis e da Igreja para encontrar soluções para este problema. O texto proposto no livreto recorda o que o Papa Francisco falou sobre o assunto:

“A adoção é um caminho para realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa e desejo encorajar aqueles que não podem ter filhos a alargar e abrir o seu amor conjugal para receber quem está privado de um ambiente familiar adequado. Nunca se arrependerão de ter sido generosos. Adotar é o ato de amor que oferece uma família a quem não a tem” (Amoris Laetitia, 179).

 

Entrega Legal

A entrega voluntária de bebês recém-nascidos para adoção é garantida legalmente e regulamentada pela Lei da Adoção (13.509/2017). A medida possibilita que uma gestante ou mãe entregue seu filho para adoção, em um procedimento assistido pela Justiça da Infância e Juventude. No Brasil, em 2021 foram registradas 1.312 entregas voluntárias no país, número que subiu para 1.667 em 2022.

Dom Reginei José Modolo, bispo auxiliar de Curitiba-PR e membro da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, conta que na entrada da Casa Pró-Vida Imaculada Conceição, na capital paranaense, há uma árvore com mais de 200 crianças e mães que já passaram pela entidade – que deixaram de ser abortadas ou que encontraram um novo lar para serem amadas e cuidadas.

“Aproveitamos este momento para anunciar a beleza do que é possível ajudar aquelas mulheres que receberam o anúncio do Evangelho da Vida. Tem gente que tem esse amor para oferecer e que ela pode ficar muito tranquila, seja em relação às questões legais ou humanas, para doar essa criança”, comentou.

Outra experiência é a da Associação Civil Quintal de Ana (www.quintaldeana.org.br), conduzida pelo casal coordenador nacional de Casos Especiais, Sávio e Bárbara Bittencourt. Eles têm cinco filhos e dão suporte a famílias que querem adotar. Há 20 anos o casal trabalha com a preparação de pretendentes à adoção, o apoio e orientação de famílias adotivas, apadrinhamento afetivo e a busca ativa para crianças e adolescentes sem família.

“É importante se posicionar contra o aborto, mas há diversas ações que podemos fazer em nosso cotidiano, como visitar aquela criança que está institucionalizada, ela também merece uma família. Ir lá, dar um abraço, é uma experiência muito bonita e que abre os nossos horizontes”, reforçou o bispo.

 

Gestos concretos

Como de costume, neste dia, a Pastoral Familiar convidou os fiéis a realizar um gesto público de propagação da ‘Luz de Cristo’ para que possa iluminar e proteger as vidas vulneráveis e indefesas, além de promover o tema da adoção. Nesta data foi realizada em Nova Friburgo a Caminhada em Defesa da Vida, com a participação das paróquias, agentes pastorais, instituições católicas e outras instituições cristãs da sociedade friburguense.

Além disso, durante os encontros, os participantes foram chamados à realização de gestos concretos em favor da vida como: a prática da adoção; conhecer o Programa Família Acolhedora e, sendo possível, colocar-se a serviço capacitando, acolhendo ou divulgando; contribuir com os centros de acolhida da mãe gestante; ser membro de Comissões Diocesanas de Bioética; entre outros.

Fonte: CNBB

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Uma igreja sinodal: comunhão, participação e missão

segunda-feira, 02 de outubro de 2023

O extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, depois estendido para três, lançado nos dias 9-10 de outubro de 2021, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, numa primeira Assembleia do Sínodo dos Bispos, em nível mundial, sobre o tema da sinodalidade da Igreja, no seu agir em comunhão, participação e missão.

O extraordinário e inédito processo de escuta de todo o povo de Deus, por dois anos, depois estendido para três, lançado nos dias 9-10 de outubro de 2021, em Roma, pelo profético Papa Francisco, nos projeta neste mês de outubro, mês das missões, numa primeira Assembleia do Sínodo dos Bispos, em nível mundial, sobre o tema da sinodalidade da Igreja, no seu agir em comunhão, participação e missão.

Este caminho já proposto pelo Concílio Vaticano II e impulsionado pelo iluminado Papa São Paulo VI - a sinodalidade - foi expresso nas últimas décadas, pela implementação do Sínodo dos Bispos, como um forte e rico momento de escuta do Sucessor de Pedro dos seus irmãos, sucessores dos apóstolos, espalhados no mundo inteiro, representando e ecoando as realidades e anseios de seus milhares de rebanhos. Estes processos enriqueceram muito a reflexão de toda a Igreja sobre diversos temas, com a contribuição das mais variadas culturas e especificidades dos países representados por seus pastores, com a assessoria de vários peritos, clérigos, religiosos e leigos. Estas proposições dos padres sinodais serviram de base para importantes e renovadoras Exortações Apostólicas pós-sinodais, assinadas pelos pontífices desde São Paulo VI.

Mas, com certeza, faltava um aprofundamento sobre a própria sinodalidade, exercitando não só a colegialidade episcopal, alcançando de forma representativa as comunidades. Já há tempos, era sugerido, inclusive pelo próprio Papa Francisco, um processo de "caminhar juntos", escutando diretamente todas as expressões do povo de Deus, colhendo das bases das comunidades e dos cristãos, dos não cristãos e da sociedade em geral, as impressões, testemunhos e dados referentes à essencialidade da Igreja, em sua "comunhão, participação e missão", ouvindo, deixando que todos tomem a palavra, falando com coragem, integrando liberdade, verdade e caridade; celebrando a Palavra e a Eucaristia, na corresponsabilidade missionária, participando da comunidade eclesial e no serviço à sociedade, com responsabilidade social e política, no diálogo e na busca da justiça e do bem comum, salvaguardando os direitos humanos, no cuidado com a casa comum; fomentando a união e diálogo ecumênico, a partir de um único Batismo, investindo na sinodalidade como um princípio educativo para a formação da pessoa humana e do cristão, das famílias e das comunidades, numa decisão por discernimento com base num consenso que dimana da obediência comum ao Espírito; tornando as lideranças e membros da Igreja mais capazes de caminhar juntos, de se ouvir mutuamente e de dialogar, num crescimento em comunhão, aumentando a participação ministerial e o comprometimento missionário.

O que este processo lançado pelo Papa quis e quer saber, após longa e larga escuta do povo de Deus nas diversas paróquias, dioceses, regiões, países, continentes, ouvindo também as mais variadas instituições da sociedade, foi e é exatamente o que se refere a estas iluminações de como a Igreja pode e deve realizar a sua missão de modo sinodal, ao mesmo tempo consignando a sinodalidade como forma, estilo e estrutura da mesma Igreja, na atualização de sua corresponsabilidade e participação na missão da nova evangelização essencialmente unida à promoção humana. Por isto, foi aberta em todas as dioceses do mundo, no dia 17 de outubro de 2021, a fase de escuta de todos os representantes deste múnus conjunto e de seu contexto social de desenvolvimento.

Na nossa Diocese de Nova Friburgo, houve uma missa de abertura nesta data, na querida Paróquia Nossa Senhora das Graças, em Olaria, às 16h, presidida pelo nosso bispo diocesano, D. Luiz Antonio Lopes Ricci, que ressaltou a importância de auscultar, termo do vocabulário médico que nos remete a um exame mais sensível e aprofundado da nossa realidade para um diagnóstico que nos direciona para a superação dos desafios, para a saúde da Igreja, em sua vida e missão. Com uma comissão diocesana e um material distribuído a todas as paróquias, comunidades e demais representações, foram feitos um levantamento e uma síntese diocesana enviada para a fase regional e nacional, depois unida à síntese da fase continental.

Agora, nesta semana, a partir do dia 4 até o próximo dia 29, acontecerá a XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos com o Papa Francisco, refletindo o Instrumento de trabalho, texto elaborado com as contribuições do mundo inteiro coletadas no amplo processo de escuta. São 464 participantes, com 365 membros, incluindo o Papa, cardeais, bispos, com a novidade implementada pelo Papa de religiosos e leigos com direito a voto, dentre eles, 54 mulheres eleitoras, participando também na sinodalidade decisória e dois bispos chineses aprovados pela autoridade do Papa. É um forte momento da nossa Igreja de oração, unidade e partilha de corresponsabilidade sinodal, construindo novos e necessários caminhos de missão, sob o sopro e impulso do Espírito Santo.

Foi feita uma Vigília Ecumênica de oração, neste último dia 30 de setembro, presidida pelo nosso Bispo Diocesano, na Paróquia Santo Antônio e São Francisco de Assis, em Nova Friburgo, com os fiéis das paróquias, na intenção deste Sínodo, conforme o pedido do Papa Francisco, em união com o Sucessor de Pedro também foram realizadas outras vigílias nos outros vicariatos da diocese. Depois deste evento, haverá ainda uma segunda Assembleia Sinodal em 2024, estendendo o processo, para o amadurecimento do caminho. Por fim, todo este trabalho de escuta e enriquecimento mútuo, fruto de toda uma comunhão e cooperação, continuará o processo sinodal na fase de execução, com a mesma participação e entusiasmo das dioceses, comunidades e expressões eclesiais missionárias.

Rezemos e participemos deste belo e histórico caminho junto, como irmãos, numa igreja constitutivamente sinodal, aplicando cada vez mais estes princípios e ensinamentos do Concílio Vaticano II. Boa missão para todos!

 

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo 

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