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Pentecostes

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Ressuscitou! Bradam os anjos. Bradam os apóstolos. Exulta a Igreja. Foi o que celebramos com alegria neste tempo pascal e em Pentecostes, no último domingo, 28, no 50º dia após a Ressurreição do Senhor. O Espírito Santo que vem sobre Maria e os apóstolos no cenáculo, em forma de línguas de fogo, após uma forte ventania.

Ressuscitou! Bradam os anjos. Bradam os apóstolos. Exulta a Igreja. Foi o que celebramos com alegria neste tempo pascal e em Pentecostes, no último domingo, 28, no 50º dia após a Ressurreição do Senhor. O Espírito Santo que vem sobre Maria e os apóstolos no cenáculo, em forma de línguas de fogo, após uma forte ventania.

É o fogo de Deus que nos capacita, nos aquece e revigora para a missão. E fazemos a passagem para a coragem, para o Amor que assume a obra da redenção de Cristo em sua continuidade ao ir pregar o Evangelho da Vida a todas as pessoas, em todos os lugares. É a vitória de Cristo sobre o mal e a morte que deve ser anunciada numa renovação de cada homem, de cada realidade social, de cada construção comum da humanidade! O sangue virou triunfo que jorra sem economia do coração do Salvador para libertar todos os irmãos. Cada homem que crê é anjo que descortina o brilhante ouro da vida, o mar de cristal, a Jerusalém celeste. Cada cristão é um vidente estupefato, boquiaberto com a torrente de luz emanada do Cordeiro.

Cada crente é mistério mergulhado na verdade. É profeta entorpecido pela arrastadora consciência, a visão do eterno-agora, do céu-aqui, nas lutas apocalípticas de cada instante, sem nenhuma grande catástrofe a não ser a de não amar, a de não beber da seiva da graça, a Água Viva do Tudo, a moção divino-humana propulsora, redentora. A Igreja reluz esta força maior, com a sabedoria solar do discernimento espiritual como uma bússola a orientar os filhos na rota da felicidade-salvação, para edificar e nutrir a vida humana com tudo aquilo que é o manancial da verdade e da paz que acalma, consola e fortalece a nossa natureza manca e titubeante.

A fortaleza é outro dom do Espírito para empreendermos nossas energias para o lado certo, guiados pela sábia visão e pela ciência, o aprofundamento da Palavra de Deus, iluminados por todo entendimento sobrenatural da inspiração do Senhor. Sem sabedoria, fazemos força para o sentido equivocado e podemos gerar injustiça e violência. Com a sabedoria, mas sem a fortaleza, podemos permanecer uma Igreja fria, teórica, sabendo o sentido, mas sem coragem, nem vontade de seguir o chamado e transformar a realidade em Reino de Deus. Acomodamo-nos na água morna do imobilismo, conformismo que geram hipocrisia. Sabedoria e fortaleza são dons que devem estar na harmonia mística da missão. E é o Espírito quem dá o discernimento, o tom, a dose certa do agir, do procedimento, do tempo e das decisões.

Tudo isso, com a unção da piedade e do amor a Deus, que sustenta a reverência, respeito e a constante estupefação com o sagrado, sem deixar que caia na rotina e no exercício mecânico, funcional, toda a obra mistérica e milagrosa da nossa iluminação-elevação.

O Espírito derramado que nos projeta sem nem mesmo sabermos do todo e do fim. Despojamo-nos de nós mesmos e nos deixamos conduzir.  Apenas iluminados, nos ressuscitamos, encharcados de Cristo, embebidos de seu fulgor. Tornamo-nos transformadores, construtores, desbravadores do impossível, aventureiros entusiasmados da perfeita alegria. No entusiasmo itinerante, como quem nada possui; livres servidores da totalidade, pregadores da caridade, mãos solidárias que se engajam e partilham, na profunda espiritualidade do Amor aos pobres.

Jesus no meio, ressuscitado. Vivo. Todos n'Ele. O Espírito em todos. É sempre Pentecostes!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.

Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

segunda-feira, 22 de maio de 2023

Celebramos no último domingo, 21, a Ascensão do Senhor e o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, com a mensagem do Papa Francisco com o tema "Falar com o coração - testemunhando a verdade no amor". Apresentamos aqui para dar continuidade à temática alguns pontos de orientação para a nossa comunicação evangelizadora.

Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

1.   Adorar somente a Deus. Jamais a própria matéria ou produção. Amar a Deus sobre todas as coisas, acima da técnica, dos meios, dos planos e das adesões.

Celebramos no último domingo, 21, a Ascensão do Senhor e o 57° Dia Mundial das Comunicações Sociais, com a mensagem do Papa Francisco com o tema "Falar com o coração - testemunhando a verdade no amor". Apresentamos aqui para dar continuidade à temática alguns pontos de orientação para a nossa comunicação evangelizadora.

Os Dez Mandamentos da Comunicação Pastoral

1.   Adorar somente a Deus. Jamais a própria matéria ou produção. Amar a Deus sobre todas as coisas, acima da técnica, dos meios, dos planos e das adesões.

2.  Não usar a palavra, a imagem, ou o conteúdo cristão em vão. A saturação não é comunicação. Banaliza a mensagem e tira o foco do objetivo sagrado e pastoral.

3.  Guardar o tempo certo para Deus, entregando todos os trabalhos à iluminação do Espírito Santo comunicador, antes de qualquer estratégia, planejamento ou ação.

4. Honrar e dignificar sempre a Palavra e a Fonte Divina, o patrimônio da Fé, a Igreja e manter sempre clara a proposta do Reino de Deus, sem ceder às negatividades ou ao pessimismo dos que agem sem a Graça.

5. Não matar as iniciativas das comunidades ou dos agentes de pastorais, impondo os seus modelos preconcebidos. Interagir, dialogar e construir um projeto de comunicação a partir de todos os potenciais, expressões e criatividades.

6. Não adulterar o conteúdo da informação ou da transmissão, somente para agradar, ganhar adeptos ou seguidores. Inculturar a linguagem, sem desfigurar os fundamentos da Fé. Conservar íntegro o sentido interno da Verdade ética e religiosa Revelada, mesmo que isto cause rejeição, oposição ou mesmo perseguição, como fizeram com o Mestre.

7. Não roubar o lugar de Deus na comunicação. Deus é o centro de tudo. Ele deve ser anunciado como o grande Senhor e Salvador. Não fazer uma apresentação personalista e vaidosa do Evangelho, projetando mais a sua imagem do que a de Jesus Cristo.

8. Não mentir a respeito da dignidade humana, dos valores mais profundos morais, espirituais, da realização, santidade e salvação, numa abordagem reducionista ou relativista, manipulando o processo comunicativo apenas para o sucesso midiático, conformando-o com a mentalidade do mundo materialista e egoísta.

9. Não invejar os talentos dos outros. Nem querer destruí-los ou ofuscá-los. Desenvolver os próprios dons, em comunhão com todos, valorizando as capacidades, habilidades e experiências dos irmãos, na construção de um projeto comum, num verdadeiro sistema pastoral de comunicação, usando todos os meios, ferramentas e caminhos culturais para a evangelização.

10. Não associar a comunicação do Reino ao espírito pagão da prosperidade material, da fama etérea do mundo, da autoafirmação institucional ou ambição de êxito social e popularidade. Cultivar a espiritualidade do despojamento, da humildade e serviço, no testemunho da autenticidade, aliando competência e qualidade à simplicidade da proposta amorosa e atraente da doação-cruz de Cristo.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais

terça-feira, 16 de maio de 2023

Em 2023 o Dia Mundial das Comunicações será celebrado em 21 de maio. Como de costume, o Papa Francisco sempre prepara uma mensagem para a data. Neste ano o Pontífice reflete sobre o tema “Falar com o coração - Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Trazemos nesta semana alguns trechos da referida mensagem.

Em 2023 o Dia Mundial das Comunicações será celebrado em 21 de maio. Como de costume, o Papa Francisco sempre prepara uma mensagem para a data. Neste ano o Pontífice reflete sobre o tema “Falar com o coração - Testemunhando a verdade no amor” (Ef 4, 15). Trazemos nesta semana alguns trechos da referida mensagem.

Depois de ter refletido, nos anos anteriores, sobre os verbos “ir e ver” e “escutar” como condição necessária para uma boa comunicação, com esta mensagem gostaria de me deter sobre o “falar com o coração”. Foi o coração que nos moveu para ir, ver e escutar, e é o coração que nos move para uma comunicação aberta e acolhedora. Após o nosso treino na escuta, podemos entrar na dinâmica do diálogo e da partilha que é, em concreto, comunicar cordialmente. E, se escutarmos o outro com coração puro, conseguiremos também falar testemunhando a verdade no amor (cf. Ef 4, 15). Não devemos ter medo de proclamar a verdade. Com efeito, o programa do cristão – como escreveu Bento XVI – é “um coração que vê” [1]. Trata-se de um coração que revela, com o seu palpitar, o nosso verdadeiro ser e, por essa razão, deve ser ouvido.

Para se poder comunicar testemunhando a verdade no amor, é preciso purificar o próprio coração. Só ouvindo e falando com o coração puro é que podemos ver para além das aparências, superando o rumor confuso que, mesmo no campo da informação, não nos ajuda a fazer o discernimento na complexidade do mundo em que vivemos. O apelo para se falar com o coração interpela radicalmente este nosso tempo, tão propenso à indiferença e à indignação, baseada por vezes até na desinformação que falsifica e instrumentaliza a verdade.

Num período da história marcado por polarizações e oposições – de que, infelizmente, nem a comunidade eclesial está imune – o empenho em prol de uma comunicação “de coração e braços abertos” não diz respeito exclusivamente aos agentes da informação, mas é responsabilidade de cada um. Todos somos chamados a procurar a verdade e a dizê-la, fazendo-o com amor. De modo particular nós, cristãos, somos exortados a guardar continuamente a língua do mal (cf. Sl 34, 14).

Por vezes, o falar amável abre uma brecha até nos corações mais endurecidos. Precisamos daquele falar amável no âmbito dos mass media, para que a comunicação não fomente uma aversão que exaspere, gere ódio e conduza ao confronto, mas ajude as pessoas a refletir calmamente, a decifrar com espírito crítico e sempre respeitoso a realidade onde vivem.

Um dos exemplos mais luminosos e, ainda hoje, fascinantes deste “falar com o coração” temo-lo em São Francisco de Sales, doutor da Igreja. Mente brilhante, escritor fecundo, teólogo de grande profundidade, ele foi bispo de Genebra no início do século XVII, em anos difíceis marcados por animadas disputas com os calvinistas. A sua mansidão, humanidade e predisposição a dialogar pacientemente com todos, e de modo especial com quem se lhe opunha, fizeram dele uma extraordinária testemunha do amor misericordioso de Deus. Dele se pode dizer que as suas “palavras amáveis multiplicam os amigos, a linguagem afável atrai muitas respostas agradáveis” (Sir 6, 5). Aliás, uma das suas afirmações mais célebres – “o coração fala ao coração” – inspirou gerações de fiéis.

É a partir deste “critério do amor” que o santo bispo de Genebra nos recorda, através dos seus escritos e do próprio testemunho de vida, que “somos aquilo que comunicamos”: uma lição contracorrente hoje, num tempo em que, como experimentamos particularmente nas redes sociais, a comunicação é muitas vezes instrumentalizada para que o mundo nos veja, não por aquilo que somos, mas como desejaríamos ser. Possam os agentes da comunicação sentir-se inspirados por este Santo da ternura, procurando e narrando a verdade com coragem e liberdade.

Como já tive oportunidade de salientar, “também na Igreja há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos. É o dom mais precioso e profícuo que podemos oferecer uns aos outros” [4]. De uma escuta sem preconceitos, atenta e disponível, nasce um falar segundo o estilo de Deus, que se sustenta de proximidade, compaixão e ternura. Na Igreja, temos urgente necessidade de uma comunicação que inflame os corações, seja bálsamo nas feridas e ilumine o caminho dos irmãos e irmãs. Sonho uma comunicação eclesial que saiba deixar-se guiar pelo Espírito Santo, gentil e ao mesmo tempo profética, capaz de encontrar novas formas e modalidades para o anúncio maravilhoso que é chamada a proclamar no terceiro milênio.

Hoje é tão necessário falar com o coração para promover uma cultura de paz. Como cristãos, sabemos que é precisamente na conversão do coração que se decide o destino da paz. Do coração brotam as palavras certas para dissipar as sombras de um mundo fechado e dividido e construir uma civilização melhor do que aquela que recebemos. É um esforço que é exigido a todos e a cada um de nós, mas faz apelo de modo particular ao sentido de responsabilidade dos agentes da comunicação a fim de realizarem a própria profissão como uma missão.

Fonte: www.vatican.va

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Páscoa sempre!

segunda-feira, 08 de maio de 2023

Este é o dia, o tempo que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!

Apesar de todas as sombras e dores, tristezas e lutos da difícil situação da pandemia que nos limitou e fez sofrer, com muitas perdas e desgastes, muitas carências e empobrecimento, mesmo fome e indignidade de tantos irmãos, surge a luz radiante do amor redentor de Jesus, nos renovando na fé, na esperança e na perseverança da doação solidária de fraternidade!  Ele venceu a cruz, todo mal e a morte! Aleluia!!!

Este é o dia, o tempo que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e nele exultemos!

Apesar de todas as sombras e dores, tristezas e lutos da difícil situação da pandemia que nos limitou e fez sofrer, com muitas perdas e desgastes, muitas carências e empobrecimento, mesmo fome e indignidade de tantos irmãos, surge a luz radiante do amor redentor de Jesus, nos renovando na fé, na esperança e na perseverança da doação solidária de fraternidade!  Ele venceu a cruz, todo mal e a morte! Aleluia!!!

Ele nos ilumina, fortalece e capacita para toda boa obra e renovação, transformando o nosso nada em tudo, o nosso desânimo em iniciativa de amor, as nossas lágrimas em impulso de superação e graça de libertação!

Percebemos que somos mais fortes juntos, unidos como Igreja, na família, Igreja doméstica, na partilha dos dons, dos recursos, dos conhecimentos, do crer, do carinho amigo e irmão, das orações comunitárias e gestos, mesmo, às vezes, à distância, de modo virtual, mas tudo cheio do sentimento de comunhão e bem querer, de incentivo ao crescimento do outro, nas virtudes humanas e cristãs, na integração de ideias, criatividades, planejamentos, projetos, riquezas que Deus todos os dias nos dá, em sua infinita bondade e generosa providência!

Com isso, vamos avançando sempre neste caminho da graça e da luz da fé, o itinerário da Igreja missionária, comunidade de vida, de amor, de perdão, de evangelização alegre e partilha fraterna! Como crescemos neste período, aprendendo a nos despojar de tanta coisa e de tantos apegos de nosso coração, reformulando nossas rotinas, ações, pensamentos, atitudes, ideias, simplificando alguns caminhos, com certeza, e nos reinventando em tantos aspectos que só nos aproximaram dos irmãos e nos fizeram uma comunidade mais de missão, das casas ao templo, da internet aos corações, dos encontros à necessidade urgente dos que mais ficaram fragilizados.

Sobre toda esta realidade brilhou e brilha a luz pascal do coração salvador de nosso Senhor Jesus Cristo que deu sua vida por nós, com tanta humildade e entrega, oferecendo cada sacrifício pela nossa vitória, pela nossa paz, dando-nos a dignidade de filhos de Deus, pelo Batismo, a unção da graça do seu testemunho pela Crisma, a força do alimento divino do seu corpo e sangue na Eucaristia, a restauração espiritual com sua infinita misericórdia na confissão e pela graça dos outros sacramentos, pela edificação e direção da divinal sabedoria de sua palavra em nossa caminhada de luta pelas estradas do mundo! É a vida que vence a morte, a graça que vence o pecado, a luz que vence as trevas, a presença de Cristo em nós, na nossa alma, nos nossos corações, na nossa missão como sua Igreja feliz peregrina e testemunha da ressurreição!

Desejamos a todos e todas uma vida renovada nesta alegria do Cristo Ressuscitado, neste período pascal de tantos frutos que já podemos colher em nossas famílias, nas paróquias, na messe diocesana e que estamos cultivando e que podemos continuar plantando nesta terra boa da união e do amor de Deus!

Reaviva o dom de Deus que há em ti e lança de novo as redes para a pesca maravilhosa do Senhor! Confia e caminha, ora e trabalha, partilha e ama com o amor de Jesus! Muitos esperam por ti e pela vocação que o Pai te deu, com a iluminação do espírito santo!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional

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Páscoa – saber perder é saber ganhar!

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Páscoa, no grego paskein, no hebraico, pesah, palavra que significa passagem. Da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, do pecado para a graça, das trevas para a luz! A nossa Igreja celebra o Tempo Pascal, no seu calendário litúrgico, durante sete semanas, culminando no quinquagésimo dia com a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no cenáculo. São cinquenta dias de alegria e aprofundamento desta verdade fundamental da nossa fé cristã - a Ressurreição do Senhor.

Páscoa, no grego paskein, no hebraico, pesah, palavra que significa passagem. Da escravidão para a liberdade, da morte para a vida, do pecado para a graça, das trevas para a luz! A nossa Igreja celebra o Tempo Pascal, no seu calendário litúrgico, durante sete semanas, culminando no quinquagésimo dia com a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria no cenáculo. São cinquenta dias de alegria e aprofundamento desta verdade fundamental da nossa fé cristã - a Ressurreição do Senhor.

Páscoa! Certeza da vitória da vida! Cristo, Deus feito homem nos ensina a amar e a dar a vida pelos irmãos. O seu olhar acolhedor e misericordioso nos transmite do alto da dor e da cruz que o amor é mais forte que a morte, é mais forte que qualquer sofrimento ou obstáculo.  Amar e perdoar. Libertar o coração de todo ressentimento e mágoa, de todo o rancor e ódio, de toda revolta ou sentimento de vingança. Purificar-se. Lavar as vestes e a alma no sangue Redentor do Cordeiro. Entregar-se totalmente nas mãos do Pai: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.”  Como Jesus, saber “perder”. Deixando que disputem sua túnica, o poder, a vaidade, as riquezas, os prazeres.  Poder verdadeiro e definitivo é o de Deus!  Ele te ressuscita, te revigora e te realiza plenamente no sentido hialino de viver.  

O nosso tesouro é Deus e esta feliz vida espiritual que Ele nos dá já aqui no horizonte terrestre. A paz de ser amado e de amar com este sentir do coração de Cristo. Servir ao próximo sem interesse, sem ambiguidades, nem equívocos. É bálsamo para o espírito e alegria eterna multiplicada a cada gesto de bondade, gentileza, fraternidade, generosidade. Doação de si mesmo com total liberdade ao coração dos irmãos, especialmente os que mais precisam. No fim, na maturidade do “terceiro dia”, é o saber ganhar de Jesus, a vitória da luz e da verdade, o esplendor do Bem, que se conquista com a renúncia, o esvaziamento, o sacrifício e o Amor-entrega da sexta-feira da Paixão. Assumir a cruz e transformá-la em luz para nós e para o mundo inteiro. Assim continuaremos a obra da salvação do Senhor.

Nesta mística do esvaziamento (kénosis) de Jesus, vamos aprofundando a nossa missão como Igreja, anunciando, com a luz do Ressuscitado, com a mensagem e testemunho da caridade, da fraternidade, da justiça do Reino de Deus e da cultura da paz, a graça de um novo tempo, a civilização do amor e da promoção da vida, da vitória não pela competição ou destruição do outro, mas pela doação generosa e solidária pelo bem de todos os irmãos. A paz do Cristo Ressuscitado!

   Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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A Igreja da Misericórdia no ensinamento do Papa Francisco

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Neste dia 16 de abril, celebramos como Igreja o segundo domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia, incluído no calendário litúrgico pelo Papa São João Paulo II, motivado pelas visões místicas da santa religiosa polonesa Faustina Kowalska, ao canonizá-la em 30 de abril de 2000, chamada apóstola da misericórdia.

Neste dia 16 de abril, celebramos como Igreja o segundo domingo da Páscoa, o domingo da Divina Misericórdia, incluído no calendário litúrgico pelo Papa São João Paulo II, motivado pelas visões místicas da santa religiosa polonesa Faustina Kowalska, ao canonizá-la em 30 de abril de 2000, chamada apóstola da misericórdia.

Este tema foi profundamente trabalhado também pelo Papa Francisco ao proclamar o Ano Jubilar da Misericórdia, de 8 dezembro de 2015 a 8 de dezembro de 2016. Em toda a sua trajetória de vida e de pensamento, o Papa Francisco tem dado um testemunho vivo do poder da graça e o rosto da misericórdia de Deus. Escreve o seu Magistério com as linhas de sua doação integral e com a Palavra viva do abraço universal a todos com o coração aberto de Cristo. Anunciou recentemente um Ano Jubilar para 2025, como dom especial da graça e da misericórdia de Deus, confiando sua preparação ao Dicastério para a Nova Evangelização.

"A misericórdia de Deus: como é bela esta realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre segura a nossa mão, nos sustenta, levanta e guia”. Afirma o Sucessor de Pedro (A Igreja da Misericórdia - Minha visão para a Igreja, São Paulo, Paralela, 2014). Propõe o itinerário da luz da fé, "pois quando a sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu vigor. De fato, a luz da fé possui um caráter singular, sendo capaz de iluminar toda a existência do homem". Esta luz não brota de nós mesmos, mas do encontro com o Deus vivo que nos revela o seu amor.

Temos que "recomeçar de Cristo". Primeiro, é necessário estar com Cristo, cultivar a familiaridade com Ele, ouvi-Lo, aprender d'Ele. Um caminhar sob a graça, porque o Senhor nos amou, nos salvou, nos perdoou. Segundo, imitar o Mestre, sair de si mesmo para ir ao encontro do outro. Descentralizar-se no verdadeiro dinamismo do amor. "Este é o movimento do próprio Deus! Sem deixar de ser o centro, Deus é sempre dom de si, relação, vida que se comunica". Terceiro, não ter medo de ir com Ele para as periferias geográficas e existenciais.

Estes passos capacitam e fortalecem uma Igreja pobre como Cristo para ser instrumento de Deus na libertação e promoção dos pobres, para ouvir o clamor do irmão mais necessitado e socorrê-lo'. Sempre retorna a antiga pergunta: 'Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo seu irmão com necessidade, lhe fechar o coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?" (1 Jo 3,17). Ou como nos testemunha o apóstolo São Tiago: "Olhai que o salário que não pagastes, aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, está a clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do universo" (Tg 5,4).

Continua Francisco: "A Igreja reconheceu que a exigência de ouvir esse clamor deriva da própria obra libertadora da graça em cada um de nós, pelo que não se trata de uma missão reservada apenas a alguns. A Igreja, guiada pelo Evangelho da Misericórdia e pelo amor ao homem, escuta o clamor pela justiça e deseja responder com todas as suas forças". É o sentido pleno de solidariedade - cooperação para resolver as causas estruturais da pobreza e promover o desenvolvimento integral da pessoa humana. "Significa muito mais do que alguns atos esporádicos de generosidade; supõe a criação de uma nova mentalidade que pense em termos de comunidade, de prioridade da vida de todos sobre a apropriação dos bens por parte de alguns".

A Igreja deve ser casa de comunhão que acolhe a todos, casa da harmonia. Enviada para levar o Evangelho a todo o mundo, em sintonia com o Espírito Santo e guiada por Ele, deve comunicar a esperança e a alegria, anunciando com o testemunho da fidelidade a Deus, mesmo nos sofrimentos e perseguições, na simplicidade da santidade cotidiana, promovendo a cultura do encontro contra a cultura reinante do descartável. Deve entregar tudo a Deus, sem reservas, numa atitude missionária, tomando a cruz de cada doação para verdadeiramente evangelizar.

Neste sentir, o profético Papa Francisco diz aos pastores da Igreja que devem ter cheiro das ovelhas, acolhê-las com magnanimidade, caminhar com o rebanho, com a presença forte, humilde, conhecedora e orientadora dos irmãos, na oração, na Palavra de Deus. Sacerdotes para servir. Para levar a unção ao povo. Extensão do coração misericordioso de Cristo Sacerdote a escolher os últimos. "Prefiro mil vezes uma Igreja acidentada, que sofreu um acidente a uma Igreja doente por estar fechada!". Este movimento de permanente saída de si mesmo para acolher e servir, especialmente os mais frágeis, os refugiados, os desamparados, na luta pela proteção dos direitos humanos. Para isso é preciso demolir os ídolos da lógica do poder e da violência, do culto ao deus dinheiro, da lepra do carreirismo, despojando o espírito do mundo, a mundanidade que escraviza e corrompe.

O Vigário de Cristo continua sua reflexão sobre a Igreja da Misericórdia, apresentando-a como a plantadora da cultura do bem, a grandeza de coração, de espírito, nobres ideais, a formação para as virtudes humanas: a lealdade, o respeito, a fidelidade, a responsabilidade, promovendo a dignidade de vida, compromissada com a paz. A exemplo de Maria, a Mãe da evangelização, de sua fé inabalável e obediência peregrina que escuta a Deus, se despoja e diz sim, que decide com confiança e fortaleza, que age com generosidade e total entrega, humilde a serviço do Plano divino da salvação. Com a sua intercessão, a Igreja também avançará no seu itinerário de fé e na sua missão de misericórdia.

Artigo baseado na obra citada, tradução do original “La Chiesa della misericordia, Libreria Editrice Vaticana, 2014”.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Páscoa de 2023

segunda-feira, 10 de abril de 2023

Hoje proclamamos que Ele, o Senhor da nossa vida, é «a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25) do mundo. É Páscoa, que significa «passagem», porque, em Jesus, realizou-se a passagem decisiva da humanidade, ou seja, a passagem da morte à vida, do pecado à graça, do medo à confiança, da desolação à comunhão. N’Ele, Senhor do tempo e da história, quero, com o coração repleto de alegria, dizer a todos: Feliz Páscoa!

Hoje proclamamos que Ele, o Senhor da nossa vida, é «a ressurreição e a vida» (Jo 11, 25) do mundo. É Páscoa, que significa «passagem», porque, em Jesus, realizou-se a passagem decisiva da humanidade, ou seja, a passagem da morte à vida, do pecado à graça, do medo à confiança, da desolação à comunhão. N’Ele, Senhor do tempo e da história, quero, com o coração repleto de alegria, dizer a todos: Feliz Páscoa!

Seja ela para cada um de vós, em particular para os doentes e os pobres, os idosos e quantos atravessam momentos de provação e dificuldade, uma passagem da tribulação à consolação. Não estamos sozinhos: Jesus, o Vivente, está conosco para sempre. Alegrem-se a Igreja e o mundo, porque hoje as nossas esperanças já não se quebram contra o muro da morte, mas o Senhor abriu-nos uma ponte para a vida. Sim, irmãos e irmãs! Na Páscoa, mudaram as sortes do mundo, e hoje podemos alegrar-nos de celebrar, por pura graça, o dia mais importante e belo da história.

Cristo ressuscitou, ressuscitou verdadeiramente: como se proclama nas Igrejas do Oriente. O termo verdadeiramente diz-nos que a esperança não é uma ilusão; é verdade! E que, a partir da Páscoa, o caminho da humanidade assinalado pela esperança é percorrido com passo mais rápido. Assim no-lo mostram, com o seu exemplo, as primeiras testemunhas da Ressurreição. Os Evangelhos narram aquela pressa boa com que, no dia de Páscoa, «as mulheres correram a dar a notícia aos discípulos» (Mt 28, 8). E ainda que Maria de Magdala, «correndo, foi ter com Simão Pedro» (Jo 20, 2); e em seguida João e o próprio Pedro «corriam os dois juntos» (20, 4) para chegar ao lugar onde Jesus estivera sepultado. E ao entardecer daquele dia de Páscoa, depois de terem encontrado o Ressuscitado no caminho para Emaús, os dois discípulos «voltaram imediatamente para Jerusalém» (Lc 24, 33). Em suma, na Páscoa, acelera-se o passo na caminhada que se torna uma corrida, porque a humanidade vê a meta do seu percurso, o sentido do seu destino, Jesus Cristo.

Apressemo-nos, também nós, a crescer num caminho de confiança recíproca: confiança entre as pessoas, entre os povos e as nações. Deixemo-nos surpreender pelo anúncio feliz da Páscoa, pela luz que ilumina as trevas e obscuridades em que demasiadas vezes se encontra envolvido o mundo.

Apressemo-nos a superar os conflitos e as divisões, e a abrir os nossos corações aos mais necessitados. Apressemo-nos a percorrer sendas de paz e fraternidade. Alegremo-nos com os sinais concretos de esperança que nos chegam de tantos países, a começar daqueles que oferecem assistência e hospitalidade a quantos fogem da guerra e da pobreza. Entretanto, ao longo do caminho, há ainda muitas pedras de tropeço, que tornam árduo e fadigoso este apressarmo-nos para o Ressuscitado. Supliquemos-Lhe: Ajudai-nos a correr ao vosso encontro!

Ajudai o amado povo ucraniano no caminho para a paz, e derramai a luz pascal sobre o povo russo. Confortai os feridos e quantos perderam os seus entes queridos por causa da guerra e fazei que os prisioneiros possam voltar sãos e salvos para as suas famílias. Abri os corações de toda a Comunidade Internacional para que se esforcem por fazer cessar esta guerra e todos os conflitos que ensanguentam o mundo. Neste dia confiamo-Vos, Senhor, a cidade de Jerusalém, primeira testemunha da vossa Ressurreição. Sustentai, Senhor, as comunidades cristãs que hoje celebram a Páscoa em circunstâncias particulares, e lembrai-Vos de todos aqueles a quem é impedido professar, livre e publicamente, a sua fé.

Confortai os refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e de toda a forma de escravidão. Inspirai, Senhor, os responsáveis das nações, para que nenhum homem ou mulher seja discriminado e espezinhado na sua dignidade; para que, no pleno respeito dos direitos humanos e da democracia, se curem estas chagas sociais, se procure sempre e só o bem comum dos cidadãos, se garanta a segurança e as condições necessárias para o diálogo e a convivência pacífica.

Irmãos, irmãs, voltemos também nós a encontrar o gosto do caminho, aceleremos o pulsar da esperança, saboreemos a beleza do Céu! Tiremos deste Dia as energias para continuar ao encontro do Bem que não desilude. E, se «o maior pecado – como escreveu um antigo Padre – é não acreditar nas energias da Ressurreição» (Santo Isaac de Nínive, Sermões ascéticos, I, 5), hoje acreditemos! «Sim, temos a certeza: verdadeiramente Cristo ressuscitou» (Sequência). Acreditamos em Vós, Senhor Jesus, acreditamos que convosco renasce a esperança, o caminho continua. Vós, Senhor da vida, encorajai os nossos caminhos e repeti, também a nós, como aos discípulos na noite de Páscoa: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 19.21).

Fonte: https://www.vatican.va

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Ressurreição: o nosso Deus É um Deus Vivo!

segunda-feira, 03 de abril de 2023

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de Ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo!". Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: "Roubaram o corpo";" Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do Amor de Cristo.

Entre as sombras da dúvida, do nada, do silêncio do peito, do esvaziamento do cosmo, surge a vida! O glorioso Sol rasga as trevas, numa manhã solene de Ressurreição! O túmulo vazio. Os guardas atônitos. Os apóstolos vibrantes de certeza! "Nosso Cristo está vivo!". Os materialistas repetem desde sempre a mesma mentira: "Roubaram o corpo";" Jesus Cristo foi apenas um homem contra o sistema e está morto", Míopes em suas mancas afirmações e adoradores da surda-muda matéria, teimam em não sair de suas cavernas frias para a luz aquecedora do Amor de Cristo.

Os nossos domingos já não podem ser os mesmos! Existe um brilho diferente no ar, na calma da natureza apoteótica a bradar Aleluia! Como naquele dia luminoso, aos olhos perplexos dos discípulos, o Senhor se elevava aos céus e prometia o seu Espírito e a sua nova vinda para recolher.

Mas se este Jesus está vivo, por que aparece ainda pregado na cruz? Pode alguém perguntar. A cruz é o símbolo do gesto máximo do Amor de Cristo por nós. É a recordação de quanto custou ao Deus feito homem a nossa libertação: sua vida, seu sangue, seu martírio. Se alguém dá a vida por nós, não podemos esquecer tal ato. O sacrifício da cruz é o grande sinal do Amor cristão, o Amor que não só vibra com a festa da vida, mas se solidariza e se doa nos sofrimentos e cruzes do irmão. Para nós, católicos, Jesus está vivo, sim, presente entre nós, Ressurreto, fulguroso e poderoso, mas sabemos o quanto sofreu por nós e, por isso, a sua cruz é para todos um instrumento-símbolo de salvação.

Nestes ventos de Ressurreição, devemos nos perguntar sobre nossos passos, sobre nossos rumos, sobre nossos corações... A luz que se acendeu há quase dois mil anos não se apagou... Ela se multiplica nos círios, no peito, nos sacrários do mundo inteiro, na chama da fé dos povos, na esperança ígnea que não se prostra nem mesmo com as bombas e perseguições, nem com as explosões de néon do ateísmo, do capitalismo selvagem. Ela se expande no brilho simples da verdade que quebra os sofisticados e ocos sofismas, meticulosamente talhados nas indústrias da exploração humana.

Este Deus vive entre nós. Vive em nós. Sua ação pasma a História, abrindo o mar com mão firme, curando toda enfermidade, transformando água em vinho, transubstanciando o próprio vinho em seu sangue, o pão em sua carne: Eucaristia -Ressurreição! Os véus do templo se rasgam de cima a baixo. Seu Sudário permanece de século em século, questionando a análise dos químicos, médicos, cientistas em geral, ou de qualquer cético que queira apalpar a configuração do Senhor.

Ei-lo! Eis o Homem! Como apresentou Pilatos. Todo chagado e marcado por chicotes ferinos. Eis o Cristo de olho vazado pelos espinhos da coroa e sobre esta vista a imagem de uma moeda romana, conforme o costume. Vejam o que queriam ver. Um Deus-homem impresso em negativo em um linho antiquíssimo, com pólen do século primeiro, pela explosão luminosa de sua Ressurreição! Reconheçam que não há pintura em negativo com sangue AB judeu de quase dois mil anos que permaneça nítida após tantas intempéries. Figura que não é pintada e que após fotografia de um pesquisador, curiosamente aparece em positivo e apresenta tridimensionalmente o Senhor sofredor, sem nenhuma distorção em computador (o que normalmente aconteceria), o que só hoje, no século 21, os cientistas conseguiram colocar impresso em 3D.

A precisão dos traços e marcas da Paixão... funduras das chagas, inchações, todo o desenho anatômico das lesões, constatado por renomados cirurgiões, digitais de quem o transportou nas plantas dos seus pés... O que mais falta? O que mais? Frente às exigências empíricas dos que no fundo acham incômodo CRER, Jesus ressuscitado diz ao Tomé de cada século: "Vem e vê. Põe o teu dedo em minhas chagas e no meu lado! Sou Eu! Estive morto, mas venci a morte! Abre teu coração agora e abandona tua soberba! Tu creste porque viste. Felizes aqueles que creem, mesmo sem ver."

Caros irmãos, o nosso Deus é um Deus vivo! E você é convidado a viver e a beber desta fonte e a nunca mais ter sede! Feliz Páscoa!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Quem tem medo da cruz? Meditação para a Quaresma e Semana Santa

segunda-feira, 27 de março de 2023

Aproxima-se a Semana Santa. Neste final de Quaresma, façamos uma profunda reflexão-preparação espiritual. Quem tem medo da cruz? Resposta: todos nós. Não fomos feitos para a cruz. Fomos gerados para a luz, para a vida. A cruz assombra, assusta, frustra, entristece. Faz fenecer todo sonho, o brilho dos olhos, a paz do coração. Faz perecer o voo, o projeto da ave, agora amarrada e sangrada. A cruz é terrível. É o nada travestido de dor, o vazio do abandono, o frio do desmonte existencial.

Aproxima-se a Semana Santa. Neste final de Quaresma, façamos uma profunda reflexão-preparação espiritual. Quem tem medo da cruz? Resposta: todos nós. Não fomos feitos para a cruz. Fomos gerados para a luz, para a vida. A cruz assombra, assusta, frustra, entristece. Faz fenecer todo sonho, o brilho dos olhos, a paz do coração. Faz perecer o voo, o projeto da ave, agora amarrada e sangrada. A cruz é terrível. É o nada travestido de dor, o vazio do abandono, o frio do desmonte existencial.

Quem tem medo da cruz? Todo ser sensato tem. Mas a pergunta é outra: quem ou o que venceria o Amor? O que ou quem derrotaria a Luz? E a Luz e o Amor têm nome - Jesus, o Homem-Deus Salvador. Não que a cruz não pese ou não doa. Mas, a presença do seu Amor é mais forte do que a morte! O que é a dor do parto em relação à infinita alegria do filho-fruto? O que é a dor do sofrimento terreno perante a alegria estrondeante da eternidade que já pulsa e vibra dentro de nós?

Cristo venceu a cruz, porque era todo Amor. Ele sabia que o Pai não o deixaria. Até por um momento de solidão estremeceu e oscilou na segurança. Mas seu espírito estava entregue. Ele era plena comunhão de Amor e de Luz com o seu Pai. E o Espírito estava com Ele. Ele atravessou o deserto da fome e da sede, do calor e do vento gélido. Ele perseverou fiel na dureza das tentações. Sempre nos nossos momentos de fraqueza aparecem as portas largas do fácil e do mal. É mais cômodo jogar a toalha. É mais prático também mais covarde abandonar o navio, a luta, a causa. Perder os princípios, compactuar com a mentira. Fazer o jogo, vender a alma, ganhar tesouros, curtir o egoísmo-prazer. Adorar o poder, garimpar o dinheiro. É o movimento-alucinação do mundo, do nosso mundo roleta russa. Salve-se quem puder!

Ao contrário, o Mestre sustentou a caridade com a fibra do despojamento e da humildade, com a força divina da constância. A estabilidade do Bem, sem máscara, sem terceiras intenções, sem hipocrisia, sem autopromoção. A generosidade sempre pronta daquele que tinha no cotidiano de cada dever-missão o tempero do sentido maior do coração: a felicidade do outro, o crescimento do irmão-amigo, a salvação da amiga-irmã.

A cruz só prevalece quando não temos a Luz e o sentido! Quando possuímos um porquê, então fazemos a oferenda, entregamos o sacrifício. Cada dor é doação, é oferta. É "por eles" que caminhamos. É "por eles" que sofremos. É "por eles" que não desistimos e enfrentamos tudo e não cedemos à infidelidade. É "por eles", gratuitamente, já nos dispensando do "obrigado" e da necessidade lógica da gratidão e do retorno. Como é o Amor de Cristo, puro e gratuito, só para que todos nós nos libertássemos. E isso já é uma imensa felicidade!

Se pudermos plantar a semente e fazer crescer alguém, isto já é um bálsamo de Deus que diz a nós ao ouvido e ao coração: "É por aí! Vai, continua, sê feliz!" Não importa o peso do madeiro, mesmo que diário. Transcenderemos o calvário, os chicotes, as cusparadas, as zombarias, a lança da traição, a sensação de abandono... Não fugiremos da missão, pois o nosso sangue é semente, nossa vida é geradora de tantas vidas e esperanças. Se a cada passo o Amor ilumina, a cruz que era nada, se torna instrumento-caminho do Tudo. O que era fim se transforma em meio. O que aniquilava, agora amadurece e reforça o valor da meta. O muro aparentemente intransponível é, na verdade, somente um obstáculo para o corredor que tem como ideal a coroa de louros da vitória. E assim nos libertamos e corremos no certame que nos é proposto rumo à realização eterna de Deus.

Não queremos ser escravos de ninguém, de nada, nem de nós mesmos. Foi para que fôssemos livres que Cristo nos redimiu, que Ele derramou total e resignadamente seu sangue, vendo em cada dor a nossa liberdade, em cada chicotada, o nosso riso, em cada bofetada, a nossa canção, na coroa de espinhos, a nossa glória. Persevera quem ama. De novo retorna a mente a pergunta: Quem tem medo da cruz? Todos nós temos medo da dor. Mas temos muito mais confiança no Amor que vence o tempo, a força, a mentira e a maldade, porque tem o Poder e a perenidade da Verdade - a única estrada que nos pode dar a vitória-felicidade-ressurreição!

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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Quaresma: tempo de confiança e renovação

segunda-feira, 20 de março de 2023

Vivendo a cada ano o tempo da Quaresma, na experiência de 40 dias de preparação para a Páscoa-Ressurreição do Senhor, lembramo-nos dos 40 anos das lutas do deserto do povo de Israel rumo à terra prometida e do outro deserto das tentações de Jesus, quando jejuou e venceu todo mal. No primeiro, o povo escolhido buscava a sua libertação plena, tendo que confiar totalmente no Deus que abrira o mar e que o curava e alimentava a cada passo.

Vivendo a cada ano o tempo da Quaresma, na experiência de 40 dias de preparação para a Páscoa-Ressurreição do Senhor, lembramo-nos dos 40 anos das lutas do deserto do povo de Israel rumo à terra prometida e do outro deserto das tentações de Jesus, quando jejuou e venceu todo mal. No primeiro, o povo escolhido buscava a sua libertação plena, tendo que confiar totalmente no Deus que abrira o mar e que o curava e alimentava a cada passo.

Confiar e caminhar: era o desafio da fé! Não se deixar convencer pelo mais fácil - o desânimo, o desespero, a escolha de outros deuses, ídolos que desviam o fiel de sua entrega, com promessas imediatistas e artificiais de saciedade e prosperidade. Continuar na obediência ao Senhor, arrepender-se das vacilações e pecados, das más escolhas. Retomar a direção da verdadeira Terra abençoada - a vontade divina. Aprender a abandonar-se em Deus, sem questionar a infinita sabedoria salvadora!

O deserto é sempre uma escola, onde temos a oportunidade de amadurecer a nossa fé, na provação, na perseverança, nas perdas, nas quedas e reerguimentos, entregando-nos à Misericórdia do Amoroso Pastor! Por isso, as palavras fortes deste tempo são: conversão, arrependimento, penitência, purificação, perdão, caridade, renovação!

No segundo deserto, Jesus nos ensina a fortaleza, a concentração, a resistência frente às tentações da nossa natureza humana: "...transforma esta pedra em pão!" (buscar a saciedade e o prazer fora da missão do Reino de Deus, priorizando o material); "...atira-te daqui para baixo!" (deixar tudo para a Providência divina, agindo com irresponsabilidade ou se omitindo, abandonando a luta e o esforço pelo Bem e pela Vida); "Tudo isto te darei, se prostrando, me adorares!" (querer o poder, traindo a verdade, deixando-se dominar pela ambição, soberba, vaidade, egoísmo, afastando-se da Igreja serva na humildade e na caridade, a exemplo de Cristo).

Aproveitemos este período propício à nossa renovação espiritual, para, com a graça e a força do Mestre, vencermos todas as sombras e fraquezas do nosso coração e nos fortalecermos com a Luz da Verdade de Deus, vencedores na Cruz do Senhor! Continuemos a nossa peregrinação quaresmal, como Igreja discípula-missionária, a exemplo de Maria, a Virgem Fiel, Estrela da Evangelização, em estado permanente de missão, como comunidade eclesial solidária, numa conversão pastoral, lavando nossos pecados na doação do amor de Cristo, pela Páscoa-libertação de muitos irmãos!

Que São José, homem justo, pai adotivo, amoroso e zeloso de Jesus e castíssimo esposo da Mãe do Senhor, interceda pelo caminho sinodal da nossa Igreja, ele que foi o administrador fiel da Casa de Deus e guia iluminado da Sagrada Família. Por sua intercessão e de Maria, Mãe da Igreja, seja abençoado e fortalecido sempre mais o ministério petrino do nosso querido Papa Francisco, nestes seus dez anos de pontificado, na profecia de seu testemunho do Amor cristão, na pobreza evangélica, no seu esforço de comunhão e de paz, na quaresma de suas dores e desafios, nas diretrizes de seu báculo de pastoreio, da alegria do Evangelho, de conversão e renovação eclesial.

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é assessor eclesiástico da Comunicação Institucional da Diocese de Nova Friburgo

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