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Quando acabo de escrever... não é fim de papo!
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Hoje vou falar do que acontece comigo quando acabo de escrever. Cada vez que termino um texto, tenho uma sensação diferente, que vem sempre acompanhada de uma exclamação. Acabei! Todavia não é fim de papo, pelo contrário, é início de outro, pois já começo a pensar no próximo. Confesso que gostaria de ganhar flores, mas não tenho hábito de me presentear com buquês coloridos. É a gostosa sensação de dever cumprido e meu corpo parece se relaxar por inteiro. Flutuar. Talvez seja decorrente da satisfação de ter conseguido externar ideias que estavam guardadas, quiçá fazia tempo. Meu inconsciente se releva nas palavras, mesmo sem querer, e chegam a me causar espanto vez em quando. Aliás, escrever é uma eficiente terapia; todos meus nós e tropeços saem visíveis nas frases ou escondidos nas entrelinhas. Às vezes, sinto que alguma coisa a mais está presente, principalmente quando abro os canais de percepção extrassensorial que geralmente acontece quando penso, pesquiso e escrevo. Coisas que vêm do universo, do além, não sei de onde, que me fazem ter a impressão de que não estou só. São, ao mesmo tempo, acolhedoras e assustadoras.
Volta e meia, quando coloco o ponto final, me pergunto se sou um canal através do qual entidades se comunicam com meus leitores, posto que a escrita tem o poder de fazer com que cada texto seja uma fonte de ideias. É uma força que me faz deslizar sobre a tela do computador, já que nunca escrevo usando lápis e papel. É algo que me faz ir além da inércia que vem no ar que respiro e entra no sangue que corre nas minhas veias. É como uma vontade de fazer parte. Ao escrever percebo novos sentidos que oferecem um tom suave à minha vida e não me deixam desafinar.
Quando a literatura me enlaçou, eu me descobri aprendendo a fazer arte com palavras. Ufa, que delicado, longo e complexo caminho! Mas, aí, talvez para superar a preguiça essencial, provavelmente uma força maior e desconhecida venha me sustentar. Amparar para melhor dizer. Escrevendo, deixo de ser etérea.
Mas também é uma alegria dar um ponto final pela sensação de que meus propósitos foram cumpridos. Além do quê, fico feliz em saber que meu texto foi lido.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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