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Papa: agir segundo a verdade

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Em sua reflexão, antes da oração do Angelus em Castel Gandolfo, Leão XIV lembrou que “agir na verdade custa, porque no mundo há quem escolha a mentira” e convidou os fiéis “a não responder à prepotência com vingança”.

Após presidir a Santa Missa em Albano Laziale na manhã do último  domingo, 17, o Papa Leão XIV dirigiu-se à Piazza della Libertà, em Castel Gandolfo, onde cumpre o seu período de descanso estivo, para encontrar milhares de fiéis e peregrinos e rezar com eles a oração mariana do Angelus.

Em sua reflexão, antes da oração do Angelus em Castel Gandolfo, Leão XIV lembrou que “agir na verdade custa, porque no mundo há quem escolha a mentira” e convidou os fiéis “a não responder à prepotência com vingança”.

Após presidir a Santa Missa em Albano Laziale na manhã do último  domingo, 17, o Papa Leão XIV dirigiu-se à Piazza della Libertà, em Castel Gandolfo, onde cumpre o seu período de descanso estivo, para encontrar milhares de fiéis e peregrinos e rezar com eles a oração mariana do Angelus.

Na sua meditação, o Santo Padre comentou o Evangelho do 20º Domingo do Tempo Comum (cf. Lc 12, 49-53), sublinhando que a missão de Cristo e a dos seus discípulos não está livre de contradições: “Hoje, o Evangelho apresenta-nos um texto exigente, no qual, com imagens fortes e grande franqueza, Jesus diz aos discípulos que a sua missão, e também a dos que o seguem, não é só ‘um mar de rosas’, mas é ‘sinal de contradição’ (cf. Lc 2, 34).”

Em seguida, o Papa recordou que a própria vida de Jesus é marcada pela rejeição e perseguição, apesar da mensagem de amor e justiça que anunciava. Assim também viveram as primeiras comunidades cristãs descritas nos Atos dos Apóstolos, pacíficas mas alvo de hostilidade.

 

Perseverança na verdade

O pontífice destacou que o bem nem sempre encontra acolhimento, mas pode gerar resistência e perseguição. Por isso, exortou à perseverança:

“Agir segundo a verdade tem um custo, porque no mundo há quem opte pela mentira e porque o diabo, aproveitando-se disso, muitas vezes procura impedir a ação dos bons. Jesus, porém, convida-nos, com a sua ajuda, a não desistir e a não nos conformarmos com esta mentalidade, mas a continuar a agir em prol do nosso bem e do bem de todos, mesmo de quem nos faz sofrer. Ele convida-nos a não responder à prepotência com a vingança, mas a permanecer fiéis à verdade na caridade. Os mártires dão testemunho disso derramando o seu sangue pela fé, mas também nós, em circunstâncias diferentes e de outro modo, os podemos imitar.”

 

O testemunho quotidiano

Leão XIV recordou que seguir a verdade exige sacrifícios também na vida cotidiana. Pais que educam os filhos, professores que formam seus alunos, profissionais e políticos que agem com honestidade: todos são chamados a pagar o preço da coerência evangélica, e evocou as palavras de Santo Inácio de Antioquia, que a caminho do martírio em Roma escreveu: "Não quero que sejais estimados pelos homens, mas por Deus; Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar sobre todos os confins da terra."

Por fim, o Santo Padre confiou todos à proteção de Nossa Senhora: “Peçamos a Maria, Rainha dos Mártires, que nos ajude a ser, em todas as circunstâncias, testemunhas fiéis e corajosas do seu Filho, e sustenha os nossos irmãos e irmãs que hoje sofrem pela fé,” concluiu.

Fonte: Vatican News

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Leão XIV: o tesouro das obras de misericórdia

terça-feira, 12 de agosto de 2025

"Não perder nenhuma ocasião para amar", onde quer que estejamos, foi a recomendação do Papa no Angelus deste segundo domingo do mês de agosto, Dia dos Pais, ocasião em que pediu a Maria para nos ajudar a sermos "sentinelas da misericórdia e da paz" em um mundo marcado por tantas divisões.

"Não perder nenhuma ocasião para amar", onde quer que estejamos, foi a recomendação do Papa no Angelus deste segundo domingo do mês de agosto, Dia dos Pais, ocasião em que pediu a Maria para nos ajudar a sermos "sentinelas da misericórdia e da paz" em um mundo marcado por tantas divisões.

"Vendei vossos bens e dai esmola": a recomendação de Jesus sobre "como investir o tesouro da nossa vida", narrada no Evangelho de Lucas da liturgia do último domingo, inspirou a reflexão do Papa Leão XIV, antes de rezar o Angelus com os milhares de peregrinos reunidos na Praça São Pedro, sob uma temperatura que beirava os 34°C.

E precisamente dirigindo-se a eles, explicou que com esse convite Jesus nos exorta "a não guardar para nós os dons que Deus nos deu, mas a usá-los generosamente para o bem dos outros, especialmente daqueles que mais precisam da nossa ajuda":

Trata-se não apenas de compartilhar os bens materiais que possuímos, mas também colocar em jogo as nossas capacidades, o nosso tempo, o nosso afeto, a nossa presença, a nossa empatia. Em suma, tudo o que faz de cada um de nós, nos desígnios de Deus, um bem único e inestimável, um capital vivo e pulsante que, para crescer, precisa ser cultivado e investido; caso contrário, seca e perde valor. Ou acaba perdido, à mercê daqueles que, como ladrões, se apropriam dele para simplesmente transformá-lo em objeto de consumo.

O amor torna-nos semelhantes a Deus

E "o dom de Deus que somos - ressaltou - não é feito para se exaurir dessa maneira", mas "tem necessidade de espaço, de liberdade, de relação para se realizar e se expressar, tem necessidade de amor, o único que transforma e enobrece todos os aspectos da nossa existência, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Deus". E não é por acaso - observou o Papa - que "Jesus pronuncia essas palavras a caminho de Jerusalém, onde se oferecerá na Cruz pela nossa salvação". E completou: “As obras de misericórdia são o banco mais seguro e rentável para confiar o tesouro da nossa existência, porque ali, como nos ensina o Evangelho, com "duas pequenas moedas", até uma viúva pobre se torna a pessoa mais rica do mundo.”

E para ilustrar, cita Santo Agostinho que a esse propósito, diz: "O que é dado será transformado, porque quem dá será transformado".

Não perder nenhuma oportunidade de amar

Para tornar mais claro o significado disso, o Santo Padre propõe como exemplo "uma mãe abraçando seus filhos: não é a pessoa mais bela e mais rica do mundo? Ou dois namorados, quando estão juntos: eles não se sentem como um rei e uma rainha?".

Neste sentido, a sua exortação:“Em nossas famílias, em nossas paróquias, na escola e em nossos locais de trabalho, onde quer que estejamos, procuremos não perder nenhuma oportunidade de amar. Esta é a vigilância que Jesus nos pede: habituar-nos a estar atentos, prontos e sensíveis uns aos outros, como Ele é conosco em cada momento.”

Ser sentinelas da misericórdia e da paz

Irmãs e irmãos - disse ao concluir - "confiemos a Maria este desejo e este compromisso: que Ela, a Estrela da Manhã, nos ajude a ser, num mundo marcado por tantas divisões, “sentinelas” da misericórdia e da paz, como nos ensinou São João Paulo II e como nos mostraram de forma tão bela os jovens que vieram a Roma para o Jubileu.

Fonte: Vatican News

 

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A amizade pode mudar o mundo

terça-feira, 05 de agosto de 2025

"A religião é, antes de tudo, relação. Este foi um dos temas centrais do diálogo durante a vigília do sábado à noite, uma conversa ao pôr do sol, um pouco como a da noite de Emaús, quando o dia já estava chegando ao fim".

"A religião é, antes de tudo, relação. Este foi um dos temas centrais do diálogo durante a vigília do sábado à noite, uma conversa ao pôr do sol, um pouco como a da noite de Emaús, quando o dia já estava chegando ao fim".

Mais de um milhão de jovens lotaram a área de Tor Vergata para estar juntos com o Papa Leão XIV durante toda a Vigília do Jubileu dos Jovens e para participar da Missa celebrada pelo Pontífice na manhã de domingo. Vem à mente a pergunta seca e direta de Jesus no Evangelho de Mateus quando, referindo-se a João Batista e seus discípulos, pergunta: "Que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver, então?" (Mt 11,7).

Os jovens responderam de muitas maneiras, por exemplo, enchendo com sua energia festiva as ruas, praças, espaços públicos e meios transportes da Cidade Eterna, uma alegria e uma "barulho" (para usar as palavras de João Paulo II e Francisco) que permanecerão por muito tempo impressos na memória dos romanos. E eles responderam também lá, durante a vigília, fazendo perguntas, de certa forma dirigindo a pergunta de Jesus ao seu Vigário, dirigindo-se a ele com suas próprias perguntas, perguntas de significado. E o Papa respondeu, abraçando-os e acompanhando-os; ele não os abandonou. Lembrando-lhe o que Bento XVI gostava de repetir: quem crê nunca está sozinho.

A religião é, antes de tudo, relação. Este foi um dos temas centrais do diálogo durante a vigília do sábado à noite, uma conversa ao pôr do sol, um pouco como a da noite de Emaús, quando o dia já estava chegando ao fim. Nessa perspectiva, o "comentário" mais eficaz sobre este momento intenso da vida da Igreja nas periferias de Roma está contido nos versos do poema "Emaús", de David Maria Turoldo:

 

Enquanto o sol já se põe,
tu ainda és o viajante que explica
as Escrituras e nos dás o conforto
com o pão partido em silêncio.
Ilumina ainda os corações e as mentes
para que possam sempre ver o teu rosto
e compreender como o teu amor
nos alcança e nos impulsiona para mais longe.

 

Tor Vergata como Emaús. Do pôr do sol ao amanhecer, das trevas que descem para uma nova luz cheia de esperança. O Papa Leão também destacou isso em sua homilia na Missa da manhã de domingo, enfatizando a transição dos dois discípulos do medo e da desilusão para a alegria diante da surpresa de um encontro inesperado, um encontro face a face.

Aquela imensa multidão de jovens foi a Tor Vergata para ver um rosto. E assim ser tocados pelo amor. Não para "fazer" algo, mas para "ser". Não fazer. Ficar também em silêncio. Não falar. Quando muito, cantar. Estar em silêncio e cantar, juntos. Não sozinhos. Ser protagonistas nas relações, reconhecendo que tudo é um relacionamento. 

O Papa Leão disse isso claramente em resposta às perguntas que os jovens lhe fizeram: «...todos os homens e mulheres do mundo nascem filhos de alguém. A nossa vida começa com um vínculo e é através de vínculos que crescemos (...). Buscando apaixonadamente a verdade, não apenas recebemos uma cultura, mas transformamo-la através das escolhas de vida. A verdade, com efeito, é um vínculo que une as palavras às coisas, os nomes aos rostos. A mentira, pelo contrário, separa estes aspectos, gerando confusão e mal-entendidos».

A verdade também é, portanto, um vínculo, uma relação, que hoje vive uma grande crise nesta era do niilismo (de nihil, isto é, de ne-hilum: sem fio, sem vínculo). Verdade que jamais pode ser separada do amor, que é a relação por excelência. Quando uma pessoa diz que está "em um relacionamento", está dizendo que ama alguém. Mais uma vez, quando se trata de amor, não se trata de "fazer" algo, mas de "ser", estar com alguém. Não há nada mais belo, especialmente os jovens sabem disso, do que "estar com", com a pessoa amada, com amigos. Quando se está junto, o tempo desaparece, sua corrente se rompe, o krònos se torna kairòs, um tempo rico em promessas e significados, em alegria plena, e o significado recupera o terreno perdido pelo excesso de fazer e ter que fazer que ocupa a vida cotidiana.

A experiência gratuita de estar em companhia já é uma antecipação do paraíso. Eis porque que Leão, citando seu amado Agostinho, concentrou suas palavras no tema da amizade, essa dimensão que está no coração da existência dos jovens e a eles recordou que o grande santo africano «Também ele passou por uma juventude tempestuosa, porém não se conformou, não silenciou o clamor do seu coração. Agostinho procurava a verdade, a verdade que não decepciona, a beleza que não passa. E como a encontrou? Como encontrou uma amizade sincera, um amor capaz de dar esperança? Encontrando Aquele que já o procurava: Jesus Cristo. Como construiu o seu futuro? Seguindo a Ele, seu amigo desde sempre». E concluiu com estas vibrantes palavras repletas de esperança: «A amizade pode realmente mudar o mundo. A amizade é um caminho para a paz». Eis o amor que alcança e impulsiona para mais além.

Fonte: Vatican News

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Peregrinos porque chamados

terça-feira, 29 de julho de 2025

O Mês vocacional em agosto de 2025 , convida a Igreja no Brasil celebra a 44ª edição do mês vocacional, fazendo desta iniciativa um grande mutirão de animação vocacional nas comunidades espalhadas por todas as regiões do país. Este ano é marcado pelo jubileu ordinário, ou seja, a Igreja vive um Ano Santo, onde cada um é convidado a fazer um caminho de oração, penitência e de realização autêntica da vocação.

O Mês vocacional em agosto de 2025 , convida a Igreja no Brasil celebra a 44ª edição do mês vocacional, fazendo desta iniciativa um grande mutirão de animação vocacional nas comunidades espalhadas por todas as regiões do país. Este ano é marcado pelo jubileu ordinário, ou seja, a Igreja vive um Ano Santo, onde cada um é convidado a fazer um caminho de oração, penitência e de realização autêntica da vocação. O tema proposto pelo Papa Francisco é a esperança, virtude pela qual se fundamenta toda a vocação e consequentemente toda a missão, por isso o convite para que todos sejam no mundo sinais de esperança.

O tema e o lema deste mês vocacional interpela a descobrir o amor de Deus e a ser homens e mulheres de esperança. A mensagem do Papa para o 61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações é a fonte inspiradora para a temática proposta.

“Esse mês vocacional traz consigo algumas perguntas inquietantes: Quem sou eu? Quais qualidades possuo? Onde colocar em prática essas qualidades? Somente quando se responde a essas perguntas é que se descobre como se tornar “sinal e instrumento de amor, acolhimento, beleza e paz nos contextos onde vivemos”, afirma o padre Guilherme Maia Júnior, assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB.

 

Tema do Mês Vocacional

O tema do mês vocacional “Peregrinos porque chamados” evidencia dois predicados cristãos: peregrinos e chamados. O primeiro deles remete a imagem do caminho, pois toda peregrinação consiste em alcançar uma meta, que precisa ser clara.

“O termo peregrinos pode ajudar as equipes e grupos vocacionais, organizados nas comunidades, paróquias, dioceses e regionais, a redescobrir o valor do itinerário vocacional (despertar; discernir; acompanhar e cultivar). A peregrinação é composta de etapas, e redescobrir o valor e novas maneiras de realizar este itinerário é missão de cada animador vocacional. Essa necessidade, que é urgente, implica principalmente em empregar esforços e investimentos na etapa do discernimento”, explica o padre Guilherme.

Neste caminho, o Papa Francisco alerta toda a Igreja para focar seu olhar nos sinais de esperança que estão presentes no mundo, e que muito mais do que sinais palpáveis, são sinais onde reside a esperança: a paz, a vida (e sua transmissão), os encarcerados, os enfermos, os jovens, os migrantes, os fragilizados, os idosos e os pobres.

“Nestas indicações, percebe-se a presença de um grupo muito caro ao Serviço de Animação Vocacional: a juventude. Quando o papa fala dos jovens, na sequência sempre fala em sonhos e aqui reside o desabrochar da esperança. É missão de toda animação vocacional contribuir para que os jovens nunca parem de sonhar, para tanto as ações do SAV-PV precisam colaborar para entusiasmar essa nova geração de jovens e adolescentes, pois neles reside a esperança de um mundo diferente e melhor”, complementa o padre Guilherme.

O segundo predicado que traz o tema deste mês vocacional é chamados. Essa ação que Deus realiza em favor de cada pessoa exige uma resposta, portanto quando se fala de chamado, logo assimila-se esse termo com uma dimensão vocacional. A temática apresentada aponta o ser chamado como justificativa para peregrinar.

Fonte: CNB

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Comunicar a esperança e o cuidado com a casa comum – parte 2

terça-feira, 22 de julho de 2025

O Evangelho da Criação (encíclica Laudato Si - capítulo 2)

Nele, o universo fala do mistério da grandeza de Deus, questionando o ser humano e convidando-o, na contemplação, a reconhecê-lo (cf. Sb 13,1-9; Rm 1,19-20). Cada criatura traz uma mensagem e vive em ligação com os demais seres. A sabedoria da revelação bíblica confirma a revelação natural e a aprofunda com a apresentação do plano de Deus.

O Evangelho da Criação (encíclica Laudato Si - capítulo 2)

Nele, o universo fala do mistério da grandeza de Deus, questionando o ser humano e convidando-o, na contemplação, a reconhecê-lo (cf. Sb 13,1-9; Rm 1,19-20). Cada criatura traz uma mensagem e vive em ligação com os demais seres. A sabedoria da revelação bíblica confirma a revelação natural e a aprofunda com a apresentação do plano de Deus.

A fé nos oferece, assim, uma visão muito mais ampla e rica sobre a natureza, o universo, o homem e o verdadeiro sentido de sua harmonia e felicidade. Jesus é o nosso modelo de relação ecológica de cuidado, amor, respeito, libertação, equilíbrio... Estamos experimentando a "crise do antropocentrismo moderno" radical. O homem tornou-se dominador de tudo, explorador, violento, destruidor... Precisa aprender a cuidar.

Nada neste mundo nos é indiferente: tudo está em relação, "tudo     está estreitamente interligado" (LS 16), afirma o Papa que deu a vida pela proximidade de comunhão e amor a todos. Por isso, devemos promover uma consciência ecológica integral, econômica, social, cultural e humana (LS capítulo 4). Não basta simplesmente o esforço de cuidar da natureza, a ecologia ambiental.

O "relativismo prático" exerce uma forte influência, gerando a mentalidade de não se importar com as consequências sociais do próprio comportamento. O resultado disto é o desequilíbrio ambiental e social: a crise climática global e poluição do ar, o inadequado tratamento do lixo com a contaminação, a cultura do descarte, fruto do consumismo, perda da biodiversidade, a escassez de água potável e poluição de mares e rios, ameaças aos mananciais, a guerra hídrica, desgaste da qualidade de vida humana e indignidade social, falta de equidade, num desequilíbrio econômico (LS  capítulo 1).

Também a tecnologia, com suas inovações e conquistas científicas, que revela a inteligência, a criatividade e capacidade do ser humano, quando é desordenada gera a morte e a manipulação da vida, bitolando a sociedade numa visão de "globalização" que provoca a corrida pela produção, lucro, consumo, causando a injustiça, violência, a exclusão e a desigualdade social (LS capítulo 3). Esta é a raiz humana da crise ecológica. É necessário resgatar o sentido da dignidade do trabalho que não é só produção. Uma visão ampla de ecologia deve valorizar fundamentalmente o ser humano.

Devemos nos deixar guiar pelo princípio do bem comum, para cuidar do todo, considerando a dignidade e a vida do ser humano no centro da "ecologia integral". Todos temos uma séria responsabilidade para com as gerações futuras. Podemos relembrar o que brilhantemente nos diz a Constituição Pastoral Gaudium Et Spes do Concílio Vaticano II: "As alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo" (GS 1).

Para que haja esta solidariedade universal, esta comunhão no sentido de defesa da vida e da casa comum, é necessária uma "conversão ecológica" (capítulo 6) em vista de nossa harmonia, bem estar, paz social, alegria, segurança, qualidade de vida... É urgente investir numa educação e espiritualidade para a aliança entre a humanidade e o meio ambiente.

O saudoso Papa Francisco apresentou algumas linhas orientadoras da ação (LS capítulo 5): investir em mais diálogo sobre o meio ambiente na política internacional; também quanto a novas políticas nacionais e locais, com debates sinceros e honestos, amplos, em todos os níveis da vida social, econômica e política, para a plenitude humana, que estruturem processos de decisão transparentes, sem colocar em primeiro lugar a visão dos interesses; a política não deve estar submissa à economia; as religiões tem uma contribuição a dar em diálogo com as ciências.

É necessário promover e apoiar ações efetivas que visem à mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa casa comum; desenvolver as pastorais e movimentos socioambientais, numa atuação socioeducativa.

Uma boa inspiração e base para a contribuição da nossa Igreja (Celam, CNBB, Ceama, Repam) para a COP 30, Conferência Internacional das Nações Unidas, com representantes de quase 200 países que discutirão metas e estratégias para o enfrentamento das mudanças climáticas, em novembro deste ano, em Belém-PA, pela primeira vez na região amazônica.

São Francisco de Assis nos deixou um maravilhoso exemplo de contemplação, humildade, respeito, de fraternidade, de amor aos pobres, ao mais frágil, de solidariedade, paz, alegria, sobriedade e harmonia, na comunhão com todos os homens e todas as criaturas. Ele repercutiu o modelo de Cristo que deve ser seguido por toda a Igreja  no Louvor constante e cotidiano da vida misericordiosa "...para que venha o vosso Reino de justiça, paz ,amor e beleza. Louvado sejas! Amém." (Oração Final).

  •  Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça, chanceler da Diocese de Nova Friburg
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Comunicar a esperança e o cuidado com a casa comum

terça-feira, 15 de julho de 2025

Parte 1

Parte 1

 Vivendo intensamente o Ano Santo Jubilar da Esperança iniciado no final de 2024 pelo Papa Francisco e, com a sua Páscoa definitiva, continuado em 2025 pelo Papa Leão XIV, celebrando os dez anos da profética Encíclica "Laudato Si ", somos chamados a comunicar este amor misericordioso de Deus, num encontro fecundo da Igreja que se aproxima dos seus filhos, os abraça, especialmente os mais necessitados e sofridos, os mais pobres e desamparados, os mais pecadores e perdidos, para libertá-los e promovê-los , no resgate de sua dignidade de filhos do Senhor, no sentido de uma ecologia integral.

"A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. E se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus" (Mensagem do Papa Francisco para o 50º Dia Mundial das Comunicações Sociais).

Nesta perspectiva da esperança amorosa que assume a vida do outro e do mundo para redimi-los e salvá-los, estendendo as graças do Mistério Pascal de Cristo a todas as pessoas e realidades, a Igreja missionária no Brasil (CNBB) organiza, há várias décadas, a Campanha da Fraternidade, refletindo, conscientizando, partilhando as temáticas que envolvem a relação do homem com Deus, dos homens entre si e dos homens com a natureza; vendo, com a colaboração das ciências específicas, os desafios para a realização da justiça e do Plano de Amor de Deus; julgando à luz do Evangelho, da Sagrada Escritura e Sagrada Tradição, com a palavra do seu Magistério; agindo, através das propostas e linhas, projetos e gestos concretos; celebrando sempre na caminhada eclesial na purificação continuada de um testemunho da manifestação misericordiosa do dar a vida pela libertação dos irmãos, o que prepara penitencialmente o coração de todos nós, cristãos, para a vitória da ressurreição do Senhor no chão de cada história e de cada comunidade.

Neste sentido, sua temática refletida e proposta concreta se estendem por todo o ano e por toda a missão permanente da Igreja. 

 O tema escolhido neste ano foi "Fraternidade e Ecologia Integral" , com o lema "Deus viu que tudo era muito bom" (Gn 1, 31)). Neste objetivo é ricamente uma campanha que busca a justiça socioambiental em plena comunhão com a Encíclica Laudato Si (Louvado Sejas) e a sua atualização, a "Laudate Deum", ambas do mesmo saudoso Papa Francisco, aprofundando o sentido da nossa corresponsabilidade humano-cristã pelo meio ambiente, unidos todos, cristãos e não cristãos e todos os homens de boa vontade por uma mesma causa  - a preservação do planeta - a nossa casa comum. (Continua na próxima semana)

Padre Luiz Cláudio Azevedo de Mendonça é chanceler da Diocese de Nova Friburgo

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Diocese acolhe o novo bispo

terça-feira, 08 de julho de 2025

Excelência Reverendíssima Dom Pedro Cunha, bispo diocesano nomeado.

Excelência Reverendíssima Dom Pedro Cunha, bispo diocesano nomeado.

Como brisa suave que anuncia novos tempos, recebemos com jubilosa esperança a notícia de sua nomeação como novo bispo da Diocese de Nova Friburgo. Nossa diocese, vasta em território e rica em diversidade, se estende por montanhas e vales, litoral e serras, unindo os três vicariatos — Norte, Litoral e Sede — em um só corpo e em um só espírito. Somos um povo espalhado em 19 municípios e reunido em 60 paróquias, e que agora se une em um mesmo sentimento: o de acolhê-lo com um coração imenso, generoso e profundamente aberto à sua presença e ao seu pastoreio.

Queremos também expressar nossa profunda gratidão ao Santo Padre, o Papa Leão XIV, pela solicitude com que olhou para nossa diocese ao escolher Vossa Excelência como nosso novo pastor. Reconhecemos, neste gesto, o carinho e a atenção da Igreja que, como mãe, cuida com zelo de cada porção do povo de Deus.

Acreditamos que este novo tempo será marcado pela graça de Deus e pelo vigor pastoral que Vossa Excelência trará ao nosso meio. O povo de Deus — clero, religiosos e religiosas, leigos e leigas — já se alegra com a perspectiva de caminhar ao seu lado, como irmãos e irmãs, sob a luz do Evangelho.

Recebê-lo como nosso pastor é motivo de gratidão. Queremos assegurar-lhe, desde já, nossas orações e nossa disposição sincera de colaborar com dedicação e alegria em sua missão episcopal. Que esta nova etapa seja fecunda, marcada pelo diálogo, pela escuta e pela construção de uma Igreja cada vez mais sinodal, missionária e viva.

Seja muito bem-vindo entre nós, Dom Pedro! Que o Espírito Santo o conduza sempre com sabedoria e fortaleza. Conte com o nosso afeto, respeito e apoio constante.

Fraternalmente,

Padre Jorge Eduardo Coimbra do Almo

Administrador Diocesano

Pela Diocese de Nova Friburgo

Papa Leão XIV nomeou Dom Pedro Cunha Cruz como novo Bispo de Nova Friburgo

O Papa Leão XIV nomeou na última quarta-feira, 2, Dom Pedro Cunha Cruz como bispo da Diocese Nova Friburgo, transferindo-o da Sede Episcopal de Campanha, município do sul de Minas Gerais. Dom Pedro nasceu na cidade do Rio de Janeiro, aos 16 de junho de 1964. É bacharel em filosofia pela Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II, (1984 – 1985). De 1987 a 1990 fez seus estudos de Filosofia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e de Teologia na Faculdade de Teologia, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), entre 1986 e 1990. Em Roma, obteve Mestrado em Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Gregoriana em 1996 e Doutorado em Filosofia na Pontifícia Universidade Santa Cruz, de 1993 a 1997.

EM 4 de agosto de 1990 recebeu a ordenação presbiteral. No mesmo ano foi vigário da Paróquia Cristo Operário e Santo Cura d’Ars. No ano seguinte foi pároco da Paróquia São Francisco de Assis. De 1991 a 1993 foi Diretor dos Estudantes no Seminário São José. Em 1998 foi pároco da Paróquia Santa Teresa de Jesus; a partir de 2003 foi pároco da paróquia Santa Rita de Cássia, no centro histórico do Rio. Ainda foi professor de Filosofia na PUC-Rio e diretor da Faculdade Eclesiástica de Filosofia João Paulo II, na Arquidiocese do Rio de Janeiro e diretor do Instituto de Teologia da mesma arquidiocese.

Em 24 de novembro de 2010 foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Recebeu a ordenação episcopal em 5 de fevereiro de 2011. Na Arquidiocese do Rio de Janeiro exerceu os seguintes encargos: vigário geral; animador do Vicariato Episcopal Leopoldina e Urbano, Iniciação Cristã e Catequese; Escola de Fé e Política; Liturgia; Música Sacra; Arte Sacra; das Pastorais Sociais; Curso de Doutrina Social da Igreja; Pastoral Vocacional; Seminário Arquidiocesano; Comissão de Ordem e Ministérios; professor do Seminário São José e da PUC-Rio.

No dia 20 de maio de 2015, foi nomeado pelo Papa Francisco como bispo-coadjutor da Diocese de Campanha, onde foi apresentado em 11 de julho do mesmo ano, e passou a auxiliar o bispo diocesano, Dom Diamantino Prata de Carvalho. Em 25 de novembro de 2015, Dom Pedro recebeu a nomeação de bispo diocesano de Campanha.

Dom Pedro é bispo referencial da Pastoral da Educação e Cultura do Regional Leste 2 e também referencial da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB. Na Diocese de Campanha, desde 5 de novembro de 2015, Dom Pedro Cunha Cruz é o 7º bispo diocesano. Sua posse na Diocese de Nova Friburgo será no dia 23 de agosto, às 9h, na Catedral São João Batista. (Fonte: CNBB)

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Leão XIV – Unidade na diversidade

terça-feira, 01 de julho de 2025

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Comunhão eclesial e vitalidade da fé: foram estes os dois aspectos que o Papa Leão XIV sublinhou ao proferir a homilia na Santa Missa da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, neste domingo, 29 de junho. Aproximadamente 11 mil fiéis acompanharam a celebração, 5.500 no interior da Basílica de São Pedro e cerca de cinco mil na Praça São Pedro.

Presentes na celebração, como é tradição, também estava uma delegação do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. A Santa Sé retribui este gesto fraterno enviando, por sua vez, um representante para a Festa de Santo André, em 30 de novembro, padroeiro da Igreja de Constantinopla.

 

Comunhão eclesial: unidade na diversidade

Em sua homilia, o Papa Leão XIV recordou que os santos Pedro e Paulo são “irmãos na fé, colunas da Igreja e patronos da diocese e da cidade de Roma”. Refletindo sobre o testemunho dos Apóstolos, o Pontífice destacou, em primeiro lugar, a importância da comunhão eclesial. A liturgia desta solenidade, observou, apresenta Pedro e Paulo unidos no mesmo destino: o martírio, que os associou definitivamente a Cristo. Na primeira leitura, Pedro aparece preso, aguardando a execução; na segunda, Paulo, também encarcerado, se despede, ciente de que seu sangue será oferecido a Deus. “Ambos dão a vida pela causa do Evangelho”, afirmou o Papa.

No entanto, o Santo Padre ressaltou que essa comunhão não foi fruto de um caminho simples. Pedro e Paulo trilharam percursos muito diferentes, tanto em origem quanto em missão: “Simão, pescador da Galileia, deixou tudo para seguir o Senhor; Saulo, fariseu e perseguidor dos cristãos, foi transformado pelo Cristo ressuscitado.” O Papa recordou ainda que não faltaram tensões entre eles, como o episódio em Antioquia, quando Paulo confrontou Pedro publicamente (cf. Gl 2,11). “Mas isso não impediu que vivessem a “concórdia apostolorum”, uma comunhão viva no Espírito, uma sintonia fecunda na diversidade”, afirmou.

Citando Santo Agostinho, o Pontífice lembrou: “Temos um só dia para a paixão dos dois Apóstolos. Eles eram dois, mas formavam um só. Embora tenham sofrido em dias diferentes, eram, na verdade, um só.” Leão XIV sublinhou que esta é uma lição fundamental para a Igreja de hoje. A comunhão nasce do Espírito, une na diversidade e constrói pontes: “A Igreja precisa desta fraternidade. Ela é necessária nas relações entre leigos, presbíteros, bispos e o Papa. É essencial também para a vida pastoral, para o diálogo ecumênico e para as relações de amizade com o mundo.” O Papa exortou:“Empenhemo-nos em fazer da nossa diversidade um laboratório de unidade e comunhão, de fraternidade e reconciliação, para que cada pessoa na Igreja, com a sua história pessoal, aprenda a caminhar junto dos outros.”

 

Vitalidade da fé: evitar o risco de uma fé cansada

O segundo aspecto destacado pelo Papa foi a vitalidade da fé. Inspirando-se na história dos Apóstolos, Leão XIV alertou contra o risco de uma fé que se torne hábito, mero ritualismo ou repetição de práticas pastorais sem abertura aos desafios do presente:  “O testemunho de Pedro e Paulo nos convida a sair da inércia, a deixar-nos interpelar pelos acontecimentos, pelos encontros, pelas necessidades das comunidades. Eles buscaram novos caminhos para anunciar o Evangelho.”

O Pontífice colocou no centro de sua reflexão a pergunta de Jesus no Evangelho de Mateus: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Segundo ele, assim "como tantas vezes nos alertou o Papa Francisco", esta é a interrogação fundamental que Jesus continua a fazer a cada discípulo e à própria Igreja:

“É importante sair do risco de uma fé cansada e estática, para nos perguntarmos: quem é Jesus Cristo para nós hoje? Que lugar ocupa ele na nossa vida e na ação da Igreja? Como podemos testemunhar esta esperança na vida quotidiana e anunciá-la àqueles que encontramos?”

 

Renovar-se na comunhão e no testemunho

Dirigindo-se especialmente à Igreja de Roma, Leão XIV exortou para que essa seja cada vez mais sinal de unidade e de uma fé viva: “Uma comunidade de discípulos que testemunham a alegria e a consolação do Evangelho em todas as situações humanas.”

Na alegria desta comunhão, o Papa saudou os arcebispos que neste dia receberam o Pálio, sinal da missão pastoral confiada a cada um e da comunhão com o Sucessor de Pedro. Manifestou também sua gratidão aos membros do Sínodo da Igreja Greco-Católica Ucraniana presentes na celebração, pedindo a Deus o dom da paz para o povo ucraniano. Por fim, saudou a Delegação do Patriarcado Ecumênico enviada por Sua Santidade Bartolomeu, reiterando o compromisso com o caminho ecumênico.

“Fortalecidos pelo testemunho dos Santos Pedro e Paulo, caminhemos juntos na fé e na comunhão. Que sua intercessão acompanhe a Igreja, a cidade de Roma e todo o mundo”, concluiu o Papa.

 

Bênção e imposição dos pálios

Em seguida, o Santo Padre presidiu os ritos da bênção e da imposição dos pálios. Os diáconos retiraram os paramentos que estavam depositados junto ao túmulo de São Pedro e os apresentaram ao Pontífice. O cardeal proto-diácono, Dominique Mamberti, apresentou os novos arcebispos metropolitanos, que então fizeram o juramento de fidelidade ao Papa e à Igreja de Roma. Ao todo, 54 arcebispos metropolitanos — entre eles cinco brasileiros — receberam o pálio das mãos do próprio Papa, que o impôs sobre seus ombros.

Fonte: Vatican News

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Cristo, resposta à fome do homem

terça-feira, 24 de junho de 2025

Queridos irmãos e irmãs, é bom estar com Jesus. Confirma-o o Evangelho proclamado na Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Ele nos conta que as multidões ficavam horas e horas com Jesus, que falava do Reino de Deus e curava os doentes (cf. Lc 9, 11). A compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus, que vem ao mundo para nos salvar. Quando Deus reina, o homem é liberto de todo o mal. No entanto, a hora da prova chega também para aqueles que recebem de Jesus a boa nova.

Queridos irmãos e irmãs, é bom estar com Jesus. Confirma-o o Evangelho proclamado na Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. Ele nos conta que as multidões ficavam horas e horas com Jesus, que falava do Reino de Deus e curava os doentes (cf. Lc 9, 11). A compaixão de Jesus pelos sofredores manifesta a amorosa proximidade de Deus, que vem ao mundo para nos salvar. Quando Deus reina, o homem é liberto de todo o mal. No entanto, a hora da prova chega também para aqueles que recebem de Jesus a boa nova. Naquele lugar deserto, onde as multidões ouviram o Mestre, cai a noite e não há nada para comer (cf. v. 12). A fome do povo e o pôr do sol são sinais de um limite que paira sobre o mundo e sobre cada criatura: o dia termina, assim como a vida dos homens. É nesta hora, no tempo da indigência e das sombras, que Jesus permanece entre nós.

Justamente quando o Sol se põe e a fome aumenta, enquanto os próprios apóstolos pedem para despedir a multidão, Cristo surpreende-nos com a sua misericórdia. Ele tem compaixão do povo faminto e convida os seus discípulos a cuidar dele: a fome não é uma necessidade alheia ao anúncio do Reino e ao testemunho da salvação. Pelo contrário, esta fome diz respeito à nossa relação com Deus. Cinco pães e dois peixes, no entanto, não parecem suficientes para alimentar o povo: aparentemente razoáveis, os cálculos dos discípulos evidenciam, em vez disso, a sua falta de fé. Porque, na realidade, com Jesus há tudo o que é necessário para dar força e sentido à nossa vida.

Perante o brado da fome, Ele responde com o sinal da partilha: levanta os olhos, pronuncia a bênção, parte o pão e dá de comer a todos os presentes (cf. v. 16). Os gestos do Senhor não inauguram um complexo ritual mágico, mas testemunham com simplicidade a gratidão para com o Pai, a oração filial de Cristo e a comunhão fraterna que o Espírito Santo sustenta. Para multiplicar os pães e os peixes, Jesus divide os poucos que há, e assim mesmo são suficientes para todos, e ainda sobram. Depois de terem comido – e terem comido até ficarem saciados –, recolheram doze cestos (cf. v. 17).

Esta é a lógica que salva o povo faminto: Jesus age segundo o estilo de Deus, ensinando a fazer o mesmo. Hoje, no lugar das multidões recordadas no Evangelho estão povos inteiros, humilhados pela ganância alheia mais ainda do que pela própria fome. Diante da miséria de muitos, a acumulação de poucos é sinal de uma soberba indiferente, que produz dor e injustiça. Em vez de partilhar, a opulência desperdiça os frutos da terra e do trabalho do homem. Especialmente neste ano jubilar, o exemplo do Senhor continua a ser para nós um critério urgente de ação e serviço: partilhar o pão, para multiplicar a esperança, proclama o advento do Reino de Deus.

Ao salvar as multidões da fome, Jesus anuncia que salvará todos da morte. Este é o mistério da fé, que celebramos no sacramento da Eucaristia. Assim como a fome é sinal da nossa radical indigência de vida, assim também partir o pão é sinal do dom divino de salvação.

Caríssimos, Cristo é a resposta de Deus à fome do homem, porque o seu corpo é o pão da vida eterna: tomai todos e comei! O convite de Jesus abrange a nossa experiência quotidiana: para viver, precisamos nos alimentar da vida, tirando-a das plantas e dos animais. No entanto, comer algo morto lembra-nos que, por mais que comamos, também nós morreremos. Porém, quando nos alimentamos de Jesus, pão vivo e verdadeiro, vivemos por Ele. Oferecendo-se totalmente, o Crucificado Ressuscitado entrega-se a nós, que assim descobrimos que fomos feitos para nos alimentarmos de Deus.

A nossa natureza faminta traz o sinal de uma indigência que é saciada pela graça da Eucaristia. Como escreve Santo Agostinho, Cristo é verdadeiramente «panis qui reficit, et non deficit; panis qui sumi potest, consumi non potest» (Sermo 130, 2): um pão que alimenta e não falta; um pão que se pode comer, mas não se esgota. Com efeito, a Eucaristia é a presença verdadeira, real e substancial do Salvador (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1413), que transforma o pão em si mesmo, para nos transformar n’Ele. O Corpus Domini, vivo e vivificante, torna-nos a nós, isto é, a própria Igreja, corpo do Senhor.

Portanto, segundo as palavras do apóstolo Paulo (cf. 1 Cor 10, 17), o Concílio Vaticano II ensina que «pelo sacramento do pão eucarístico, ao mesmo tempo é representada e se realiza a unidade dos fiéis, que constituem um só corpo em Cristo. Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos» (Const. dogm. Lumen Gentium, 3). A procissão desta solenidade é sinal deste caminho. Juntos, pastores e rebanho, alimentamo-nos do Santíssimo Sacramento, adoramo-lo e levamo-lo pelas ruas. Ao fazê-lo, apresentamo-lo ao olhar, à consciência e ao coração das pessoas: ao coração de quem acredita, para que acredite mais firmemente; ao coração de quem não acredita, para que se interrogue sobre a fome que temos na alma e sobre o pão que a pode saciar.

Restaurados pelo alimento que Deus nos dá, levemos Jesus ao coração de todos, porque Jesus a todos envolve na obra da salvação, convidando cada um a participar da sua mesa. Felizes os convidados, que se tornam testemunhas deste amor!

Homilia do Papa Leão XIV, Santa Missa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo celebrada na Basílica de São João de Latrão, última quinta-feira, 19

Fonte: Vatican News

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Leão XIV: o treinamento diário do amor constrói um mundo novo

terça-feira, 17 de junho de 2025

Na Solenidade da Santíssima Trindade, no último domingo, 15, o Papa Leão XIV presidiu a missa na Basílica de São Pedro para o Jubileu do Esporte, que, segundo ele, é "um meio precioso de formação cristã", pois ensina a colaboração e valoriza a concretude do estar juntos. Ele recordou "a vida simples e luminosa" de Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será canonizado em 7 de setembro, e Paulo VI sobre a contribuição do esporte para trazer paz e esperança a uma sociedade devastada pela guerra. A missa reuniu 6.500 pessoas.

Na Solenidade da Santíssima Trindade, no último domingo, 15, o Papa Leão XIV presidiu a missa na Basílica de São Pedro para o Jubileu do Esporte, que, segundo ele, é "um meio precioso de formação cristã", pois ensina a colaboração e valoriza a concretude do estar juntos. Ele recordou "a vida simples e luminosa" de Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será canonizado em 7 de setembro, e Paulo VI sobre a contribuição do esporte para trazer paz e esperança a uma sociedade devastada pela guerra. A missa reuniu 6.500 pessoas. "Para Santo Agostinho, a Trindade e a sabedoria estão intimamente ligadas. A sabedoria divina se revela na Santíssima Trindade, e a sabedoria sempre nos conduz à verdade", disse o Pontífice no início de sua homilia.

 

O esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino

De acordo com o Papa, "o binômio Trindade-esporte não é usado com muita frequência, mas a associação não é descabida". “Na verdade, toda boa atividade humana traz em si um reflexo da beleza de Deus, e certamente o esporte está entre elas. Afinal, Deus não é estático, nem está fechado em si mesmo. É comunhão, relação viva entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que se abre à humanidade e ao mundo. A teologia denomina essa realidade de pericoresis, ou seja, “dança”: uma dança de amor recíproco.”

"A vida brota deste dinamismo divino", disse ainda o Papa. "Fomos criados por um Deus que se compraz e se alegra em dar a existência às suas criaturas e que “brinca”, como nos recordou a primeira leitura. Alguns padres dizem, com ousadia, que há um Deus ludens, que se diverte. Eis a razão pela qual o esporte pode nos ajudar a encontrar o Deus Trino: porque exige um movimento do eu para o outro, que é certamente exterior, mas também e sobretudo interior. Sem isso, ele se reduz a uma estéril competição de egoísmos", sublinhou.

Leão XIV citou as palavras de São João Paulo II, que foi, como sabemos, um esportista: "O esporte é alegria de viver, de brincar, de festejar, e como tal deve ser valorizado". Segundo o Papa, o esporte leva o atleta a dar-se, a “jogar-se”.

“Trata-se de dar-se aos outros – para o próprio crescimento, para os torcedores, para os entes queridos, para os treinadores, para os colaboradores, para o público, até mesmo para os adversários – e, sendo verdadeiramente um esportista, isso vale além do resultado.”

 

Um meio precioso de formação humana e cristã

A seguir, Leão XIV destacou três aspectos que tornam o esporte, hoje, "um meio precioso de formação humana e cristã".

"Em primeiro lugar, numa sociedade marcada pela solidão, em que o individualismo exagerado deslocou o centro de gravidade do “nós” para o “eu”, fazendo com que o outro fosse ignorado, o esporte – especialmente quando é praticado em conjunto – ensina o valor da colaboração, do caminhar juntos, daquela partilha que, como já dissemos, está no coração da vida de Deus", disse o Papa, reiterando que desse modo, o esporte "pode tornar-se um instrumento importante de recomposição e de encontro: entre os povos, nas comunidades, nos ambientes escolares e profissionais, nas famílias".

"Em segundo lugar, numa sociedade cada vez mais digital, em que as tecnologias, embora aproximando pessoas distantes, muitas vezes afastam aqueles que estão próximos, o esporte valoriza a concretude do estar juntos, o sentido do corpo, do espaço, do esforço, do tempo real", sublinhou. "Assim, contra a tentação de fugir para mundos virtuais, o esporte ajuda a manter um contato saudável com a natureza e com a vida concreta, único lugar onde é possível exercer o amor", enfatizou o Pontífice.

"Em terceiro lugar, numa sociedade competitiva, onde parece que apenas os fortes e os vencedores merecem viver, o esporte também ensina a perder, colocando o homem frente a frente, na arte da derrota, com uma das verdades mais profundas da sua condição: a fragilidade, o limite, a imperfeição", sublinhou Leão XIV. "Isto é importante, porque é a partir da experiência dessa fragilidade que nos abrimos à esperança. O atleta que nunca erra, que nunca perde, não existe. Os campeões não são máquinas infalíveis, mas homens e mulheres que, mesmo derrotados, encontram a coragem para se reerguer", reiterou.

 

O papel do esporte na vida dos santos do nosso tempo

O Papa recordou que "o esporte teve um papel significativo na vida de muitos santos do nosso tempo, tanto como prática pessoal quanto como meio de evangelização". “Pensemos no Beato Pier Giorgio Frassati, padroeiro dos esportistas, que será proclamado santo no próximo dia 7 de setembro. A sua vida, simples e luminosa, recorda-nos que assim como ninguém nasce campeão, ninguém nasce santo. É o treinamento diário do amor que nos aproxima da vitória definitiva e nos torna capazes de trabalhar para construção de um mundo novo.”

 

A Igreja confia aos esportistas uma missão

O Pontífice lembrou São Paulo VI, "que 20 anos após o fim da II Guerra Mundial, recordava aos membros de uma associação esportiva católica o quanto o esporte tinha contribuído para trazer de volta a paz e a esperança a uma sociedade devastada pelas consequências da guerra".

“Queridos esportistas, a Igreja confia a vocês uma missão maravilhosa: ser reflexo do amor de Deus Trino em suas atividades, pelo bem de vocês e pelo bem dos irmãos. Deixem-se envolver com entusiasmo por esta missão: como atletas, como formadores, como sociedade, como grupos, como famílias.” Leão XIV referiu-se à Mãe de Jesus, tão discreta, mas tão cheia de solicitude, de dinamismo, que “corre” para Deus e para os outros, como o Papa Francisco gostava de recordar.

O Papa concluiu, convidando a pedir a Maria que "acompanhe as nossas iniciativas e os nossos esforços, orientando-os sempre para o melhor, até à vitória definitiva: a da eternidade, o 'campo infinito' onde o jogo não terá fim e a alegria será plena".

 

Fonte: Vatican News

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