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Sinodalidade: conversão para mais missionários
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Parte 1
O Documento Final da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, aprovado integralmente pela assembleia, relata e impulsiona uma experiência de Igreja pautada na “comunhão, participação e missão”, com a proposta concreta de uma nova visão que subverte práticas consolidadas.
O Documento Final, aprovado em todos os seus 155 parágrafos, está publicado e não será objeto de uma exortação do Papa: Francisco decidiu que seja imediatamente divulgado para que possa inspirar a vida da Igreja. “O processo sinodal não se encerra com o término da assembleia, mas inclui a fase de implementação”. Envolvendo todos no “caminho cotidiano com uma metodologia sinodal de consulta e discernimento, identificando modos concretos e percursos formativos para realizar uma tangível conversão sinodal nas várias realidades eclesiais”.
No Documento, em particular, é solicitado aos bispos um compromisso intenso em relação à transparência e à prestação de contas, enquanto — como também declarou o cardeal Férnandez, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé — estão em andamento trabalhos para dar mais espaço e poder às mulheres.
Duas palavras-chave emergem do texto — permeado pela perspectiva e pela proposta de conversão —: “relações” — que é uma maneira de ser Igreja — e “vínculos”, no sentido de um “intercâmbio de dons” entre as Igrejas, vivido de forma dinâmica e, assim, para converter os processos. Justamente as Igrejas locais estão no centro do horizonte missionário, que é o próprio fundamento da experiência de pluralidade da sinodalidade, com todas as estruturas a serviço, em suma, da missão, com o laicato cada vez mais ao centro e protagonista.
E, nessa perspectiva, a concretude de estar enraizados em um “lugar” emerge com força no Documento Final. Também é particularmente significativa a proposta apresentada no Documento para que os Dicastérios da Santa Sé possam iniciar uma consulta “antes de publicar documentos normativos importantes”.
A estrutura do Documento
O Documento Final é composto por cinco partes. A primeira, intitulada: O coração da sinodalidade, é seguida pela segunda parte. Juntos, na barca de Pedro — “dedicada à conversão das relações que edificam a comunidade cristã e dão forma à missão na intersecção de vocações, carismas e ministérios”.
A terceira parte — Sobre a tua Palavra — “identifica três práticas intimamente interligadas: discernimento eclesial, processos decisórios, cultura da transparência, da prestação de contas e da avaliação”. A quarta parte — Uma pesca abundante — “delineia a forma como é possível cultivar, de maneira nova, o intercâmbio de dons e o entrelaçamento de vínculos que nos unem na Igreja, em um tempo em que a experiência de enraizamento em um lugar está mudando profundamente”.
Finalmente, a quinta parte — Também eu vos envio — “permite olhar para o primeiro passo a ser dado: promover a formação de todos para a sinodalidade missionária”. Em particular, observa-se que o desenvolvimento do Documento é guiado pelos relatos evangélicos da Ressurreição.
As feridas do Ressuscitado continuam a sangrar
A introdução do Documento (1-12) esclarece desde o início a essência do Sínodo como uma “experiência renovada daquele encontro com o Ressuscitado que os discípulos viveram no Cenáculo na noite de Páscoa”. “Contemplando o Ressuscitado” — afirma o Documento — “vislumbramos também os sinais de Suas feridas (…) que continuam a sangrar no corpo de muitos irmãos e irmãs, inclusive devido a nossas próprias falhas.
O olhar voltado ao Senhor não nos afasta dos dramas da história, mas nos abre os olhos para reconhecer o sofrimento que nos rodeia e nos penetra: os rostos das crianças aterrorizadas pela guerra, o choro das mães, os sonhos desfeitos de tantos jovens, os refugiados que enfrentam jornadas terríveis, as vítimas das mudanças climáticas e das injustiças sociais”.
O Sínodo, ao lembrar as “muitas guerras” em curso, uniu-se aos “repetidos apelos do Papa Francisco pela paz, condenando a lógica da violência, do ódio, da vingança”. Além disso, o caminho sinodal é marcadamente ecumênico — “orienta-se para uma unidade plena e visível dos cristãos” — e “constitui um verdadeiro ato de recepção adicional” do Concílio Vaticano II, prolongando sua “inspiração” e renovando “para o mundo de hoje a sua força profética”.
Nem tudo foi fácil, reconhece o Documento: “Não escondemos que experimentamos em nós dificuldades, resistências à mudança e a tentação de fazer prevalecer nossas próprias ideias sobre a escuta da Palavra de Deus e a prática do discernimento”.
O coração da sinodalidade
A primeira parte do Documento (13-48) se abre com reflexões compartilhadas sobre a “Igreja Povo de Deus, sacramento de unidade” (15-20) e sobre as “raízes sacramentais do Povo de Deus” (21-27). É um fato que, justamente “graças à experiência dos últimos anos”, o significado dos termos “sinodalidade” e “sinodal” tenha “sido mais bem compreendido e, ainda mais, vivido” (28).
E “cada vez mais, esses termos têm sido associados ao desejo de uma Igreja mais próxima das pessoas e mais relacional, que seja casa e família de Deus” (28). “Em termos simples e sintéticos, pode-se dizer que a sinodalidade é um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária, para torná-la, assim, mais capaz de caminhar com cada homem e mulher, irradiando a luz de Cristo.
Na consciência de que a unidade da Igreja não é uniformidade, “a valorização dos contextos, das culturas e das diversidades, e das relações entre eles, é uma chave para crescer como Igreja sinodal missionária”. Com o fortalecimento das relações também com as demais tradições religiosas, em particular “para construir um mundo melhor” e em paz. (continua na próxima terça-feira, 5 de novembro)
Fonte: Vatican News
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